Deus, a conciliação de tudo em todos

      “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” I Pedro 4.10

      Todos os homens são importantes, Deus ama a todos e a todos dá oportunidades de serem felizes e de o conhecerem, assim, ninguém arrogue saber mais de Deus que o outro, mesmo os estudados e dedicados a religiões, teologias e outras metafísicas. Deus revela de si a cada um o pedaço que cada um pode reter e entender, todos têm algo exclusivo de Deus, incluindo os fundadores de religiões, de Krishna a Kardec, de Confúcio a Maomé, entretanto, só Jesus tem a verdade principal de Deus, que perdoa pecados e dá vida eterna. Você pode conhecer religiões e livros sagrados, mas não espere saber tudo em nenhum desses, contudo, o pouco que souber de Jesus, do jeito certo, já será o suficiente para se conciliar com Deus e com a paz. 

Deus, a porta de amor sempre aberta

      “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8.38-39

      Toda união que ocorre na luz do Altíssimo é feita através do amor de Deus! Jesus é a manifestação mais elevada desse amor, é através dele, o verbo de Deus, que tudo é unido para se aperfeiçoar e viver eternamente. Morrer é sair do amor de Deus, matar, quebrar, destruir, separar, tudo isso é não praticar o amor de Deus, ou não permitir ser abraçado por esse amor. Contudo, por não sabermos amar, é só permitindo que o Espírito Santo viva em nós que conseguimos ser amados e amar, orando até por aquele que não quer nos conhecer e ainda assim nos julga e nos condena, esperando que ele mude e nos ame. No verdadeiro amor de Deus nunca fechamos uma porta para alguém.   

Deus, a luz que anda comigo

      “Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero; com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável. Porque tu livrarás o povo aflito, e abaterás os olhos altivos. Porque tu acenderás a minha candeia; o Senhor meu Deus iluminará as minhas trevas.” Salmos 18.25-28

      No mundo, a luz melhor que pode nos guiar não está no horizonte, grandiosa mas que de tão distante parece menor, a luz melhor está dentro de nós, somos nós que a usamos para discernir o caminho que nos leva a Deus. O que é Deus? Não é a luz, tanto as do horizonte como a que está em nós, ele é muito maior e está muito mais alto. Em nós há apenas uma lanterna, uma pequena fagulha, uma porção do Espírito Santo adequada às nossas limitações humanas, e respeitando as nossas interpretações, opções e mesmo ilusões. Hoje, enquanto caminhamos neste mundo, só conhecemos Deus pela fé, por isso, não nos iludamos com as luzes do horizonte, sejam das paixões, das religiões ou mesmo espirituais. O Deus que precisamos agora está em nós, mas se revelará por completo na eternidade para os que guardam com cuidado o penhor do seu Santo Espírito.    

Deus me quer santo

      “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos. Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado.” Isaías 6.5-7

      A maior prova de que de fato conhecemos e obedecemos a Deus é nossa persistente vigilância em sermos santos. Muitos querem ser honestos, justos, fiéis em seus casamentos, respeitar direitos e diferenças, mas tudo isso pode ser só consequências de vida social civilizada, de relações de homens para com homens. Todas essas virtudes podem existir nas ações ainda que o coração abrigue malícia, desconfiança, inveja, ciúmes, rancores, e acima de tudo, uma disposição de impureza espiritual, de não santidade. Só o que tem um encontro real com Deus entende a relevância da santidade, e a deseja, não como obrigação, mas como prova de amor ao Senhor, que o ama, o protege, o perdoa e o atrai em santidade. 

Deus me quer humilde

      “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.” Mateus 18.39-41

      Ser humilde é saber responder às provocações do mal do jeito que Jesus respondia como homem, e ele respondia em grande parte das vezes com o silêncio. O mal não merece resposta, mas bocas fechadas e mentes tranquilas, para que não entre em nós e retorne para onde veio. Quem assim procede permanece em paz e protegido, vive a humildade no mais profundo de seu ser. Se batem em uma face? Ofereçamos a outra. Se baterem na outra? Nos desviemos do tolo e sigamos, calados e humildes, parecendo perder, mas ganhando aos olhos do Altíssimo que cuida dos mansos, dos que preferem ser humilhados no mundo para viverem na eternidade com ele em glória.

Deus me quer discreto

      “O que possui o conhecimento guarda as suas palavras, e o homem de entendimento é de precioso espírito. Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Provérbios 17.27-28

      Libertação de vaidades, quem anda com Deus entende que ele quer isso para nós e pode nos dar isso. Mas o que são essas vaidades? São o querer exibir bens materiais, roupas, carros, casas, tecnologias, lugares que se frequenta, isso tudo não como efeitos de felicidades justamente conquistadas e usufruídas, mas para compensar baixa autoestima, vaidades que colocam aparência externa acima de virtudes internas. Contudo, existem também vaidades intelectuais, quando se quer prevalecer pela última palavra, pela informação mais atual, pela argumentação, mas até vaidade espiritual existe, que quer que os outros saibam que se é religioso, caridoso, assíduo em igrejas. O liberto de vaidades é discreto, não faz questão de provar nada a ninguém, nem que não quer provar nada, só aquieta-se em Deus e confia no que ele pensa de cada um de nós. 

Deus me deu um bom fim

      “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos.” Salmo 116.15

      Para todos a morte chega, é inevitável, mas não chegar de um modo ruim pode ser evitado. Como podemos ter um bom fim? Não morrendo antes do tempo, e muitos morrem antes quando se matam na mente, querendo partir antes da hora melhor por desgosto, por covardia, por não ter tido comunhão suficiente com Deus para experimentar paz. É natural que o corpo perca agilidade e velocidade, mas a cabeça pode permanecer lúcida se manter-se viva, assim é preciso saber se alegrar com pequenas coisas, na leitura de um livro, na comunhão com amigos, mesmo em caminhar, comer e beber, se há equilíbrio, há saúde, dando importância ao que importa, mas não levando tão a sério tantas bobagens desta vida.

Deus construiu o céu em mim

       “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4.6-8

     Quem passou a vida lutando contra as fraquezas, não se cansou de pedir perdão, não deixou esfriar o espírito pelo pecado insistente, quem perseverou na misericórdia, que amou de coração a justiça, que a esperou em Deus e de Deus, muitas vezes calado, quem se deixou ser atraído pelo Espírito Santo para a intimidade do Senhor e achou na luz do Altíssimo o melhor lugar, quem adorou mesmo quando o mundo, o diabo, os homens e a própria mente diziam que não havia razão para isso, quem cresceu e não abriu mão das bases do evangelho, quem não se esqueceu do Deus amigo que nunca o abandonou e o conduziu até o fim, esse terá em si o céu, que se manifestará naturalmente e plenamente na eternidade com a libertação do espírito. 

Deus cuidou de minha família

      “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.” Salmos 37.25

      Os filhos dos justos são príncipes para Deus, e para a descendência dos justificados em Cristo há misericórdia e graça, para aqueles que foram criados com amor e na justiça da palavra do Senhor. Contudo, para haver filhos tem que haver pais, conhecedores de como andam, onde andam e com quem andam aqueles que habitam dentro de seus lares, senão serão só hóspedes em pensões, não filhos, se houver vigilância e proximidade haverá família. De nossas famílias Deus cuida, porque cuidou sempre de nós, à medida que as ensinamos e por elas vigiamos pelos anos em oração, testemunho e trabalho. Não basta sermos bons cidadãos no mundo e bons evangélicos nos templos, temos que ser bons pais dentro de casa. 

Deus cuidou de mim no final

      “Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Farta-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.” Salmos 91.14-16

      Esforce-se para ter uma vida digna no mundo, se puder, estude mais e melhor, se for porta de Deus, mude de cidade, de estado, de país, vá atrás de um emprego melhor, não se prenda ao passado, aos homens, a zonas de confortos, nem a igrejas, mas só ao Senhor e à tua família próxima, cônjuge e filhos. Do resto esteja livre para exercer tua vocação mais importante, nisso terá a melhor provisão de Deus, nisso dará um testemunho mais amplo, nisso construirá bases seguras para o futuro. Os anos passam, nosso corpo se cansa, enquanto o mundo não melhora, complica-se e cresce em gente lutando por direitos, consequentemente diminuindo as oportunidades, mas apesar disso, no final, Deus sempre cuida dos que se esforçam nele. 

Deus mostrou-me minha vocação

      “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” II Timóteo 1.9

      Por que estou no mundo? Saber isso é conhecer sua vocação principal, exercer essa vocação é se sentir em paz, em paz somos fortes contra o mundo, os homens, os espíritos rebeldes das trevas e contra o nosso lado mais fraco. Muitos são escravos de pecados, são seres humanos egoístas e amargos por não assumirem suas genuínas vocações neste mundo, e não sabem ou por ignorância ou por orgulho. Quem se encontra em Deus descobre para que está no mundo e entende que muitas vezes podia ter feito menos sacrifícios para desempenhar isso e ainda ser mais santo. Deus não pede nem mais e nem menos que podemos fazer, mas só o trabalho exato, que o glorificará, nos fará felizes e também fará felizes, ao menos, àqueles que estão próximos a nós.  

Deus me atraiu para a verdade

      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios 13.9-12

      Nossa experiência inicial com Deus é com seu amor salvador, nessa fase somos como crianças que necessitam de um pai amoroso que simplesmente as proteja. Depois experimentamos um Deus amigo, que fala conosco, nos entende, anda conosco, não nos abandona, ainda que erremos. Por último podemos conhecer um Deus Altíssimo, que nos chama para sua luz mais alta, onde podemos conhecer mais que a tradição cristã dos homens, mas a verdade mais elevada, acessível aos que querem mais que aquilo que as doutrinas, dogmas e interpretações bíblicas medianas podem oferecer. Creiam, existe muito mais que aquilo que as tradições católicas e protestantes ensinam, mas tantos enfraquecem e se perdem por se limitarem às religiões e não buscarem mais a Deus.

Deus me libertou de religião

      “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” Jeremias 31.33

      Eu, pessoalmente, experimentei um segundo nascimento em Cristo por volta de meus quarenta anos. Quando vim para a igreja protestante na adolescência eu era só uma semente, que teve que passar muitos e maus bocados para crescer e ser libertado. Os que não veem um Deus que trabalha no tempo e acham que Deus faz “mágicas” instantâneas, podem ter me visto como alguém que conheceu o evangelho e depois se apartou dele, mas não é isso, não no meu caso, e penso que não nos casos de muitos outros. A igreja pode ser ferramenta de Deus para transformar as vidas das pessoas, mas não é a única, Deus usa tudo que existe no universo para melhorar-nos e quem entende isso liberta-se também da religião para servir a Deus. 

Deus me honrou em dobro

      “Porém vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis a riqueza dos gentios, e na sua glória vos gloriareis. Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; e em lugar da afronta exultareis na vossa parte; por isso na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria. Porque eu, o Senhor, amo o juízo, odeio o que foi roubado oferecido em holocausto; portanto, firmarei em verdade a sua obra; e farei uma aliança eterna com eles.” Isaías 61.6-8

      Tudo que perdemos com o pecado, com os prazeres egoístas, com os vícios, tentando não só usufruir erradamente, mas também anular uma dor profunda, tudo que perdemos e que nos levou à solidão e à amargura Deus nos devolve e em dobro. Isso é possível se pagarmos o preço da humildade, se suportarmos a disciplina com mansidão, se pararmos de colocar a culpa nos outros e assumirmos, de forma amadurecida, nossos erros e todo o mal que causamos a tantos. Se Deus abençoa o filho fiel que permanece em casa, também abençoa o pródigo, que retorna sujo, pobre e desfigurado, e apesar de Deus abençoar a todos de maneira igual, o Senhor não tem preferidos, o que é mais perdoado poderá ser mais grato, assim como verá a todos de maneira mais justa. 

Deus me fez crescer

      “Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se multiplicarão os anos da tua vida. No caminho da sabedoria te ensinei, e por veredas de retidão te fiz andar. Por elas andando, não se embaraçarão os teus passos; e se correres não tropeçarás.” Provérbios 4.10-12

      Com pequenos e constantes incentivos ou com fortes empurrões de vez em quando, Deus nos conduz ao crescimento, não necessariamente um crescimento material ou intelectual, mas sempre moral e espiritual. Deus ama seus filhos, os conhece intimamente e sabe como pode e deve agir com cada um deles para atraí-los para as mais altas regiões celestes em Cristo, nosso meio e modelo para a espiritualidade mais elevada. Por que viemos ao mundo? Para crescermos moral e espiritualmente, ninguém se iluda com relação a isso, só levaremos à eternidade as virtudes morais e espirituais que construímos em nós, isso implica diretamente em termos a melhor eternidade de Deus, o céu, e não o inferno. 

Deus não me mimou

      “E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o Senhor teu Deus, e te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus.” Deuteronômio 30.1-3

      Quem conhece o Senhor de verdade sabe que ele não mima ninguém, e quem tem interesse em nos conhecer profundamente vê Deus em nossas vidas tratando-nos com responsabilidade, ainda que o que é responsabilidade para uns seja mimo para outros e vice-versa. A verdade é que o Senhor pode ser senhor de muitos, cabe a ele tratar seus servos da maneira como ele acha mais adequada, não cabe a nós julgarmos as relações de outros servos com o Senhor. Varia de pessoa para pessoa aquilo que o ser humano deve ser privado para abrir mão de egoísmos e vaidades, não nos equivoquemos com isso, alguns são confrontados com a humildade perdendo tudo, outros, ganhando muito, mas todos devem seguir rumo ao Altíssimo.

Deus me disciplinou

      “Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hebreus 12.6-8

      O mal que outros nos fizeram são cobrados deles, mas nós seguimos vivendo, tendo liberdade de calar lembranças traumáticas ou mantê-las vivas dentro de nós, assim, uma cura importante é entendermos essa liberdade, que só depende de nós extinguirmos as acusações do passado. Se não fizermos isso poderemos não ser mais vítimas, mas novos agressores fazendo novas vítimas, se isso ocorre não somos tratados por Deus mais como inocentes, mas como culpados, e culpados precisam ser disciplinados para mudarem de atitude. A pior fase de nossas vidas é quando não temos mais nada de bom a colher, só os efeitos de males que fizemos, todavia, viver essa fase com humildade mudará nossas vidas de forma definitiva, eis a fase mais difícil no hospital da vida. 

Deus me curou do passado

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8.1

      O mal que mais nos escraviza, nos cega, nos limita, é o passado ruim, nossas identidades acabam sendo construídas de traumas, de ações e palavras que nos trataram injustamente, principalmente em nossas infâncias, quando não tínhamos noção de tantas coisas, e total inaptidão para fazer certas escolhas e assumir certas responsabilidades. Mesmo depois que nos distanciamos fisicamente dos que nos agrediram, os traumas poderão seguir vivos em nossas mentes, nos machucando. Mas que idade define o final da infância dos seres humanos? Isso é muito variável, traumas podem ser tão fortes que podem nos amarrar a uma infância emocional e moral ainda que nossos corpos já estejam desenvolvidos como adultos. Deus, contudo, segue esperando por nós, em amor. 

Deus me atraiu com laços de amor

      “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento.” Oseias 11.4

      Os caminhos que Deus usa para atrair filhos perdidos podem ser inacreditáveis para muitos, por algum motivo, que não é crédito do homem, Deus enxerga no íntimo de alguns uma sinceridade do bem, ainda que esses estejam tendo muita dificuldade para acertar, para achar a felicidade, e a despeito de outros homens enxergarem ou não essa boa intenção. Por isso ele trata certos filhos perdidos com mais cuidado, como enfermos fragilizados, não como criminosos condenados, ainda que outros homens os vejam não como enfermos, mas como criminosos. Dessa forma alguns não vêm pela dor, mas pelo amor, o contrário do ditado, Deus sabe que alguns estão perdidos justamente por falta de amor e se eles o acharem se acharão também, glória a Deus! 

Deus me confrontou com a urgência

      “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.” Apocalipse 3.8

      Deus nos ama, ainda que erremos, mas nos ama muito mais para nos conduzir aos acertos, e chega um momento que o universo urge, não temos mais tempo para insistir numa infância emocional irresponsável, desprezando as virtudes do espírito e envelhecendo o corpo. Dessa forma, com amor, Deus pode permitir que a realidade bata em nossa cara para nos despertar, para acordarmos para seu plano maior, e quem teima demais nos caminhos que se distanciam desse plano pode ser desperto abruptamente, vendo que tem pouco tempo para recuperar o tempo perdido. O amor de Deus só é limitado pela sua justiça, mas mesmo sua justiça pode ser azeitada com sua misericórdia, que nos trata como filhos, não como ímpios, Deus tem urgência em nos amar. 

Deus me deu tempo para amadurecer

      “Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua bondade, Senhor.” Salmos 25.7

      Muitos podem nos abandonar e duvidar que nós um dia poderemos ser pessoas melhores, mas Deus segue conosco, como amigo, nos ouvindo, mesmo nossas loucuras, nossas ilusões, nosso prazeres finitos, que só alegram temporariamente o corpo, mas que nenhum bem trazem à alma e ao espírito. Ocorre que precisamos de tempo até para sermos imaturos, se por algum motivo não o fomos no tempo mais adequado, Deus nos dá esse tempo, sim, isso terá um preço, mas se for o único jeito de ganharmos consciência, sensibilidade espiritual e moral, Deus nos dará essa chance. O que é sincero experimentará milagres nesses momentos que só saberá que existiram anos depois, quando for quebrantado, libertado e amadurecer. 

Deus foi meu amigo e conversou comigo

      “Mas eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus.” Salmos 40.17

      Deus é salvador? Deus é pai? Deus é Senhor? Mas antes de tudo Deus é amigo, e o amigo nem sempre concorda com a gente, nem sempre obedecemos o amigo, e aliás é por isso que somos amigos de certas pessoas, porque não nos sentimos desconfortáveis com eles, acusados ou mesmo bajulados. Numa amizade verdadeira existe uma aceitação sem cobranças, e isso é difícil para Deus, porque nem sempre sermos aceitos como somos nos faz bem, por isso Deus não pode ser só nosso amigo, não para sempre. O pecado precisa ser mostrado para que sejamos limpos dele e andemos no melhor caminho, mas por um tempo podemos provar um Deus amigo, que ainda que estejamos fazendo coisas erradas nos acompanha e espera, sem nos julgar.

Deus respeitou minhas escolhas erradas

      “E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.” Lucas 15.12-13

      Somos presas não do passado, não dos homens que nos fizeram males anteriormente, não do mundo e nem do diabo, mas só do nosso orgulho, e como somos arrogantes, ainda que escondamos isso jogando a culpa nos outros e nos fazendo de vítimas. Assim Deus nos respeita, permite que façamos escolhas ruins, que depois gerarão efeitos sérios que nos farão sofrer, nesse sofrimento há humilhação, na humilhação há oportunidade de humildade e na humildade há libertação do orgulho, há assunção de pecado como pessoal, há tomada de responsabilidade. Entretanto, é só então que Deus pode começar a trabalhar em nós, retirando as doenças mais profundas, limpando as sujeiras mais íntimas, iniciando a construção do céu em nós. 

Deus me protegeu de mim

      “Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais.” Hebreus 8.12

      Existe prova de amor maior que proteger alguém dele mesmo, da vergonha que alguém possa estar passando sem ao menos ter consciência disso? Pois Deus fez isso comigo, me protegeu de mim, penso que nos meu passado deveria haver um anjo em cada esquina, me livrando do abismo, da morte, e protegendo aqueles com os quais eu me relacionava de dores maiores que aquelas que eu provocava sem ter noção. Quantos de nós nos prendemos a vícios terríveis, que machucam nossos corpos, sujam nossas almas e esfriam nossos espíritos? Quantos de nós passamos por isso sozinhos, muitas vezes envolvidos com igrejas despreparadas para nossas realidades, que nos nos condenam e não nos oferecem oportunidades de cura? Enquanto isso Deus só espera e nos ama. 

Deus me acompanhou com paciência

      “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho.” Oseias 11.1

      Só quem é pai entende mais a seu próprio pai, mas entende ao menos um pouquinho mais a Deus, o pai de amor com uma grandiosa paciência. Que pai perdoa e abençoa ouvindo uma promessa de acerto de vida de um filho, sabendo que no dia seguinte esse filho cometerá o mesmo erro, e de novo, e de novo? Só Deus, e só Deus na verdade é pai, os outros podem ser irmãos mais velhos, patrões, mesmo amigos, mas não pais como o Senhor é. Quando estou sozinho em silêncio, desejando do fundo de meu coração ouvir aquela palavra de Deus que vai me dar paz, a única palavra que eu falo é pai! Ainda que eu não consiga muitas vezes expressar esse amor por atos, que sejam só por palavras emocionadas, Deus, meu pai de amor, me ama. 

Deus se mostrou do jeito que eu podia vê-lo

      “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” II Coríntios 12.9

      Quem está preparado para ver Deus com ele é? Ninguém e neste mundo, nunca, por isso mesmo ao sincero e crente Deus se mostra aos poucos, e no início é preciso que aprendamos na religião, na tradição dos homens, e ainda que seja no cristianismo dessa tradição humana, nisso temos, sim, muita coisa boa a aprender, principalmente se estamos em igrejas cristãs que ensinam a Bíblia com mais seriedade. Para mim foram tempos antagônicos, minha juventude no corpo trabalhando na igreja, mas minha alma machucada não conseguindo se adaptar e fugindo sozinho em vícios secretos, em minha mente havia sede por coerência, falar e praticar a mesma coisa, ser liberto, antes de tudo, da minha hipocrisia que era suportada pela hipocrisia alheia. 

Deus me salvou

      “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Isaías 43.1-2

      Deus me amou, me atraiu e abriu meus olhos espirituais para que eu entendesse a relevância de Cristo, não só como um modelo moral, não só como um espírito superior, não só como outra religião, mas como filho de seu amor que por amor encarnou, viveu, morreu e ressuscitou sem pecado, para se tornar meu único e suficiente salvador. Minhas trevas espirituais se iluminaram e vi o caminho reto do Espírito Santo que leva direto ao Altíssimo, era só o começo, muito havia de se processar em mim, para que meu livre arbítrio fosse despertado, sim, porque às vezes no início nem sabemos que temos direito a escolhas, sejam boas ou ruins, muitas vezes achamos que somos só consequências de escolhas dos outros. 

Deus viu minha sinceridade

      “Quanto a mim, tu me sustentas na minha sinceridade, e me puseste diante da tua face para sempre.” Salmos 41.12

      O início de minha juventude, meu primeiro amor, meus encantamentos ingênuos, e minha primeira iniciativa em entender as grandes questões da existência humana, o mundo espiritual, a morte, o divino, Deus via, atentamente, não me julgava pelos caminhos que eu tomava, nos quais eu seguia por serem só o que meus pais tinham me ensinado. Contudo, em amor Deus enxergava minha intenção mais profunda, minhas primeiras preces, minha incursão, ainda que equivocada, numa religião, o Senhor sabia que havia em meu coração boa sinceridade e já se agradava de mim, eu não me acomodava ao pecado, ainda que fosse oprimido por ele, sentia sua dor e queria me livrar dele, por isso Deus me entendeu e mais se mostrou a mim. 

Deus me conhece desde sempre

      “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” Efésios 1.4

     Em minha infância, quando eu só queria me divertir, brincar, ouvir histórias fantásticas, ser inocente e receber proteção, Deus me amou e me viu, depois, em minha adolescência, quando enfrentava a dor da primeira mudança, aquela que me tiraria da ausência de culpa e me levaria para as primeiras responsabilidades morais, o Senhor se aproximou de mim, respeitando minhas primeiras escolhas sob o livre arbítrio. Depois, enquanto eu estudava para ter uma profissão, e me esforçava para fazer certo aquilo que me diziam que era minha incumbência na vida, Deus cuidou de mim e por mim intercedeu, eu era só um esboço, incompleto e estranho, aos meus olhos, mas o Senhor já me protegia de males que eu nem sabia existirem. 

Deus me amou antes que eu o amasse

      “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” I João 4.19

      Muito antes que eu buscasse a Deus com inteligência, ainda antes que eu tivesse dentro de mim um desejo de conhecê-lo, antes mesmo que eu soubesse o que é pecado, e o quanto isso desagrada a Deus e me separa dele, Deus me amou, não me vendo com eu era, mas como eu poderia ser, não meu homem físico, emocional ou intelectual, mas meu homem espiritual, totalmente restaurado, curado e limpo pelo Espírito Santo em Cristo Jesus. Deus me amou e agiu, tomou a iniciativa, muito antes mesmo de eu nascer neste mundo, Deus planejou minha melhor versão quando eu não era projeto nem de meus pais, Deus me construiu em seu amor e me quis, me atraiu e me expressou, em sua luz.