terça-feira, junho 30, 2020

Aceite sua chamada

      “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.I Coríntios 1.26-29

      "Não lute contra o que lhe foi dado, abra sua mente e o seu coração e o caminho ficará claro", foi a palavra que ouvi quando disse a Deus que ele tinha escolhido a pessoa errada para a chamada que tinha feito a mim. Entao me lembrei, de tantas vezes em tantos cultos, quando após a pregação de uma palavra de chamada missionária fui à frente respondendo sim. Não sabia quando era mais jovem, e até me esqueci enquanto a duras penas passava os anos sendo curado e amadurecendo, mas minha chamada era verdadeira, ainda que não convencional para as igrejas que frequentei. 
       Hoje começo a entender, hoje a iluminação me chega, hoje, sexagenário, começo a viver minha chamada, e ela é maravilhosa, faz tudo o que vivi valer a pena. Ainda assim, Deus me diz sobre ela, "sua chamada não é para ser entendida por todos, nem conhecida, compartilhe-a com poucos, não a use para sua vaidade, é para seu crescimento pessoal, que os frutos dela lhe possibilitem uma vida justa cujo testemunho abençoe principalmente sua mulher, suas filhas, e alguns realmente mais próximos a você ". Discreta e coerente, eis como deve ser a vida do que quer conhecer a verdade.

      O texto inicial de Paulo aos coríntios me fortalece, me explica muitas coisas, como sempre a Bíblia se encaixa como o remédio que mais precisamos no momento adequado. Parece que os que têm menos “moral” em si mesmos são os selecionados divinamente para as chamadas mais especiais, e isso para que nenhuma carne se glorie diante de Deus. O chamado desempenha sua chamada por fé, confiando que só de Deus vem o reconhecimento, sabe que por si só não pode convencer ninguém, ciente que as pessoas precisam crer que a obra é de Deus e que o homem que a faz é incapaz de tal feito.
      Um consolo aos que têm chamada genuína de Deus, ela nunca vem só, junto dela vem o espinho na carne, junto da glória divina vem o desprezo humano, junto da experiência diferenciada com Deus, vem uma incredulidade alheia que acha nos próprios chamados apoio para que o que não quer crer em Deus não creia. Se foi assim com Paulo, por que não seria conosco, servos tão menores? O que quer desempenhar sua chamada aprenda o caminho da humildade, da solidão, fugir dos palcos e holofotes e simplesmente obedecer a Deus, não se iludindo com palmas, nem se entristecendo com vaias.
      Algumas vezes dizemos, “onde estão os grandes servos de Deus atualmente, parece que não existem mais?”, eles existem sim, mas no tempo atual, mais que nos tempos passados, quando a internet permite uma exposição rápida e mundial de qualquer um, é necessário que tais servos mantenham-se em segredo, orando, estudando, testemunhando, longe dos púlpitos, da ovação de uma igreja que só honra os que dizem o que ela quer ouvir. Mas só entende isso o que foi até o fim em sua busca pessoal a Deus, o que se livrou das expectativas humanas e achou no Senhor tudo o que necessita. 

segunda-feira, junho 29, 2020

Uma chamada de Deus

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.João 15.15-16

      Eis um conhecimento, que se for apossado com clareza e certeza, pode mudar nossas vidas: não escolhemos a Deus, é Deus quem nos escolhe. Sim, essa afirmação pode dar nós nas cabeças dos homens, aqueles que insistem em tentar entender coisas espirituais com referências humanas, materiais. Esses concluem equivocadamente a partir dessa afirmação, que se é Deus quem escolhe, alguns são escolhidos e outros não, assim que culpa têm os não escolhidos de ficarem fora do plano maior de Deus, foi Deus quem escolheu não incluí-los, não foram eles que se excluíram? 
      Porém, o escolhido tem um desejo inerente de sê-lo, assim como o não escolhido nunca faz questão realmente de ser. Não, Deus não é injusto, com ninguém, ele não faz acepção de pessoas, ama a todos e dá a todos oportunidades. Contudo, o que temos que aprender do texto de João 15 é que Deus é mais importante que o homem, que tudo parte dele e para ele deve retornar, isso na verdade é um dos mistérios espirituais mais importantes, o entenderão os de fato espirituais, os chamados por Deus para isso, os que têm essência de escolhidos, os que sabem que têm uma chamada de Deus urgente. 
      Mas porque esse conhecimento muda nossa existência? Porque nos coloca num plano superior do de simples seres humanos que escolhem uma religião por gostarem mais dela, ainda que seja uma religião que creia naquele que disse ser o caminho, a verdade e a vida. Esse plano é a vontade do Deus altíssimo, superior a tudo, seres espirituais, poderes humanos, galáxias, estrelas, planetas, potências da natureza terrestre, um ser santíssimo, onisciente, onipotente, sem início e sem fim, esse Deus escolheu especificamente você, para quê? Para uma missão única e intransferível.
      Não é a maior do mundo, nem a menor, não é a melhor, nem a pior, mas é a tua missão e se você entender qual é e a executar, você será a melhor versão de você mesmo, e isso, meu querido e minha querida, é tudo o que precisamos para termos uma vida de paz, libertação e vitória. Assim, não reclame, não duvide, não hesite e nem se esqueça, o Deus que chama faz cumprir, capacita para cumprir, de um jeito ou de outro, isso estava escrito para você antes de você nascer neste mundo. Quem adquire esse conhecimento não é mais servo, mas amigo de Deus, e não existe nos universos honra maior que essa.

domingo, junho 28, 2020

Chamada genuína dá frutos verdadeiros

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” João 15.15-16

      Como saber se estamos de fato desempenhando uma chamada genuína de Deus para nossas vidas? Verificando os frutos, mas calma aí, é preciso que entendamos o que são esses frutos. Não esperemos que morangos nasçam em laranjeiras, nem que laranjas nasçam em limoeiros, e não adianta pintarmos laranjas de vermelho, nem limões de amarelo, a mentira engana por um tempo e só os que olham de longe, quem se aproxima e prova um fruto saberá que a laranja maquiada é um limão amargo disfarçado.
      Cada planta dá um fruto específico, com características próprias, aceitar isso é o primeiro passo para que entendamos nossas chamadas, assim se uma planta não está dando o fruto que queremos, ou cortamos a planta e plantamos outra, ou aceitamos os frutos que a planta está dando. Contudo, se a planta foi plantada sob autorização de Deus, não tem jeito, o único caminho é conhecer melhor a planta, nos livrarmos dos equívocos, e aceitarmos seus frutos, usando-os da melhor maneira possível. 
      Explicando a metáfora: uns adorariam ser pregadores famosos, que encantam centenas em templos lotados, mas isso é para os que têm chamada de Deus para isso. Mas isso significa que se alguém não tiver esse tipo de chamada divina não encantará centenas de pessoas e não encherá templos? Não, isso tudo poderá ocorrer, mas será pela força humana, pelo carisma de homens, não por Deus, não sendo de Deus não é chamada de Deus que não dará frutos legítimos de Deus.
       Nesse caso, um dia virá à tona a verdade, o “falso morango”, que deveria ter se mantido “rasteiro” e discreto, como convém aos frutos do morangueiro, será desmascarado como “falsa laranja”, que não convencerá, não a todos e nem em todo o tempo, como uma laranjeira alta e vistosa. Quem nasceu para ser “morangueiro” nunca será “laranjeira”, quem tem chamada para dar seu melhor fruto em uma vida mais comedida e anônima nunca conseguirá administrar em Deus uma vida mais pública e famosa.

sábado, junho 27, 2020

“Ficai parados e vede a salvação do Senhor”

      “E disse: Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.15-17

      Eis uma daquelas passagens que mais nos consolam na Bíblia, que mais definem a espera em Deus, a confiança de que quem ora e entrega algo nas mãos do Senhor pode ficar tranquilo que ele recebe o que lhe foi entregue e cuida, dando no momento certo a melhor resposta, construindo a solução sozinho, sem que precisemos fazer nada além de entregar, crer e esperar. Se possível leia todo o capítulo de II Crônicas 20, segue um pequeno estudo bíblico sobre ele. 

      “Agora, pois, eis que os filhos de Amom, e de Moabe e os das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste passar a Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os destruíram, Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da tua herança, que nos fizeste herdar. Ah! nosso Deus, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti. E todo o Judá estava em pé perante o Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos. Então veio o Espírito do Senhor, no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de AsafeII Crônicas 20.12-14

      Interessante que o problema que atingia Judá, pelo qual o rei Jeosafá orou a Deus, era o ataque iminente de povos pelos quais Israel tinha tido misericórdia, Deus não autorizou Israel a conquistar as terras dos povos de Amom, Moabe e das montanhas de Seir quando Israel vinha do Egito para Canaã, assim esses puderam continuar em suas terras, que não foram tiradas deles por Deus para dar a Israel. Mas novamente Deus pede de Israel, agora numa atitude defensiva e não ofensiva, visto que quando vinham do Egito poderiam ter tomado a iniciativa de lutar contra os povos, e agora tinha que estar pronto para se defender de uma iniciativa dos povos, Deus pede que Israela nada faça. 
      Deus não queria que Israel se envolvesse com aqueles três povos, um motivo poderia ser o fato desses povos serem também descendentes de Abrão, assim o Senhor não queria “briga” entre irmãos de sangue. Amonitas e Moabitas eram descendentes das relações incestuosas entre Ló, sobrinho de Abraão, e suas filhas, já os das montanhas de Seir eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó (Israel), assim em alguma instância esses três povos poderiam ainda ter direito à promessa feita por Deus a Abraão. Um outro motivo, ou afirmando o primeiro, é que eram povos poderosos, que Israel temia, seja como for família, irmãos, cunhados, sempre nos parecem inimigos grandes demais.
      Se tivesse que haver uma guerra, que fosse como defesa e ainda assim Israel deveria se envolver o menos possível, isso nos ensina que certas guerras não devemos fazer, porque Deus tem pelos nossos inimigos o mesmo respeito e a mesma misericórdia que tem por nós. Se alguém que se posta contra nós tiver que perder, que seja porque se postou antes contra Deus, e se postou-se contra Deus a “briga” é com Deus, não conosco. A palavra de livramento, na passagem inicial desta reflexão, veio pela boca de um profeta, levita e responsável pela música, da família de Asafe, após um grande problema e um grande clamor, vem uma resposta poderosa do Senhor, que nos consola e nos resolve. 

      “E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pós emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados. Porque os filhos de Amom e de Moabe se levantaram contra os moradores das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar; e, acabando eles com os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se. Nisso chegou Judá à atalaia do deserto; e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum escapou.” “E vieram Jeosafá e o seu povo para saquear os seus despojos, e acharam entre eles riquezas e cadáveres em abundância, assim como objetos preciosos; e tomaram para si tanto, que não podiam levar; e três dias saquearam o despojo, porque era muito.” “E veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel. E o reino de Jeosafá ficou quieto; e o seu Deus lhe deu repouso ao redor.” II Crônicas 20.22-25, 29-30

      Agora o mais incrível foi como se operou a salvação de Deus, diga-se de passagem uma salvação difícil da gente provar, não é fácil não fazer nada e esperar parado, mas Israel que obedeceu, que começou a adorar ao Senhor pelo livramento, pela fé, sem ver e sem saber, provou. Por algum motivo amonitas e moabitas brigaram contra os das montanhas de Seir e depois que os de Seir foram destruídos brigaram amonitas contra moabitas até se destruírem mutuamente, assim quando Judá chegou todos os seus inimigos tinham sido destruídos sem que ele precisassem lutar. Fantástico esse texto, claro e com tantas lições, aplicações, são passagens assim que confere à Bíblia qualidades únicas entre livros sagrados religiosos.
      Contudo, a história não termina aí, ainda teve bônus para aqueles que esperaram quietos e confiantes em Deus. Israel enriqueceu-se com os despojos dos inimigos mortos e teve das nações vizinhas respeito, isso lhes deu repouso por um período (que teria sido maior se Jeosafá tivesse permanecido fiel a Deus, mas isso já é uma outra história...). O que dizer sobre essa experiência metafórica da nação de Israel para as vidas de todos nós, hoje e sempre, a não ser que Deus é maravilhoso, perfeito, poderoso? Glória ao Senhor que sempre, sempre é fiel com aqueles que o buscam e o obedecem, não existe situação sem solução, o que existe é oração não realizada ou não obedecida, da forma correta. 
      Mas será que foi um milagre, como muitos aparentemente podem achar que foi, uma ação extraordinária de Deus? Deus só começa a trabalhar na resposta depois que nós fazemos a pergunta? Não, não foi um milagre na maneira como tantos pensam, foi só o cumprimento da vontade de Deus no tempo certo, com Israel, por estar conectado a Deus em oração, temor e obediência, podendo provar o que mais precisava no momento exato que precisava da única maneira que podia provar. Deus “trabalha” o tempo todo, algo que precisaremos daqui a um ano, Deus pode estar começando a construir hoje, se um ano for necessário para isso, algo que nós talvez não tenhamos nem ideia que precisaremos.
      Deus poderia estar trabalhando nos inimigos de Israel há algum tempo, permitindo coisas que levariam os três povos a se desentenderem no exato momento que Jeosafá fizesse a oração. Há coisas que Deus precisa de alguns anos para construir, mas há coisas que ele precisa só de um instante como há outras coisas que ele constrói em milhões de anos, ao homem basta estar em comunhão com Deus, assim saberá quando e sobre o que orar, a tempo de provar a eterna obra do Senhor no universo. Deus é muito mais poderoso que imaginamos, não age extraordinariamente só quando oramos, ele tudo sabe e pode o tempo todo, felizes os que sincronizados com o Altíssimo provam naturalmente de ações que muitos até chamam de milagres.

sexta-feira, junho 26, 2020

Só abre mão de algo quem algo tem

      “Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.Lucas 19.26

      O que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? Muitos passam a vida lutando para ter algo, não para desfruto próprio, mas para exibir isso para os outros, para a sociedade, para a família, para a igreja. Muitos insistem em dizer que têm algo, quando na verdade não têm, desejam uma ilusão, vivem uma mentira, perdem o curto espaço de tempo material que seja chama vida. Se a vida passa depressa, passa muito mais rapidamente para quem vive correndo atrás do vento, tentando aprisiona-lo. Que vento é esse? O vento da vaidade, que engana os arrogantes, que no final leva à solidão e à amargura. Mas o que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? 
      Quem tem algo o recebeu do céu, do alto, do pai das luzes, diretamente das mãos de Deus. Esse terá uma vida de trabalho e de esforço? Sim, manter o que se ganha de Deus com honestidade e fazer disso bênção para si mesmo e para os homens é o trabalho mais honrado que o homem tem neste mundo. Contudo, a esse, que possui algo legitimo, um desafio é feito, responder de maneira correta a esse desafio conduzirá o homem a um crescimento espiritual verdadeiro que ele poderá levar para a eternidade e que definirá sua posição diante de Deus. Que desafio é esse? É abrir mão de algo, não de fazer algo, não a princípio, mas de receber dos homens, neste mundo, reconhecimento por algo que legitimamente se recebeu de Deus e se lutou tanto para aumentar e dar doces frutos para os homens. 
      Com esse desafio, num determinado momento de suas vidas, alguns serão confrontados, é nesse momento que se conhecerá onde está o coração do homem, se naquele que deu a ele o talento, se no talento que ele recebeu, ou se nos homens, que o assistem enquanto exerce o talento. Mas só abre mão de algo quem algo tem, assim ao que de fato tem um talento será difícil abrir mão dele, se não for difícil é porque o talento nunca foi verdadeiro. Conduto, o que abre mão, não antes do tempo, não na juventude, quando ainda se tem muito pra fazer, e disso depende independência material neste mundo, o que abre mão no momento correto estará pronto para a eternidade, para a morte do corpo.
      O versículo inicial, conclusão da parábola do talento dita por Jesus, diz que ao que tem lhe será dado. Por que isso? Porque esse teve mas não colocou seu coração no que teve, foi fiel, se esforçou, não buscou as vaidades do mundo e acumulou bens espirituais para a eternidade. Já o que não tem na verdade também tinha, mas amou tanto isso neste mundo, qua não fez nada pelo seu espírito, e só faz pelo próprio espírito o que faz pelos espíritos dos outros. Ele guardou o que consquistou só para si mesmo, egoisticamente, esse, ainda que rico e obstinado neste mundo, entrará na eternidade com saldo negativo. Em dívida com Deus? Não, em dívida consigo mesmo e com os outros, esse levará seu inferno consigo. 

quinta-feira, junho 25, 2020

A meditação do meu coração

      “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!Salmos 19.14

      A vida atual tem muita informação, nunca vivemos uma época da humanidade quando todos sabem de tudo sobre todos ao mesmo tempo, é no celular, no computador, na TV, mídia e internet são os novos deuses, adorados por todos, e que de algum jeito, controlam a todos. O controle é antes de tudo mental, palavras, músicas, imagens e vídeos ocupam nossas mentes e nossos corações, atormentam nossas almas e amarram nossos espíritos, isso aumenta a ansiedade que não satisfeita desemboca em depressão. É preciso saber parar, desligar aparelhos, acalmar a mente, focar em Deus e saber o que ele quer de Deus. Eu não tenho dúvida que o principal campo de batalha do inimigo nesses tempos, que se não forem os últimos estão perto de serem, são as mentes humanas. 
      O que tem passado pela tua mente? Que devaneios têm levado teu coração? Fugas da carne, escapismos de prazeres passageiros? Esteja em Deus, pense em Deus, fale com Deus, mas ouça a Deus, mais que tudo, que teu coração seja um vaso limpo para receber e reter a palavra de Deus. “Filho meu, ouvi-me e vivei”, não há nada mais prazeroso que ouvir a voz de Deus, e como o Espírito Santo nos quer falar, ensinar, nessa palavra há vida, há libertação, há paz. Feliz o homem que chega a esse entendimento, que com facilidade diz não à carne, ao adultério, à irá, à inveja, à mágoa, e diz sim ao chamado de Deus para ouvi-lo. Esse terá também palavras agradáveis para dizer ao homem, palavras de vida, não de morte, ainda que essas palavras sejam poucas e provadas. 
      Mas tenha cuidado com o que Deus te fala, ele pode nos revelar grandes mistérios, nos dar palavras espantosas, mas não para que as revelemos aos outros, são somente para nos consolar, nos fortalecer, nos fazer saber que Deus é real, nos ama e nos guarda, de um jeito especial. Se você tiver essa experiência, acalme-se, alegre-se, e guarde em teu coração as palavras que o Senhor te dá, seja sobre você, sobre as pessoas com as quais você convive, e mesmo sobre o mundo. Deus pode levantar um profeta, não para salvar nações, mas para salvar só ao próprio profeta, e isso basta, um só homem já é muito importante para o Altíssimo Deus. Aceitemos nossas chamadas com humildade e temor, mais vale obedecer a Deus que sermos honrados pelos homens.

quarta-feira, junho 24, 2020

Virtude e vicio

      “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.Eclesiastes 7.2-4

      Qual a diferença entre virtude e vício? O senso comum diz que virtude é algo bom e que vício é algo ruim, que virtude é do bem e vício é do mal, sim, em última instância até poderá ser isso, mas a princípio a coisa não é tão simples, e pode levar muitos ao engano. Vicio não é algo em uma primeira instância ruim, do mal, vicio é simplesmente o exagero. Do que? De qualquer coisa, mesmo de algo a princípio benigno. Vício é algo que se faz sem controle, é quando algo controla o homem, não o homem controla algo, e isso pode ser mesmo religiosidade, caridade, espiritualidade. Viciados em bebidas alcoólicas e em entorpecentes precisam de libertação e cura? Sim, mas muitos religiosos, muitos econômicos financeiramente, muitos preocupados com boa saúde e condicionamento físico, todos esses podem ser viciados necessitando urgentemente de cura e libertação, tanto quanto os “nóias” e maconheiros.
      “Mas cocaína faz mal à saúde, religião, não”, muitos podem dizer, mas será que religião como vicio não faz mal à saúde? Pode até ajudar outras pessoas, aquele que quer estar todos os dias da semana na igreja, que deseja sempre estar desempenhando algum ministério, mesmo que diga que nem quer reconhecimento, só quer servir a Deus, outros com certeza podem ser beneficiados por seus serviços, mas tem algumas pessoas que não serão. Quem? O próprio viciado e seus familiares mais próximos, cônjuge e filhos. O que exerce religião como vício, um dia terá sua vida estourada, sua saúde mental, física, e com certeza sua relação familiar. Como vicio é ídolo, se faz porque se gosta de fazer, não para agradar a alguém, se faz porque se precisa fazer, para se sentir útil, porque se é inseguro e carente, religião exercida como vício não adora a Deus, não estabelece comunhão com ele, e sem Deus, o religioso está só, tentando viver uma religião sem Deus, isso conduz à morte.
      Muitos evangélicos precisam de libertação, não dos vícios da carne, mas dos vícios da mente e do espírito, mas não só evangélicos, religiosos de maneira geral, principalmente muitos daqueles que socialmente são vistos como bons religiosos. Infelizmente muitas religiões, principalmente cristãs, são dirigidas por viciados, por isso de vez em quando escândalos, homens que pareciam “ungidos”, santos, pegos em adultério ou em “vícios” sexuais “exóticos”. O vazio do viciado um dia se revela, e o ídolo, um falso deus, não pode ajudar aqueles dos quais exigiu anos e anos de veneração. Todo exagero é prejudicial, e não usemos Deus como desculpa para isso, dizendo que um Deus absoluto e grandioso exige dos homens enormes sacrifícios, na verdade Deus pede renúncias, mas a principal não é a de fazer, mas a de não fazer, e permitir que Deus faça. Nisso aprendemos o principal efeito da causa Deus altíssimo em nós através de Cristo, o equilíbrio, nele não há exagero, não há ídolos, não há vícios, só virtudes.
      Por que o texto de Eclesiastes no início? Primeiro porque eu amo esse livro, é um balde de água fria na cara de muitos que interpretam a Bíblia sob um ponto de vista equivocado, prosperidade material como sintoma de vida abençoada por Deus. Salomão, sob o mesmo arquétipo de muitos personagens importantes de outras religiões, como Krishna e Buda, tendo vivido uma vida luxuosa e repleta de prazeres e fama, escreve um texto onde diz que tudo é vaidade, que é melhor morrer que viver, isso, ao meu ver tem tudo a ver com ter religião como vicio. Viciados em religião não passam de vaidosos, tanto quanto são muitos ricos e poderosos neste mundo, vaidade sempre é engano, mas religioso vaidoso tem o pior tipo de vaidade, quer mais que dinheiro e prazer, quer adoração, o lugar de Deus, Lúcifer caiu nesse vício. Achamos libertação do vicio da religião tendo prazer maior naquilo que Deus pensa de nós, fechando a boca, mas abrindo o espírito para o altíssimo, sendo mais reclusos que famosos, mais cristãos e menos “evangélicos”. 

terça-feira, junho 23, 2020

Ouvir a voz de Deus

      “Orai sem cessar”, I Tessalonicenses 5.17, um dos menores versículos da Bíblia, alguns chegam num momento de suas vidas, depois de anos de religiosidade cristã, que dizem, “eu nem preciso orar, eu ando em oração, falo com Deus o tempo todo”, de fato alguns acreditam nisso. Mas uma pergunta se faz a esses, vocês falam com Deus, mas vocês o ouvem, de verdade? Muita gente fala com Deus, gente de religiões variadas, não só cristãs, na verdade isso pode significar muita coisa, mas também pode não significar nada. Falar em espírito para o infinito, para o universo, ainda que seja com sinceridade e fé, pode não ser exatamente falar com Deus. 
      Muitos perdem a esperança, se desviam da fé, ainda que continuem se dizendo cristãos, ainda que continuem indo a cultos e mesmo a ler a Bíblia, mas quantos de fato ouvem a verdadeira voz de Deus e a obedecem? Alguns começam a ouvir outras vozes dentro de seus corações, se acostumam com elas, se iludem com elas, tentando se convencer que ouvem a voz do altíssimo Deus, mas não ouvem, não mais, e há muito tempo, ainda que não admitam pra ninguém. O primeiro desvio de Deus que um homem comete, o primeiro passo para dar as costas a Deus, acontece no coração, de um jeito não assumido, onde a pessoa tenta se convencer que ainda quer ouvir e obedecer a voz de Deus, mas não quer, não mais.
      Por que o desvio? Porque um dia Deus deu uma orientação e a pessoa não aceitou, não quis obedecer, contudo, como negar a Deus de forma direta é algo que exige tanta fé e determinação, quanto se render a ele, as pessoas simplesmente se enganam, inventam um falso cristianismo e seguem, e isso dentro delas, em segredo. Lembro-me da parábola do semeador, de uma semente em especial, aquela que caiu entre espinhos, “e outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na... e o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mateus 13.7,22).
      Essa semente foi a que teve mais tempo para crescer, mas um dia, morreu, sufocada pelos espinhos. Algumas pessoas são assim, recebem a semente em boa terra, sem pedras, mas não se livram dos espinheiros, os guardam secretamente em seus corações, são os desejos do que realmente querem ser, ter, exibir para o mundo. Assim, até caminham com Deus, chegam a conhecer bastante a doutrina, mesmo desempenharem funções relevantes em ministérios, mas num determinado momento, quando é tempo de crescer e Deus lhes pede algo, algo que arrancará os espinheiros com as raizes, elas dizem não. É nesse momento que o espinheiro se torna um deus, mais importante para as pessoas que o genuíno Deus. 
      Não só falar com um Deus distante, mas ouvir sua voz, bem de perto, eis a grande benção que a salvação de Jesus nos dá, e que privilégio é isso. Não nos enganemos, não basta frequentar assiduamente a cultos, falar como evangélico, se portar como evangélico, só ter amigos mais próximos evangélicos da igreja, nem pensar em Deus, é preciso falar com ele, ouvir o que ele tem a dizer e finalmente obedecer sua voz. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (João 10.27-28). Há vida eterna em ouvir a voz de Deus, que nunca saiamos de sua presença, de verdade, sem mentiras. 
    

segunda-feira, junho 22, 2020

Nenhuma condenação há!

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      Ah se vivêssemos o poder que o ensino do capítulo 8 da carta de Paulo aos romanos, principalmente entre os versículos 1 e 17, nos passa, se entendêssemos o privilégio que temos em Cristo de podermos viver em paz e sem nenhuma acusação. Essa é a diferença da religião que crê em Cristo como único e suficiente salvador de todas as outras, isso é o que faz do cristianismo verdadeiro a única religião que de fato nos une ao Deus altíssimo. Estarmos livres de qualquer condenação não é assim tão relevante? Pois não é isso que a realidade das vidas das pessoas mostra.
      Todas as nossas ações e reações são motivadas, na grande maioria das vezes, pelo grau de acusação que sentimos em nossas almas, por termos tanta necessidade de autoafirmar nossas qualidades e de negar nossos defeitos. Por isso somos inseguros e vaidosos, por isso nos importamos tanto com aparência exterior e principalmente com aquilo que os outros pensam e dizem sobre nós. Por isso andamos sem paz e na busca de uma anestesia emocional, por isso nos viciamos em prazeres da carne, em sexo, em comida, em bebida, em drogas, mas também em outras obsessões.
      Muitos querem estudar mais, saber mais, não para serem seres humanos melhores, mas para saciarem suas inseguranças, para mostrar aos outros que são intelectuais. Muitos querem trabalhar mais e ganhar mais dinheiro, não porque querem ter vidas materiais dignas, mas porque querem mostrar para os outros que podem ter bens mais caros, padrões de vida mais altos. Muitos querem ir mais a cultos, desempenharem trabalhos nas igrejas, conhecer mais de Bíblia, não para servir a Deus e serem mais espirituais, mas para parecerem para os outros que servem a Deus e são espirituais.
      Por que tudo isso? Porque se sentem acusados, condenados de algum forma, e assim se tornam escravos de si mesmos, de exigências que se fazem para compensar, para pagar as dívidas que acham que têm, o tempo todo, com eles mesmos, com as pessoas, com as famílias, com as igrejas, com Deus. O condenado está sempre em dívida, senão não estaria condenado, e todos os seres humanos estão condenados. Por isso ainda que façam tudo, muito e sempre, em todos os lugares e para todo mundo, ainda sentem que não fizeram o suficiente, por isso se sentem acusados e sem paz. 
      Mas só Jesus nos livra da escravidão da carne e dá a libertação do Espírito, contudo, muitos, mesmo convertidos e selados com o Santo Espírito ainda seguem escravizados, isso porque não dão liberdade para o Espírito Santo que neles habitam, não o ouvem e não o obedecem. Assim, muitos convertidos são abençoados por Deus, mas muito aquém do que poderiam ser, pois têm dificuldades para se livrarem da religião e dos religiosos, que mesmo que falem de Deus e do Espírito Santo, podem fazer isso debaixo de grilhões humanos. É preciso coragem para de fato viver a liberdade do Espírito.
      Vá à igreja, aprenda com irmãos com mais experiência com Cristo, estude a Bíblia, mas acima de tudo, viva com Deus, fale com Deus, ouça Deus, tenha uma experiência pessoal e em primeira mão com Deus, essa comunhão com Deus nos é passada pelo seu Santo Espírito, que nos habita e conosco está em todo o tempo. O Espírito Santo é nosso maior professor, ensinador, consolador, curador, ele nos conduz a uma vida em paz sem condenação, ele nos permite experimentar de uma maneira plena o perdão de Jesus, que nos livra de toda acusação e nos dá paz sem fim e liberdade verdadeira. 

domingo, junho 21, 2020

Anjo da guarda, idolatria e livramento de doenças

      “Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que te tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebeldia; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei. Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas. E servireis ao Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades.Êxodo 23.20-25

      Alguns teólogos usam o texto acima como base para a teologia do anjo da guarda, que diz que todo ser humano tem dois anjos que o seguem por toda a vida. Um do bem, que além de guardar a pessoa quando em vida, apresentará um relatório sobre a vida dela a Deus, depois que ela falecer, e um do mal, que dentre outras coisas permanece no mundo, após a morte da pessoa, e a simula em sessões espíritas. Não sei se concordo com essa teologia que não tem uma base clara na Bíblia e que é um princípio ocultista, mas creio que em situações especiais Deus pode enviar um ser espiritual diferenciado para nos guardar e conduzir, como fez com a nação de Israel, ainda que nós não devamos nos comunicar com esse ser.
      Esse é um ensino difícil de ensinar em igrejas atuais, tão próximas a heresias e de usar meios que facilitem suas vidas para não aceitarem a realidade simples do evangelho. Essa realidade é ensinada de forma clara em “tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve“ (Mateus 11.29-30), esse, um dos textos mais eficientes para conduzir-nos no estreito caminho de Deus. Mas penso que os dois ensinos se relacionam, proteção de Deus e andar em humildade, eis o segredo da vitória, sobre muitas coisas, no interior do homem e no mundo exterior que o cerca, seja físico ou espiritual.
      Mas esse texto, no contexto de Israel caminhando para conquistar sua terra prometida, terra que não era dele inicialmente, e que Deus deu a ele depois que as nações que habitavam essa terra alcançaram o limite de pecados contra Deus, dá um pré-requisito que Israel deveria obedecer para ter Deus ao seu lado, “não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas“. Muitos cristãos protestantes e evangélicos quando ouvem sobre ídolos já pensam nos santos católicos, assim se acham isentos desse pecado por não adorarem os tais. Mas até que ponto somos idólatras e não sabemos ou não admitimos que somos? 
      Uma boa definição de idolatria é: idolatria é toda adoração ou comunhão com representação material de coisas espirituais, isso vai muito além de imagens em papel (santinhos) ou estátuas em gesso de santos católicos. A antropomorfização que fazemos em nossas mentes de Deus como um velho de barba e vestido de branco já é uma idolatria. Ídolo é criação humana construída para facilitar nossa fé, mas como construção de homem é limitadora, uma cópia, mesmo que muito boa, simplesmente porque Deus não pode ser copiado, como cópia é um ídolo. Deus é espírito e espírito não pode ser encaixado na matéria, seja em qual for, por isso só podemos fazer contato com o Deus verdadeiro através do nosso espírito pelo Santo Espírito.
      Contudo, Deus faz uma promessa no texto de Êxodo, “tirarei do meio de vós as enfermidades“, bem relevante para o momento atual de pandemia vivida no mundo. Entendemos, todavia, errado a maneira como se processa esse livramento, achamos que estamos sujeitos a muitos males, indefesos, mas que Deus usará algum meio excepcional para nos livrar se estivermos andando em seu caminho. Tudo bem, para os povos antigos, sem conhecimento científico, parecia que era assim, e de fato quando andavam certo tinham livramento de muitos males. Mas hoje em dia podemos entender melhor como se processa esse livramento, que não passa de uma cascata de bons efeitos causados por vivermos de forma correta. 
      O pecado deixa o homem egoísta, isso o faz desejar riquezas e prazeres que não são seus, ainda que tenha que explorar outros seres humanos e a natureza. Quando tudo isso é explorado de maneira obsessiva tudo deteriora, o que devia ser usado para dar boa qualidade de vida é roubado, assim infraestruturas básicas como saneamento são relegadas, o que aumenta a sujeira e empobrece o povo, que busca qualquer coisa para saciar sua fome. A natureza também é destruída e suja, rios, a terra, o ar, com construções erradas numa sociedade em caos. Enfim, por causa de maus governantes, que exploram só para benefício próprio, a sociedade e a natureza sofrem, ficam fracas e expostas a coisas ruins, incluindo doenças. 
      Epidemia pode ser o evento final de uma cascata de erros cometidos pelo homem, todavia, se começando pelos governantes, a sociedade for justa, tiver princípios morais e espirituais que a leve a respeitar a natureza e a todos os seres humanos, tudo entrará em ordem, numa existência sadia, limpa, onde dificilmente grandes enfermidades serão criadas para matar de forma avassaladora. Bem, as leis que Deus deu a Israel por Moisés tinham esse objeto, não eram só espirituais, mas políticas, sociais, mesmo sanitárias e medicinais, para construir uma sociedade justa, limpa, que convivesse bem com todos os seres humanos e com a natureza. Uma sociedade assim seria livrada de muitos males como pandemias. 
      

sábado, junho 20, 2020

“Não oferecerei ao Senhor sacrifícios que não me custem nada”

      “E disse Araúna: Por que vem o rei meu Senhor ao seu servo? E disse Davi: Para comprar de ti esta eira, a fim de edificar nela um altar ao Senhor, para que este castigo cesse de sobre o povo. Então disse Araúna a Davi: Tome, e ofereça o rei meu senhor o que bem parecer aos seus olhos; eis aí bois para o holocausto, e os trilhos, e o aparelho dos bois para a lenha. Tudo isto deu Araúna ao rei; disse mais Araúna ao rei: O Senhor teu Deus tome prazer em ti. Porém o rei disse a Araúna: Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata.II Samuel 24.1, 21-24

      “E disse Davi a Ornã: Dá-me este lugar da eira, para edificar nele um altar ao Senhor; dá-mo pelo seu valor, para que cesse este castigo sobre o povo. Então disse Ornã a Davi: Toma-o para ti, e faça o rei meu senhor dele o que parecer bem aos seus olhos; eis que dou os bois para holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para oferta de alimentos; tudo dou. E disse o rei Davi a Ornã: Não, antes, pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu, para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo. E Davi deu a Ornã, por aquele lugar, o peso de seiscentos siclos de ouro.I Crônicas 21.22-25

      Os dois textos acima se referem ao mesmo episódio, resumindo: Davi desobedece a Deus decretando um recenseamento (contagem da população), Deus diz que punirá a Davi, mas dá a ele a opção de escolha do castigo, Davi escolhe a peste, o anjo começa a executar a punição, mas Davi pede que ela seja  interrompida, para que isso aconteça o profeta orienta Davi a fazer um sacrifício a Deus, é aí que entram as passagens iniciais, Davi faz o sacrifício e a punição é encerrada. Os textos têm várias aparentes discrepâncias, desde o questionamento se Davi foi tentado pela ira do Senhor ou por Satanás (mas não são a mesma coisa?), até o número certo obtido no recenseamento, apesar de referirem-se ao mesmo episódio. A proposta desta postagem, contudo, não é um estudo completo neles, apenas uma reflexão sobre o tema “sacrifício com um preço”, se quiser pode ler um estudo bem abrangente sobre os textos no link do site Raciocínio Cristão.
      No nome de Jesus temos direito às bênçãos de Deus de forma gratuita, como diz Romanos 3.23-24, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”, e como diz Salmos 51.17, “os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus“, assim Deus não pede de ninguém sacrifício em troca de algo que ele dá além de um coração humilde. Contudo, ainda que o “caixa do banco” de Deus esteja sempre disponível para “saques de cheques” que ele mesmo assina e dá gratuitamente a seus filhos, existe um preço que se paga, não pelo “cheque”, mas para se chegar ao “banco”. Usando a metáfora, é preciso sair de casa, pegar uma condução, ir até o centro, entrar no banco, enfrentar a fila e então descontar o cheque. No “banco” de Deus não existe transações facilitadas em aplicativos de celulares, que podem ser feitas no conforto de nossos lares. 
      Davi sabia bem disso quanto não aceitou de graça um lugar onde iria edificar um altar para oferecer um sacrifício a Deus, ainda que isso fosse não só vantajoso para ele como um direito que ele como rei tinha, Davi quis pagar e pagou um preço pelo lugar. Que diferença de muitos hoje em dia, que sempre querem levar vantagens, mesmo em suas vidas religiosas. Muitas vezes dar uma oferta em dinheiro é muito mais fácil que viver uma vida que agrada ao Senhor, hoje em dia dar uma grana na igreja pode nos fazer achar que estamos isentos de ser santos. O sacrifício que agrada a Deus e que Deus pede é algo muito pessoal, diferente para cada um de nós, para muitos dar dinheiro na igreja não constitui sacrifício, mas para outros constitui, assim, cada um de nós deve buscar o Senhor para saber o que ele pede. Contudo, o mistério está no fato que a busca a Deus, quando sincera, profunda, espiritual, já é o sacrifício maior, e muito melhor que dar um dízimo em igrejas.
      Deus não faz as coisas funcionarem assim para dificultar sua bênção, pagar o preço na verdade é outra bênção que Deus dá ao homem. Quando buscamos a Deus para clamar por algo, recebemos do Senhor duas bençãos, a que pedimos e outra, que recebemos enquanto estamos pedindo. O pedido, por si só já é uma benção. Por quê? Porque gastamos uma “energia” humana para um bom fim, “energia” que se mantivesse acumulada em nós e nós estivéssemos numa situação de conforto sem necessidades para clamar a Deus, seria usada para fins errados. Entendeu? Se pedir algo a Deus não nos custasse nada, seríamos filhos mimados e ociosos, com tempo e forças sobrando para pecarmos, e o ser humano é, sim, sempre disponível para o mal, se não estiver ocupado com o bem, isso é fato. Digo mais, talvez a bênção que recebemos enquanto pedimos seja até melhor que aquela que pedimos, pois podemos estar pedindo algo que satisfaça só a uma necessidade física, enquanto que a que recebemos enquanto pedimos transforma nosso caráter, é amadurecimento espiritual.
      Seja sincero, quando em sua vida com Deus foi fácil orar, mais ainda jejuar ou fazer uma consagração maior? Nunca foi e nunca é, para ninguém, não se for de fato uma busca espiritual e profunda, não só um ritual religioso. “Rezas” custam muito pouco, repetir palavras decoradas, mas intimidade com Deus custa muito, é algo difícil, trabalhoso, envolve todo o nosso ser. O que se põe a caminho de um encontro poderoso com Deus se vê a princípio escalando um monte, dói tudo, faltam forças, contudo, à medida que sobe tudo vai mudando de maneira fantástica, a luz de Deus vai alcançando-o, a unção do Espírito Santo vai enchendo-o, e se acha uma força renovadora. É nesse momento que nossa boca se enche de línguas espirituais estranhas, e que todo o nosso ser se alimenta com as águas vivas do santíssimo e altíssimo Deus. Mas só experimenta isso quem persiste na busca, com fé que aquele que chama também recompensa, com uma revelação exclusiva da vontade de Deus, daquelas que fazem valer a pena o preço que se pagou. 
      Outra coisa que precisamos entender é que à medida que amadurecemos, essa busca fica ainda mais difícil, o monte fica mais alto, o que bastou na última vez para alcançarmos o pico, agora na basta mais. Por quê? Porque o conhecimento de Deus é gradativo, o que alcançou o nível primário não alcançará o nível superior numa próxima busca, é preciso passar antes pelo nível secundário. Mas depois tem as pós-graduações, e essas não têm fim, quem graduou-se e acha que sabe tudo engana-se, a graduação superior inicial só nos deixa cientes de quem não sabemos nada e que teremos que aprender sempre e sempre. Isso é ruim? Não, isso é maravilhoso, uma aventura eterna em conhecer e ser conhecido por Deus, vencendo as comodidades da carne, as vaidades do intelecto e os mistérios do espírito. Pague o preço, o preço de querer com todo o coração e de abrir mão de tudo para saber, para depois então viver, por em prática as virtudes da luz de Deus. 

sexta-feira, junho 19, 2020

Um momento único no tempo

      A postagem de hoje é a primeira parte de uma reflexão que será encerrada amanhã, se possível leia a postagem de amanhã para melhor entendimento, obrigado.

     “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terraEfésios 1.9-10

      Penso que todos nós, obviamente de acordo com nossas especificidades, temos uma oportunidade única na vida para brilhar de forma diferenciada, num momento que poderá disparar um período significativo de trabalho aproveitado por um número maior de pessoas, quando o nosso melhor poderá despertar o melhor de muitos. Mas esse momento tem que ser devidamente aproveitado, senão passa e nunca mais tornará a acontecer, não com o mesmo grau de oportunidade. A pergunta é: quem de nós sabe quando esse momento está acontecendo, ou, estamos preparados para aproveitar essa oportunidade?
      Muitos de nós não sabem e muito menos estão preparados, assim, anos depois, quando conseguimos avaliar-nos no tempo, entendemos que um dia tivemos uma chance única de brilharmos muito e não sabíamos, não tínhamos noção do que ocorria. Mas faço outra pergunta, por que Deus não nos diz quando esse momento está acontecendo, ou por que não nos prepara para ele? A resposta para isso está em desconstruir o que pensamos sobre como Deus age ou sobre como deveria agir, e entender a maneira como de fato o universo funciona e como o altíssimo Deus trabalha.
      Penso que só Jesus viveu uma existência absolutamente sincronizada com Deus, que o permitiu viver tudo no seu tempo adequado e brilhar sobremaneira no exato momento de sua vida e do tempo da humanidade para que cumprisse uma missão única. Nós tentamos, queremos, muitos até conseguem, e muitos sem saber, mas outros não conseguem, visto estarem presos a tantas outras variáveis que os inabilitam para serem seus melhores no melhor tempo para o maior número de pessoas. Que variáveis são essas? Elas são bem conhecidas e respeitadas por Deus.
      Deus nos conhece por inteiros, nos respeita por inteiros, por isso certas coisas não acontecem quando achamos que é o melhor momento, ele sabe que se acontecerem será muito ruim para nos, nos colocará em posições para as quais não estamos preparados e que se tivermos acesso a elas naquele momento, único e que nunca mais se repetirá, nos levarão a vergonhas terríveis, a sermos escândalo que acabará fazendo de nossas vidas o exato oposto que poderia ser, machucará muita gente e envergonhará o evangelho. Deus zela por nós, pelos outros, mas muito por ele mesmo.
      O topo neste mundo, principalmente nas áreas profissionais e ministeriais, que têm a ver com nossos sucessos individuais, não como família, só se pisa uma vez. Quem não está preparado, mas teme a Deus, consegue retornar a tempo e depressa, frustrado mas seguro. Quem está preparado e teme a Deus, permanece lá e cumpre uma missão ímpar, por um bom tempo. Quem está preparado e não teme a Deus também permanece lá, cumpre uma missão singular, veja todos os artistas e políticos no mundo que não temem a Deus, quanta fama e quantos bens conquistam. 
      Contudo, quem não está preparado e conhece a Deus como salvador, mas teima em ficar no topo, perde a noção do perigo, experimenta trevas terríveis sob a montanha, vê de perto coisas tão espetaculares quanto desconhecidas, mas finalmente, ainda que usufrua por um tempo o sucesso, despenca de lá, precipício abaixo, como despencou o príncipe dos seres espirituais corrompidos. Esse é disciplinado por Deus de maneira dura, muitos desses nunca se recuperam, têm que aceitar uma posição de humilhados para sempre, tendo como objetivo segurar nas mãos sua salvação, perdem tudo, menos a salvação em Cristo.
      Um momento único no tempo, todos nós, que já vivemos um pouco, o temos nas memórias. Deus sempre sabe tudo e sempre nos avisa, Deus não se cala para lançar luz no caminho dos homens, nós, porém, não enxergamos isso, e só discerniremos as coisas com o passar do tempo. Não é Deus que trabalha devagar, somos nós que permitimos que ele trabalhe em nós aos poucos, em Cristo temos tudo de uma vez, mas tomarmos posse disso demora. Por isso o tempo é ferramenta tão importante nas mãos de Deus, em vidas como as nossas, escravizadas ao tempo enquanto na carne, neste plano físico do universo.

quinta-feira, junho 18, 2020

Sejamos fiéis!

      “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá. O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos.Salmos 101.6-7
 
      A vida não é fácil, pra ninguém, nos decepcionamos com as pessoas, decepcionamos as pessoas. Decepcionamos a Deus? Na verdade não, Deus conhece todos e sempre, assim não se ilude, quem não se ilude não se decepciona. Mas existe um mistério na chamada que Deus faz aos homens, que eu não chamarei de predestinação porque muitos não entendem isso, e podem até chamar Deus de injusto no entendimento errado, achando que Deus chama uns e não chama outros. Deixo o esclarecimento desse mistério para a eternidade, lá conheceremos como somos conhecidos. 
      Contudo, aqueles que caminham neste mundo como verdadeiros chamados de Deus de um jeito ou de outro, levando o tempo que for necessário, sempre cumprirão suas chamadas, serão fiéis a Deus. Se Deus chama porque sabe antes que alguém vai segui-lo até o fim e não chama porque sabe que alguns se deixarão levar pela mentira e pela vaidade, pelo orgulho e pelo egoísmo, não posso dizer aqui, e nem preciso. Mas o fato é, não desista de seguir com Deus, insista, levante-se, persista, ainda que perca muitas coisas, não negue aquela palavra inicial, simples e poderosa, que existe na salvação em Cristo. 
      Muitos vezes não teremos nem forças pra sentir, mas creremos, racionalmente, outras vezes não acharemos razão para crer, mas sentiremos, algo único e forte que nos manterá seguindo em frente, fiéis a Deus e à chamada que ele nos fez lá no início de nosso caminho. Não neguemos aquele que tem cuidado de nós, por tanto tempo, que tem nos protegido, mesmo quando não tínhamos nem noção que precisávamos de proteção, aquele que nos trouxe até aqui íntegros e que nos dá uma paz que não se abala, junto da família e de fiéis amigos, que não nos deixam sozinhos. 
      Sejamos fiéis, até o fim, vale a pena. O pior já passou? Sim, mas os dias atuais são estranhos, o fim se desenha no horizonte, o mundo se torna unido, repleto de gente, mas mais frágil ao mal, e o mal virá no final, diferente de como muitos cristãos acham que virá, por isso surpreenderá a muitos, mesmo escolhidos. O que nos salvará será nossa fidelidade a um Deus fiel, que sabe os que realmente são seus, os que trilham o caminho reto, e esses serão resgatados de maneira milagrosa, espantosa, formidável. Glórias a Deus, que nos atrai a ele, que nos dá um espírito fiel, que nos faz mais fortes que o mal.

quarta-feira, junho 17, 2020

Fidelidade no pouco

      “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.Provérbios 15.16

      “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.Lucas 16.10

      Alguns têm pouco e nunca terão muito porque querem ter muito do jeito errado e para os fins errados, querem mostrar que são melhores pelos bens exteriores, pela aparência material. Acabam nunca sendo felizes, não sendo fiéis com suas realidades, não aceitando suas realidades com humildade, acham que têm muito mas acabam perdendo até o pouco que têm. Sejamos felizes e satisfeitos com o pouco, não achando nisso motivo para nos acomodarmos, antes nos esforçando de maneira honesta e verdadeira para mantermos e se possível aumentarmos nosso pouco, contudo, não para nos exibirmos diante dos outros como melhores, mas para sermos fiéis a Deus que nos deu o talento para sermos úteis e produtivos.
      O ímpio se esforça do jeito errado, vive uma mentira e no final acaba sem nada, o humilde trabalha em Deus, assume sua verdade diante dos homens não querendo aparentar o que não é. Esse no final verá que nunca foi pobre, nunca foi menos, mas tinha o principal, a aprovação de Deus que dará a ele uma riqueza na eternidade maior do que jamais imaginou, pois estará pronto para ser rico, não em bens materiais, mas em riquezas espirituais. O segredo é não ter vergonha de ser simples materialmente neste mundo e diante dos homens, ainda que sendo diligente e esforçado para fazer render o talento que se recebe, mas saber que a maior honra aguarda-nos na eternidade, para aqueles que sempre olharam para Deus e não para o mundo. 

terça-feira, junho 16, 2020

O amor irá além...

      “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.Colossenses 3.14

      Muitos de nós desejam praticar várias virtudes, sabemos que isso é bom, que é cristão, contudo, fugimos de uma virtude, achamos para isso mil desculpas, em nossos passados, nas injustiças que recebemos neste mundo, essa virtude que muitos têm tanta dificuldade para dar e mesmo para receber é o amor. Quanto antes aprendermos a amar, antes nos prepararemos para a eternidade, lá, a única virtude que será necessária para se viver o melhor de Deus é o amor, já que não precisaremos lutar contra o mal, só viver em comunhão com o Senhor e com os irmãos em Cristo. 
      Quem morará no céu, quem terá direito ao “seio de Abraão”? Quem tiver no mais íntimo de seu ser o mais puro e incorruptível amor. Não, amor não é uma virtude secundária, não é um sentimento piegas e que de alguma maneira nos fragiliza, não o verdadeiro amor, esse nos fortalece à medida que fortalecemos os outros. O genuíno amor é a essência do genuíno filho de Deus, do verdadeiro cristão, é o fruto maior da espiritualidade legítima. Mas quem de fato entende neste mundo o que é o amor? Quem de fato o vivencia desinteressadamente? O amor não tem qualquer interesse senão amar.
      Na verdade o amor é efeito final, o vínculo da perfeição, quem busca e pratica várias virtudes finalmente consegue amar. Em primeiro lugar é preciso ser humilde, para servir e para perdoar, e o humilde perdoa porque sabe que não é melhor que ninguém e que não precisa ser servido, ele é equilibrado, se conhece, e serve com alegria. Nesta disposição buscamos paz sempre, ainda que saibamos que não a teremos com todos, mas o pacificador não tem inimigos, não retém em seu coração o mal alheio, não carrega mágoa e nunca busca vingança, seja ela como for. 
      Um coração leve assim, humilde, perdoador, servo e pacificador consegue amar, e o faz naturalmente, sem falsidade ou vaidade. O verdadeiro amor serve ao próximo e adora a Deus, e nunca age de maneira inconveniente, ainda que com dano próprio, o que ama sabe que Deus tudo vê e tudo retorna com justiça, o que ama teme a Deus. Quem buscar em Deus as virtudes, não para ter ou ser, mas só para agradar a Deus, esse amará o mais verdadeiro amor, aquele que levaremos para a eternidade conosco e nos dará a identidade de habitantes do céu.
      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.9-13

segunda-feira, junho 15, 2020

Sinai ou Gólgota?

      A postagem de hoje é a segunda e última parte de uma reflexão que foi iniciada ontem, se possível leia a postagem de ontem para melhor entendimento, obrigado.

      “E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam.” Êxodo 19.20-21

      “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” João 19.17-18

      Isso que foi dito na primeira parte desta reflexão (na postagem de ontem), pode ser, contudo, uma visão superficial, humana, de como as coisas funcionam, de como Deus de fato trabalha. Em primeiro lugar, por que o melhor de alguém só pode ser provado quando esse toca o topo do mundo? E em segundo lugar, por que permanecer humilhado no anonimato não é o melhor para alguém? Como Deus trabalha o melhor em nós, é do mesmo jeito em todas as pessoas? É só na fama, é só no anonimato, é só no reconhecimento público ou é só na solidão, que há “a mão do oleiro moldando o vaso de barro”?
      Por outro lado, um momento único no tempo que nos coloca em sincronia com o melhor de Deus e de nós mesmos muitas vezes é provado num instante de oração, sozinhos em casa, quando como que uma luz pura, forte, ainda que através de um raio pequeno (e os que têm intimidade com o mundo espiritual entenderão que isso não é metafórico), toca nosso espírito e nos faz entender como a vida funciona, como Deus trabalha, como o universo é, experiência que depois nos deixa uma paz que nunca antes sentimos e que nos liberta para sempre de muitas coisas. 
      Não, meus queridos e minhas queridas, o topo do mundo pouco pode significar, eu, como músico, o que permite fama e admiração de muitos (assim como inveja e ódio de outros), e mais, como músico gospel, tive a oportunidade de por os pés no topo do meu monte, não era nenhum Everest, mas era suficientemente alto para as minhas referências. Foi único, hoje quando me lembro me sinto satisfeito, mas infelizmente também me sinto muito frustrado, porque não tive a noção da importância e da exclusividade daquele momento, eu não estava preparado para ele, de forma alguma, nem como músico, nem como ser humano.
      Eu tinha menos de 30 anos na época, mas hoje, com mais de 60, e depois de anos olhando para o passado, achando que ele tinha sido meu melhor momento e que nunca mais se repetiria, começo a ver um novo monte, e pasmem, ele é muito, mas muito mais alto que aquele. Todavia, seu topo não é um lugar que será visto por muitos, no qual ficarei para abençoar um grande número de pessoas de maneira mais óbvia e objetiva, não é isso. E quer saber? Hoje isso nem importa mais pra mim, o reconhecimento de grande público, eu não quero holofotes de baixo, dos homens, mas a luz que vem de cima, do altíssimo Deus.
      Hoje começo a entender que esse é o monte que Deus sempre quis que eu subisse, ele é real, o outro era ilusão, ele é espiritual, o outro era material, ainda que no outro eu desempenhasse também uma missão religiosa, mas nem tudo que é religioso é de fato espiritual. Sinai ou calvário? Em um a glória e a lei, no outro a dor e a morte, em um o início de Canaã física, no outro o início da Canaã celestial. No Sinai um velho de 80 anos recebe orientações espirituais para um ser humano ainda infantil, despreparado para o conhecimento mais alto, no Gólgota um homem de 33 anos entrega sua vida para salvar uma humanidade já madura, preparada para o conhecimento mais alto de Deus.
      O corpo envelhece, mas o espírito que anda com Deus se vê cada vez mais novo. Aos 30 anos eu era um velho num monte de ilusão, hoje aos 60 sou um jovem subindo um monte infinitamente alto, não chegarei ao seu topo neste mundo, mas o que importa é que descobri qual é o monte melhor para galgar. Infelizmente muitos passam a vida tentando permanecer no topo de montes de ilusões, não conseguem se libertar da carência de aprovação humana. Jesus subiu ao Gólgota para que nós não precisássemos subir, ainda assim o melhor monte tem seu preço, ache-o e comece a subi-lo, o quanto antes.
      Aos jovens: arregalem os olhos espirituais, atentem-se ao que são, ao que têm, ao que fazem, a quem amam, a quem não amam, ao que representam na sociedade, na igreja, na família, mas acima de tudo, ao que representam para si mesmos. Não aceitem hipocrisia nem vida com duas caras, fujam da falsa moralidade, não façam alianças que não possam cumprir, ainda que tenham que se afastar, que não usufruir de direitos e de aprovações. Busquem as suas verdades sob verdade maior de Deus, não se iludam com as verdades de homens, mesmo de cristãos, tenham coragem para viver o presente coerentemente.

domingo, junho 14, 2020

“O Senhor consolará a Sião”

      “Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia. Atendei-me, povo meu e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos. Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão. Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida. Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.“ Isaías 51.3-7

      “Sião ou Tzion (em hebraico ציון Tzion ou Tsion "cume", em árabe صهيون Ṣuhyūn) originalmente era o nome dado especificamente à fortaleza jebusita próxima da atual Jerusalém, que foi conquistada por Davi. A fortaleza original ficava na colina a sudeste de Jerusalém, chamada de monte Tzion, aportuguesado como Monte Sião. Monte Sião é o nome de uma das colinas de Jerusalém e que por extensão tornou-se sinónimo da Terra de Israel e que pela definição bíblica é a Cidade de David. Após a morte do rei David, o termo Sião passou a se referir ao monte em Jerusalém, o Monte Sião, onde se encontrava o Templo de Salomão. Mais tarde, Sião passou a se referir ao próprio templo e aos terrenos do templo. Depois disso, Sião foi usado para simbolizar Jerusalém e a Terra Prometida. Sião seria uma adequação geofônica, do idioma hebraico para o Português, referente ao nome de um acidente geográfico mencionado na Bíblia que ficava no centro de Jerusalém. Sião, para algumas denominações cristãs, será a última cidade possível de viver depois do Armagedom.” Fonte Wikipedia

      Essa palavra não é para o mundo, muito menos para o Brasil, essa palavra é para a nova Sião, para a Igreja, para o povo de Deus. Muitos podem pensar que estou sendo cruel, desumano, mesmo não evangélico, mas não é isso não, tenho convicção do que Deus me mostra. Coisas grandes como essa doença que está fragelando o mundo devem ser entendidas do jeito certo, isso não é um acidente, aliás acidentes não existem, não referindo-se a coisas erradas que surpreendem quem está certo, o universo é justo.
      Se algo assim ocorre é porque coisas erradas foram plantadas, e a colheita ruim está sendo colhida, não por pouca gente, mas pelo mundo todo. Disciplina tem que ser sofrida, não se pode fugir dela, e ela só acaba quando terminar de cumprir sua missão, isto é, deixar o disciplinado menos rebelde, menos irresponsável e mais humilde e consciente. Consciente de que? Que a vida é séria, mesmo que tenhamos direito a alegrias, que as coisas têm consequências e todos as colhemos, ainda neste mundo.
      Contudo, quanto àquele que de fato se colocou como filho de Deus, que procurou o Senhor, que se humilhou, que se arrependeu, que consertou sua vida, que buscou andar certo no conhecido e no secreto, que acreditou não em homens, em religião, ou na ciência, ainda que tenha tido o bom senso de seguir as orientações científicas, mas que focou sua fé no Altíssimo e Santo Deus, esse faz parte da verdadeira Igreja espiritual, o corpo de Cristo, a noiva do cordeiro amada por Jesus, a palavra acima é para esse. 
      Estamos neste mundo para melhorar, e a vida nos dá oportunidades para isso todos os dias, se não aproveitamos uma, outra nos é dada, se tornamos a não aproveitar, outra nos é concedida, contudo, a cada oportunidade perdida o preço sobe, a dor aumenta, e o que a princípio pode ser até um jugo suave, torna-se disciplina pesada, doida. Teremos oportunidade para melhorar até nosso último instante neste mundo, Deus sempre espera que todos se salvem e que se aproximem dele, de um jeito ou de outro. 
      “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei”, a palavra acima é para os que andam certo, e que num mundo globalizado como o atual também sofrem quando os errados são disciplinados, sofrem, mas são livrados do pior, eu creio. Somos livrados para darmos testemunho, não de um evangelho ignorante que demoniza a ciência, nem de um cristianismo estúpido que põe sua fé num governante político, mas de um Deus santo, que não se corrompe, e verdadeiro, que não se desvia. 

      “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.João 17.9

sábado, junho 13, 2020

“Truque de mestre”

      A série de filmes “Truque de mestre” (três foram lançados entre 2013 e 2020), tem um tema citado o tempo todo (principalmente no nome original em inglês, “Now you see me”), o tema é desvio de atenção (feito também pela invocação mágica “abracadabra”), um conceito básico de mágicos. Ele diz que quando se quer esconder algo mostre-se muitas coisas e chame as pessoas para verem essas coisas de perto, em outras palavra esse conceito diz, quanto mais perto você vê, menos enxerga. O “agora você me vê” (tradução de “Now you see me”) de verdade só acontece quando o mágico permite, se é que ele de fato permite isso em algum momento, mágico verdadeiro nunca revela seus segredos. O segredo para entender o mistério é nunca olhar tão perto, mas se afastar e olhar de longe, tendo em vista não o objeto no presente, mas no tempo, passado e futuro, e nos espaços, não só o físico, mas também o mental e o espiritual. 
      Isso também é um conceito usado por historiadores, afastarem-se para entenderem melhor os fatos, para que não haja um envolvimento emocional no julgamento, acontece também na medicina, médicos são orientados a não tratarem parentes ou a si mesmos. A maioria não percebe, mas esse princípio é o truque que a grande mídia mundial, no Brasil representa pela rede Globo e pelo jornal Folha de São Paulo, dentre outras empresas, utiliza. O número de informação têm aumentado, seus divulgadores se auto-denominam paladinos que lutam contra a “fake news” e a favor da ciência, assim se enchem de legitimidade e de qualidade, com tecnologia moderna como ferramentas de divulgação de informação. Isso dá ao desavisado a impressão que está vendo a verdade, e que ela é de total confiança, contudo, é justamente o contrário, nem é o fato jornalístico que vê, mas só a opinião tendenciosa de uma empresa mal intencionada. 
      “Mágica é enganação, mas uma enganação feita para entreter, encantar, ela envolve confiança e fé”, eis outra fala do 1º filme “Truque de mestre”. Muitos acreditam cegamente no Jornal Nacional da Globo, se acostumaram com ele por décadas, têm uma ligação afetiva com ele, quando o tema musical toca já ficam na expectativa de ouvirem um relato verídico da realidade do mundo no dia, eu sei disso, já senti isso, mas hoje não sinto mais. Somos mais facilmente enganados por quem gostamos, de quem não gostamos nos afastamos e nem lhe damos atenção, ou pior, consideramos tudo que diz mentira. Mas grande parte dos cidadãos brasileiros confia no que certos jornais e telejornais dizem porque gosta deles, a rede Globo sabe disso, e tenha certeza, usa isso para atingir seus fins, e eles não são legais, não sob a ótica da tradição religiosa judaica-cristã. Não se deixe enganar pela qualidade das novelas da Globo, são só “abracadabra”.
      Não sei quantos pensam assim, mas considero os filmes “Truque de mestre”, principalmente o 1º filme, extremamente reveladores, mas eles mesmos utilizam o princípio para não revelarem seu principal segredo, envolvem os espectadores nos truques de mágica que pensam estarem vendo só mais um filme divertido. Na TV é a mesma coisa, enquanto nos encantamos em nossos lares com uma quantidade enorme de séries disponibilizadas na Netflix e outras streamings, não nos atentamos às forças que de fato querem nos dominar. Morre-se pela boca? Não, pelos olhos e pelos ouvidos, que presos às telas de TVs, computadores, celulares e tabletes não percebem manipuladores roubando suas almas. Tenhamos cuidado, mas tenhamos ainda mais cuidado quando o “olho” (termo usado no 1º filme referindo-se a uma ordem secreta) disser que está revelando seu segredo, um “olho” está sempre um passo à frente de seu discípulo.

      A melhor maneira de não ser enganado, seja por homens ou por espíritos malignos, é olhar tudo sob o ponto de vista de Deus. Isso só pode ser feito no Espírito Santo e através de Jesus, com conhecimento bíblico mas principalmente com muita oração e consagração de vida. Só o Deus altíssimo, não entidades espirituais ou qualquer outros espíritos ou anjos, nos dá o distanciamento espiritual das ilusões do mundo e das fantasias de nossas almas, que permite lucidez porque nos dá acesso à luz mais pura e mais alta. Sim, essa posição é possível, repito, pelo nome de Jesus por meio de uma íntima comunhão com o Espírito Santo. Essa posição exclusiva é oferecida gratuitamente aos que de fato são simples e humildes, aos que não buscam qualquer espécie de vaidades, nem de promoção social, mas os que querem a verdadeira espiritualidade, no amor, na santidade e em paz, para adorar a Deus e ser um com ele. 

      “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.Salmos 91.1

sexta-feira, junho 12, 2020

Entrega, mas entrega mesmo!

      “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.Salmos 37.5

      O versículo acima é um dos mais lembrados pelos cristãos, nós o repetimos sempre que queremos paz numa situação complicada, sempre que nos  achamos numa encruzilhada e não sabemos que direção tomar. Contudo, muitas vezes não entendemos o que ele diz, não compreendemos o que é de fato entregar algo nas mãos de Deus. Quando temos um problema nós até buscamos a Deus, desejamos confiar nele, mas fazemos isso querendo ter uma solução na cabeça, de imediato, não confiamos em entregar algo nas mãos de Deus mesmo que não tenhamos a mínima ideia de qual é a direção que Deus quer que tomemos. Na verdade temos muita dificuldade em parar, queremos estar sempre em movimento, donos de nossos caminhos.
      É por isso que muitas vezes nossas orações nos levam a nada, não nos trazem paz, começamos a orar angustiados e terminamos, ainda que com palavras bonitas, bíblicas, do mesmo jeito. Queremos fazer o trabalho de Deus, e quando fazemos isso Deus educadamente nada faz, porque nós não o autorizamos a fazer algo. O que autoriza Deus a agir é a fé, o que tem fé se lança no escuro sabendo que Deus de alguma maneira vai segura-lo, mesmo sem saber como. Entregar é entregar mesmo, mudar algo de mãos sem que tenhamos nenhuma necessidade de saber o que Deus fará com aquilo que entregamos. Enquanto isso esperamos parados, sem retroceder, mas também sem nos apressarmos seja para o lado que for.
      Por que é assim? Porque muitas vezes a solução não vem na hora, no momento que estamos orando, Deus às vezes quer trabalhar em nossas vidas, moldar nosso caráter, nos curar, e ele usa o tempo para isso. Esperar sem saber o que vai acontecer, parados, mas ainda assim permanecer em paz, confiando em Deus, é vitória sobre ansiedade, sobre a nossa carne, é subir de nível na verdadeira espiritualidade. Pode parecer difícil, ficar tranquilo mesmo sem saber o que fazer, mas isso dá plena liberdade para o Espírito Santo agir, no tempo melhor, no lugar melhor, enquanto nossa alma é tratada. Entrega teu caminho ao Senhor, mas entrega mesmo, com total confiança de que Deus fará o melhor, como e quando ele quiser. 

quinta-feira, junho 11, 2020

Mentira

      “Embrutecido é todo o homem, no seu conhecimento; envergonha-se todo o artífice da imagem de escultura; porque a sua imagem de fundição é mentira, e nelas não há espírito. Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação perecerão.Jeremias 51.17-18

      Andar na verdade mais alta não é algo fácil, é algo muito difícil, por qualquer deslize nos desviamos dela e seguimos na verdade de homens, de nós mesmos, de religiões, de diabos, toda mentira é um ídolo. Para andar na verdade mais alta, temos que estar em uma comunhão profunda com Deus, orando, estudando, ouvindo, orando, se arrependendo, e aprendendo com o universo inteiro, pois Deus nos mostra sua verdade mais alta por vários meios. Uma coisa, contudo, precisamos entender, como seres humanos não aprendemos a verdade mais alta assim de uma vez e rapidamente, Deus a revela aos poucos aos homens que a buscam, somos limitados para receber a iluminação maior de qualquer jeito e depressa. 
      Só liberta-se da mentira o iluminado com a verdade, senão segue-se mentido, e como somos mentirosos. Mentiras são buscadas obsessivamente pelos homens, e depois que as acham, eles as veneram como deuses. Por quê? Porque elas trazem proteção e consolo, ainda que falsos. O que descobre a verdade sente, a princípio, justamente o oposto, desamparo e desconforto, a verdade não nos leva a enfrentar a morte de frente. Depois, contudo, se for de fato a verdade mais alta, iluminará, curará, nos libertará principalmente da necessidade de mentir e de idolatrar mentiras. A mentira enche a boca de soluções, a verdade cala, a mentira incha o ego, a verdade humilha-o, a mentira atrai o diabo, a verdade adora a Deus.

quarta-feira, junho 10, 2020

Insensatez

      “O caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.Provérbios 12.15

      Ao insensato você dá um toque uma vez, aconselha uma segunda vez, se houver oportunidade exorta em uma terceira, mas se ainda assim ele não der ouvidos deve ser deixado, só com sua insensatez. O insensato não tem sensatez, não segue o juízo, age como louco porque se acha certo e sempre, acredita nisso, e não muda de opinião mesmo diante de argumentos sensatos. Um coração insensato pode conviver com um intelecto desinformado, em uma pessoa que ignora a sabedoria e a ciência, mas ele também pode dividir espaço com a alma de um intelectual. Assim a insensatez pode sair de boca inteligente, bem informada, com amplo conhecimento sobre muitas coisas e que talvez tenha sido sensato por muito tempo.
      Por que uma pessoa bem informada e inteligente se torna insensata? Porque não segue aprendendo, acha que chegou a um ponto onde já sabe tudo e não precisa mais mudar de opinião. O insensato pode ser um sensato que adquiriu tamanha sensatez que acabou achando que era um deus. O que sabe, contudo, mudar de opinião na hora certa, que não dorme em zonas de conforto, principalmente dos extremos, mas que se dá ao trabalho de buscar o ponto de equilíbrio, esse fugira da insensatez. Escapa da insensatez o que ouve a todos sempre, pois de todos podemos aprender coisas novas e boas. O sensato sempre se coloca como aluno, o insensato se acha mestre antes do tempo, e o tempo de ser mestre é só na eternidade.

terça-feira, junho 09, 2020

Vaidade

      “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.Efésios 4.17

      Vaidoso é aquele que quer promover a ferramenta e não aquilo que a ferramenta faz. Por exemplo, dizer que um martelo é excelente, feito com os mais sofisticados materiais, com um design perfeito, enfim, gastar tempo e esforço para deixar bem claro que o martelo é mais que bom, é o melhor de todos. O vaidoso faz isso, mas não faz nada de prático com o martelo, ou algo de fato digno de ser promovido. O vaidoso promove a si mesmo, e não deixa que seja conhecido pelos frutos do que faz, quer ser famoso para ser famoso, por ser o que é, não por seu trabalho. O vaidoso quer fama, não obrigações, quer aplausos, não apresentar um ofício que faça bem às pessoas, o vaidoso quer adoração, quer ser Deus.
      Quem de fato quer fazer algo bom, algo útil, e útil para os outros, para a sociedade, não para si mesmo, pouco se importa consigo mesmo, usa a ferramenta que tem à mão, não idolatra a ferramenta, não é egocêntrico, e faz não para ser reconhecido, não para aparecer, mas porque deve fazer, é sua missão, sendo ou não reconhecido pelas pessoas. Depois de agir certo, o que não busca vaidades ganha fama? Não, não na maior parte das vezes, e quer saber? Isso nem importa para ele, ele já foi liberto de vaidades, do ego, de querer ser famoso. Ele não depende de aprovação humana para fazer ou ser feliz, ele tem paz em Deus, que tudo sabe e vê, e a todos recompensará no tempo e no lugar certo, ainda que seja só na eternidade.

segunda-feira, junho 08, 2020

Gotas (2)

      “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” Deuteronômio 32.2

      A fé verdadeira é presente de Deus, não convicção humana para comprar favores divinos.
      O jejum correto é Deus quem nos leva a fazer, não sacrifício físico e emocional feito por nós.
      A oração melhor é saber o que Deus quer nos dar, não pedir o que nós queremos receber.
      O louvor mais puro é reconhecimento do que Deus é, não pagamento pelo que Deus faz.

      A paz que permanece não se abala pelo que não possui, nem se encanta com o que possui.
      O perdão é amargo na boca, mas doce no estômago, a misericórdia não tem gosto, tem resultados.
      A razão é carga desnecessária, grandes vitórias não vêm sem uma pequena derrota, a do próprio ego. 
      O generoso não exige o que é seu por direito, mas faz valer pro outro até direitos que esse não tem.

      A liberdade é falsa, o prazer é curto, esperança é construída, conhecimento é praticado.
      O humilde se cala e não se acha lesado, o orgulhoso exige e ainda acha que não recebeu o suficiente.
      A alma faz, ri, chora, depois se arrepende, de ter feito, de ter rido, de ter chorado, tudo é vão.
      O que erra sem conhecimento sente só algum peso, o que erra julgando-se sábio pesa seu erro dobrado.

      A alegria é melhor para o que não se deita nela, quem evita a dor só sente mais dor. 
      O homem é injusto, o universo é justo, a carne é ilusão, Deus é real, plantamos, mas depois colhemos.
      A vida leva todos ao mesmo lugar, a morte eterniza o melhor ou o pior que cada um trouxe no coração.
      O espírito é um passageiro, o corpo, um barco de papel, o tempo é o mar, e o amor, os remos.

domingo, junho 07, 2020

Palavras finais aos romanos

      "Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém." Romanos 16.19-20

      Essas últimas palavras de Paulo na carta (a maioria dos estudiosos o reconhecem como autor da epístola), já que as palavras que vêm depois é de outra pessoa, pelo que entendemos Paulo podia ditar uma carta a alguém, assim o texto era dele mas escrito por outro (esse que escreveu também se manifestou no final, veja o que diz versículo 22 do mesmo capítulo, ”eu, Tércio, que esta carta escrevi, vos saúdo no Senhor”), essas palavras finais da epístola nos entregam três ensinos importantes. Eles têm a ver com o assunto que Deus tem trazido a meu coração nestes dias, reavaliação de crenças. 
      Em primeiro lugar Paulo expressa sua alegria pelos cristãos de Roma, porque eles são obedientes e essa obediência é conhecida por outros. Não basta parecer, tem que ser, quem dá testemunho é reconhecido, luz verdadeira não pode ser escondida. Contudo, em minha ótica, nunca foi tão difícil dar real testemunho de cristão como em nossos dias. Por quê? Porque o cristianismo já foi tão pregado, existem tantas igrejas, tantos cristãos, incluindo católicos, a cultura cristã já está tão enraizada na cultura (ocidental), que o evangelho acabou banalizado, tornou-se fácil parecer, ainda que não se seja.
      O apóstolo parabeniza os obedientes, mas o que é ser obediente atualmente? Depende de quem se quer obedecer, escolher obedecer a Deus, todavia, e não as religiões, pode fazer com que sejamos taxados como desviados por outros cristãos. Hereges acham hereges os que não são iguais a eles. A situação atual só comprova o que os primeiros cristãos aprenderam, que todos que seguem a Jesus padecem perseguição. Contudo, hoje em dia, os verdadeiros cristãos não são perseguidos pelo mundo, mas pelos falsos cristãos, nas igrejas, os novos coliseus, não há mais leões, mas hereges.
      Paulo ensina algo mais no texto, com aquela sabedoria que quando é profunda e eterna é simples nas palavras, “sejais sábios no bem, mas simples no mal”. Como muitos fazem exatamente o contrário, são rápidos e fáceis para o mal, mas são complicados e lerdos para o bem, e com o mal não me refiro só a buscar prazeres carnais, mas a distorcer a palavra de Deus e acreditar em mentiras, dentro de igrejas e ditas por pastores. Abro parênteses aqui para dizer que nossa crítica como cristão não deveria ser do mundo, mas de nós mesmos, mas como os púlpitos gostam de criticar o mundo. 
      O mundo é o mundo, sem Deus, jaz no maligno (I João 5.19), treva não precisa ser criticada, mas evitada, ainda que andemos nelas em luz para testemunhar do pai das luzes. Quem precisa de avaliação são as igrejas, porque elas podem mudar, devem caminhar para a luz. Contudo, quando certos púlpitos criticam o mundo desviam o foco para fora, o que faz com que muitos cristãos se achem certos só pelo fato de estarem sentados assistindo cultos dentro de igrejas e não olhem para dentro das igrejas, para si mesmos. Cristão deve verificar fé e obras da igreja, não do mundo, fecho parênteses.
      Quer uma palavra simples de Deus para seguir? “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento“ (Mateus 3.8), simples assim, e se não estamos produzindo avaliemos nossas crenças pois algo deve estar errado, ou no que cremos ou no que queremos através dessa fé. O que não podemos fazer é passar a vida cantando música em cultos, ouvindo pastores que consideramos “ungidos”, nos sentindo acusados quando não damos dízimo ou faltamos a uma programação da igreja, enfim acharmos que seguir o evangelho é ser religioso, isso é complicar a vida cristã. 
      Seguir o evangelho é seguir a Jesus, e para isso devemos ter comunhão com ele mais que com igrejas, pastores ou mesmo outros cristãos. Quem segue a simplicidade profunda e poderosa do evangelho de Cristo tem direito ao último ensino de Paulo, “o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés”. Quantos passam vidas dentro de igrejas e ainda assim oprimidos pelo mal, gente que lidera ministérios e mesmo que pastoreia rebanhos são escravos, seja por ignorância, por timidez (que leva à ignorância) ou por não querer pagar o preço (que é timidez).
      O preço não liberta, não é a causa da libertação, libertação não tem preço, é de graça, o preço é a consequência, é aquilo com o qual temos que conviver depois que escolhemos ser libertados. Qual a preço da liberdade? A verdade, conviver com ela, assumi-la diante não só do mundo mas da igreja, os que não querem assumir suas verdades e a de Deus diante dos homens permanecerão cativos, escravos de conveniências sociais, religiosas, e de vaidades. Mas os que escolhem testemunhar de Deus a qualquer preço terão vitória, sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre Satanás.
    

sábado, junho 06, 2020

O templo do Espírito

      Algumas coisas, em alguns momentos, feitas com algumas pessoas, ou sozinhos, podem nos dar algum prazer, mas depois fazem com que nos sintamos culpados, essas coisas são pecados, coisas que Deus não planejou inicialmente que nós as fizéssemos, não em um determinado momento, com algumas pessoas ou sozinhos. Quando nos sentimos culpados nosso coração dói e nossa mente pesa, coisas como vícios, bebidas alcoólicas, comida, desejar ou possuir o que não é nosso, bens, mesmo pessoas, fazer sexo no momento errado ou com pessoas erradas, ou até sozinhos, enfim, tantas coisas que parecem agradáveis no momento, mas que depois sujam nossos corpos. Maculam o templo do Espírito?

      “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Coríntios 3.16

      O que seria de fato o templo do Espírito Santo? O que fica maculado, antes de tudo, quando pecamos? Muitos acham que é o corpo físico, os membros, mas é mais que isso. Quando obtemos prazer sexual sozinhos, por exemplo, nosso corpo é violentado, e por nós mesmos, que o forçamos a ter uma satisfação de um jeito errado, isso é fato. Contudo, ninguém tem essa experiência, que para muitos é vício sem fim e sem cura, pensando em coisas boas, imaginando as cataratas do Niágara. A masturbação precisa de uma certa disposição mental para que o corpo se excite e chegue ao clímax sexual, assim, o pecado se instala, antes de tudo, na mente, é ela quem adultera e se prostitui, antes que o corpo.
      Numa experiência sexual com nosso cônjuge, numa troca sadia e normal, não fazemos sofrer o corpo, nem forçamos nossas almas, pensamentos e emoções têm uma experiência leve e natural porque é exercida com amor e do jeito correto. Mas do jeito errado, mesmo que seja com outra pessoa, e às vezes mesmo com nossos cônjuges, suja nossa alma, nosso coração e nossa mente são maculados. Se o corpo pode ser lavado com água limpa, a mente é mais difícil de ser limpa, pensamentos errados ficam mesmo depois que o corpo se esquece e são portas para outros pecados. Mesmo que o coração não sinta mais, uma mente suja lembra e relembra coisas ruins, uma mente errada escraviza todo o nosso ser. 

      “Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” I Coríntios 6.18

      O templo do Espírito é acima de tudo a nossa mente, é ela quem decide buscar a Deus e quem entende a vontade de Deus passada pelo Espírito Santo ao nosso espírito. O segredo da libertação de muitos vícios, principalmente sexuais, é limpar a mente, antes mesmo que tentar controlar o corpo, o corpo só obedece a mente, assim antes de tentar dominar um desejo físico, que pode vir à tona por interações físicas, limpe a mente, e faça isso bem depressa. Se um pensamento ruim não permanecer na mente, não desencadeará um processo físico errado, como diz o ditado, não se pode impedir o pássaro de pousar, mas pode-se impedi-lo de fazer ninho, depois que fizer um ninho fica muito mais difícil de mandá-lo embora. 
      Como manter a mente limpa? Limpando-a em primeiro lugar com o perdão que há em Jesus, e nunca desista disso, principalmente na vida sexual, mas depois ocupando-a com coisas certas, o melhor para isso é a vontade de Deus, descobri-la, praticá-la, satisfazer-se nela. Quem está ocupado fazendo aquilo que Deus mandou que fizesse terá bons pensamentos e bons sentimentos, e não terá espaço, na mente e no coração, para bobagens. Não, não tente só controlar o corpo, muitas práticas religiosas até tentam, mas se não forem a vontade de Deus, o homem estará, ainda que bem intencionado, lutando sozinho. Conheça a vontade de Deus e a faça, só isso nos fará de fato templos do Espírito Santo, fortes para resistir ao pecado.

      “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.I Coríntios 10.13

      E quanto aos solteiros, que andam com Deus e querem obedecê-lo, como se livrarão da tensão sexual inerente a todo ser humano sadio, física e mentalmente? Deus é perfeito, sempre dá escape que não deixa o ser humano pecar. Obviamente, a primeira orientação é, evite situações que possam precipitar essa tensão, como já dissemos, fazer a vontade de Deus é a melhor solução para isso. Mas se alguém anda com Deus e mantém a mente limpa, o corpo “resolverá” naturalmente a tensão sexual acumulada, durante o sono ou mesmo acordado, sem que haja necessidade de se violentar o corpo ou sujar pensamentos e emoções com prostituição e adultério, essa experiência não é pecado. Se alguém não pensa assim, ande certo e entenderá.