Achemos equilíbrio (3/4)

      “E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol. Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.” Eclesiastes 2.11-13

      Matéria e espírito, ciência e religião, obras e fé, a melhor eternidade de Deus construímos em nossos homens interiores ainda neste mundo à medida que praticamos o equilíbrio entre valores passageiros e eternos. “Mas não é melhor vivermos o extremo espiritual?”, pode-se questionar. Eis um equívoco que pode-se cometer, achar que agradar a Deus é desprezar o corpo, a ciência, e focar na fé e na religião, isso não está correto. O desafio que Deus nos vocaciona para vencer neste mundo é harmonizar o passageiro com o eterno, só no equilíbrio achamos humildade, nos extremos, seja ele qual for, há arrogância e insanidade. Assim construímos o céu em nós, mas administramos certo o planeta e a sociedade fora de nós.

Como olhamos a vida? (2/4)

      “Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada. Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.” Salmos 131

      “Somos aquilo que mais praticamos na maior parte do tempo de toda a nossa passagem por este mundo”. Diante dessa proposição entendemos que é preciso muito trabalho e amor paciente na vida, trabalho para perseverar em fazer mais bem que mal e paciência para valorizar cada momento em nossa passagem no mundo e nas passagens dos outros. Ver a vida assim é vê-la com os olhos de Deus, com os olhos da espiritualidade mais alta. Como você olha a vida? Podemos olhar achando que fé vence tudo, ainda que seja atitude em meio a uma vida de obras ruins. Podemos olhar achando que trabalho vence tudo, ainda que não se tenha tido vida com fé correta. O céu está no equilíbrio entre fé e obras. 

Quem somos? (1/4)

      “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça.” Salmos 92.13-15

      Quem somos nós? Somos aquilo que mais praticamos na maior parte do tempo de toda a nossa passagem por este mundo. Assim seremos avaliados na eternidade e por esse critério serão manifestados, de forma mais ampla e duradoura, céu e inferno na liberdade que teremos no plano espiritual para continuarmos seguindo em direção ao Altíssimo. No céu se move para a luz mais alta, no inferno fica-se preso às trevas, mas ambas, luz e trevas, foram construídas dentro de nós em nossa passagem no mundo. Não podemos julgar ninguém porque não sabemos o momento da partida de alguém, não sabemos a prática do bem de cada um, e aquilo que Deus pediu de cada ser para melhorar, que não é igual para todos. 

O humilde é elevado (3/3)

      “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.” Mateus 23.9-12

      Entender que só há vitória em cima, pede que o ser humano se coloque embaixo, não para se submeter a apetites do corpo, às intenções de espíritos inferiores, ao seu ego. Esse posicionamento é o quebrantamento de alma, onde a pessoa reconhece sua insuficiência para ter vitória, a necessidade de ser atraída por Deus para seguir na emanação de sua luz para ser vitoriosa. O arrogante não entende essa experiência, ele não tem coragem de se humilhar, sabe que teria que exibir fragilidade que não quer que os outros vejam, o arrogante só reconhece como vitória aquilo que conquista com as próprias forças. O humilde trabalha e muito, mas entende que vitória existe porque Deus permite, em humildade deixa-se ser atraído pelo Espírito de Deus. 

Falsa elevação do arrogante (2/3)

      “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos?” Isaías 14.13-16

      Quando olhamos a existência como um conflito entre forças de baixo e de cima, que influenciam mentes e sentimentos, que interferem em palavras e atitudes, entendemos a arrogância de tantos. O orgulhoso tenta se distanciar do que lhe causa desconforto colocando-se em posição superior, ele entende que no distanciamento há refrigério, ainda que para desprezar quem teme e que não consegue amar, mas ele se eleva em seu ego, enquanto o humilde eleva-se em Deus. O arrogante também se conecta a forças espirituais, mas com as mais perigosas, de espíritos malignos que têm liderança nas trevas. Só o humilde esconde-se no Altíssimo, acima de potestades e principados, acha a paz eterna e pode amar sem medo.

Conflito entre níveis (1/3)

      “O Senhor reina; tremam os povos. Ele está assentado entre os querubins; comova-se a terra. O Senhor é grande em Sião, e mais alto do que todos os povos. Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é santo.” Salmos 99.1-3

       Dentro do ser humano há uma batalha entre a carne e o espírito, entre o mal, o diabo, e o bem, Deus. Essa leitura é correta, é bíblica, mas é mais terrena, superficial. Uma leitura mais profunda coloca o interior do ser humano como campo de batalha de duas forças, uma que puxa para baixo e outra que atrai para cima. Essa leitura é mais espiritual pois tira a batalha interior do homem das forças de seus apetites físicos e coloca-a na energia do mundo espiritual. Puxados para baixo somos colocados em regiões espirituais inferiores, lugar moral de espíritos malignos, ainda que fisicamente estejamos numa igreja. Todavia, atraídos pelo Santo Espírito somos postos no refúgio espiritual do Altíssimo, onde há santidade, amor, paz e luz.

Jesus me representa (2/2)

      “Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” Filipenses 2.7-11

      Jesus me representa, e por tudo que ele representa eu vivo e busco a Deus, nisso tenho paz e vitória, ainda que sem compromisso oficial com igreja, no momento em que escrevo este texto. Encontro muitas vezes irmãos sinceros e preocupados em me abençoar, que me exortam, quando recebem de mim uma resposta sobre ligação com igreja que eles não concordam, como eu disse sei que são sinceros e querem meu bem, ainda que só do jeito deles, e ainda que achem que o jeito deles é mais certo. Em situações assim agradeça aos irmãos, não tente convencê-los sobre teu ponto de vista, mas siga vivendo para Deus e no Espírito de Deus, dando frutos bons e que permanecem, que mostram na prática tua experiência religiosa. 

José Osório de Souza, 31/10/2022