Na
ministração musical atual, alguns pontos são comuns nessa última fase da adoração
musical nas igrejas brasileiras, bem, nos últimos anos têm acontecido assim, na
maneira que usarei como base para o texto a seguir, mas isso poderá mudar. Contudo,
visando dar orientações práticas e fundamentais para a preparação e execução da
adoração musical, usarei aquilo que tem sido recorrente, na maioria das igrejas
(evangélicas e mesmo copiada por outras igrejas cristãs). Alguns pontos são bem
iniciais, se você já tiver conhecimento deles, siga em frente.
1º Tirando
uma música:
- veja
com o líder que versão será usada, uma música pode ter várias, a versão
original do CD/DVD, versões ao vivo, etc. Confirme também a tonalidade, às
vezes interessa mudar a tonalidade original para facilitar o uso na igreja;
- é
muito importante que se tenha um conhecimento de teoria musical, tanto de
cifras quanto de figuras rítmicas;
- o
conhecimento de notas (altura e não somente duração) pode não ser necessário,
quando o instrumento for usado só para execução de acordes de acompanhamento ou
fazendo o baixo, porém, quando o arranjo tiver solos é interessante que se
conheça leitura musical, não somente os guitarristas, como também outros
instrumentistas, os de cordas, sopros, e tecladistas, que geralmente executam
esses timbres no sintetizador;
-
procure tirar sua parte do arranjo, partiture sua parte, se não tiver condições
técnicas para isso, ouça várias vezes até decorar;
- enfatizo
que o talento de tirar uma música de ouvido é muito importante e define o músico
que tem uma aptidão realmente séria para a música, contudo é de suma importância
que se aprenda não só a ler, como a fazer a partitura, isso facilita o aprendizado
da música, agiliza, assim como permite que o grupo de instrumentistas toque a
mesma coisa.
2º Estrutura
da música de adoração:
I. Introdução:
um solo simples e marcante é apresentado, essa parte pode ser repetida enquanto
o ministro introduz a adoração para a congregação.
II.
Estrofe 1ª vez: frequentemente é executada sem marcação rítmica marcante,
bateria, contrabaixo, etc, portanto deve ser claro e definido o instrumento de
base, piano ou violão/guitarra base.
III.
Coro: é onde a mensagem principal da música é compartilhada, um crescimento de
harmonia e ritmo ocorre.
IV.
Introdução 2ª vez: repetida com mais peso.
V.
Estrofe 2ª vez: geralmente a marcação rítmica fica em evidência, com a entrada
da bateria e do contrabaixo.
VI.
Coro: enfatiza-se ainda mais a música, com guitarra distorcida, cordas e
metais.
VII.
Ponte: também chamada de parte C (sendo parte A, a estrofe, e parte B, o coro),
é o que os americanos chamam de “bridge”, essa parte é tocada, via de regra,
somente uma vez, constitui uma maneira de enfatizar mais o coro que virá
depois, muitas vezes com a subida da tonalidade.
VIII.
Coro: nesta repetição, o coro atinge o ápice da música, pode ser repetido mais
de uma vez.
IX.
Ministração: essa parte é característica da música evangélica (gospel), é onde
se executa um tema simples repetidamente para ser “cama” para a ministração do
líder diante da congregação; alguns chama essa ministração de “mantra”, que
apesar de ser um termo ligado às religiões orientais, também pode definir um
costume que sempre existiu na música israelita, por exemplo, portanto não é
necessariamente algo profano (estamos conscientes
de que a repetição de temas pode levar as pessoas a um transe hipnótico,
contudo quando há sinceridade e foco em Deus eu acredito que essa ferramenta
seja perfeitamente útil para que as pessoas obtenham uma comunhão mais próxima
a Deus pelo Espírito Santo, isso é um assunto a ser mais conversado...).
X.
Coro: essa parte é repetida mais uma vez, mas deve-se ter sabedoria, já que a música,
nesse ponto, e se foi usada toda a estrutura citada até aqui, já levou a
congregação a uma certa exaustão emocional, portanto pode ser interessante
voltar ao coro, mas sem os instrumentos rítmicos (bateria e contrabaixo),
somente cantada pelos ministros, deixando a congregação mais à vontade.
XI.
Final: a introdução é repetida, com poucos instrumentos; a permanência
prolongada no acorde final funciona como um “amém” a tudo o que a música
ministrou, é oportunidade para uma ministração final onde a congregação tem
liberdade para expressar o que aprendeu com a adoração musical.
3º Ensaiando
a música:
-
estabeleça, do início ao fim do ensaio, um clima de culto, de adoração, mesmo
na intimidade musical da banda; ore para começar, ore enquanto ensaie, ore para
terminar; não adianta querer que de Deus honre no culto quando se agiu com
displicência e superficialidade durante todo o resto do tempo;
- é
de suma importância que todos os instrumentos toquem a mesma coisa, de preferência
igual ao arranjo original do CD/DV; contudo, mesmo que algumas diferenças em
relação à gravação original existam, deve-se chegar a um consenso de forma que se
toque a mesma coisa;
-
tocar a mesma coisa é acertar na harmonia, para isso as cifras devem ser
completas, com baixos invertidos, dissonâncias, etc, indicadas na partitura
quando devem ser mudadas, através das figuras rítmicas;
-
tocar a mesma coisa é sincronizar o andamento e o tempo, bumbo e contrabaixo devem
estar falando a mesma coisa; piano, violão/guitarra base, devem arranjar clichês
diferentes, mas balanceados; contrapontos, feitos pelos metais, cordas e
guitarra solo, não devem confrontar-se entre si, nem atrapalhar a voz (veja
mais sobre isso na reflexão Às vezes basta educação: tocando com banda);
-
repetindo: tocar igual, de forma sincronizada e respeitosa, pode ser mais
importante que tocar exatamente da maneira que a gravação musical está; músico,
seja humilde, se a maioria tirou a música de maneira diferente da tua, mesmo
que você tenha certeza de que tirou de maneira mais próxima a original, e se
depois de dialogar for resolvido por consenso que o arranjo fica melhor se
tocado do jeito dos outros, concorde, toque como todos tocam; não faça “braço
de ferro” com os outros instrumentistas, a beleza de se tocar em banda está na
cumplicidade, na harmonia, no sincronismo, no casamento perfeito, não abra mão
disso por nada;
-
as vozes, em se tratando de ministração da congregação, não precisam ter um
arranjo muito elaborado, isso pode confundir e prejudicar a congregação, o uníssono
sempre funciona bem, é melhor que correr riscos; usando arranjo de vozes, entre
em acordo com o técnico de som, de maneira que a voz principal, e todo grupo de
louvor tem (e deve ter) um líder, com unção, técnica e carisma, levantado por
Deus, essa voz é que deve ser realçada, sobre todos, cantores e instrumentos.
4º Apresentando
uma música, fazendo a ministração:
- siga
o arranjo que foi definido nos ensaios;
- não
“invente moda”, siga o arranjo que foi definido nos ensaios, isso é muito
importante;
-
contudo, qualquer alteração, na estrutura, volume de arranjo, etc, pode ser
pedida pelo líder e pelo pastor, portanto, fique muito atento a isso; isso pode
ocorrer principalmente na ministração feita depois da pregação da palavra,
enquanto o pregador está fazendo o “apelo”, lembre-se que nesse momento a
palavra do pregador tem prioridade e liderança, portanto toque e cante de olho
no pregador, em suas orientações;
- se
um errar todos devem errar com ele, no sentido de não permitir da maneira que
for, que um erro técnico roube a unção, se errar, sorria e sorria, a unção sempre
deve falar mais alto;
-
repetindo: a voz humana, seja do pregador, do líder do grupo e da congregação,
deve receber da banda, instrumentos e 2ªs vozes, apoio, de maneira que seja
enfatizada, e nunca atrapalhada;
- lembre-se
todo o trabalho que você teve até aqui, tirando a música, ensaiando e orando,
foi para que a congregação tivesse uma experiência ímpar de adoração, de
intimidade com Deus.
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