Versões da Bíblia

      A Bíblia João Ferreira de Almeida é a versão original de Bíblias protestantes (evangélicas) na língua portuguesa. Com o passar dos anos essa versão foi sendo atualizada, por uma ou outra equipe de tradutores, por uma ou outra editora. Seguem abaixo algumas dessas versões. Não relacionei versões em linguagem de hoje, que são versões parafraseadas do texto original, e é importante também que não confundamos versões de Bíblias com Bíblias comentadas ou de estudo. Existem várias Bíblias comentadas, Thompson, Shedd, Scofield, Genebra, Lutero, etc, mas se referem aos comentários, históricos, geográficos, exegéticos, etc, adicionados com o objetivo de elucidar os textos. Esses comentários são opiniões e pareceres de estudiosos, contudo não representam o texto bíblico original. As versões abaixo se referem ao texto bíblico original.

1. Almeida Revista e Corrigida

      É como é conhecida a versão da tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida surgida em 1898 como resultado da compilação de duas versões anteriores em português: Revista e Correcta (1873) e Revista (1894).
    No Brasil, sua primeira publicação remonta aos anos quarenta, pela Imprensa Bíblica Brasileira, ligada à Convenção Batista Brasileira, sendo a primeira Bíblia em português totalmente editada no país. Antes da Segunda Guerra Mundial, o livro era produzido na Europa ou Estados Unidos e importado.
    Três versões diferentes chegaram a ser produzidas com o nome "Almeida Revista e Corrigida", uma produzida pela Sociedade Bíblica do Brasil, outra pela Imprensa Bíblica Brasileira, e outra pela Sociedade Bíblica de Portugal, sendo as três muitos semelhantes entre si.
      No caso da versão da Sociedade Bíblica do Brasil, leves modificações ao longo dos anos têm sido feitas, passando por revisões em 1995 e 2009. A Versão da Imprensa Bíblica Brasileira foi revista em 1997.
       Em geral, a ARC segue o Textus Receptus, porém em alguns trechos, versões mais recentes do texto divergem do Textus Receptus e seguem o Texto Minoritário ou Crítico. A ARC em suas primeiras edições serviu como base para diversas outras traduções, como a Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revisada Segundo os Melhores Textos, Almeida Edição Contemporânea, e a Almeida Corrigida Fiel.

2. Almeida Revista e Atualizada

      É como é conhecida a versão da tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida publicada em 1959 pela Sociedade Bíblica do Brasil. Uma das mais usadas pelos protestantes brasileiros, foi o resultado de treze anos de trabalho de cerca de trinta revisores, baseando-se no chamado Texto Crítico dos originais grego e hebraico, em vez de seguir o tradicional Textus Receptus ("texto recebido"), único à disposição na época de Almeida. Quanto à linguagem, procurou-se um equilíbrio entre a linguagem erudita e a popular.
     Em 1993, passou por nova revisão, conhecida como "Edição de 1993", eliminando expressões e palavras consideradas antiquadas ou confusas. Por exemplo, o nome próprio Cão, de um dos filhos de Noé, foi mudado para Cam.
      Apesar de ser considerada baseada no texto de Almeida, apresenta-se como uma nova e muito diferente tradução. Ela mantém o sabor clássico do Almeida antigo, mas substituiu as expressões que, em vez de sinais de erudição, se tornaram, com o tempo, arcaísmos, estando em alinhamento com novas evidências arqueológicas, evidências estas refletidas no Texto Crítico, diferindo, assim, da Almeida Revista e Corrigida, que se atém aos manuscritos disponíveis no tempo de Almeida.

3. Almeida Corrigida Fiel

      A Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) é uma tradução para a língua portuguesa baseada na versão de João Ferreira Annes d'Almeida. A tradução Corrigida Fiel tem por principal característica basear-se exclusivamente no Texto Recebido (Textus Receptus) grego para o Novo Testamento e no Texto Massorético hebraico para o Antigo Testamento, que foram praticamente os mesmos textos usados por Almeida.
      O método de tradução utilizado é a equivalência formal, que procura manter as classes gramaticais do original para a tradução: um verbo traduzido por um verbo, um substantivo por um substantivo, e assim em diante. Palavras adicionadas à tradução sem estarem presentes no texto original, com o objetivo de aumentar a clareza, são marcadas em itálico.
      A postura oficial da Sociedade Bíblica Trinitariana brasileira, que produziu e publica esta tradução, é defendê-la como a tradução mais fiel em língua portuguesa aos textos que ela considera mais fidedignos aos originais advindo assim o termo "Fiel". Já a Sociedade Bíblica Trinitariana de língua inglesa (Trinitarian Bible Society), por sua vez, defende a versão da Bíblia King James como a mais fiel aos textos originais, sendo associada ao King-James-Only Movement internacional .
      A Almeida Corrigida Fiel foi publicada em 1994 e lançada uma revisão em 2007. No ano de 2011 uma nova edição foi publicada em consonância com o Novo Acordo Ortográfico que passou a vigorar nos países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, na revisão de 2011, ouve várias mudanças no texto.

4. Almeida Revisada Melhores Textos Grego e Hebraico

      A Bíblia Sagrada, Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeia de Acordo os Melhores Textos em Hebraico e Grego, comumente conhecida como "Almeida Revisada", Versão Revisada ou Melhores Textos, foi lançada em 1967 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, pela Imprensa Bíblica Brasileira, divisão da JUERP. Os tradutores a consideram uma nova revisão da tradução de João Ferreira de Almeida, sendo baseada na Revista e Corrigida.
      Foi realizada com o intuito de incorporar os avanços na escola Eclética de crítica textual bíblica à Bíblia brasileira, e de atualizar vocabulário obsoleto, que era mal compreendido ou simplesmente não compreendido mesmo pelo leitor culto brasileiro.
      Utilizou o texto grego de Nestlé-Alland, 25ª edição. A edição subsequente, de 1974, não sofreu alterações significativas. Foi substituída (ou deverá ser) pela Almeida Século 21, da mesma editora, mas em parceria com outras editoras evangélicas brasileiras, sob coordenação de Luís Alberto Teixeira Sayão.

5. Almeida Edição Contemporânea

      Foi publicada em 1990 pela editora Vida. Os revisores desta Bíblia dedicaram-se a tarefa de produzir um texto sem arcaísmos e ambiguidades, mas, ao mesmo tempo, preservar o estilo belo e grandioso da obra que lhes serviu de base. A fim de assegurar absoluta fidelidade à Verdade revelada, especialmente nas passagens cuja tradução tem suscitado controvérsias, os editores optaram por expressões mais fiéis às línguas originais, seguindo, assim, as melhores e mais recentes versões das Escrituras em línguas modernas, bem como levando em conta preciosas sugestões de eruditos no conhecimento das línguas originais da bíblia.

6. Almeida Nova Versão Internacional

      Essa tradução foi feita a partir das línguas em que os textos bíblicos foram originalmente escritos (hebraico, aramaico e grego), a NVI foi produzida com os seguintes objetivos fundamentais: clareza, fidelidade e beleza de estilo.
      O projeto de tradução para a língua portuguesa começou em 1990, com a reunião da comissão da Sociedade Bíblica Internacional, sob coordenação do linguista e hebraista, Rev. Luiz Sayão. Inicialmente foi publicada uma versão do Novo Testamento, em 1994. O projeto foi totalmente patrocinado pela International Bible Society, ainda que difundida e vendida por outras editoras. A editora Zondervan, tradicional casa publicadora de linha reformada norte-americana de origem holandesa, conhecida publicadora de Bíblias por décadas, como a King James Version, a Berkeley Version, a Amplified Bible e a NIV, teve participação divulgação e distribuição da NVI, ainda que não em sua elaboração. A tradução definitiva e completa em português foi publicada em 2001, a partir das línguas originais, com base na mesma filosofia tradutológica da New International Version (NIV).
      A NVI tem um perfil Protestante, e procura não favorecer nenhuma denominação em particular. É teologicamente equilibrada e procura usar a linguagem do português atual. O processo de tradução da NVI contou com a participação de renomados estudiosos protestantes como Russell Shedd, Estevan Kirschner, Luiz Sayão, Carlos Osvaldo Pinto e Randall Cook (arqueólogo em Israel).
      O método de tradução da Nova Versão Internacional é semelhante ao da New International Version (tradução em língua inglesa também produzida pela Sociedade Bíblica Internacional), que é um nível de tradução intermediário entre a equivalência formal e a dinâmica: quando o texto pode ser traduzido mais literalmente, é utilizada equivalência formal. Contudo, se o texto traduzido literalmente for difícil de entender para um leitor comum, então é feita uma tradução mais funcional, procurando trazer o significado pretendido no original para um português natural e compreensível. Por esse motivo, em geral a NVI é mais "dinâmica" que as traduções de Almeida, porém mais "literal" que a Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
      Apesar das semelhanças entre a Nova Versão Internacional e a New International Version, a versão brasileira não é uma tradução da língua inglesa, mas sim dos idiomas originais. Notas de rodapé são frequentes na NVI. Elas trazem explicações de todo tipo e em alguns casos apresentam traduções alternativas (inclusive qual seria a tradução literal).

7. Almeida Século XXI

      Esta versão, publicada em 2007 (1ª edição), foi inspirada na tradução de João Ferreira de Almeida, conhecida no Brasil como Versão Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego, publicada desde o final de 1960 pela Imprensa Bíblica Brasileira. Trata-se, portanto, de uma nova versão na tradicional linha João Ferreira de Almeida, largamente reconhecida por sua fidelidade aos originais do texto sagrado. A versão Almeida Século 21 chega para dar vez e voz ao texto que Almeida produziria na atualidade.
      Qualquer tradutor do alto nível de João Ferreira de Almeida tem sempre a preocupação de entender a mensagem na língua em que foi primeiramente escrita e também de reproduzi-la em outro código linguístico de modo que preserve elementos do texto original e acrescente a naturalidade de comunicação da lingual receptora. Seguindo esta linha de trabalho, a versão Almeida Século 21 tem como dois de seus pilares de sustentação a fidelidade à Palavra sagrada e a facilitação da comunicação na língua portuguesa falada no Brasil.
      Poucas línguas faladas hoje são tão privilegiadas como o português, que conta com uma grande variedade de traduções da Bíblia. Isso é extremamente benéfico, pois possibilita a divulgação das Escrituras para uma diversidade de pessoas que necessitam da mensagem salvadora do evangelho.
      Muitas traduções da Bíblia surgiram em nosso país ultimamente. Quase todas merecem elogios. No entanto, o maior desafio de uma versão das Escrituras é unir tradição, exatidão e fluência. A versão Almeida Século 21 consegue fazer essa fusão com maestria. Uma tradução pode apresentar razoável exatidão exegética e bom nível de comunicação, mas não “fazer escola”, ou seja, não ter tradição, elemento essencial para qualquer texto bíblico que queira despertar confiança, espírito solene e bem-estar ou conforto na leitura. Outra tradução pode falhar no rigor exegético e, consequentemente, deixar a desejar na compreensão do texto original, mesmo que seja bem-sucedida no domínio da comunicação em língua portuguesa. Existe ainda a possibilidade de conciliar tradição e boa exegese dos originais, mas fracassar na fluência ou naturalidade do texto em português, deixando o leitor com a sensação de que ninguém mais fala ou escreve daquele jeito.


Resumido por José Osório de Souza
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Um comentário:

  1. Prezado José Osório de Souza, poderia nos disponibilizar as referências bibliográficas utilizadas na elaboração deste post? Cordialmente, Brenio Hallison.

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