sábado, novembro 30, 2019

Dom de línguas estranhas

      “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.Romanos 8.13-16

      Perdem e muito os que tentam viver o cristianismo sem uma experiência total e verdadeira com e no Espírito Santo. O Espírito Santo habita todos os convertidos, os novos nascidos, na verdade sem o Espírito Santo não há cristão, não há comunhão com Deus, não há novo nascimento, não há experiência de cura e perdão de Deus. Assim, mesmo os que não acreditam que os dons espirituais são para os dias atuais, mesmo que nunca se tenha vivenciado o falar em línguas estranhas, as revelações espirituais que renovam as experiências que temos nas revelações registradas na Bíblia de outras pessoas, mesmo esses têm o Espírito Santo, ninguém duvide disso, sob o risco de pecar contra o Espírito Santo. Contudo, CONTUDO, (e me perdoem a caixa alta), quem não experimenta os dons de maneira explícita, perde muito do poder transformador e exclusivo de Jesus, do pleno e real cristianismo.
      Numa igreja cristã atual (e uso o termo igreja generalizando a grande parte de igrejas protestantes é evangélicas), onde o pentecostalismo se cansou, e se cansou porque se desviou da palavra, perdendo-se nas experiências emocionais e na teologia da prosperidade, e até os pentecostais estão procurando estudos bíblicos mais sérios e profundos compartilhados pelos tradicionais, se faz necessário uma volta ao Espírito Santo, não ao pentecostalismo, porque se esse fosse íntegro não teria perdido a força, mas à liberdade do Espírito Santo que havia na igreja cristã primitiva. Alguns tradicionais equivocados podem dizer, “mas nas cartas de Paulo à igreja de Corinto, vemos uma exortação contra os dons, principalmente o de línguas estranhas”, mas meus queridos, nas cartas aos Coríntios não foram os dons que foram criticados, mas o mal uso deles, todas as igrejas daquela época experimentavam os dons, mas eles pouco são citados nelas porque essa maioria usava os dons da forma correta. 
       “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4.20), eu não posso deixar de testemunhar aqui sobre a bênção que são em minha vida os dons espirituais, todos, e muito o dom de línguas estranhas. Quem tem dons? Não, não são os melhores e eles também não conferem a ninguém um status quo superior no meio cristão, tem os que querem, creem, buscam, recebem e usam, simples assim. E se todos os dons são a força a mais que o cristão precisa para viver o cristianismo, o de línguas estranhas permite um consolo, um fortalecimento, especial, que nos ajuda justamente quando mente e coração não podem. Assim, muitas vezes, quando minha cabeça estava cansada, quando meu emocional estava vazio, o falar em línguas estranhas alimentou e vivificou meu espírito, porque os genuínos dons espirituais são isso, espirituais. Erra quem acha que são meras experiências emocionais, eles podem tocar nossas emoções, mas elas só efeito daquilo que é experimentado antes no espírito. 
      Podemos profetizar através de línguas estranhas e quando houver quem as traduza elas são úteis para abençoar os outros em cultos públicos, mas a principal bênção do dom de línguas estranhas está na nossa vida privada, em nossos momentos particulares e solitários de oração, assim o verdadeiro dom de línguas é tudo, menos adulação de ego para ser exibido para os outros. Só Cristo pode viver o cristianismo, Cristo vive em nós pelo Espírito Santo, exercer os dons espirituais é dar liberdade para que o Espírito seja Deus em nós. Negarmos isso é tentar viver, ainda que com sinceridade, um cristianismo sem Cristo. O dom de línguas estranhas estabelece um diálogo mais direto e espiritual, é o Espírito Santo falando a Deus e ao mundo espiritual através de nosso espírito, que colhe bênção emocional disso, mas que muitas vezes não entende o que está sendo dito racionalmente, por isso ele é bênção quando nos sentimos sem forças para orar. O dom de línguas estranhas é Deus orando por nós em nós.
      Sendo um diálogo de Deus para Deus, nos permite interceder por coisas que não temos consciência que precisamos interceder, pelo menos não a princípio. Isso é o milagre que só o evangelho faz, algo que começa em Deus e termina em Deus, para a glória única de Deus. Quanto mais buscamos o Senhor e falamos em línguas, no temor de Deus, em santidade e com sabedoria, a nossa intimidade espiritual com o pai aumenta, a experiência do dom de línguas estranhas evolui, e tem muita gente que ainda que fale em línguas ainda está no primário desse dom. Mas repito, é importante que tenhamos um crescimento nessa experiência em particular, pois a maneira como o Espírito Santo interage com nossos sentidos, com nossa fala e mesmo com todo o nosso corpo, pode não ser entendida por alguns, e os que já são pré-dispostos a não aceitarem dons espirituais poderão se escandalizar ainda mais. 
      Muitos, contudo, ainda não entenderam a profundidade da interação que o Espírito Santo pode ter conosco, aceitam tanta entregas físicas e emocionais do mundo, mesmo de outras religiões, que não são de Deus, e são frios com relação ao Espírito Santo, por isso tantas enfermidades, principalmente psiquiátricas, no meio cristão, Deus tem a cura mas as pessoas não a querem. Não, ter uma experiência plena com o Espírito de Deus nada tem a ver com possessão demoníaca, a possessão, uma vez autorizada pela pessoa, é algo violento, descontrolado, sujo, degradante. Com o Espírito Santo há felicidade, há vitória, há vontade de ser santo, há luz, entendimento da vontade de Deus, adoração pura, começando no espírito inunda nossa alma, sentimentos e pensamentos, e pode ter liberdade, se assim permitirmos, em todo o nosso corpo. Cheios do Espírito cantamos, dançamos, pulamos, gritamos, mas sempre debaixo de nossa autorização racional. O espírito do profeta está sempre sujeito ao profeta.

sexta-feira, novembro 29, 2019

Se não há para onde ir, não vá

       “Antecipei o cair da noite, e clamei; esperei na tua palavra. Os meus olhos anteciparam as vigílias da noite, para meditar na tua palavra.Salmos 119.147-148 

     Quando não vemos saída nos desesperamos porque ainda que queiramos seguir em frente nenhum caminho se apresenta. Se não há caminho não é tempo para se desesperar, mas apenas e simplesmente para esperar, quando for o tempo certo, Deus mostrará o caminho e poderemos então seguir em frente. Não ter para onde ir não é necessariamente um problema, o problema é não termos onde esperar. Bem, os filhos de Deus podem esperar em Deus, em paz e certos que esperar também é útil, é necessário, é agradável ao Senhor, assim se temos que esperar o façamos tranquilos, felizes, não ansiosos ou amargos, Deus está preparando o melhor para o melhor momento, quando então poderemos seguir em frente. 
      Por que não gostamos de esperar? Um dos motivos é porque achamos que os outros vão nos julgar mal por estarmos parados, vão achar que somos de alguma maneira negligentes, rebeldes, ociosos, mas é em momentos assim que temos que assumir a quem servimos, se aos homens ou a Deus, e a quem queremos agradar. Fazer no nome de Deus, estar em atividade, é mais fácil, já esperar em seu nome, principalmente à vista de todos, de familiares, de irmãos da igreja, é difícil, depende muito mais de fé, de confiança no Senhor, mas é na espera que Deus amadurece seus servos, é nela que se conhece quem de fato segue a Jesus seja onde for, é nela que provamos a felicidade mais resistente. 
      O problema de não saber esperar é acabar indo para lugares errados, fazendo alianças erradas, com pessoas erradas, no tempo não propício, e assim se desgastar, perder energia, se expor desnecessariamente, e acabar mais fraco que no início. Um dos motivos da esperar é ter um momento pra descansar e renovar as forças, mas se insistirmos em fazer e fazer inverteremos a situação, algo que era pra ser bom se torna pior ainda. Algumas vezes fazer é para os arrogantes e que não confiam em Deus, já esperar pode ser a saída dos sábios e humildes, que creem no Senhor. Muitos não sabendo esperar, obcecados por ativismos, acabaram perdendo tudo que tinham conquistado até então.
      Se não há para onde ir, não vá, não se sinta na obrigação só para provar para os outros que você é alguém esforçado, vença os críticos e invejosos que sempre esperam situações para acusar. Deus é Senhor do caminho mas também da espera, do fazer mas também do não fazer. No texto inicial o salmista tem um discernimento importante, faz a descoberta de um momento importante da vida, a proximidade da “noite”. Em primeiro lugar não era noite ainda, ela só estava próxima, entender que algo vai acontecer antes que aconteça nos dá tempo, tempo para nos prepararmos. Antecipar as vigílias da noite nos dá tempo para meditar mais na palavra de Deus e orar. Mas o que seria “noite”? 
      Ao pé da letra, noite é o período onde temos a ausência da luz do Sol, sem a luz natural existe mais dificuldade para andar pelo mundo, mesmo para o trabalho, por isso é mais conveniente para o descanso, dentro de casa, protegidos em nossos lares. Existem muitos textos bíblicos sobre esperar em Deus, talvez um dos temas mais presentes na Bíblia e principalmente nos Salmos, mas a passagem inicial do Salmo 119 me chamou a atenção por causa disso, da antecipação da noite que o escritor bíblico faz. Nesse tempo é preciso parar, entender que o tempo de fazer, ou ao menos o tempo mais eficiente para isso, já passou, é preciso ter lucidez e humildade para aceitar a realidade.
      Antes que chegue a noite mais profunda temos que nos preparar focando em Deus, os filhos de Deus, aqueles que o temem e que estão em comunhão com ele, sempre saberão em que tempo vivem e terão tempo para se preparar para o pior tempo. Nós em especial vivemos atualmente tempos escuros, próximos da grande noite que virá sobre o mundo, é preciso mais que nunca nos prepararmos. Trabalharmos? Sim, o máximo que pudermos, mas conscientes que estamos numa passagem, devemos depender de Deus sempre, mas na noite mais ainda. Contudo, na noite as referências faltam, aquelas que tínhamos no dia, assim dependeremos mais ainda de fé.
      “Antecipei o cair da noite e clamei”, essa é a grande lição do texto inicial, por nós mesmos não podemos adivinhar nada, mas no Espírito Santo podemos antecipar, Deus é vivo e nos ama, assim ele fala conosco e quer o melhor para nós. A nós resta ouvir e obedecer, em comunhão com Deus somos protegidos, salvos, resgatados. O que é o arrebatamento senão um resgate dos filhos em plena comunhão com Deus e dos inocentes, crianças, bebês, deficientes mentais (que também podem ser inocentes)? Um resgate antecipado antes que chegue a pior noite que a humanidade enfrentará no mundo. Louvado seja o Senhor que vive e reina para sempre e que não desampara os seus!

quinta-feira, novembro 28, 2019

Desejo de orar, a maior das bênçãos

      “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Isaías 55.6
      “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Isaías 59.1-2
      “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.Isaías 1.18-19

      De todas as coisas boas que podemos ter neste mundo, que podemos receber de Deus, o desejo de orar, de nos aproximarmos do Senhor, de querermos estar na presença de Deus, e de sentir nessa experiência o maior prazer de todos, é a maior benção de todas. Orar a Deus é uma benção em si mesma, assim não importa para que estaremos em comunhão com Deus, não importa o que diremos ao Senhor, o que pediremos, nem o que Deus nos responderá, ou o que nos dará, estar na presença no Senhor, ter o desejo de querer isso e executar isso, é o maior tesouro que um homem pode ter, abençoado demais será aquele que ter essa vontade até o fim de sua vida neste mundo. Quando orar, antes de qualquer coisa, antes mesmo de agradecer pela vida, pela família, pelo emprego, pela saúde, pela salvação, agradeça a Deus por poder orar, por achar um tempo para a tempo achar o Senhor. 
      Mas o homem que recebe essa benção não deve ser grato por querê-la, mas por se atraído por Deus à sua presença e então poder desejar isso, é Deus quem nos atrai e atraindo nós o desejamos, de todo o coração, amamos a Deus porque ele nos ama primeiro, o buscamos porque ele nos acha e abre a porta de sua presença. Assim, louvemos a Deus, o adoremos com toda a alma e com todo o entendimento, simplesmente porque podemos querer fazer isso e porque o fazemos, sem impedimentos, sejam externos, sejam internos, sejam do mundo, dos demônios, sejam dos nossos próprios pensamentos e sentimentos, exaltemos o Deus todo poderoso, altíssimo, santo, onipresente, eterno, que apesar de tudo isso nos é acessível, pelo único e poderoso nome de Jesus Cristo, através do Espírito Santo que habita os filhos e salvos. 
      Quando Deus nos atrai nós o achamos, contudo, alguns, em algum momento, podem buscar a Deus e não achá-lo, essa é a maior de todas as tristezas, a maior de todas as decepções, a maior de todas as dores, mas será que é Deus quem se esconde, quem não se deixa achar? Não acha quem ainda que diga com a boca que deseja achar a Deus, com o coração nega, à medida que não assume seus pecados, que não quer confessa-los, que acha que está fazendo tudo certo, que inventa mil argumentos para se justificar e assim tenta entrar na presença do Senhor sujo, com a alma cheia de pecados. Mas Deus conhece os humildes, os que sabem que não merecem estar na presença do Senhor, que temem e tremem diante do altíssimo, mas que ainda assim, com a coragem de filhos, se achegam a Deus clamando por perdão, por misericórdia, por graça. Esses são atraídos pelo amor do pai e se sentem privilegiados só por estarem em sua presença, esses entenderam o melhor da vida. 

quarta-feira, novembro 27, 2019

Olhemos para cima

      “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terraColossenses 3.2

      Olhamos para baixo quando prestamos atenção demais nas vidas dos homens, quando comparamos demais nossas vidas com as vidas dos outros, quando damos importância demais para o que os outros dizem. Se isso tudo for feito demais corremos o risco de adoecermos mentalmente, começando a imaginar coisas que não existem, a ouvir coisas que não existem, a colocar palavras na boca das pessoas pensando de uma maneira doentia que elas estão falando o tempo todo da gente, e falando coisas ruins, nos criticando e nos caluniando. Essa situação pode nos confundir a ponto de não conseguirmos discernir o que é real do que é só imaginação.
      É preciso entender que no mundo impera um clima de acusação, isso é fato, não é fantasia. Todavia, podemos nos levar por um caminho louco, nos acostumando a ouvir coisas ruins, muitas vezes porque fomos criados ouvindo sempre que estávamos errados e que não íamos dar certo na vida. Alguns, por problemas de saúde, podem ter uma tendência física, neurológica, de imaginar coisas ruins dos outros contra eles, isso também pode acontecer. Se estivermos nesse estado ou chegarmos a ele, pode ser necessário até tratamento psiquiátrico e medicamentos, contudo, o remédio espiritual, que deve ser tomado junto do físico, é um olhar para o alto, não para baixo.
      O que tem grandes fraquezas é convidado por Deus a ter grandes experiências espirituais com sua intimidade, assim quem é atraído a olhar demais para baixo, para o mundo, para os homens, que ouve demais “vozes” ruins, deve direcionar essa tendência para o alto, para ouvir a voz de Deus que sempre é boa, delicada, sábia, abençoadora, cheia de paz, e repito, ainda que se necessário for ter essa atitude espiritual junto de acompanhamento profissional médico para o corpo e mente. Isso é um trabalho de reabilitação de alma, agora aprendendo a sintoniza-la na frequência mais alta do voz do altíssimo, como trabalho isso não é fácil no início, mas é possível, e quando feito traz cura e transformação de vida. 
      Nesse processo de libertação, oração a sós no silêncio, aquietando corpo, alma e espírito, é fundamental. Repito novamente, se entrarmos numa experiência descontrolada de imaginar acusações o tempo todo, busquemos médicos e bons pastores, equilibrados e lúcidos, que nos deem tanto atenção em amor quanto orientação realmente de Deus. Mas depois disso devemos descansar, corpo e alma, como também o espírito, orando a Deus com calma, sem exageros, sem pesos, Deus sabe muito bem quando atingimos nossos limites e estamos enfermos, ele, mais que ninguém, é paciente e tem o jeito certo de nos recuperar para que sejamos nosso melhor nele. 

terça-feira, novembro 26, 2019

Santidade, uma questão de opção?

      “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.Marcos 14.38

      Enquanto queremos viver o cristianismo ou qualquer outra proposta de vida moral equilibrada com as próprias forças, ainda que bem intencionados, santidade é caminho impossível, pelo menos é impossível de ser mantida no tempo. Quando jovens e apaixonados, até podemos provar momentos de santidade vivenciados com as nossas forças, a paixão dá forças, mas não para sempre. Contudo, se formos sadios, já que os doentes podem se privar de excessos não por serem santos, mas por serem incapazes de viver a vida em sua plenitude, se formos normais, com o tempo, vícios da carne, principalmente os prazerosos, podem nos vencer. 
      Abrindo parênteses, tem muita gente doente achando que é santa, e muitos desses até se engajam em causas e sacerdócios religiosos, mas ainda que muitos na inocência, na boa intenção, na sinceridade benigna, não podem de fato serem exemplos de santidade escolhida, é gente que precisa de terapia, não de aprovação, e que infelizmente é usada e manipulada por muitos outros, fecho parênteses. 
      Contudo, numa vida de busca constante de Deus, de oração, de adoração, de escolhas certas de alianças e de lugares a se frequentar, depois de tudo isso, santidade pode ser uma opção, então, se de fato entendemos tudo o que o Espírito Santo está nos revelando nessa comunhão poderemos optar por sermos santos, não de acordo com legalismos religiosos e humanos, mas de acordo com a real vontade de Deus. Essa escolha, contudo, enquanto vivemos no corpo físico, encarnados, tem curta duração, não se faz opção por santidade uma vez na vida e conseguimos nos manter santos para sempre. Ela dura até nosso próximo período de oração e adoração a Deus, por isso esses períodos devem ser frequentes, diários pelos menos. 
      O versículo inicial, dito por não menos que Jesus, testemunhando que mesmo ele tinha que estar em frequente consagração para permanecer santo, define o ensino sobre santidade, nosso espírito num determinado momento entende que santidade é o melhor caminho e é possível, mas a carne não pode reter esse compromisso por muito tempo. Por isso temos que insistir sempre nesse ponto, busquemos a Deus, todos os dias, e por mais que a vida real seja difícil, não desistamos do padrão de santidade que Deus quer para nós.
      Mas por que santidade pode ser opção? Pode ser porque depois que fizermos nossa parte nos consagrando a Deus, o Espírito Santo nos dará forças, e Deus sempre, sempre dá forças aos que o buscam. Contudo, é logo após essa consagração que a santidade é possível mas é opção, porque se escolhermos teremos forças para dizer não ao pecado, todavia podemos não escolher, já que Deus nunca nos obriga a nada. Dessa forma, muitas vezes, mesmo depois de termos tido uma experiência maravilhosa com Deus, podemos, pouco depois, escolher o pecado, esse pecado é o mais amargo de todos, e que pode nos custar caro.
      O conselho: escolhamos ser santos, racionalmente, numa convicção que começa mental, para depois encher nossos corações de alegria, nossa alegria por saber que estamos optando pelo melhor caminho, alegria do Espírito Santo em nós, que nos revela que estamos fazendo a vontade do santíssimo Deus altíssimo.

segunda-feira, novembro 25, 2019

Não te deixes vencer do mal

      “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12.19-21

      O mal nos vence quando retemos a injustiça, a ingratidão, a falsidade, o desprezo, e não anulamos tudo isso com misericórdia, com generosidade, com sinceridade benigna e com voluntariedade de amor, por estarmos vazios e famintos de virtudes. 
      O mal nos vence quando pesamos o passado pior por não ter um presente bom que ocupe nossas mentes e corações, quando vivemos de culpas antigas ou de ilusões ultrapassadas, ao invés de nós saciarmos com a realidade vitoriosa, com a verdade. 
      O mal nos vence quando nos viciamos em construir castelos de mentiras em nossas almas, por medo de olharmos de frente a casa em que habitamos, pequena, não tão luxuosa, mas o que conquistamos com a colheita justa de tudo o que plantamos na vida.
      O mal nos vence quando o acusador nos vence, quando a displicência e incredulidade dos outros no nosso melhor se torna maior que aquilo que Deus pensa de nós, fez por nós, quer para nós e já disse tantas e tantas vezes que cumpriria em nossos caminhos. 
      O mal nos vence quando o medo nos vence, medo que nos faz ver inimigos onde só existe gente como a gente, com inseguranças, com defeitos, com fraquezas, mas também com sonhos, com qualidades, com boas obras, o mal pode distorcer nossa visão. 
      O mal nos vence quando deixamos pecados se acumularem sem que os admitamos e nos apossemos de perdão, o mal nos vence quando trocamos a paz por um “prato de comida”, como fez Esaú, quando preferimos o passageiro no lugar do eterno.
      O mal nos vence quando tentamos viver o evangelho do nosso jeito, por não termos aceitados o jeito de Deus, por termos nos rebelado contra o Senhor, por termos insistido em seguirmos arrogantes e não termos nos quebrantado diante do pai.
      O mal nos vence quando olhamos para baixo e não para cima, quando permanecemos caídos e não nos levantamos, quando desistimos de tentar novamente e nos prendemos a homens, quando insistimos em andar sozinhos e deixamos de andar com o fiel amigo Jesus.

domingo, novembro 24, 2019

Quem pode dizer se somos bons cristãos?

      “Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. 
      E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves.
      Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? 
      No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada.” 
Daniel 4.29-36

      Esta reflexão não é um estudo bíblico, aliás, como ocorre aqui na maior parte das vezes, é uma crônica, não o esmiuçar de uma citação da Bíblia com detalhes técnicos. Vou dar só um resumo do texto inicial, ele é a conclusão de uma passagem da vida de um dos homens mais poderosos citados na Bíblia, que por ter feito grandes conquistas achou ser maior que Deus. Por causa disso Nabucodonosor teve, podemos dizer assim (numa interpretação atual), uma enfermidade psiquiátrica, causada com certeza por uma dureza espiritual de coração. 
      Essa terrível doença o levou a viver como um animal, dessa forma o homem que tinha tudo perdeu tudo incluindo o principal, sua dignidade como ser humano, mais ainda que como monarca. Não vemos nos textos bíblicos a mão de Deus sendo pesada de forma tão implacável sobre alguém, principalmente alguém do quilate de Nabucodonosor. Mas ele se arrependeu de sua arrogância, teve humildade, então, imediatamente (tanto quanto foi sua queda relatada e frisada em negrito), Deus o restaurou totalmente. 
      O que me chama atenção no texto é o termo altíssimo, de todos os adjetivos de Deus, o meu preferido, posição almejada por Nabucodonosor (e pelos diabos), mas que é exclusiva de Deus. Nessa posição não podemos estar, mas quando nos refugiamos em Deus temos um abrigo nessa medida, que nos dá tanto proteção como uma visão justa de nós mesmos, dos homens, da vida, dos seres espirituais e do Senhor. Quem pode dizer se somos bons cristãos? O Deus altíssimo pode. Mas vamos à crônica para os que têm ouvidos e olhos espirituais para ela. 

      Quem pode dizer se nossas vidas realmente são transformadas pelo evangelho que dizemos crer, quem pode dizer se de fato somos diferentes como cristãos, quem tem a visão mais limpa para falar se somos espirituais? Nós mesmos, os outros, Deus? Diz-se que se vê melhor do lado de fora e de longe, de perto perdemos referências e podemos nos enganar achando que é uma coisa quando é outra. De perto também nos envolvemos com o objeto analisado e não fazemos uma crítica isenta, só à distância adquirimos a frieza necessária para tecer uma avaliação justa. 
      Muitas vezes, tão envolvidos com nossos egos, com atividades de igreja, com a vida social de comunidades cristãs, podemos simplesmente concluir que somos bons cristãos. Outras vezes, fazendo sacrifícios físicos e emocionais, gastando muito tempo com estudo teológico, usando forças materiais, cansando o corpo e a alma, podemos achar que somos espirituais, que somos cristãos sérios e comprometidos com o evangelho. Líderes e pastores, de maneira geral, são os que mais podem se equivocar em avaliar suas vidas como de fato transformadas pelo cristianismo. 
      O fato é que quando se desce do “altar” (e o termo melhor e de fato técnico deveria ser palco, por mais que falsos espirituais achem isso um termo menor e mundano), quando se pisa o chão dos reles mortais, sem microfone na mão, máscaras caem. Alguns nem acham que precisam se relacionar com as pessoas, só com pares, ainda que jurem cristianismo nas pregações, revelam-se arrogantes e prepotentes no “chão de fábrica”. A verdade é que muita gente usa o púlpito e se fantasia de pregador só para compensar inseguranças e tentar convencer a si mesmos, nem aos outros, que são especiais. 
      Jesus, Jesus, e Jesus encarnado, como homem comum, humano, despido de todo super poder divino, ele é sempre o exemplo maior e melhor, sempre, e é isso que sempre me fará amar o evangelho e ver nele mais que mais uma religião. Jesus era o mesmo no “altar” e entre os “bancos”? Nem precisava ser, ele não subia em altares, no máximo usava um lugar mais alto só para ajudar na acústica e ter mais eficiência em seu ensino, mas Cristo nunca subia em palcos. A única vez que fez isso não foi para ser honrado, mas para ser sacrificado, subiu ao altar da cruz e se ofereceu em morte terrível para salvar a todos.
      Quem nos conhece de perto, como nossas famílias e nossos colegas de trabalho, pode dizer quem somos? Sim e não. Sim porque são os que convivem com nossas realidades mais reais, não com o palco de ilusão que são muitas igrejas e púlpitos. Mas não porque estão tão envolvidos com a gente que podem se enganar, principalmente se formos bons atores. O ponto desta reflexão é que precisamos sair de nós mesmos e nos olharmos de longe, compararmos teoria com prática, palavra com ação, intenção com atitude.
      Só saberemos se somos de fato o que gostaríamos de ser, ou o que queremos que os outros pensem que somos, se nos olharmos à distância, contudo, querer ser algo só para conseguir aprovação de homem é uma tarefa tão impossível quanto desnecessária. Lúcidos, despertos, sóbrios, eis o desafio, muitos contudo só trocam de fantasias, deixam sexo, drogas rock and roll, e outros vícios, e colocam no lugar religião, trabalhos comunitários e engajamento social. Muitos só trocam de carcereiros, saem debaixo de traficantes e se colocam sob pastores hereges. 
      Mas pode-se argumentar, “mas é melhor que ajudar o próximo que perder-se em vícios”, sim, para o próximo é, mas não para quem quer ajudar o próximo com os meios errados, os fins não justificam os meios, não no verdadeiro evangelho. Quem usa os meios errados um dia será desmascarado, não conseguirá manter o personagem para sempre, tropeçará nas próprias pernas, ídolos não dão forças, nem pra fazer as coisas boas, e sendo vício um exagero carnal, ajudar o próximo de forma obsessiva é tão vício quanto beber cachaça. 
      O viciado, ainda que em algo aparentemente bom, não tem lucidez, assim facilmente será enganado é manipulado, se quer entender isso melhor veja o que acontece com muitos engajados politicamente, ainda que se iniciem numa causa para ajudar a sociedade, crendo que defendem uma bandeira que é a escolha melhor para um grupo social, uma cidade, uma nação, com o tempo tornam-se recrutas cegos e passivos que obedecem cegamente mesmo a líderes corruptos e inescrupuloso. Isso acontece em partidos políticos de trabalhadores honestos tanto quanto em igrejas cristãs de crentes sinceros. 
      Conheço bem os dois lados, fui arrogante em “altares” e invejoso nos bancos de igreja, ainda estou aprendendo o difícil caminho do equilíbrio, mas sei que todos nós temos a tendência de romantizar nossas histórias, de contá-las às pessoas nos colocando sempre como heróis ou vítimas, nunca como bandidos ou agressores. Novamente exalto a verdade dos textos bíblicos que sempre mostram os personagens por inteiro, suas vitórias e virtudes assim como suas quedas e pecados. A Bíblia nos dá uma visão isenta porque vê de longe, são homens escrevendo mas sob quais olhos? O olhos do Espírito Santo do altíssimo Deus. 
      Para concluir retorno ao texto inicial, ver-se equivocadamente pode levar à loucura, que antes passa pela arrogância de se achar muito espiritual, quer um conselho? Não almeje alturas, mesmo que tema a Deus e queira ser parecido com Jesus, na verdade o altíssimo se conhece na simplicidade de pés que tocam o chão, ainda que caminhando para frente sigam devagar. Eu já almejei grandes coisas, e nem digo que eram ilegítimas, eu tinha e tenho capacidades para exercê-las. Mas será que isso me levaria para mais perto de Deus, mesmo que seja almejando ser servo de Deus? Algumas coisas podemos fazer, mas é melhor nem fazer, para não perder a paz e a posição de pequenino que o altíssimo abriga sob suas asas. 

sábado, novembro 23, 2019

Quem pode se proteger da morte?

      “E andou Enoque com Deus, e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.Gênesis 5.24

      Você pode não gostar do Gugu Liberato, dos programas que ele fez, do estilo dele, mas uma coisa todos temos que admitir, ele foi importante na TV brasileira, foi muito importante na cultura do povo brasileiro, fez parte do entretenimento televisivo de muita gente, está em nossas memórias, e sempre como um símbolo de alegria. Era uma pessoa carismática, dessas que as câmeras amam, que brilham na tela, era amado e respeitado por muitos e sempre nos passou a imagem de alguém carinhoso, delicado, gentil. Você, crente, não seja preconceituoso, medindo o trabalho desse homem como de mau gosto, como indecente em alguns momentos, saiba que ele reflete a realidade de uma parte majoritária da população brasileira, e ele não ganhou tudo que ganhou sem motivos legítimos. Gugu Liberato mereceu tudo que teve em quase quarenta anos de trabalho na TV, tudo, o universo é sempre justo. 
      Aos 60 anos, depois de décadas de uma carreira vitoriosa no SBT, ele tinha um programa na Record, mas morava nos E.U.A., com os três filhos e a mãe de seus filhos, podemos dizer que já estava usufruindo de tudo o que plantou, morando numa casa nova, e com certeza nem precisaria mais trabalhar para o resto da vida. Então, numa quarta-feira, dia 20 de novembro de 2019, querendo consertar um ar condicionado, subiu ao sótão sem saber que o chão não poderia suportar o peso, caiu de uma altura de quase quatro metros e bateu a cabeça num móvel. Foi levado ao hospital e depois de 48 horas, na sexta-feira, dia 22, sua morte cerebral foi anunciada. Rápido demais? Fora do tempo demais? Estúpido demais? Mas a morte veio, e mesmo ele, com toda a fama, poder aquisitivo, com toda a segurança que buscava no estado da Flórida nos Estados Unidos, não pode se proteger dela, não pode prevê-la. 
      Por quê essa morte me tocou tanto? Porque de alguém que já está bem velho, doente, ou que até tem uma personalidade mais sombria, mais fechada, ou uma atividade mais escondida, nem notamos muito quando se vai, ainda que toda morte seu doída para alguém. Mas o Gugu era todo luz, todo vida, todo sorriso, todo energia, jovial ainda que sexagenário, desses que nos parece que nunca vai partir desse plano, e de repente, de um jeito estúpido, repito, num acidente doméstico, longe do trânsito das ruas, fora de aviões que sempre nos parecem estarem se movendo em espaço que não lhes pertence, ainda que quedas de avisões sejam estatisticamente menores, longe da criminalidade das cidades brasileiras, das guerras civis ou não, onde tanto risco se corre, de repente ele cai, sozinho, e se acidenta de um jeito irreversível. Tantos se expondo de maneiras perigosas escapam da morte, Gugu não escapou.
      Nesses momentos nós pensamos sempre a mesma coisa, eu preciso dar mais valor à vida, preciso me cuidar mais, mas também não deixamos de repensar o óbvio, a única verdade inexorável da vida: ela é curta e ninguém escapa da morte. Eu penso que morte se constrói, durante toda a vida, cada escolha, cada atitude, cada palavra, cada amor e cada ódio, cada sonho e cada desilusão, coloca um pedaço numa porta chamada morte. A morte não se adquire por inteira e de uma só vez, mas aos poucos, ocorre que quando ela está pronta ela se abre, bem a nossa frente, seja lá onde estivermos, sem que tenhamos chance de fechá-la. Quanto tempo levamos para construir essa porta? Isso varia, de pessoa para pessoa, depende de todas as coisas que fizemos durante toda a nossa vida. Algumas mortes nos parecem pegar de surpresa? Pois a Deus não pega, quando ela vem é porque ela é necessária.
      A verdade é que somos escravos do tempo, ou daquilo que achamos que ele é, mas o tempo de Deus é diferente, aliás Deus não tem tempo, pra ele é sempre presente, pois ele não envelhece nem planta para colher depois. Viver bem cada momento, cada instante como se fosse o último? Não se culpar pelo passado, nem se preocupar com o futuro? Isso tudo até pode ser sábio, mas ainda é se ocupar do tempo, o melhor é se ligar ao Senhor de tudo, até do tempo. Ligado em Deus nada nos pega de surpresa e o Senhor sempre nos dirá o que fazer para viver bem cada momento e não ter uma partida desse plano estúpida. Deus sabe de cada um, conhece lá no fundo o coração de todo ser humano, conhece a verdade, o que somos de fato, nossas prioridades. Deus sabe se nossos corações amam aquilo que de fato importa nessa existência e que nos preparará para o melhor, e não para o pior, da eternidade.
      Quem pode se proteger da morte? Ninguém, nem o pobre, nem o rico, nem o famoso, nem o desconhecido, nem o erudito, nem o desinformado, mas todos, todos nós podemos nos aproximar de Deus, a tempo. A maior prova de amor de Deus para conosco é que ele compartilha a eternidade e a espiritualidade mais alta conosco, reles mortais, se nós quisermos, se nós buscarmos, se nós permitirmos. Mas será que somos nós de fato que fazemos alguma coisa, que recebemos algo por algum mérito? Eu penso que não, penso que tudo parte e se encerra em Deus para depois nascer de novo de um modo fantasticamente superior e inédito, que nós nem podemos imaginar. Por algum motivo, que é preciso que seja mistério para todos nós nesse tempo, temos um destino para amarmos (ou não) a Deus, esse entendimento não é para todos, os que amam a Deus, contudo, sabem que amam porque Deus os amou primeiro. 
      A morte nos coloca em contato direto, sem a fumaça da existência encarnada, com esse mistério, que se inicia antes de tudo com algo absolutamente novo. Ainda que autores bíblicos falem de céu e inferno, de paraíso e perdição, tentando comparar valores espirituais com referências materiais, ainda assim nós não podemos fazer ideia do que é a morte e do que encontraremos depois, tanto perto quanto longe de Deu (se é que é possível estar longe do amor de Deus para sempre, talvez só longe de se deixar ser amado...). Deus não se afasta de ninguém, são as pessoas que se afastam dele, e se isso for feito de maneira muito decisiva não só levaremos isso para a existência pós-morte mas também apresaremos a morte. Por quê? Porque para que deve existir vida se não for para andar com Deus? Contudo, os que andam muito com Deus, como Enoque, nem a morte provam. 
      Se o Gugu Liberato está perto ou longe de Deus agora em sua existência puramente espiritual só Deus sabe. O que podemos fazer neste momento é com relação aos vivos na carne, isso nos é autorizado, comunicação de vivos com vivos e todos com Deus através de Cristo. Assim, sejamos sensíveis à vida, às experiência dos outros, aprender com erros alheios nos protege de termos que aprender com os nossos próprios, que dói muito mais. Mas tenhamos humildade para assumir nossos erros, nos arrependermos, pedirmos perdão e desejarmos seguir sem cometê-los de novo. Tenhamos coragem de fazer as melhores escolhas, e as melhores escolhas é sermos fiéis com as alianças que fazemos. Não percamos a esperança em Deus, não desistamos de Deus, e se o buscarmos no Espírito Santo sempre acharemos forças para crer e adorar a Deus. Quem vive certo, em nome de Jesus, terá uma boa morte, eu creio. 

sexta-feira, novembro 22, 2019

Às vezes ninguém precisa saber...

      Em quarenta e três anos de conversão oficial ao cristianismo, iniciando com batismo numa igreja Batista tradicional (CBB) em 1976, Deus me levou, por motivos de estudo e de trabalho, a morar em muitas cidades. Com as cidades as igrejas também mudaram, e ainda que tenha sido membro por quatorze anos seguidos de igreja protestante tradicional, fui membro e trabalhei bastante em igrejas pentecostais. Nunca fui membro de banco, como se diz, sempre trabalhei e bastante, principalmente nos ministérios de música e oração, aliás, apesar de ter a música no sangue, tenho a oração no coração e por ela abriria mão mesmo da música.
    O que aprendi é que existem vantagens e desvantagens nas duas linhas, os que deixam os dons espirituais em segundo plano, priorizam um estudo bíblico sério e profundo. Por outro lado os pentecostais têm experiências com a intimidade espiritual de Deus de maneira mais explícita e assumida, ainda que possam se perder nas heresias e emocionalismo, à medida que fogem de uma leitura mais profunda da palavra escrita. Encontrei muito zelo pela palavra nas protestantes tradicionais, mas um temor a Deus e uma adoração libertadora e curativa nas evangélicas pentecostais. 
      Essas definições, contudo, são coisas que estão ficando meio ultrapassadas, atualmente tudo parece caminhar para uma mesma coisa, uma mistura de um pouco de tudo, à medida que a população do mundo aumenta assim como o número de igrejas e denominações. Mas saudosismo à parte, isso não importa, Deus sempre foi Deus e o homem sempre foi homem, assim, como já tenho dito tantas vezes aqui, religiões são coisas de homens querendo buscar a Deus às suas maneiras, mais ou menos distantes da verdadeira maneira de Deus. Minhas escolhas me levaram, graças a Deus, a confiar mais em Deus que nos homens.
      O ponto desta reflexão é o seguinte: tive muitas experiências com dons espirituais, com profecias, com visões, com sonhos, contudo, aprendi, e deixo bem claro que essa é a minha experiência pessoal, não estou dizendo que deve ser assim para todos, enfim, aprendi algo não tão óbvio com essas experiências. Aprendi que ainda que Deus me revelasse coisas sobre outras pessoas não era para que eu procurasse essas pessoas e entregasse a elas a revelações, era para eu guardar para mim e compartilhasse no máximo com esposa, ou ainda que com outros, não para que a palavra fizesse alguma mudança rápida e precisa de percurso. 
       Por que então Deus me mostrou algo se não era para corrigir imediatamente o caminho de alguém? Simplesmente para me consolar, e é claro, também para interceder pela pessoa sobre a qual algo me foi revelado, em outras palavras com a revelação o Senhor estava me dizendo: “eu sou real, eu sou Deus vivo, sei de tudo, nada me passa desapercebido e nada me pega de surpresa, e por amor eu revelo o escondido aos meus amigos íntimos, que se dão ao trabalho de me buscar com todo o coração, revelo para que eles sejam testemunhas do meu agir e me adorem por isso”. 
     Não, não era para eu sair como profeta clichesado do antigo testamento, confusão que tantos fazem hoje em dia, exortando todo mundo, glorificando mais ao profeta que a Deus, mas era apenas para eu ficar feliz por ter um Deus vivo e poderoso como um amigo íntimo que confia em mim de tal maneira que até os mistérios de outros me revela. Por outro lado as pessoas são céticas, mesmo líderes, muitos não aceitam que outros tenham experiências com Deus que não sejam eles mesmos, essa é uma verdade na prática, ainda que na teoria muitos pastores digam que não.
      É preciso vencer vaidades para saber algo sério e em primeira mão de Deus e ainda assim se calar e guardar no coração, e eu confesso que até hoje sou vencido pela vaidade muitas vezes. Isso é até justificável, a experiência de receber uma revelação de Deus, seja da maneira que for, é impactante, nos marca emocionalmente, nos enche de temor ainda que de maneira muito prazeirosa. Assim, a revelação verdadeira de Deus abençoa o profeta, alimenta-o, fortalece-o, de maneira que ele não precisará buscar forças ou aprovação de homens.
      Basta que o profeta guarde com muito cuidado o conhecimento que recebeu no coração, sem fazer alarde, essa experiência nos amadurece, e nos ensina humildade. Se Deus a dá é porque ele sabe que o profeta tem espiritualidade para administrá-la do jeito correto, bem, se não tiver pagará um preço por isso, entregar pérolas aos porcos, isso alimenta porcos mas enfraquece o que entregou. Como eu disse, essa é minha experiência, mas avalie as tuas experiências, será que Deus não está te consolando à medida que confia em você para te dar revelações, mistérios que ninguém mais precisa saber?

      “Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.II Coríntios 12.6-7 (Longe, mas muito, muito longe de mim me comparar ainda que de longe a Paulo, contudo, o texto do capítulo 12 de II Coríntios explica muito bem este assunto).

quinta-feira, novembro 21, 2019

Balancete

      “E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento.” Mateus 10.7-10

      Você já fez um balancete geral de sua vida? Bem, ele funciona assim. Quando damos se exigir nada em troca criamos créditos, quando exigimos sem dar nada em troca criamos débitos para nós e damos créditos aos outros. O universo é sempre justo, mesmo que às vezes a vida não pareça ser, se temos créditos em haver, um dia receberemos, ainda que sem nada fazer, por outro lado se temos débitos, poderemos ser cobrados de uma maneira ou de outra em algum momento.
      Ter saldo zero é dever de todos os justos, ter saldo positivo é escolha dos misericordiosos, saldo negativo é herança dos injustos e egoístas, que só pensaram neles mesmos, que nunca deram sem exigir algo em troca ou que mesmo quando receberam, pagaram para não terem o orgulho ferido. Receber sem fazer quando de fato não se pode, é graça que Deus dá aos humildes, receber sem fazer quando se pode fazer, é entrar em dívida com o universo, não com Deus, nem com os homens. 
      Por que uso o termo universo, não Deus? Porque o universo tem leis estabelecidas por Deus para todos os homens, contudo, em Cristo, até as leis do universo podem ser aparentemente modificado para abençoar os filhos de Deus. Quanto aos que são só criaturas de Deus, esses estão debaixo só das leis imutáveis do universo, que neste plano podem até permitir saldos positivos, mas que são diferentes no outro plano. Na eternidade só o sangue de Jesus para zerar nosso saldo.

      O texto inicial fala de cristãos desempenhando chamada evangelística, o desprendimento que eles devem ter com bens materiais e o direito que têm de receber seu sustento por estarem cumprindo essa chamada. O texto fala de uma situação especial, a maioria de nós não vive em tempo integral pregando o evangelho. Mas será que é isso mesmo? Eu penso que nos dias atuais termos trabalhos seculares e nessa realidade testemunharmos de Deus em nossas vidas, é o tipo mais eficiente de evangelismo. 
      Os dias são outros, o mundo é maior, a quantidade de gente é muitíssimo maior, por outro lado quase todo mundo já conhece um pouco do cristianismo, não é como era há centenas de anos atrás quando o paganismo greco-romano imperava no mundo ocidental. Hoje todos temos que trabalhar secularmente e muito para termos vidas dignas, e eu penso que em muitos casos não se justifica gente trabalhando na obra em tempo integral sendo sustentado por outros, essa é pelo menos minha opinião.
      Por outro lado, quem é mais capaz de testemunhar para um pedreiro que um pedreiro? Para um engenheiro que um engenheiro? Cada profissional conhece melhor sua realidade. O texto inicial, contudo, cita uma frase que foi o que me chamou a atenção para a reflexo sobre balancete de vida, “de graça recebestes, de graça dai”, isso nos ensina algo muito profundo sobre dar e receber. Na verdade se damos em Deus, não cobramos de ninguém, pois damos o que não é nosso, sobre o qual nada nos foi cobrado.
      Mas o texto inicial também cita a frase “porque digno é o operário do seu alimento”, podemos entender que se alguém está de fato fazendo a vontade de Deus, seja ela qual for, e independente do que os homens pensem ou vejam, ele será alimentado por Deus, de um jeito ou de outro, e isso é justo. Assim, tenhamos cuidado, não julguemos servo alheio, Deus sabe o que faz com cada um que o busca e o obedece, quem somos nós para julgar saldo alheio como positivo, zerado ou negativo? 

quarta-feira, novembro 20, 2019

A Bíblia não se contradiz

      “Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.Mateus 12.8
      “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.Mateus 5.17

      Esses textos, ambos ditos por Jesus, parecem oporem-se, e antes de começar a reflexão é preciso dizer algo. Muitas vezes ensinamentos sobres as mesmas coisas parecem dar orientações diferentes em passagens bíblicas distintas, esse é um dos motivos porque a Bíblia não deve ser interpretada ao pé da letra. A Bíblia se contradiz? De forma alguma, e entenderemos isso se a lermos debaixo da clareza do vivo Espírito Santo. Eu, particularmente, amo quando a Bíblia mostra essas discrepâncias aparentes, isso faz com que os religiosos saiam de suas zonas de conforto e busquem numa mente esclarecida por Deus em oração, não só numa leitura ociosa e rasa, a maneira correta de entender e praticar a Bíblia, mas vamos à reflexão.
      No primeiro versículo Jesus responde aos religiosos da época que o estavam criticando porque seus discípulos colheram, num dia de sábado, espigas de milho para saciar a fome, sendo sábado um dia proibido pela religião dos fariseus para se realizar qualquer trabalho. Na mesma passagem Jesus cura um homem com a mão mirrada também no sábado, o que despertou a ira dos fariseus. Jesus ensina nesses casos que é a lei para o homem, não o homem para a lei, que a lei foi dada por Deus para que o homem fosse abençoado, cuidado, por ela, não para que fosse obedecida cegamente ainda que o próprio homem fosse prejudicado, esquecido. Jesus deixa claro que o bem deve ser feito, ele tem prioridade, mesmo aos sábados (Mateus 12.12).
      É terrível quando algumas vezes o maior inimigo do justo não é o mundo, não é a carne e seus vícios, não é o homem incrédulo e cruel, mas são aqueles que se dizem religiosos, e mais que isso, líderes religiosos, conhecedores profundos da doutrina (doutrina e palavra de Deus são as mesmas coisas? Nem sempre). Tais religiosos tentam acusar o justo, baseados não em seus corações invejosos, isso ao menos seria mais honesto, mas no que eles pensam ser a vontade de Deus, algo covarde e absolutamente sem temor a Deus, pois agindo assim eles pensam que podem usar Deus e sua palavra para cumprirem seus propósitos egoístas e malévolos. Nestes tempos finais, o maior inimigo dos que seguem a Jesus são os religiosos que seguem homens, cumpri-se a palavra que diz que não é o servo maior que seu senhor, a perseguição que Jesus teve, terão seus fiéis seguidores também (João 15.20).
      No segundo texto o contexto é outro, aqui Jesus não fala sobre fazer o bem, mas sobre a importância de seu ministério, do valor da nova aliança, muito mais eficiente que a velha aliança. Eis um ensinamento seríssimo, uma palavra dura, pois Cristo diz que obedecer o evangelho é obedecer toda a lei, mas quem é espiritual o suficiente para isso? Não façamos, todavia, uma interpretação distorcida, não é para sairmos obedecendo toda a lei e mandamentos do antigo testamento, guardar sábados etc, pensando que isso é ordem de Jesus, o raciocínio é inverso. Se obedecermos o evangelho, e isso é feito seguindo o Espírito Santo, interpretando de forma correta o novo testamento, se isso for feito, naturalmente toda a lei será obedecida. Por quê? Porque Jesus é maior que Moisés e o evangelho é superior à lei. 
      A verdade é que o cristianismo de Cristo, não da igreja Católica, dos protestantes e dos evangélicos, é muito mais que obedecer uma coleção de regras morais e espirituais, fazer isso é ser religioso como os fariseus, não seguir a voz do Espírito Santo que habita os novos nascidos. Como se vive o evangelho? Vivendo com Jesus, dia a dia, conversando com Deus, perguntando, respondendo, falando e ouvindo, numa relação viva de questionamentos e descobertas. Quem quer preguiça espiritual não viverá o cristianismo real, só mais uma religião. A Bíblia não se contradiz, assim como pode orientar homens de todos os lugares, tempos e culturas, mas só se for seguida debaixo da voz do Espírito Santo, caso contrário seremos apenas fariseus que fatalmente, em algum momento, perseguirão os realmente justos. 

terça-feira, novembro 19, 2019

Esperar para esperar

      “Esperei com paciência no Senhor e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.Salmos 40.1

      Quando somos jovens não queremos esperar, queremos algo e queremos receber imediatamente. Depois, quando começamos a amadurecer, aceitamos que temos que esperar, ao menos um pouco, para receber algo. À medida que o tempo passa aprendemos que temos que esperar muito para receber as melhores coisas. Contudo, no final do amadurecimento, entendemos que a vida não são momentos de recebimentos de coisas, intercalados por tempos de espera, a vida é toda um único tempo de espera. É isso porque vemos que a melhor coisa não receberemos neste mundo, mas só no outro, isso para muitos é o final do crescimento, muitos param aí, e muitos, ainda que não assumindo, ficam amargos por causa disso.
      Todavia, quando não sofremos mais com a espera, quando parece até que desistimos de esperar, mas sem amargura por isso, quando andamos pelo caminho da humildade e deixamos de ser crianças mimadas, ainda que disfarçadas de adultos, que só querem receber o que pedem, ganhamos então o melhor dos conhecimentos. Aquilo que tanto precisamos, o que de melhor temos para receber e que podemos pedir, nós já recebemos, totalmente de Deus em Jesus, recebemos lá no início de nossa caminhada com o Senhor, e já podemos desfrutar aqui mesmo, neste mundo. Que bem tão precioso é esse, que supera a tudo? É a paz, com Deus, que permite que tenhamos paz com nós mesmos, para enfim termos paz com todos os homens. 
      Quem tem paz com Deus não precisa esperar, não anda ansioso para receber coisas, pois sabe que já tem tudo em Deus. Isso não nos faz passivos ou ociosos, mas fortes, para lutarmos, trabalharmos, agradarmos a Deus, amarmos os homens, e deixarmos que o caráter de Cristo brilhe em nós. Em paz temos calma, somos tranquilos, não atraímos enfermidades, sejam físicas ou emocionais, e nos tornamos pessoas realmente de bem. Em paz temos um escudo espiritual impenetrável que nos protege das setas dos acusadores, sejam homens invejosos ou diabos ardilosos, em paz somos invencíveis porque não lutamos, deixamos que Deus lute por nós. Em paz somos a melhor versão de nós mesmos. 

segunda-feira, novembro 18, 2019

Provérbios 3.5

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” Provérbios 3.5 

      Nós somos escravos acima de tudo de nós mesmos. De nossos corações, de nossas paixões, de nossos sentimentos sempre obsessivos por prazeres? Sim, mas também de nossos pensamentos, nossos raciocínios, o entendimento que temos das coisas, onde estabelecemos medidas para que possamos ter controle. Essas construções intelectuais complexas podem ser baseadas em muitas referências, inclusive em muitas que parecem agradáveis a Deus, construídas de passagens bíblicas, de interpretações religiosas que adquirimos e que pensamos serem o raciocínio de Deus. Contudo, quantas vezes estamos enganados, pensamos e pensamos, entendemos, avaliamos, e ainda assim, depois de todo esse trabalho mental, é apenas o nosso jeito de ver as coisas, o jeito do homem, não de Deus. 
      O segredo para entendermos o texto inicial está na palavra “estribes”, estribar significa, “firmar(-se), sustentar(-se) em estribos, um pé de cada vez, apoiar (algo) sobre, assentar(-se)”. Mas quando vejo essa palavra me lembro mais de estribo, que é uma “espécie de aro de metal, madeira ou sola que pende de cada lado da sela e é usada como ponto de apoio para o pé do cavaleiro, degrau que serve de apoio para o embarque e/ou desembarque de passageiros em veículos como carro, trem etc”. Enfim, “não te estribes no teu próprio entendimento” significa não te apoies no teu pensamento, nos teus raciocínios, nas tuas conclusões mentais. Ao invés disso, “confia no Senhor de todo o teu coração”, vemos que o centro das emoções se opõe ao centro dos pensamentos, coração e mente se opondo. 
      Como dito no início, o homem pode se enganar tanto nas emoções quanto nos pensamentos, contudo, se na mente é preciso entender, no coração basta sentir, mesmo sem saber. Fé é mente ou é coração? É mente porque se decide acreditar mesmo com as emoções dizendo o contrário, fé se decide independente de qualquer coisa, como escolha, e nos mantemos nela, ainda que tudo que vemos e entendemos diga que não, que não vai dar certo, que é impossível. Mas a fé nos leva a uma experiência emocional, passional, a ter uma boa expectativa, um sentimento forte que nos dá forças para crer, experiência que vai muito, mas muito além do entendimento. Cremos porque decidimos crer, mas continuamos crendo porque sentimos que isso é bom e nos dará um retorno grandioso. 
      Não tenho nenhuma pretensão de definir fé e todo o seu processo, fé não se define, se for definida não será mais fé, mas entendimento, e se sabemos não precisamos crer. O que sabemos é que quando cremos no Deus absoluto experimentamos algo único que nos coloca em contato com o mundo eterno, invisível e fantástico do sobrenatural, um mundo onde leis naturais não funcionam. Por outro lado tudo se torna natural para os que andam com Deus, mundo material e espiritual entram numa harmonia onde o impossível é possível, onde se vê o que ainda não foi fisicamente manifestado, mas só entende isso quem tem uma experiência real de fé com o verdadeiro Deus. O texto inicial apenas nos aconselha a confiarmos no Senhor com convicção, e não nos perdermos no que sabemos ou que achamos que sabemos.
      Por que isso? Porque uma experiência de fé em Deus sempre nos surpreende, vai muito além do nosso entendimento e toca nossos sentimentos de maneira especial. Essa é a aventura única que o evangelho nos oferece, por isso ele é exclusivo, mais que qualquer religião, esoterismo ou espiritualismo, a orientação do texto inicial é: pare de pensar e creia, simples assim. Nesse mundo atual tão materialista e racional, onde a ciência é uma religião, e é bom que seja assim, precisamos aprender não a demonizar a ciência, mas sabermos o momento certo de a deixarmos de lado e simplesmente crermos. Deus surpreende os que creem com inteligência, os que amam com sabedoria, os que adoram com frutos de justiça, os que se deixam levar pelo vento do Espírito Santo e voam nas asas da fé. Fé genuína no Deus verdadeiro nunca decepciona. 

domingo, novembro 17, 2019

“É cedo ou tarde demais” ?

      “Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque não serás humilhada; antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da tua viuvez.” Isaías 54.4

      Quem reconhece a tempo o momento que está vivendo? Quem sabe quando é cedo demais ou quando é tarde demais? Somos seres mortais querendo ser imortais, assim nos iludimos e tentamos nos esquecer do tempo. A verdade é que somos ambos simultaneamente, matéria finita e espírito infinito, e é exatamente esse antagonismo que cria em nós tantas batalhas, tantas incoerências, tantos questionamentos.
      Vergonha e opróbio (humilhação), existe desonra nos dois tempos, na mocidade e na velhice, mas enquanto em uma existe na busca de companhia na outra existe na solidão (viuvez). Querendo satisfazer o desejo, não escolhemos certo na juventude, estamos cegos e nos falta responsabilidade, contudo, no final da vida, contemplamos nosso intrínseca solidão, a viuvez não necessariamente de corpo, mas de alma. 
      Desonra pelo que se fez sem saber crendo na mentira ou por descobrir a verdade de todos nós? A vida nos confronta com a culpa, pelo menos confronta os com alguma lucidez e sanidade. Os loucos e doentes não sentem culpa, não têm vergonha, esses tentam viver na carne uma existência sem tempo. Os que têm os olhos abertos, contudo, conhecem que são pecadores e que o tempo passa e não volta. 
      Mas quem sabe quando está amando alguém de maneira única e que por isso deveria estar focado no amor ao invés de preocupado com bobagens irremediáveis? Por outro lado quem foge a tempo de uma armadilha, dessas que o mundo e o inimigo armam para prender a almas novas e incautas que buscam obsessivamente saciar seus instintos muitas vezes absolutamente desenfreados? 
      O tempo que a gente sente não é o tempo, é só o que a gente sente, uma hora pode parecer um dia e um dia, só uma hora. Outras vezes, contudo, o tempo para, de tão intenso que é o sentimento, seja ruim ou bom. Em nossas mentes, então, o tempo é transformado, nas lembranças alguns momentos nos marcam para sempre e de outros nos esquecemos, ainda que tenham sido importantes para outras pessoas. 
      A falta de noção do tempo é cruel, não damos importância a algo bom e exclusivo que não se repetirá e damos importância a coisas que não podemos mudar ou delas escapar, e que justamente por serem comuns e inevitáveis não deveriam ter relevância. A imortalidade de nossos espíritos pode nos conduzir tanto pelos piores caminhos quanto pelo melhor, a salvação eterna que existe só em Cristo. 
      Andar com o Deus eterno é consolo e esperança, seja qual for o tempo, só o Espírito Santo para nos fazer esquecer o passado da mocidade e aguardar uma novidade incrível ainda que na velhice. “É cedo ou tarde demais” ? (Como diz a canção). É tempo de Deus, e com Deus é sempre presente, Deus não envelhece, e ainda que nossos corpos se enfraqueçam, nossos espíritos acham renovação e alegria nele. 

sábado, novembro 16, 2019

A necessidade de Deus

      “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente.Gênesis 2.7

      A necessidade de Deus é antes e acima de tudo a necessidade de iluminação espiritual, precisamos nos encontrar com Deus porque só assim nossos espíritos conhecem sua essência. Vamos entender melhor isso, em primeiro lugar não pensemos que temos necessidade de Deus porque precisamos de religião, de algo que amenize nossas culpas, que nos dê uma direção espiritual, que nos ensine referências morais, isso tudo até existe mas é efeito, não causa. Assim, quem diz que os que são dependentes de religião o são porque são ignorantes, fracos, limitados, em certo sentido até têm razão, mas vejam que iniciei esta reflexão falando sobre necessidade de Deus, não de religião, ainda que as religiões, todas elas, digam serem representantes de Deus.
      Necessitamos de Deus porque nosso espírito, antes que nosso corpo ou nossa alma, necessita, e necessita porque sem ele estamos em trevas. Novamente é preciso desconstruir o censo comum que define trevas como o “mundo tenebroso do pecado”, seja lá o que for que signifiquem mundo, tenebroso e pecado. Trevas é a ausência do verdadeiro Deus, e só Deus pode iluminar, trazer clareza, visão aos nossos espíritos. Nosso espírito é o que de mais íntimo existe em nós e que pode por-nos em comunhão com Deus, com o mundo espiritual e com a eternidade. Mas não é porque temos comunicação com o mundo espiritual ou com a eternidade que estamos na luz e fora das trevas, no mundo espiritual há luz e trevas tanto quanto no mundo físico.
      Ser iluminado é estabelecer um contato de amizade com Deus, ter iluminação espiritual é comungar-se com o Deus verdadeiro e se tornar seu filho. Quando isso acontece nosso espírito se conhece, se entende, e adquire a única virtude capaz de salvar-nos eternamente, a humildade realmente espiritual. O homem, em sua complexidade física, emocional, intelectual e espiritual, pode estabelecer contato com muitas coisas no universo, seja no plano físico, seja no espiritual, e pode também praticar virtudes morais, espirituais e religiosas, mas ele só adquire humildade espiritual quando tem uma experiência íntima de comunhão com o altíssimo. Quando o homem enxerga Deus ele também se enxerga e essa experiência muda sua vida. 
      Humildade é a virtude mais delicada que o ser humano pode experimentar, ela não pode ser medida externamente, o humilde não se parece humilde, mas é, e sendo manifesta frutos dessa humildade, frutos, também, nem sempre conhecidos ou reconhecidos por todos. Humildade é uma virtude tão espiritual que só Deus e os de fato espirituais (e humildes) a reconhecerão em alguém, muitos se enganam sobre ela e se deixam equivocar por estereótipos superficiais dela. Ter jeito de coitado, ser calado ou tímido, e mesmo ser menos favorecido financeiramente não é necessariamente ser humilde no espírito. Se houver tudo isso, mas não haver uma experiência de fato com Deus, não haverá humildade espiritual, porque não há iluminação espiritual.
      Assim, os que dizem, “não quero religião, são todas falsas, são todas mal intencionadas, são todas criação da mente humana”, a esses eu respondo, “vocês estão corretos”. As religiões são interpretações de uma experiência com o divino, são pontos de vista, muitas vezes (nem sempre) do mesmo Deus, como tais não são a verdade inteira, mas partes. Contudo, Jesus é toda a verdade que precisamos saber sobre o Deus verdadeiro, e ele basta para que tenhamos acesso a Deus e sermos iluminados, nessa luz adquirimos humildade. Nossos espíritos precisam dessa humildade, ela é o único alimento que nos faz viver para sempre, ela não é opcional, é necessidade, e é assim porque aquele que criou todos os espíritos é o único que pode dar vida a eles. 

sexta-feira, novembro 15, 2019

“Eu não sei o que procuro”

      “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” João 3.5-8

      “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” João 4.23-24

      “Eu não sei o que procuro”, quando admitimos isso, enfim estamos preparados para achar o que realmente importa, enquanto isso não ocorrer simplesmente estaremos tentando vencer desafios criados por nós para nós mesmos, tão grandes quanto forem nossas expectativas, mas que não nos levarão a lugar algum, pelo menos não ao lugar que realmente importa. Alguém pode argumentar, “mas eu procuro Deus, sei bem o que procuro”, tudo bem, que bom, procurar a Deus é a melhor busca que podemos fazer, contudo, nós o procuramos com quais expectativas? 
      Vou explicar, não podemos querer receber um presente, um presente de um amigo, de alguém que gostamos e confiamos, mas com a embalagem pronta, o presente pode nao se encaixar na embalagem. É preciso esperar e esperar o melhor, contudo com a mente livre, com o coração aberto, sem embalagens prontas, sem limitações, sem conceitos pré concebidos, senão não acharemos Deus de verdade, mas apenas conceitos religiosos que nos ensinaram e que construímos. Muitos que dizem saber o que procuram quando buscam a Deus só estão na verdade achando ídolos ideológicos.
      Buscamos a Deus? Isso é muito bom, é o que dá sentido à existência, mas deixemos que ele se apresente a nós como ele realmente é, não como nós queremos que ele seja. Quem fornece as medidas é o Espírito Santo, ele abrirá nossos olhos espirituais se tiver liberdade em nós para nos guiar e ensinar, ele é um vento livre e poderoso, invisível aos olhos humanos, mas decisivo para os que querem de fato a Deus e são nascidos realmente do Espírito. Andar com Deus é a mais maravilhosa das aventuras, onde se aprende a perder aprovação humana para ganhar aprovação de Deus. 
      Como as pessoas se enganam com o Espírito Santo, muitos se acham ungidos, mas só experimentam experiências emocionais, choram e choram, mas ainda têm o coração duro, carnal, ainda não provaram a liberdade do fogo do Espírito por acharem que sabem e que sempre souberam o que devem procurar. Eu não sei o que procuro pois não sei o tamanho, a profundidade e a altura de Deus, só sei que quero Deus, o único, eterno e verdadeiro, não homens, não religiões, não igrejas. Quando nos permitimos essa liberdade, a vida se abre, além de nossas mentes, entendemos enfim o que é viver no vento do Espírito Santo e achamos muito mais do que procuramos. 

quinta-feira, novembro 14, 2019

Espírito satisfaz-se com o Espírito

      “Não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa. Antes do seu dia ela se consumará; e o seu ramo não reverdecerá.Jó 15.31-32

      É inacreditável o que se faz para encher a alma quando essa está vazia, como se inventa coisas, e acima de tudo, como se compra coisas materiais. Cria-se necessidades onde não há, aventura-se em novidades, gasta-se tempo e dinheiro, tentado satisfazer o espírito entediado. Assim, castelos são construídos e destruídos, o novo fica velho bem depressa, corpo a alma são explorados desnecessariamente, tenta-se viver de paixão em paixão e nada nunca parece suficiente para que se encontre felicidade. A carne pode ser ludibriada, o espírito, não. 
      Não estou dizendo que a vida na matéria é boa, ela é difícil, principalmente porque é insatisfatória, e sim, temos direitos a alguns mimos de vez enquanto, Deus mesmo, que é pai de amor, nos dá esses mimos. Eles só pequenas alegrias que nem são necessárias para manter o principal da existência, são prazeres menores e passageiros, como uma caixa de bombons, que se usufruídos do jeito certo não se tornarão vício, mas só momentos, momentos que sabemos que são pequenos. O importante é buscar, achar e manter o principal, e que será mais durável. 
      O principal é a presença de Deus, quando isso é achado o resto fica menos importante, não são necessários palácios para se ter satisfação, basta uma casinha pequena, limpa e sólida (e estou usando novamente uma figura). Achar isso é encher o espírito de vida, só encontra isso quem verdadeiramente expira a vaidade e o orgulho, e inspira o perdão de Jesus e a presença do Espírito Santo. Fim de ano é época de compras e presentes, mas quem se sente presenteado em Cristo não se vicia em aparência, só come os bombons de cada dia sabendo que eles são poucos. 

quarta-feira, novembro 13, 2019

O Sol se cala, ilumina e só...

      “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mateus 5.14-16

      O Sol é mudo, só ilumina, quando ele nasce ele não grita pra chamar a atenção das pessoas, não faz propaganda do que faz, e se as pessoas quiserem ignora-lo, preferindo hábitos noturnos, amando mais a Lua que ele, ele não reclama. Ao Sol basta ser Sol, cumprir sua missão dia após dia, calado, mas brilhante, lançando a melhor das luzes, pois nenhuma luz artificial se compara a ele, sobre a Terra, sobre o mundo, sobre os homens. 
      Construí essa figura para entendermos melhor como deve ser a vida do justo e de suas boas obras, o verdadeiramente justo deve viver como o Sol, fazer sua parte de maneira natural, dia após dia, mas sem forçar nada, sem alardes, sem escândalo, sem marketing. As boas obras do justo não precisam de aviso, de publicidade, de holofotes, sua luz transcende a isso tudo e basta, para iluminar os outros homens, para fazer o bem e revelar o mal. 
      Quando a luz é verdadeira ela já é um fim em si mesma, lhe basta ser luz, e sendo assim sua missão é cumprida. Tenhamos sabedoria, não joguemos luz alta na cara de quem está nas trevas e não quer ver a luz, isso só o afugentará, a luz de Deus é agradável, ainda que poderosa, é suave, ainda revificadora. Apenas sejamos luz, sem estupidez, isso bastará para atrair muitos que estão sofrendo, no escuro egoísta deste mundo. 

terça-feira, novembro 12, 2019

Amor, obrigação e misericórdia

      “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.” Jeremias 31.3

      Algumas coisas se fazem por amor, outras por pura obrigação e outras, ainda, só por misericórdia. Quando feitas por amor, pelo amor genuíno, as coisas não pesam para ninguém, já se feitas por obrigação pesam para quem as faz, mas se feitas por misericórdia pesam, de alguma maneira, para os que as recebem. Onde nos encaixamos nessas três situações? Experimentamos amor, fazemos por obrigação ou recebemos por misericórdia? As três situações revelam muito sobre quem faz e sobre quem recebe, assim como sobre Deus, a sociedade e o homem. 
      Aos filhos, salvos e convertidos por Cristo, Deus dá com amor, em amor e por amor, nosso temor a ele e adoração que dão frutos de justiça é o retorno que o pai espera. No mundo fazemos muitas coisas por pura obrigação, mesmo participarmos de muitas contingências sociais, familiares, fazemos porque temos que fazer, por necessidade material e edução cívica. Contudo, algumas coisas nem precisávamos fazer, não nos trarão qualquer lucro, mas fazemos a quem não merece nem nos respeita por pura misericórdia, porque somos diferentes deles e queremos dar ainda que sem receber nada em troca. Fazer por misericórdia não é fazer simplesmente por amor, onde há uma troca, fazer por misericórdia não deve ser pesado para quem faz, senão não é misericórdia, é obrigação.
      Ser misericordioso, todavia, acaba devolvendo o custo da boa ação para quem recebe, que precisa entender que a vida é mais que receber sem dar, é mais que só fazer por obrigação, é mais que exigir dos outros e nada de si mesmo. Todo ser humano precisa entender suas obrigações, todo ser humano também pode escolher amar fazendo alianças de bens recíprocos, mas só aprendemos sobre misericórdia com Deus, que ainda que seja misericordioso com os homens o tempo todo, tem a elegância de dizer que só quer estabelecer com o ser humano uma aliança de amor, de igual para igual, como se nós, homens limitados e egoístas, pudéssemos dar a Deus algo que pagasse seu amor. 

segunda-feira, novembro 11, 2019

Pare com cobranças!

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.Romanos 12.18

      Enfatizando o texto inicial, se for possível, senão, nos afastemos. Um ponto divisor de águas em nossas vidas, a partir do qual podemos provar uma paz diferenciada e uma vida de fato mais leve, é quando entendemos que não devemos cobrar de ninguém que nos trate melhor ou que nos entenda. Parar de cobrar atenção, aprovação, e mesmo o mínimo de respeito é libertador, e pode nos colocar de fato focados naquilo que a vida tem de melhor: conhecer a Deus e amar os poucos que realmente nos importam. Mesmo refletindo sobre isso grosso modo, sem entrar na profundidade espiritual, veremos que a maioria das pessoas com as quais convivemos e que muitas vezes nos importamos tanto com o que essa maioria pensa de nós, não são nossos filhos, cônjuges, ovelhas ou pacientes, assim como não somos seus pais, maridos ou esposas, pastores ou terapeutas, não temos qualquer legitimidade para exigir dessas pessoas atitudes melhores sejam com o que forem, mesmo com nós. 
      Se alguém não nos trata como queremos, nos afastemos de tais pessoas, as tratemos com edução, mas sem sofrimento, sem cobranças, sem peso, só avaliemos se isso não ocorre de maneira muito exagerada. Se precisamos nos afastar de gente demais talvez seja porque o problema não esteja nas pessoas, mas em nós, precisamos ter a honestidade de admitir isso. Mas ainda assim, se o tempo já mostrou que temos limites, para que eles sejam respeitados e para que não soframos tanto, é melhor pararmos de cobrar e nos afastarmos, não tentando construir pontes extensas sobre abismos, onde as concessões são tantas que ao invés de serem exceções se tornam regras. Enfim, paremos com cobranças, se alguém quer ser assim ou pensar e dizer aquilo, e isso nos incomoda, problema desse alguém, não temos nada com isso, caca um faz suas escolhas, antes, conquistemos a paz e a guardemos, como um bem muito precioso, em paz em Deus todos somos invencíveis. 

domingo, novembro 10, 2019

Cristãos, acordem!

      “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo.” I Pedro 1.13

      A estratégia final do mal não será mais postar-se como agressor, como perseguidor, como cruel, como intransigente, mas como vítima, como tolerante, como defensor de direitos, de braços abertos para receber a todos, colocando o bem como inimigo disso. Infelizmente, muitos não estão atentos a essa realidade, e pensam as coisas ainda de um jeito ultrapassado. Esses serão pegos de surpresa pelo mal, e poderão, não por fazerem o mal em si, mas por se acovardarem de serem bons em seu século, se tornarem de fato maus. Cristãos acordem! 
      Muitos crentes são euforicamente preparados por seus pastores para as perseguições do final dos tempos, achando que o diabo vai usar as mesmas artimanhas dos primeiros séculos do cristianismo, assim muitos se acham (e eu disse se acham) preparados para os coliseus ou uma perseguição aos moldes da inquisição católica contra tudo aquilo que não se rendesse à Roma. Isso não vai acontecer, a estratégia diabólica será mais sofisticada, mais subjetiva e muito mais inteligente, o suficiente para enganar de fato. Se fosse óbvia não enganaria. 
      O diabo combaterá o despreparo de muitos cristão preconceituosos, legalistas e hipócritas, com ideologias de tolerância e inclusão que tornam o cristianismo antiquado, com leis e direitos que deixam o amor do evangelho pequeno e distante, com movimentos mundiais até liderados por adolescentes e jovens que conferem legitimidade, pureza e verdade ao próprio Baphomet. O princípio por trás dessa estratégia é inversão de valores, o mal vira bem, o bem vira mal, Deus se torna na melhor das circunstâncias distante, e o diabo, próximo, amoroso, salvador.
      É preciso, não, prestar mais atenção no diabo, mas conhecer melhor a Deus, quem vence o diabo é o Deus vivo, não tradições religiosas, não interpretações pequenas e preguiçosas da Bíblia. Contudo, um dos maiores equívoco que tem aprisionado muitos cristãos atuais à superficialidade do evangelho é o fato de haver tantas igrejas evangélicas e protestantes no mundo, tantos que se dizem crentes, tantos cantando hinos e louvores e levando Bíblias. Esse modismo dá a falsa impressão de que está tudo certo, de que se pertence a algo maior e intocável, isso é um engano.
      O diabo não quer mais impedir que os cristãos façam parte de igrejas, antes ele quer amarra-los a elas, pois ele já conseguiu em muitos casos seus propósito, corromper muitas igrejas, não necessariamente com a carne, mas com heresias que tornam as igrejas só mais uma religião. Ainda que tantos preguem e se orgulhem de pregar que Jesus tem poder, na verdade o que ocorre é o contrário, quem tem tido poder é a fé das pessoas para obterem fins egoístas e materialistas. O Cristo verdadeiro que quer transformar corações têm sido rejeitado, e esse é o único que pode salvar.
      Dessa forma perguntamos: a igreja está preparada para o fim, para o arrebatamento? Não está, mas ainda há tempo, e penso que ainda exista um tempo viável, contudo, é preciso que os verdadeiros profetas de Deus se levantem, e acredite, os verdadeiros não são os que têm acesso a púlpitos, físicos ou virtuais, são muitos que estão calados em igrejas, afastados, pois não são considerados. E é preciso que se levantem em humildade, como João Batista se levantou, longe das sinagogas, dos grandes templos, de qualquer forma de retorno humano e material com vantagens pessoais.
      Precisamos de profetas com a chamada de João Batista, repito, só esses farão os cristãos acordarem, só esses abrirão os olhos da igreja para a verdadeira e última estratégia do mal. Só ensina a verdade os verdadeiros, só testemunha de amor os que amam, só vive de fato o evangelho os simples e só esses podem ensinar o evangelho que leva vida às pessoas. Só a verdade preparará o povo de Deus para o final, para o arrebatamento, e poderá dar aos cristãos discernimento para não serem subjugados, de alguma maneira, pela última estratégia do mal.

sábado, novembro 09, 2019

Mapa espiritual cristão (estudo na íntegra)

Mapa espiritual cristão (estudo na íntegra)

      “Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8.38-39 


       Um mapa do universo físico e espiritual, considerando Deus, o homem e os seres espirituais, a relação entre esses e as prioridades e possibilidades de cobertura espiritual, eis a pretensão deste estudo. Antes de começar a ler, por favor, veja a imagem acima com atenção, a ordem é sempre de cima para baixo e da direita para a esquerda quando há setas. Segue versão na íntegra do estudo. 

1. Deus

      Deus se relaciona com todos e tem poder sobre todos, em todo lugar e sempre, bem, esse é o senso comum, o que todos dizem, e é isso mesmo, contudo, Deus não pode ir contra uma coisa, a única coisa contra qual ele não pode se opor, contra si mesmo, contra sua própria palavra, contra suas determinações, suas leis, suas promessas. Assim, muita coisa que achamos que Deus pode fazer, e ele pode, mas ele não faz, é por um motivo profundamente sábio (e muitas vezes totalmente misterioso a nós homens encarnados), por algo que ele determinou desde o início dos tempos. Quer um exemplo? Existem muitos exemplos, principalmente no universo material, leis que regem o mundo físico e que são válidas para todos, a principal delas é a de causa e efeito, ou como muitos dizem, “aqui se faz e aqui se paga”, ou ainda, “colhe-se o que se planta”. 
      Religiosos orientais chamam isso de carma, e no plano físico essa lei é inexorável, mesmo os salvos espiritualmente estão sujeitos a ela. Isso permite a todos que trabalham justamente colherem prosperidade financeira, assim como dá a todos que praticam algum tipo de criminalidade o castigo justo, de um jeito ou de outro, ainda neste mundo. Como relatado no livro de Jó, capítulos 1 e 2, os seres espirituais, caídos ou não, têm permissão de Deus para desempenharem seus papéis na obra maior de Deus, nada fazem sem que Deus autorize, isso é uma lei eterna. Deus também se relaciona com todos os homens, salvos ou não, filhos ou não, religiosos ou não, a todos ouve e em alguma instância a todos responde, Deus está sempre acessível, isso é outra lei (Isaías 59.1-2).

2. Jesus Cristo

      Jesus é especial, não mais um criador de religião, não outro profeta, não só um exemplo de moralidade e de caridade a ser seguido, ele é muito mais que isso. A obra singular de salvação realizada por nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo, a necessidade que todo homem tem de crer nessa obra para se tornar filho de Deus, e a diferença que tem um novo nascido em Cristo em relação aos outros homens, diferença que concede ao ser humano o privilégio de ser abençoado também no outro plano, isso é o que o evangelho verdadeiro prega. Em Jesus, mesmo o tal do “carma”, pode ser anulado, se não no plano físico, no plano espiritual, mas algumas vezes, não sempre, até no plano material. Com Jesus o homem se torna diferente, Deus o trata de maneira diferente, os seres espirituais o veem de maneira distinta, em Cristo o ser humano recebe de Deus uma blindagem espiritual que o leva diretamente ao centro da vontade do altíssimo, sem ziguezaguear por qualquer entidade espiritual, sem perder tempo com os complicados caminhos dos seres espirituais caídos (I Timóteo 2.5).

3. Espírito Santo

     Salvos por Cristo recebem a marca do filho de Deus, o selo do Espírito Santo, esse protege o homem de possessão espiritual e dá ao ser humano autoridade para expulsar demônios e apossar-se de alguns territórios espirituais e físicos. O Espírito Santo é o único representante oficial de Jesus na Terra, não religiões, não a Igreja Católica, muito menos os protestantes evangélicos, e menos ainda qualquer pastor ou líder humano. O Espírito Santo é professor, o único que pode nos ensinar a vontade de Deus, o único que pode nos fazer entender a Bíblia sem preconceitos ou apesar dos contextos culturais e históricos. O Espírito Santo é a presença de Deus em nós, que faz de homens templos do Senhor, aquilo que patriarcas israelitas, reis judeus e profetas do antigo testamento desejaram, quando o tiveram por algum tempo, temos o tempo todo a partir de nossas conversões. Se há uma voz que o mal quer calar é a voz do Espírito Santo, mais que as vozes de religiões, de igrejas, de teólogos, de pregadores, ela é a voz da verdade, a voz de Jesus, a voz de Deus (João 16.7-8). 

4. O ser humano

      Tricotomia é dividir algo em três partes, sob o ponto de vista teológico é dividir o homem em três partes, corpo, alma e espírito. O corpo é a parte material, os instintos de sobrevivência, de preservação da espécie etc. A alma é nossos pensamentos e nossos sentimentos, que vêm de nossa mente e de nosso “coração” (não o físico necessariamente, mas o centro de nossas emoções), é o que nos define como seres, que nos dão identidade e que sobreviverão junto do espírito. O espírito é a parte espiritual, o “sopro de Deus”, que nos diferencia dos animais e que nos permite ter um contato mais íntimo com o criador e com os seres espirituais. Essa divisão não é consenso, existem maneiras diferentes de se dividir o homem, mas eu penso que essa facilita e simplifica as coisas (I Tessalonicenses 5.23). Bem, em relação ao mapa universal sob o ponto de vista cristão, algumas coisas são importantes saber sobre a comunicação dessas partes com Deus, com os homens e com os seres espirituais.

- O homem, em algum nível, pode se comunicar com o homem: aliás, o homem é um ser social que precisa se relacionar com pares, para formar família, para trabalhar, para comungar valores religiosos, para se divertir. A solidão pode ser uma opção às vezes (e às vezes é bem útil), mas não é escolha extrema para seres humanos sadios física e emocionalmente. Seres humanos precisam de seres humanos, todo mundo precisa de alguém para amar, como diz a canção. 

- O homem pode se comunicar com seres espirituais: se for convertido, selado com o Espírito Santo, pode expulsar demônios (Mateus 17), e em situações muito especiais, depois de consultar a Deus, pode falar com anjos (Daniel 10.5-7), mas não deve tomar qualquer tipo de iniciativa para falar com eles, mesmo com seres espirituais não caídos, com anjos de Deus, simplesmente porque não é necessário, podemos falar diretamente com Deus através de Jesus, porque alguém deve falar com os empregados se tem acesso direto ao patrão? Eu, pessoalmente, acho que mesmo que tentemos, fora de situações especiais, não podemos falar com anjos do bem, e se falarmos, eles não nos responderão, contudo, quem pode responder são os do outro lado, os anjos caídos, fazendo-se passar pelos do bem. (Em situações especiais devemos perguntar antes a Deus, em espírito e não em voz alta, se a presença que está nos aparecendo é anjo ou é demônio, lembro que isso é bíblico, no antigo e no novo testamento anjos apareceram várias vezes aos filhos de Deus). Ocultistas, espíritas e outros espiritualistas, todavia, tomam a iniciativa de comunicarem-se com entidades espirituais e são enganados achando que falam com bons anjos, falam com os das trevas, via de regra Deus não usa anjos bons para falar com pessoas que não o buscam, e mesmo com seus filhos, Deus usa anjos para comunicação e não para defessa, repito, só em situações muito específicas. Para defesa, sim, anjos lutam por nós, vejam o exemplo do profeta Eliseu (II Reis 6.15-17), mas ainda assim não temos que dar ordem a anjos, esse comando pertence somente a Deus. Quando oramos devemos pedir a Deus através de Jesus, quando exercemos autoridade a fazemos no nome de Jesus, e por mais nada ou ninguém, sejam anjos, entidades, homens, “santos”, seja lá quem for.

- O homem pode se comunicar com Deus, mesmo antes de sua conversão, e Deus ouve e abençoa, contudo, salvação espiritual só através de Cristo, assim é preciso uma experiência real de salvação, de novo nascimento por Jesus, para se ter acesso direto a Deus. O não convertido pode se relacionar com Deus, Deus se relaciona com todos, mas não pode ter comunhão com Deus, não pode ser habitado por Deus. O não convertido, ainda que religioso e moral, não tem o selo do Espírito Santo. Isso é uma lei universal, Deus não passa por cima disso, dessa forma mesmo que haja sinceridade, vontade, se a pessoa não se entregar totalmente, não pedir perdão, não recebê-lo por Cristo (e por mais ninguém) e não se comprometer a mudar de vida, Deus não poderá se manifestar de maneira plena ao homem.

5. Os seres espirituais

      Em algum momento no cosmo, seres espirituais tiveram livre arbítrio, semelhante ao que os homens tiveram depois, assim uma parte significativa de anjos, arcanjos, querubins, serafins e outros seres espirituais, escolheram não seguir o padrão de moral e espiritualidade original de Deus, disseram não às referências de bem, luz e verdade do altíssimo e seguiram as suas próprias. Contudo, eles não se limitaram a viver suas existências como rebeldes, eles levaram essa opção de vida também aos homens, percebe que Deus permitiu que esses seres rebeldes fizessem ao ser humano essa proposta de rebeldia. A proposta era, “você pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, você não vai morrer” (Gênesis 3.1-5), precisamos entender que na essência, comer do fruto não era algo ruim, não era a árvore da depravação moral, da crueldade, do egoísmo, mas do conhecimento. 
      O pecado poderia não estar na árvore e no fruto em si, mas em desobedecer uma ordem de Deus, a punição seria a morte? Mas que morte? Morte moral com certeza, que traria como consequência a morte espiritual, separação da comunhão natural que ele tinha com Deus. Além disso, talvez ocorresse também uma diminuição no tempo de vida física, já que não sabemos se fisicamente, antes do pecado original, o homem poderia viver mais, ainda que mesmo assim provando a morte física. O que colabora com essa interpretação é a raríssima citação bíblica sobre a outra árvore mística, a árvore da vida, o texto bíblico diz que foi por causa dela que o homem foi expulso do Éden, senão ele comeria também de seu fruto e viveria para sempre. Viveria no espírito? Não, provavelmente no corpo físico, mas isso também são conjecturas (Gênesis 3.22-24). 
       Seja como for, porque Deus orientou o homem para que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.9,16-17)? Porque Deus sabia os efeitos colaterais do conhecimento que seria adquirido, efeitos que trariam mais problemas que soluções. Nem sempre conhecimento é bom, muitas vezes é melhor permanecermos na ignorância (ou nos fazermos de ignorantes, sabedoria sempre desperta inveja). Isso nos revela algumas coisas interessantes sobre os seres espirituais caídos, e nesse ponto vou dizer algumas coisas sobre dois termos usados para nos dirigirmos a esses seres: diabos e demônios. Existem diferenças entre eles, ainda que possamos usar (e já usei muitas vezes aqui) como termos genéricos para seres espirituais do mal. Podemos dizer que diabos são seres maiores, líderes de líderes de legiões (e acredite, existem hierarquias e hierarquias no mundo espiritual), dessa forma não existe um diabo, mas muitos. Demônios seriam os soldados rasos, os piões, que aparecem muito a partir do novo testamento (por que não vemos mais sobre possessão demoníaca no antigo testamento, ainda que o diabo seja citado de vez em quando?). 
       Voltando ao ponto sobre as intenções reveladas sobre os seres espirituais caídos na tentação do homem, podemos entender que os diabos têm um interesse especial no ser humano, por quê? Bem, pela Bíblia não sabemos ao certo, e se não está lá é porque Deus não achou interessante que a grande maioria de seus filhos soubesse a razão, porque na verdade não é tão importante assim, na prática. Mas podemos conjecturar, o diabo inveja Deus e por isso corrompeu sua criatura mais especial, o homem, na verdade o diabo fez uma barganha com o ser humano, deu a ele o conhecimento em troca de sua adoração. Mas o homem não teria conhecimento se não comesse do fruto da árvore em questão? E quando dizemos conhecimento nos referimos a mais que noção moral de certo e errado, mas conhecimento científico (a lenda grega de prometeu usa o fogo como uma metáfora de conhecimento científico, tecnológico). 
       Não sei, a Bíblia não diz como seria a vida da humanidade caso o Adão mítico não tivesse caído, por quê? Porque Deus não deu essa informação a ninguém (e se deu não autorizou sua divulgação, categorizou-a como “top secret”). Mas me chama muito a atenção o fato da árvores fatídica, que levou o homem a separar-se de Deus, separação que custou a Deus sacrificar seu próprio filho Jesus para anular, chamar árvore do conhecimento do bem e do mal. Sim, a consequência da desobediência separou homem e mulher das regalias do Éden, trouxe dor, tédio, injustiça, depravações, isso com certeza não viria se o homem não tivesse “pecado”. E os diabos, o que ganharam com isso? Ganharam o que sempre ganham aqueles que se aproveitam de corações sofridos, amargos, solitários, fracos, insatisfeitos com a dureza de sobreviver na Terra, com o vazio da vaidade de uma vida egoísta e viciada. (As reais intenções do diabo com aqueles que lhe obedecem podem ser bem entendidas na tentação de Cristo no deserto, Lucas 4). 
      O diabo não poderia vencer um homem forte, por isso enfraqueceu o homem, contudo, Deus em sua sabedoria, usou um homem em total fragilidade, torturado na cruz, para vencer o diabo, será que o diabo contava com isso quando convenceu Judas Iscariotes a trair Jesus? Muitos estudiosos dizem que não, por isso Jesus veio como um simples mortal, e não como o rei que os judeus esperavam. Deus enganou o diabo em sua própria arrogância, como são enganados todos os orgulhosos, que se acham vencedores diante de alguém que se posta com humildade, mas a humildade sempre vence no final, como venceu Jesus, ressuscitado da morte de cruz. Como o diabo e o mundo sempre veem o bem maior como fraqueza, eles sempre se enganam e perdem. 
      Você percebeu como este estudo dedicou menos linhas para falar sobre a Santíssima Trindade e o ser humano que para falar sobre diabos e demônios? Por quê? Porque os seres espirituais caídos revelam uma parte importante de todos nós, se não fosse assim não teríamos caído na tentação, se não fosse assim todos nós não comeríamos, e dia após dia, do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e creia, todos nós comemos desse fruto e gostamos muito dele. (O texto de I João 2-16 resume as três tentações básicas que o diabo faz o homem sofrer, dizem que elas estavam presente na tentação original no Éden e na tentação de Cristo no deserto). Contudo, Deus não sabia de antemão que o homem cairia na tentação? Claro que sabia. Não sabia que a humanidade sofreria tanto escolhendo o caminho mais difícil? Evidentemente que sabia. Por que não fez nada para impedir? Bem, se fizesse isso, nós não seríamos seres livres, seríamos mais uma criatura animal de Deus na Terra. 
       Mas para haver liberdade tem que haver opções de escolha, e não um único caminho, e consequentemente com mais de um caminho, um é bom e o outro é mau, se deixamos alguém escolher nos arriscamos que ele escolha também, e infelizmente, mesmo que isso nos cause dor, o caminho errado do sofrimento. Os seres espirituais tiveram oportunidade de escolher, a humanidade teve, e aceite que não sofremos por culpa de Adão, sofremos por culpa nossa, pessoal, assim Deus dá a todos a opção de escolher qual caminho quer tomar, a todos. Voltemos, contudo, aos seres espirituais, de fato eles têm um interesse especial no ser humano, por isso que chegam a possui-los totalmente, quanto há autorização. Se não existe o selo do Espírito Santo, o espírito do homem pode ser tomado, e quanto isso é feito por demônios, alma e corpo humanos também são controlados pelos interesses malignos. 
      A grande mentira do diabo é que por mais que ele seja de substância espiritual e tenha invejado o Deus espiritual altíssimo, quando ele se apossa do homem ele o rebaixa, o torna mais carnal ainda, viciado, corrompido, sujo. O diabo quer companhia no inferno, ele quer o homem com ele. O Espírito Santo, por sua vez, também nos habita, e para sempre, mas ele nunca violenta nossa vontade, nunca controla nossa mente e nosso coração de um modo grosseiro e insano. Quem diz que é lançado ao chão, que fala em línguas estranhas sem parar, tudo isso em público, e o faz porque Deus está agindo, não entende a obra de Deus em nossas vidas. Essa obra é completa, e implica em que tenhamos uma experiência espiritual ao mesmo tempo que emocional e racional, deixando nossos corpos interagirem com alma e espirito, tudo isso de maneira equilibrada e santa. 

6. O homem e o mundo espiritual

      Já refletimos bastante sobre este assunto no estudo Desvendando o verdadeiro mundo espiritual (se puder confira no link), mas a imagem inicial tem como objetivo mostrar a ordem e as prioridades sobre o que podemos em oração sobre o diabo e os demônios, entendamos melhor isso. 

- Sem o Espírito Santo e mediante expressa autorização do homem, o homem pode ser possuído por um ser espiritual caído, eu penso que só os seres menores fazem essa possessão, no máximo uma legião deles (Marcos 5), mas nunca os maiores. Assim, só demônios possuem o homem, já anjos, arcanjos ou querubins, como Lúcifer, Belial, Satanás ou Leviatã, são poderosos demais para “caberem” num ser humano, bem, não existe base bíblica específica para isso, é apenas minha opinião. Por outro lado, muitas vezes, as entidades que se declaram nas possessões podem dar o nome da legião a que pertencem, do diabo que os lidera, e não do demônio “soldado raso” específico. A possessão causa um efeito em cascata no homem, possui o espírito que controla a alma que domina o corpo, por isso possessos caem ao chão, gritam e demonstram força física fora do comum. 

- Seja como for, no nome de Jesus há poder para expulsar ser espiritual de qualquer tamanho, pelo menos no espaço geográfico físico ou espiritual que Deus nos autoriza expulsar, e ele só autoriza quando é de fato necessário, esse é um ponto que precisamos entender bem. Podemos expulsar o demônio do espírito humano, e se houver conversão e entrada do Espírito Santo essa expulsão é para sempre. O convertido de fato não pode ser possuído, mas pode ser oprimido, e se permitir, será de maneira bem séria. A opressão é percebida pela nossa mente e por nosso coração, isso é, pela nossa alma, por isso o cristão precisa colocar sua vida em dia com Deus, apossar-se do perdão e cair fora do pecado todos os dias para não ser oprimido. Opressão não se livra com uma única oração, mas com uma vida de vigilância e consagração. 

- Abrindo parênteses para falar sobre doenças emocionais: o fraco pode ser oprimido, assim o doente mental, enfraquecido, pode sofrer espiritualmente, por outro lado o oprimido espiritualmente se enfraquece, assim ele pode desenvolver doenças psiquiátricas, dessa forma opressão espiritual e doenças mentais podem estar relacionadas, contudo, podem ser coisas totalmente independentes. Nem toda pessoa com transtorno psicológico sofre opressão espiritual, ela pode ter uma vida espiritual saudável e ter também que conviver com uma doença, tratando-a com medicação e orientação médica profissional apropriadas, não confundamos as coisas. No novo testamento, contudo, Jesus chega a expulsar demônios que afetavam mesmo funções físicas do indivíduo (Lucas 11.14), fechando parênteses.  

- Deus nos dá autoridade também para “limpar” espiritualmente alguns espaços geográficos, o principal deles é o nosso lar. Podemos também proteger espiritualmente em oração nossos familiares mais próximos e convertidos, o que é chamado de cobertura espiritual, mas esse é círculo bem pequeno de influência. Assim devemos orar por nossas casas para que o mal não entre, e ainda que haja pessoas não convertidas, podemos limitar a atuação de seres espirituais malignos na vida dessas pessoas, para que não prejudiquem nossa casa e as outras pessoas. “Como assim limitar a atuação na vida da pessoa?” Sim, porque eis outra lei de Deus que o Espírito Santo não contraria, o livre arbítrio, assim podemos expulsar demônios, mas não podemos manipular o livre arbítrio de alguém. Se a pessoa escolheu conviver com demônios, podemos ajudá-la aconselhando-a, evangelizando-a, pedindo misericórdia de Deus, mas só ela poderá escolher sair fora desse relacionamento espiritual terrível, ninguém pode escolher isso por ela.

- E na ruas, nos shoppings, no trânsito, nas escolas, no trabalho, como fazemos? Oramos por nós, pela nosso espírito, pela nossa alma e pelo nosso corpo, e isso basta para termos plena proteção de Deus no ir e vir, mas o que acontece no trabalho é de responsabilidade espiritual do patrão, do dono da empresa, lá o território é dele e das forças espirituais que ele autorizar para agir. Essa é a lei, mais uma que Deus respeita porque foi ele quem criou. Agora se a empresa é nossa, se somos proprietários de um negócio, aí temos autoridade para pedir cobertura espiritual também sobre o espaço físico e espiritual das instalações do comércio ou firma. Isso não nos impede de orar pela loja ou escritório em que trabalhamos, mas precisamos ter consciência de que tentar “fechar uma torneira” que alguém torna a abrir é trabalho inútil, assim oremos por nós e demos um bom testemunho para que as pessoas possam se converter e então fecharem por si mesmas a “torneira”. 

- O templo de nossa igreja é outro espaço geográfico físico que temos que nos importar, é de responsabilidade em primeiro lugar do pastor, depois da liderança ungida, e por último dos membros, sempre obedecendo hierarquia, e entenda isso, no mundo espiritual tudo é extremamente organizado em hierarquias, tanto entre diabos e demônios quanto entre anjos, arcanjos, querubins, serafins e seres espirituais não caídos, da luz, de Deus. O templo de nossa igreja é especial quando é consagrado a Deus, pelo território espiritual que ele contém, e deve ser limpo para ser propício à salvação e consagração de vidas a Deus. Mas não confundamos isso com o lugar de sacrifício, purificação e adoração que era o Templo de Jerusalém do antigo testamento, ele era único, não havia milhares como os templos cristãos, e ele cumpria a missão que Jesus já cumpriu na cruz, receber sacrifícios que perdoariam o povo de Israel. Como sempre dizemos aqui, chamar o local mais à frente de nossos templos, e mais alto, onde ficam púlpito e os instrumentos musicais, de altar, tecnicamente, não é o mais correto. O altar hoje em dia é o nosso coração, onde habita o Espírito Santo, não as salas com cadeiras e palco onde o evangelho é compartilhado, por mais santo que devam ser esses ambientes (Atos 17-24). 

7. O homem e o mundo físico

      E o mundo, como devemos nos comportar com ele espiritualmente? Podemos orar pelo mundo? Devemos orar pelas pessoas (I Timóteo 2.1-4), e se possível de maneira mais específica possível, mas devemos buscar orientação de Deus quando passamos a interceder além de por nossas vidas, nossa família, nosso trabalho ou estudo e nossa igreja. Quando o Espírito Santo de fato nos toca, Deus já tem tudo preparado, mas se Deus não mandar, nem ore, principalmente por desconhecidos ou por grandes espaços geográficos. Por quê? Por mais uma das leis que Deus estabeleceu e não pode ir contra, até o final dos tempos esse mundo foi dado aos seres espirituais do mal, ainda que tenhamos proteção de Deus como indivíduos, como famílias e como membros de igrejas. 
      As ruas não nos pertencem, ainda que possamos andar por elas em segurança, elas são terras espirituais de ninguém, locais espirituais de demônios, aliás, não existe lugar vazio espiritualmente na universo, todos estão tomados de algum jeito, sofrendo confrontos espirituais, batalhas por posse territorial, em todo o tempo (I João 5-19). Dimensões diferentes, espiritual e fisicamente, coabitando o mesmo espaço geográfico, essa é a realidade que muitos se negam a aceitar, mas não tema, Deus é mais, Deus é muito, mas muito mais, e ele é nosso pai! (Romanos 8.38-39). Esse, porém é um motivo que devemos incluir sempre nossos veículos, carros, motos etc, em nossas orações dando cobertura espiritual, neles estamos confrontando as ruas, mas neles também temos proteção total do Senhor no nome de Jesus! 
      Repetindo o que já disse aqui outras vezes, e novamente correndo o risco de não ser entendido, equivocam-se profundamente os evangélicos (na maioria das vezes vereadores que só querem fazer média com eleitores) quando colocam nas entradas das cidades a placa, “Deus é Senhor dessa cidade”, sim, Deus é Senhor sobre tudo, sempre, mas no tempo presente Deus autoriza seres espirituais do mal a agirem no mundo, na Terra, nos países e nas cidades. Isso não é diminuir o poder de Deus, mas é agir com sabedoria, e sem sabedoria agem os que se colocam em guerra espiritual por cidades, às vezes por países, estão se metendo em guerras que Deus não mandou fazer, por pura vaidade espiritual, e acredite, também podemos ser espiritualmente vaidosos, o diabo foi e é. Isso também é outra razão para que cristãos fiquem longe de política, oremos pelos políticos, votemos o melhor que possamos, mas não tentemos liderar como filhos de Deus algo que não pertence exclusivamente aos filhos de Deus, cidades, estados e governo federal. Crentes, fiquem longe da política! 
      O modo cristão de agir, de lutar, de obedecer a Deus com sabedoria, é darmos testemunho individual no nosso dia a dia, com quem convivemos, com familiares, com os vizinhos de casa, com os colegas de sala de aula, com os companheiros de trabalho, com os irmãos da igreja, essa é a guerra que o Senhor quer que façamos, Jesus viveu assim, ocupando-se, socialmente enquanto homem, com poucos. Se os cristãos deixassem dessa megalomania insana, de acharem que podem e devem conquistar o mundo, e se focassem mais no amigo do lado, no irmão do lado, mesmo no esposo ou na esposa, que muitas vezes são os mais esquecidos mesmo por cristão que se acha espiritual e atuante na obra, o evangelho cumpriria de fato o seu papel no mundo, de maneira suave e poderosa, elegante e eficiente, como é a atuação real do Espírito Santo. 
      Oremos pelos nossos governantes e patrões, principalmente se forem evangélicos, e se não forem, façamos um confronto espiritual com sabedoria, tendo uma vida limpa para não sofrer retaliação espiritual, pois esse é o maior risco que correm os que saem orando contra demônios sem cuidado. Mas sigamos as prioridades, em primeiro lugar nossas vidas, depois nossa família, depois (e só depois) nossas igrejas, e isso se de fato formos membros e não só visitantes. Lembro que às vezes é melhor assistirmos cultos, sem assumir cargos e sem invadirmos cobertura espiritual que Deus não autorizou, ao invés de sairmos fazendo alianças com quem de fato não conhecemos. Mas se sentir de Deus de fazer parte de um ministério, se comprometa, vigiando antes por si mesmo e pela família, e depois pelo pastor, sua família e a liderança. 
      Depois das hierarquias, outra coisa importante no mundo espiritual são as alianças, uma aliança autoriza que façamos parte de algo, algo que pode estar numa guerra que desconhecemos, por isso devemos escolher bem principalmente nossos cônjuges e não nos associarmos em casamentos com gente que está no campo espiritual do inimigo (II Coríntios 6.14). Quem vai pra cama com uma prostituta leva depois os demônios dela consigo gratuitamente, você sabia? Sexo, apesar de menosprezado pelo mundo atual, estabelece uma aliança muito importante no mundo espiritual, tanto que rituais mais pesados de magia negra são potencializados com relações sexuais. Tem muita gente dormindo com um demônio, achando que está dormindo com um “anjinho”, principalmente os jovens, atentem-se mais a isso, respeitem-se e ao templo do Espírito Santo (I Coríntios 6.15-20). 
     
José Osório de Souza, 23 de outubro de 2019