quarta-feira, março 31, 2021

Surpreenda-se com o bem

      “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.9

      Só os bons se surpreendem com o bem, eles esperam o melhor e creem no bem mais alto e mais poderoso, dessa forma, quando o bem vem, se maravilham vendo que a vida pode ser generosa, as pessoas humildes e Deus vivo e misericordioso. Já os maus sempre esperam o mal, e mesmo que ele não aconteça eles o veem, porque são incrédulos, e em suas malícias dizem, “eu sabia que isso ia ocorrer, nunca confiei nessa pessoa, ela sempre foi falsa”, se acostumaram com o mal que existe dentro deles. Para esses a vida é um tédio, um grande abismo, vazia e sem novidades.
      Vemos nos outros o que temos dentro de nós, mas ainda que saibamos que o outro é mau, se temos o bem em nós não somos enganados pelo mal, nós cremos que a pessoa malvada pode mudar. Sempre estamos prontos para nos surpreender com um milagre de Deus, melhorando as coisas, levando as pessoas ao arrependimento, conduzindo as situações difíceis à solução e à paz, acreditando na maior verdade de todas, o bem sempre triunfa. Quem tem Deus em si, tem o bem, para esse a vida é uma aventura maravilhosa, rumo ao Altíssimo, onde há amor e luz.
      Sem essa esperança benigna não temos vida de oração, a falta de vontade de orar é a ausência de fé que as coisas possam mudar e para melhor, esperança não é ilusão. Ilusão pode até acreditar que coisas boas vão acontecer, mas coisas que na verdade não precisamos, que são só prazeres passageiros para tentar saciar nosso coração descrente no bem maior, ilusão sempre acaba em desilusão. Mas esperança em Deus termina em felicidade duradoura, se nós não podemos controlar a vida e o mundo, Deus pode, e seu controle sempre conduz tudo e todos no tempo certo para o bem.

terça-feira, março 30, 2021

Sacrifícios do jeito certo

      “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.Salmos 51.17

      Somos existências em dívidas, se não fosse assim não estaríamos neste mundo, ainda que em Cristo tenhamos o perdão que nos livra de condenação espiritual eterna e nos dá paz e direito à comunhão mais alta com Deus, no plano físico nós crescemos trabalhando e nos sacrificando. Contudo, só têm valor como evolução espiritual sacrifícios feitos do jeito certo, esse jeito não é a ação material externa, mas a intenção no coração, se ela for errada anulará qualquer benefício espiritual que possa receber aquele que se sacrifica, ainda que por ele seja abençoado o que recebe o sacrifício. 
      Sacrifícios é tudo aquilo que fazemos além do que nos é fácil fazer, que não nos custa nada ou só pouca coisa, assim é algo que exigirá de nós um passo a mais, não necessariamente de nossas forças físicas, mas de nossas forças morais e espirituais, vencendo orgulho próprio e egoísmo. A melhor intenção, aquela que Deus se agrada, leva-nos a fazer algo pelo bem alheio, pelos outros e em Deus, não para nós mesmos, e como efeito oposto nos abençoa. Contudo, se fazemos por nós, e exigirmos dos outros um retorno por isso, o sacrifício não nos abençoará espiritualmente.
      Quem cobra dos homens não recebe de Deus, porque se cobrou já recebeu sua recompensa, não a justa que Deus dá, mas a injusta, e que também é recompensa, aquela que vem da tristeza do homem que recebeu algo e depois foi cobrado injustamente. Às vezes é melhor não dar nada que dar e cobrar, isso só faz aumentar a dívida do que recebeu, que se precisou receber é porque não tinha e que depois, sendo cobrado, deverá o que não tinha e o que recebeu e lhe foi cobrado. Parece complicado esse raciocínio? Mas é simples, ame, quem ama nunca perde, ganha e em dobro. 

segunda-feira, março 29, 2021

Luz, amor e paz

      “A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento. Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; declararei o meu enigma na harpa.Salmos 49.3-4

      Quando você anda pelas ruas do centro comercial de sua cidade, ou por um shopping center cheio num sábado à noite, todas as pessoas que você vê, que passam por você, disputando espaço e olhando vitrines, mais aquelas dentro das lojas e restaurantes, rindo, falando, querendo comprar, vender, todas essas pessoas Deus ama e têm direito à felicidade. Deus não diferencia ninguém pelo poder aquisitivo ou pela aparência externa, são todas suas criaturas que precisam conhecê-lo mais, receberem cura, perdão, para que aprendam sobre a razão da vida, de onde vieram e para onde irão. Todas essas pessoas necessitam da luz do altíssimo, do amor em Cristo e da paz que temos somente inundados e movidos pelo Santo Espírito. 
      Do fundo do teu coração, quais são as tuas palavras que sobem a Deus pelas pessoas? São palavras de rancor, de vingança, de reclamação? Palavras que fazem exigências de homens e de de Deus para que os homens se adequem à tua vontade e te sirvam? Nossas bocas só externam o que existe dentro de nós, se em nosso interior houver orgulho, nossas palavras serão de egoísmo, e nossas vidas e as dos outros não nos satisfarão, por mais que tenhamos sempre desejaremos mais e não seremos felizes. O humilde vê o lado bom em tudo, acha gratidão no coração, sente-se mais que satisfeito pela vida que tem e deseja o melhor do Senhor mesmo para aquele que se opõe a ele como inimigo, o humilde não tem inimigos dentro de si. 
      “De todo o meu coração, Senhor, oro para que as pessoas recebam a tua luz mais alta e mais clara, para que então, iluminadas, possam se permitir serem acolhidas pelo teu amor, e assim, amadas, acharem a paz que têm só os que se acham satisfeitos pelo Senhor, e por mais nada ou ninguém. Se enquanto isso eu puder ser servo, ainda que um dos mais pequenos, que de alguma forma contribui para que teu nome seja louvado e as pessoas sejam abençoadas, eu agradeço e me sentirei muitos feliz. Contudo, se eu não for nem digno disso, que eu possa fechar minha boca e me calar, enquanto abro meus ouvidos para ouvir tua voz, e meus olhos para ver as belezas que se realizam no universo sob o comando de tua palavra de vida eterna”.

domingo, março 28, 2021

Quem sou eu pra falar de Deus?

      “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.Êxodo 20.7

       “É costume judaico não pronunciar o nome YHWH, costume que não existiu sempre: o uso do nome YHWH era habitual no tempo da Bíblia hebraica (ver por exemplo Livro de Rute 2:4) e a Mishná ainda prescreveu seu uso em juramentos, mas na época do Talmude (Guemará) já estava proibido pronunciar o nome. Alguns até pensaram que pronunciar de qualquer manera o nome era uma violação do mandamento de não tomá-lo em vão, em vez de entender o mandamento em relação aos juramentos. Um rabino citado no tratado Sanhedrin 10:1 declarou que quem pronuncia o nome divino como está escrito não participará do mundo vindouro. Por isso na leitura a voz alta Adonai (Senhor) substituiu YHWH em hebraico e foi adotado pelos tradutores nas diversas línguas estranjeiras (em griego Kύριος; em latim Dominus). Depois de introduzir os sinais vocálicos, os massoretas, para lembrar ao leitor que ele devia dizer "Adonai" (Senhor), deram a YHWH as vogais de Adonai em vez das suas próprias. Fonte Wikipedia

      Dia trinta de abril deste ano (2021), o “Como o ar que respiro” completará dez anos de vida, são mais de trezentas reflexões por ano, praticamente pude compartilhar textos quase que diários na maior parte desse tempo, isso faz com que eu me pergunte: quem sou eu para falar de Deus? A resposta em meu coração é imediata, dada em oração, “Senhor, tem misericórdia de mim, da meditação do meu coração, das palavras em minha boca e nos meus textos”. Contudo, cabe a todos nós cumprirmos nossas vocações sem nos vangloriarmos por isso, como não fazendo nada mais que nossa obrigação, ainda que fazendo não obrigado, mas com amor. Mas a pergunta procede, principalmente a nós evangélicos, que tanto falamos e cantamos de Deus: temos de fato noção do quão sério é usar o nome de Deus ou nos acostumamos com a religião de tal maneira que dizemos de forma automática?
      Os judeus escrevem o nome de Deus, seja YHWH, só com as consoantes (lembrando que o idioma de Israel só grafava as consoantes, os pontos adicionados às consoantes seriam as vogais), ou com as vogais, Iavé, Jeová, Ieoua, contudo, eles não o pronunciam, em seu lugar dizem Adonai, que quer dizer Senhor. Isso é uma maneira extrema de obedecer a um dos mandamentos, citado no texto inicial, será exagero? Bem, Jesus nos ilumina pelo evangelho e nos ensina que a má intenção é mais relevante que a má ação, ainda que a boa intenção deva ser provada pela boa ação. Seja como for, Cristo diz que o que está no coração é o que importa, pois ainda que alguns tentem falsear as ações, disfarça-las, o que está no coração é o que vale, ainda que a aparência seja santa, se o coração não for, não há santidade de fato no ato, e Deus vê o coração, não só o exterior como os homens. 
      Certa vez, nos anos 1980, num retiro de jovens, ouvi um pastor pregar que chamar Deus de paizinho é falta de respeito, pobre homem, quanto equívoco, além de psicoterapia ele precisava conhecer melhor a Bíblia, ainda que fosse formado num competente seminário tradicional protestante. Mas muitos ainda hoje acham falta de respeito ir a um culto sem uma roupa mais social, ternos para os homens e vestidos para as mulheres, saibam esses que Deus os ama profundamente, respeita seus costumes e aceita seus sacrifícios, ainda que ame igualmente os que pensam diferentemente. O ser humano ama os polos, são mais confortáveis, mais fáceis de serem entendidos, assim vemos mais extremos por aí, seja onde for. Já equilíbrio exige inteligência, discernimento, desse a maioria foge, dá trabalho ser equilibrado, e não é coisa de covarde, chamado atualmente de “isentão do centro” por alguns. 
      Quem sou eu para falar de Deus? Sou lavado pelo sangue de Cristo, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (Oh glória!) Isso basta? Não, é preciso também sabedoria, e atenção aos que usam promessas da Bíblia como álibis para agirem com fé irracional, para pregarem irresponsabilidades. Somos limpos para sermos úteis a Deus, somos úteis obedecendo, só obedece quem ouve a voz do Senhor, e se para ser lavado pelo sangue de Jesus basta uma oração de fé, para ser útil é preciso conhecer a Deus, isso pode demorar anos. Abraão teve o filho da promessa, do qual sairia uma nação, em sua velhice, Moisés só começou a cumprir sua chamada aos oitenta anos, e mesmo Jesus só iniciou seu ministério aos trinta, não que Deus não chame e use jovens, mas temos muitos exemplo na Bíblia de que os homens precisaram ser moldados pelo tempo para serem úteis, essa parece ser a regra. 
      Santidade, quanto mais noção temos dela, mais longe dela nos sentimos, quanto mais a vivenciamos, mais parece que não a temos, Deus é a posição mais alta de santidade, e seu nome não é só uma denominação, aliás o nome de ninguém é, seja homem, espírito, anjo ou diabo. O nome de Deus é uma porta que se abre, dizê-lo é usar uma chave, diferente dos homens que quando chamados podem não nos atender, ou fingirem que atendem, quando de fato não prestam atenção ao que dizemos, ou se prestarem depois não convertem em ação aquilo que ouviram, Deus sempre age quando é chamado. Por isso não devemos falar o nome de Deus de qualquer maneira, e muito menos usá-lo para legitimar juramentos, intenções ou obras. Temos que ter muito cuidado com o nome que dizemos invocar, também pelo testemunho que isso passa para os outros seres, tanto humanos quanto espirituais. 
      Já foi dito que o que fala se compromete, o que muito fala, muito se compromete, por outro lado não basta se calar e achar que com isso se é sábio, muitos são quietos, mas julgam tudo em seus corações, desconfiam de tudo, são céticos e maliciosos. Quem sou eu para falar de Deus? Humildemente posso responder que sou alguém atraído pelo Senhor para falar dele, ciente de meus limites e pronto a mudar de opinião se necessário, mas convicto que faço não para obter fama ou grana, senão iria atrás de editoras para publicarem meus textos. Compartilho minhas reflexões aqui, gratuitamente, para quem quiser ler, sempre esperando em Deus que minhas palavras possam, no mínimo, levar as pessoas a pensarem mais sobre muitas coisas, e não aceitarem tradições, dogmas e religiões pelo que os homens dizem, mas pelo que o Espírito Santo de Deus de fato ensina e capacita-nos a viver. 

sábado, março 27, 2021

A luz está em nós

      “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.Ezequiel 36.26-27

      Costumava entender minha caminhada espiritual neste mundo, com a finalidade de conhecer e obedecer a Deus, como um movimento em relação a uma luz no horizonte, distante, pequena, mas forte e suficiente para me mostrar a direção, essa simbologia não é inadequada, pode servir para nos ensinar muitas coisas. Contudo, orando a Deus numa madrugada recente, necessitando de um esclarecimento que me desse paz sobre tudo que tenho estudado sobre religião e espiritualidade, “vi” um entendimento diferente, que me consolou com relação a questionamentos que tenho feito ao cristianismo tradicional. Tenho aprendido nesses quarenta e cinco anos de convertido ao evangelho, e creio que tenho sido levado a isso pelo Espírito Santo, que é preciso fazer reavaliações sobre o que me ensinaram sobre o cristianismo pela doutrina tradicional de igrejas protestantes e evangélicas que tenho participado, como tantas vezes já disse aqui. 
      Não podemos aceitar tudo como nos dizem que é, é preciso confrontar teorias e práticas, verificar se nossa vida é coerente com o que acreditamos, entender onde chegamos em termos de libertação e santidade, saber o que é de fato vontade de Deus e o que é mera tradição humana, muitas vezes embasada em preconceitos. Ainda que não abramos mão do principal, de Jesus como o único e suficiente salvador que nos liga ao Deus verdadeiro, podemos descobrir que existem muitas verdades em outros textos e em outras religiões. Todavia, esse conhecimento que contemplamos pode brilhar à nossa frente com cores fortes e variadas, tentando nos atrair em suas direções, assim podemos achar que aquela luz inicial é só mais uma, e às vezes pode nos parecer até menos atraente. Isso nos leva a uma pergunta, onde de fato está a luz mais clara de Deus, será que está lá na frente, em meio as outras luzes, será que é só mais uma luz? 
      Na visão que tive, me vi na escuridão e a única coisa que havia para iluminar meu caminho era uma lamparina que eu levava na mão com uma pequena chama produzida por um óleo que queimava e exalava um agradável perfume. Muitas vezes achamos que a luz é algo que está lá na frente e que nos dá a direção a seguir, mas na verdade a luz está conosco, como uma lamparina a óleo, que seguramos na mão e usamos para iluminar o caminho. Nessa ótica nossa missão não é atingir um alvo distante, onde enfim seremos nosso melhor, mas é caminhar, é no processo que crescemos, de forma lenta e gradativa, ainda que nele só vejamos um momento de cada vez. O que realmente nos espera à frente sabemos que existe pela fé e não nesse mundo, não por vista, o que vemos são só poucos metros à frente de cada vez, e ainda que vejamos luzes, elas não são nosso objetivo, é a luz que está em nossa mão que nos mostra o caminho.
      Querer ver luzes à frente e tentar achar relevância nelas pode nos deixar encantados, assim podemos ser seduzidos por brilhos fantásticos, mas que não são a luz branca e mais pura, enganados esquecemos a lamparina que temos na mão podendo sair do caminho estreito e melhor é ir para uma vasta região de trevas. De posse de nossa luz pessoal recebida do Altíssimo só vemos o caminho à medida que andamos nele, revelado pela luz que não está fora de nós, mas em nossas mãos, ou melhor, dentro de nós, que por nos mostrar a direção aos poucos faz com que sejamos humildes e pacientes, confiando no Senhor que nos habita, não nos falsos deuses que se mostram nos lugares altos. É certo que quem tem um Sol externo como guia num dia sem fim tem mais facilidade para saber para onde vai, ainda que não tenha no coração as melhores intenções para caminhar ou que seja ocioso e egoísta, caminhar assim é até mais simples.
      Contudo, a jornada para o Deus verdadeiro neste mundo não é assim, estamos em trevas numa longa noite, a única coisa que temos para iluminar nosso caminho é a lâmpada com o Esprito Santo, e ainda que o Espírito Santo seja eterno e ilimitado, a lâmpada é pequena, ela é nosso homem interior. Olhar para fora da luz do Espírito Santo é perigoso, podemos ser tentados a pensar assim, “quer saber, as luzes lá na frente são tão lindas, grandiosas, bem mais interessantes que essa luzinha que levo”. As falsas luzes são coisas diferentes para pessoas diferentes, para algumas podem ser conhecimentos intelectuais e espirituais, que explicam detalhadamente o que é a vida e o que é Deus, podem parecer nos mostrar um jeito de encarar tudo de maneira mais racional, e que exige de nós até menos fé. Mas essas luzes podem ser também os prazeres físicos fáceis, pelos quais não precisamos vigiar, só nos entregarmos a eles, como tantos fazem.
      Luzes multicoloridas externas, sejam espirituais ou materiais, são falsos Sóis, o Sol verdadeiro de Deus só veremos depois de passarmos deste mundo para o outro, aqui só temos a luz que recebemos do Senhor, e que não está lá longe, mas dentro de nós, como uma lâmpada com óleo em nossas mãos. Ela não mostra todo o caminho, mas revela-o aos poucos, só os pacientes, persistentes, fiéis e humildes continuarão seguindo, passo a passo, sem se iludirem com outros brilhos, mas seguindo por onde o Espírito Santo mostra, pela fé que um dia chegarão ao Sol eterno, Deus Altíssimo, no dia eterno da melhor eternidade do Senhor. Não que não possamos aprender algo com as outras luzes, mas nossa referência maior deve ser aquela que levamos em nós e que nos foi entregue, não por homens, anjos ou espíritos, mas diretamente por um Deus fiel, de luz e cheio de amor, que nos trouxe até aqui em vitória e nunca nos abandonará. 

sexta-feira, março 26, 2021

Nada frustra o plano de Deus

      “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.” 
Jo 42.2 versão Revista & Corrigida
      “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
  Jo 42.2 versão Corrigida Fiel
      “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” 
Jo 42.2 versão Revista & Atualizada

      Algumas pessoas parecem viver uma vida correta, até parecem, aos nossos olhos, não cometerem erros, fazem as melhores escolhas nos melhores tempos e dão alegria fácil a muita gente. Essas obedecem os desígnios de Deus? Não necessariamente, obedecer a Deus nos faz crescer, crescemos quando nos confrontamos com coisas que nos desafiam e exigem de nós maiores esforços e dedicações. Alguns, ainda que nos pareçam ser pessoas que cumprem o plano de Deus, não cumprem, são como os ricos da parábola de Jesus (Marcos 12.41-44), do muito que têm dão pouco.
      Outras pessoas parecem ter dificuldades para interagir com a vida real, escolhem mal, perdem tempo e deixam muitos desgostosos. E esses, fazem a vontade de Deus? Por mais incrível que pareça muitos desses podem fazer, pois fizeram tudo o que podiam e um pouco mais, se esforçaram, são como a viúva pobre da parábola, pareceu dar pouco, mas foi seu máximo e de todo o coração. Por isso não devemos julgar ninguém, muito menos pela aparência, Deus julga conforme a boa intenção do coração que se transforma numa ação de qualidade, ainda que curta e menor.
      Isso significa que alguns cumprem o plano de Deus e outros não? Não, nada frustra o plano de Deus, nunca, não se olharmos as coisas sob um ponto de vista mais elevado, ainda que não possamos de fato saber qual é o ponto de vista do Altíssimo. Não são só nossas vidas que estão debaixo da mão do Senhor, o universo não depende só de nós, Deus tem todos os seres humanos, de todos os tempos e lugares, sob sua vontade, de um jeito ou de outro todos e tudo contribuem para o equilíbrio e a harmonia do universo, ainda que não vejamos isso por nossas limitadas vistas.
      Se um não faz, o outro fará, de maneira que tudo o que Deus pensa se realiza, Deus não é homem que pensa e se arrepende, ou que pensa levianamente e não chega a concluir o que planeja. Isso nos leva a duas conclusões, a primeira é que algumas coisas, por mais que insistamos, desejemos, mesmo oremos, não acontecerão, a segunda é que outras coisas, por mais que pareçam demorar ou serem impossíveis de acontecer, acontecerão, Deus administrará o universo e seus intrincados sistemas para que ocorram, e quando é assim ele nos dá paz suficiente para aguardarmos. 
      Eu não seria honesto com o que tenho recebido de Deus, em misericórdia e conhecimento, se não levantasse uma questão: e quanto a tantos que sofrem, aparentemente sem merecer, pobres, crianças, de tantos lugares do mundo, é a vontade de Deus que sofram sem receberem consolo e ajuda para uma vida minimamente digna? Respondo a isso com dois conselhos, o primeiro é: façamos a diferença, ajudemos! Não só dizimando em igrejas, mas ajudando a tantos que sofrem, aos nossos olhos injustamente, e que estão perto de nós, nas ruas, em nossa vizinhança, em casas de caridade. 
      O segundo conselho é: não nos acomodemos com questões como essa, não olhemos só para nós, mas atentemo-nos a tantos problemas sem solução no mundo! Deus é amor e justiça, mas os que avaliarem com mais lucidez e profundidade a realidade, entenderão que muitas respostas que a religião evangélica dá não responde a tudo, pelo menos não prova o amor e a justiça que os próprios evangélicos dizem que Deus tem. Não, não é Deus que está errado, somos nós, que seguimos incoerentes e rasos, sabendo pouco e fazendo muito menos para de fato conduzir o universo a seu melhor. 

quinta-feira, março 25, 2021

Só é aprovado quem passa pela prova

      “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.Tiago 1.2-4

      Negar a existência de um problema, inventar desculpas para não enfrentar oposições, tentar desprezar algo, dizer que não existe, só porque dói, não anulará a barreira, não resolverá uma questão. Há sofrimentos que são improrrogáveis, precisamos passar por eles. Problemas não são problemas, só provas, e se formos aprovados nelas, cresceremos, subiremos de nível. Se a vida são oportunidades de crescimentos, negar provas é negar a vida, é fazer da existência uma inutilidade. Não é fácil, mas estejamos felizes com as provações, elas não tornam melhores, dão razão às nossas vidas, motivos para nos orgulharmos depois. 
      O que é sempre provado não são nossas fraquezas, nossa reputação, nossa resistência ou nossa paciência, mas nossa fé, se conseguimos passar por uma prova do jeito certo, em paz. Temos paz quando sabemos e fazemos a vontade do Senhor, vendo além de nós, além dos outros, vendo o plano de Deus. Nesse plano provas se tornam conquistas, que muitas vezes não temos ciência que existem no momento que estamos passando pela prova. Contudo, se nossa fé tem origem e fim em Deus, perseveramos, achamos forças para esperar para saber porque fomos provados, no final seremos seres humanos mais fortes. 
      Faltar na aula no dia da prova só retarda nossas jornadas, e muitos fazem isso alegando terem coisas mais importantes a fazer. Dessa forma tantos trabalhando como loucos, mais que precisam, não só para para terem vidas materiais dignas, mas workaholics, viciados em atividades, que não acham tempo livre para enfrentarem suas vidas pessoais. Assim, temos pais ou mães de famílias que nunca têm tempo para esposas ou esposos e filhos, temos pastores que não saem de templos, mas que nunca conheceram a real vontade de Deus para suas vidas. Por quê? Porque fogem das provas para se sentirem sempre aprovados. 
      Existem muitas pessoas que nunca perderam uma batalha, mas porque nunca participaram de uma, passaram a vida fugindo delas, e por isso perdem a guerra da vida ainda que exibindo para muitos uma aparência de vitoriosos. As igrejas estão cheias de gente assim, também a classe empresarial, quem não se expõe às provas de Deus tem tempo de sobra para fazer outras coisas. Por isso muitos prósperos e trabalhadores incansáveis serão julgados como ociosos na eternidade, fizeram de tudo, menos o que deviam fazer para terem crescimento moral e espiritual, para cumprirem a missão que Deus lhes deu no mundo.
      Muitos acumularam bens, mas nunca aprenderam a amar, receberam honras, mas nunca exerceram misericórdia, se deram até à morte, mas nunca foram generosos com aquele que estava perto deles, que só precisava de silenciosa paciência para ser ouvido. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, abra nossos olhos espirituais, para que vejamos nosso tempo no plano físico sob as relevâncias corretas. Não fujamos do que pode nos quebrar, é melhor sermos quebrantados hoje e aqui, que sermos humilhados depois, sem que tenhamos oportunidade para nos erguermos do jeito certo, aprovados pelo Altíssimo Deus. 

quarta-feira, março 24, 2021

No que Deus é!

      “Mas eu confiei em ti, Senhor, e disse: Tu és o meu Deus.Salmos 31.14

      Confiamos de fato em Deus, no que ele é e que não muda, ou em suas atuações e palavras imediatas, nos efeitos e não na causa? Se Deus nos der uma palavra e depois se calar e nada mais fizer, e nada fizer aos nossos olhos humanos, porque Deus de fato nunca para de manifestar sua vontade, se isso ocorrer por um bom tempo, ainda assim ficaremos em paz, confiantes que sua palavra se cumprirá no tempo que lhe aprouver?
      Muitos de nós acham que confiam em Deus, mas na verdade confiam no que sentem sobre Deus, e nossos sentimentos só guardam as boas emoções por um curto tempo. Se eles não forem novamente acionados e impressionados, não acharemos paz, tranquilidade, prazer que façam com que nos sintamos bem e seguros, dessa forma muitos de nós confiam nos efeitos humanos e não na causa primeira, divina e espiritual.  
      A verdade é que somos viciados em prazer, e a boa sensação que vem de coisas intelectuais, morais e espirituais, também são prazeres, isso porque somos seres encarnados que interpretam tudo de um jeito físico. Só na eternidade conheceremos como somos conhecidos e teremos uma relação puramente espiritual com o mundo espiritual e principalmente com Deus, que é espirito, seja no seu amor, no “céu”, ou distante dele, no inferno.
      O maior e mais puro prazer só experimentaremos na eternidade, e será espiritual e eterno, já no mundo, pelo Espírito Santo e através de Cristo, temos só uma amostra temporária desse prazer, o qual precisamos renovar o tempo todo. É assim por causa dos mistérios de Deus ao qual aprouve termos essa relação com o prazer para que fôssemos provados, principalmente para buscarmos e dependermos de Deus, e não do prazer por si só. 
      Por isso a fé é tão enfatizada na nova aliança de Cristo, crer sem ver, mesmo sem sentir, contudo, o maravilhoso nessa experiência de fé genuína é que ela não fica nisso. Aquele que for corajoso, forte e fiel para crer, depois verá e sentirá, e de uma maneira incontestável, esse retorno vale a pena esperar pela fé. Contudo, é preciso que entendamos como as coisas de fato funcionam, para confiarmos do jeito certo e na pessoa certa. 
      Quem crê no que Deus é terá uma paz mais duradoura, mais verdadeira, não será presa de qualquer vento de doutrina só para ter uma nova experiência emotiva em nome do que acha ser Deus. Antes, conhecerá o Senhor de maneira profunda, acreditará e permanecerá constante na fé, indiferentemente das emoções, da imprevisibilidade e inconstância de seu coração. Aprendamos a crer do jeito certo e permaneçamos nisso! 

terça-feira, março 23, 2021

Deus está acima

      “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.Salmos 91.1

      Deixe que o homem fale, pense ou ache, o que Deus fala, pensa e acha de você está acima disso tudo. Se nos colocarmos acima, o homem não pode nos incomodar, pois estamos protegidos na paz de Deus. Só em paz conseguimos seguir em frente, senão seremos paralisados pelo desconforto de não sabermos administrar a maldade do homem e daremos a esse uma relevância que ele não tem.
      O homem te condena pelo teu passado? Deus te perdoou e seu perdão é mais poderoso que qualquer condenação humana. Se o homem alia a você coisas que você não é, te caluniando e desconfiando de tua sinceridade do bem, Deus conhece teu coração e sabe da pureza e da verdade que existem nele. Se Deus te ama e te protege, então, que importa o que diz aquele que só vê nos outros o mal que existe nele?
      Se o homem acha que você não faz o suficiente e não é merecedor de seu respeito, porque pensa que você é inferior de alguma maneira, saiba que Deus te olha de um jeito especial, como olha todos, e tem para tua vida um plano exclusivo. Dessa forma sinta-se feliz por ser quem é e fazer o que faz, Deus te usa e te recompensa pelo que você faz nele e para ele, não pelo que o homem é, faz ou pensa. 
      Uma mente em paz é escudo contra toda espécie de mentira, assim não permita que o malicioso amarre tua mente a pensamentos de acusação, inferioridade e insegurança, não se você já entregou tua vida nas mãos de Deus, se acertou com ele e está seguindo em frente tentando fazer e ser o melhor que você consegue. Seja forte e fiel porque o Deus forte e fiel é contigo e se agrada de você. 
      Pela fé proteja-se no lugar espiritual mais alto, firme-se em Deus, foque-se em Deus, olhe para Deus, ore e louve a Deus em todo o tempo, renove tua mente e mantenha-a limpa. Isso te colocará no esconderijo do Altíssimo e nele você pode descansar à sombra do onipotente, onde só existem coisas boas, virtudes da luz e certeza de um futuro no melhor do Senhor. Diga não a toda espécie de acusação! 

segunda-feira, março 22, 2021

Goste de você e achará quem te ame

      “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.I João 1.7

      Algumas pessoas estão infelizes pois não conseguem achar amigos e, quiçá, futuros companheiros, assim sentem-se solitárias, mal compreendidas pelo seu meio, peixes fora d’água mesmo em grupos sociais decentes. Bem, podem até ser decentes, mas não os adequados para elas, ainda que adequados para outras pessoas. É preciso coragem para se conhecer e se assumir, mas é preciso mais coragem para deixar zonas de confortos, muitas vezes obrigadas a nós por familiares, para, então, participar de empreendimentos que de fato tenham a ver com aquilo que somos. 
      Sair do armário (seja qual for esse “armário”) é preciso para fazer a si mesmo feliz, por amor próprio e respeitando os outros, e isso é preciso que fique claro, ser feliz prejudicando outros, principalmente inocentes, não é uma opção que vem de Deus, mas só do egoísmo, Deus é equilíbrio e nunca abençoa um em detrimento de prejudicar outros. Um segredo de felicidade é descobrir a felicidade correta que o Senhor tem especificamente para cada um de nós, para aqueles que não são hipócritas, amam a coerência e temem a Deus a felicidade, ainda que demore, é revelada. 
      Muitos são médicos infelizes quando poderiam ser confeiteiros realizados, convivendo com outros confeiteiros que poderiam ser amigos e futuros cônjuges melhores, que são os médicos com que convivem, isso é só um exemplo (e nada contra médicos). Existem exceções, mas se gostar das coisas certas e as fizer no lugar certo, achará as pessoas certas para gostar, mais parecidas com você, seja para serem seus amigos ou para relações afetivas mais próximas, eis o segredo de amizades e casamentos felizes e duradouros, para isso é preciso se conhecer e assumir isso sem medo.

domingo, março 21, 2021

Copo meio vazio ou meio cheio?

      “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.Mateus 11.29

      Para aqueles que aguardam transplante de coração uma nova tecnologia permite um coração artificial, ele funciona assim: parte do dispositivo é instalado dentro do corpo, ligado diretamente ao coração, mas a parte maior, ligada à interna, é externa, levada em uma bolsa. Esse aparelho portátil ajuda o coração original a funcionar, bombando o sangue, com ele a pessoa tem limites, não pode, por exemplo, entrar numa piscina, além disso tem que tomar remédios diários, que ajudam na coagulação do sangue etc. 
      Levar uma bolsa para todo lugar transportando esse equipamento parece um estorvo? Mas não é, não para quem teria que ficar preso em um hospital, aguardando o transplante, ou estaria sujeito a falecer a qualquer momento. A lição disso é que quando um problema é muito grande, trocá-lo por outro um pouco menor, que o resolve, é solução, não problema. Muitas vezes Deus precisa permitir um tipo de situação semelhante em nossas vidas, para pararmos de reclamar, termos fé e sermos mais mansos e humildes. 
      Felicidade é conceito relativo, o que dela basta para alguns, para outros é pouco, ela diminui à medida que aumentamos o tamanho de nossos problemas, quem exagera na importância que dá a problemas, terá mais dificuldade para ser feliz. A pergunta é: o que precisamos para ser felizes? Podemos ser felizes com menos e assim não acharmos que é problema não termos mais. Você só é feliz se tem o celular mais caro? Pois saiba que muitos podem fazer compras de mercado por um ano com o preço de certos smartphones.
      O homem atual coloca um preço muito alto em sua felicidade, e não me refiro aos que podem pagar, me refiro à maioria que não é humilde para ser feliz com o que pode ter, essa dificilmente é feliz pois acha que a vida é um problema sem solução à medida que sempre está se comparando aos que têm mais bens que ela. Mas ninguém pode preencher coração vazio com valores materiais, e os que acham paz nas virtudes morais e espirituais, entenderão que muitos problemas materiais não devem ser levados tão a sério.
      Ser feliz é ser livre e ser livre não é querer ter, mas é não ter necessidade de possuir, livre vemos o copo meio cheio, não meio vazio, temos temor a Deus para aceitar que as coisas poderiam ser piores e por isso devemos ser gratos pelo que temos. Jesus não nos promete uma vida sem jugo, mas não dá a oportunidade de carregar o jugo que ele nos dá, esse jugo é leve porque Jesus já levou a parte pesada na cruz, e porque ele nos capacita a resolver o que pode ser solucionado e a aceitar com mansidão o que não pode.

sábado, março 20, 2021

Com todo o coração!

      “Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.Salmos 86.12

      “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.Jeremias 29.13

      “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homensColossenses 3.23

      Existem formas diferentes de se mapear a subjetividade humana, aquelas áreas que vão além do corpo físico, geralmente uso os termos corpo, alma e espírito, corpo para me referir à parte material, espírito à parte espiritual que nos diferencia dos animais e que permite que tenhamos comunhão com Deus, e alma, me referindo à parte emocional e intelectual. A parte intelectual são os pensamentos e raciocínios que exercemos pela nossa mente, essa parte é mais fria, digamos assim, já a parte emocional são os nossos sentimentos, não tão definidos como os pensamentos, mas que nos dão o discernimento passional da existência, percepções e sensações mais quentes, como o prazer, a dor, a saudade, a esperança, e mesmo o tédio e o êxtase. 
      Somos seres complexos, e como sempre dizemos aqui, o ideal é que tenhamos experiências que nos equilibrem por inteiros, raciocinar é importante, pensarmos antes de agir, mas sentir nos faz perceber vivos. Só pensar, na prática não muda-nos como seres, assim como só sentir pode levar-nos a praticar coisas insensatas, o ideal é pensar e sentir, usar a mente e o coração (que usamos para definir nosso centro emocional), a emoção dá legitimidade ao pensamento, realiza-o no primeiro lugar que nos é possível, dentro de nós mesmos. Mas se pensamos certos, sentimos com convicção e agradamos a Deus com isso, temos uma experiência que vai além de nós, passa pelo nosso espírito toca a Deus que reflete sua vontade nas realidades.  
      Muitas vezes gastamos tempo e energia tentando entender o que e como devemos orar, depois tentamos achar em nossos sentimentos legitimidade para o nosso clamor, contudo, ainda assim, nossa oração parece não subir além do teto, parece que Deus não ouve. O problema pode estar em nós quando tentamos buscar a Deus com uma solução pronta, e mesmo inconscientemente, tentando sugerir essa solução a Deus. Quem chega pronto não pode receber nada de Deus, quem não admite estar doente, não pode ser tratado pelo médico, quem não se desconstrói e entrega os fragmentos ao oleiro, não pode ser reconstruído por aquele que fez o barro, conhece todos os seus elementos e sabe o melhor jeito de moldá-lo, para então usá-lo do melhor jeito. 
      Diz-se que chorar faz bem, permite desabafo que depois, ainda que não resolva nada na prática, nos dá paz, mas saiba que muitas vezes chorar não adianta de nada, pode até piorar nosso emocional. A chave está na interação, de mente, corpo e espírito ligado com Deus, quando o que nos leva a pensar é uma comunhão íntima com Deus, nosso espírito toca o Altíssimo e esse reflete em nosso coração uma emoção diferente, daquela que é só física. É sobre isso que os versículos iniciais falam, quando louvamos, buscamos e fazemos com todo o coração, coração que é mais que centro emocional físico, é todo o nosso ser em interação com o Espírito de Deus, existe uma emoção, mas é diferente, não é efeito do corpo, mas de uma experiência em Deus. 
      Somos seres complicados, às vezes até inconscientemente queremos provocar emoção para convencer a nós, aos outros e até a Deus, que nossa dor e nosso clamor são legítimos, se for só por isso poderemos nos emocionar e continuarmos sem paz. Buscar solução de Deus em oração pode ser um processo que demore um tempo, necessário para pararmos de tentar resolver as coisas do nosso jeito e nos calarmos, pararmos de buscar algo dentro de nós e começarmos a achar algo em Deus. Deus precisa do nosso silêncio para falar e é esse silêncio, com todo o coração, que estabelece um contato com o Deus que está muito acima do teto de um local físico, quando isso acontece Deus responde e somos tocados emocionalmente de forma diferenciada.
      Somente uma experiência de oração assim pode nos alimentar, quem não a busca, perseverantemente até achá-la, poderá fazer longos períodos de clamor, mas num momento se cansará e se afastará de Deus, achando que fez a sua parte e Deus não fez a dele. Mas essa experiência só tem o humilde, que se quebranta diante de Deus com todo o coração, eis o trabalho mais nobre que o ser humano pode fazer, que o coloca intimamente ligado a Deus, que faz com que o homem entenda sua chamada maior. Muitos trabalham muito, se esforçam tanto, mas nunca têm aquilo que os satisfaça, nunca acham tranquilidade de alma, porque ainda que coloquem Deus na equação o põem só como um figurante do teatro que encenam, não como o protagonista. 
      Creiam, essa experiência é muito mais que sentimento do coração, é o poder espiritual de Deus retornando a nós e colocando em prática sua vontade, é essa manifestação espiritual que liberta de opressão, que cura corpo e mente, que interfere mesmo na alma de outras pessoas liberando um benefício que necessitamos. Ainda que Deus respeite sempre o livre arbítrio humano, a oração feita com todo o coração autoriza guerras espirituais a nosso favor, ordena anjos e expulsa demônios, tudo sempre feito com humildade do homem e sob autorização de Deus, não por força nem por autoridade humanas. Quem faz essa oração sabe o momento exato quando a força saiu de Deus e fez o que lhe aprouve, o resultado é uma paz única e perene. 

José Osório de Souza, 21/02/21

sexta-feira, março 19, 2021

Poder da oração

      “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.Tiago 5.16b

      O senso comum resume a vida cristã em crer, orar e agradecer, por isso fé, oração e louvor são conceitos tão promovidos nas igrejas. Fé é intenção, convicção sentida e mente que visualiza o que ainda não existe, louvor pode ser reduzido a uma experiência física e emocional, palavras, gestos e dança, por isso é tão vendido e suporta tantos ministérios. Oração, contudo, é mais abrangente, da reza católica que só repete textos decorados e assemelha-se a evocações mágicas, ao quente clamor pentecostal quase irracional ainda que espiritualizado, passando por longos monólogos protestantes recheados de teologia e tendendo à frieza, cada ser humano acha um jeito de falar com o divino. 
      Que tipo de prece Deus ouve? Todos os tipos, Deus sempre procura a intenção, é ela que produz a fé que o encontra, ela é o conteúdo, ainda que no formato de reza, clamor, oração etc. Contudo, podemos crescer, podemos amadurecer e aprendermos o jeito mais eficiente e inteligente de orar, que além de achar o Senhor nos cura emocionalmente, nos ilumina mentalmente e nos eleva moralmente. Uma oração espiritual é aquela que nos equilibra por inteiros e prova uma comunhão com Deus sem véus. Evoluir espiritualmente, contudo, é escolha, nem todos querem, nem todos acham que é necessário, para muitos basta uma religião protocolar que lhes alivie de culpas e medos. 
      Temos a tendência de procurar fórmulas, listas de passo a passo para fazer as coisas, que nos livram de esforços só lendo os itens e seguindo, quase maquinalmente, saiba que evolução espiritual não se adquire com fórmulas. Veja que se existe uma fórmula é porque em algum momento ela funcionou para alguém, que então anotou-a no papel ou no computador e na melhor das intenções compartilhou com outras pessoas. Os pregadores fazem isso, este que você escreve, também na melhor das intenções, tenta fazer isso nos textos postados aqui. Mas entenda algo, a melhor fórmula é aquela que você recebeu em primeira mão de Deus, e creia, ela funciona só para você, e mais, só uma vez. 
      A oração do pai nosso (Mateus 6.9-13) é uma fórmula? Pode ser usada como tal, e muitos dizem que com mais propriedade, visto ter sido entregue pelo próprio Cristo, contudo, Jesus a ensinou como sendo uma relação de princípios, não como palavras mágicas com um poder especial. A capacidade de ligar o homem a Deus está nos conceitos que ela contém, nos quais os homens devem refletir, aprofundarem-se para então produzirem intercessões pessoais, não simplesmente repetirem só porque está no evangelho. Aquele que pretende amadurecer em Deus, ir além da infância espiritual, deve se libertar de fórmulas, de todas elas, e deixar-se guiar pelo vivo e único Santo Espírito de Deus.
      Cada experiência espiritual com Deus é diferente, cada vez que buscamos o Senhor temos que achar algo novo, isso dá trabalho, isso nos faz pensar, sentir, crer, descansar, calar e então ouvir. Muitos até começam bem, mas num determinado momento de suas vidas se cansam de buscar, muitos não medem esforços para trabalhos físicos e mesmo intelectuais, aqueles que outros homens podem ver, mas para a obra espiritual de conhecer a Deus se enfadam facilmente. Por isso tantos se afastam do Senhor, deixam de provar sua cura e seu consolo e passam a usar fórmulas, e algumas são sofisticadas, para satisfazerem a vaidade do orgulhoso que não se quebranta diante de Deus. 
      A oração de poder é aquela que liga a mais pura intenção do nosso homem interior à vontade mais alta de Deus, quando conseguimos fazê-la sentimos algo diferente dentro de nós, aqueles que já entraram madrugada adentro com algo que achavam de impossível solução e então acharam de Deus resposta sabem do que falo. Quanto mais andamos com Deus mais fácil fica achá-lo? Não, não posso iludi-lo com outra resposta, na verdade fica mais difícil, sabe por quê? Porque o Esprito Santo nos atrai sempre para mais alto, crescimento espiritual não tem fim e o descanso só existe instantes depois que um novo nível é alcançado, Deus conhece os limites do templo do Espírito, nosso corpo. 
      Entretanto, assim que um tempo passar, se tornarmos a buscar o Senhor seremos atraídos para uma posição mais alta, exigindo de nós mais fé, santidade e humildade. Mas calma, não se desespere, esse crescimento tem benefícios, autoridade sobre o mal, capacidade para interceder pelos outros, um amor que nos compunge e que nos revela nossa principal missão no universo, porque na verdade o único motivo pelo qual Deus nos eleva é para que sejamos servos melhores. Quanto mais crescemos espiritualmente mais pequenos nos achamos, se alguém teve uma experiência espiritual e se sentiu mais poderoso para defender seus direitos, é porque essa experiência não foi com o Espírito de Deus.  

quinta-feira, março 18, 2021

Leia o manual com cuidado

      “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.Oseias 4.6

      Para conviver com você é preciso ler seu manual de operação? Como é esse manual, curto, longo, simples, complexo, acessível, difícil de achar? Ler o “manual de operação” de alguém é conhecer alguém, infelizmente muitos das últimas gerações não têm muita paciência para ler, muito menos manual de operação de equipamentos e muito menos para conhecer profundamente alguém. Assim, “compram” produtos porque estão na moda, porque têm características que os outros dizem que são legais, que os farão descolados para os outros, sem saberem direito o que estão adquirindo. 
      Muitos começam a se envolver afetivamente com pessoas porque essas têm quesitos que outras pessoas, que a internet, dizem que são relevantes, como aparência externa, status, bens, mas na verdade não conhecem o íntimo dessas pessoas. É quando a relação evolui, quando passa-se a dividir colchões, tetos e contas, que se descobre que um corpo bonito, um sorriso inicial cheio de charme e mesmo posse de boas roupas e de um bom carro, que permitiram usufruir boas noitadas em finais de semana, escondiam pessoas complicadas, carentes, ciumentas, possessivas, mesmo violentas. 
      A mídia, que tanto quer se colocar atualmente no papel de sacerdotes de regras morais e de liberdade, que tanto promove busca de prazer sem limites, é quem mais incentiva e ilude as pessoas, vende facilidades para depois cobrar vitimizações. Não vemos a mesma mídia, que defende direitos das pessoas se divertirem, ensinar que se estiverem no lugar errado, com as pessoas erradas, fazendo coisas erradas, colherão frutos errados. A verdade é que temos que ter menos pressa para saciar desejos físicos e mais cuidado com os “manuais de operação”, conhecer antes de nos entregarmos. 

quarta-feira, março 17, 2021

Mil anos em um?

      “Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.I João 3.20

      Muitas vezes, por menor que seja o tempo que perdemos com o pecado, por menos que esse tempo represente num dia de nossas vidas, a culpa que sentimos depois de pecar parece durar um longo tempo, isso dentro de nós, em nossas mentes e em nossos sentimentos. Cincos minutos de prazer errado podem custar caro, deixar consequências terríveis que nos acompanharão por anos. Isso é ruim, mas isso é bom, como assim? Só sente culpa quem tem sentimentos, a dor por certos erros não é proporcional à opinião de certo e errado que o mundo tem desses erros, mas é algo individual, relativo em cada um de nós. 
      Por que é dessa forma? Cada um de nós tem um universo dentro de si, de regras, leis, sins e nãos, de moral e de espiritual, dos homens e de Deus, assim a percepção de culpa varia de pessoa para pessoa, não somos seres simples, ainda que muitos de nós pareçam ser. Alguns são frios e precisam adquirir mais sensibilidade, entender que seus erros têm consequências, que magoam os outros, os deixam sujos e os distanciam de Deus. Outros, entretanto, são sensíveis demais, precisam ser libertados não só de pecados em si, mas de culpas exageradas, pois se sentem acusados de forma desproporcional e o tempo todo. 
      Alguns, principalmente artistas e celebridades, gostam de usar o ditado, “prefiro viver mil anos em um que um ano em mil”, pois saibam esses que mil anos em um podem produzir dez mil anos de inferno, muitos que gritaram esse ditado morreram antes do tempo e sabe-se lá que qualidade de eternidade estão experimentando. Todos nós temos direito a uma vida feliz neste mundo, mas não temos só corpos, temos também inteligências e espíritos, para fazerem escolhas boas e mais amplas, não só de prazeres físicos, como também de equilíbrio intelectual e moral, que nos proporcionarão mais e melhores anos de vida. 

terça-feira, março 16, 2021

Passe mas não fique

      “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.Salmos 23.4

      Só aceitarmos o problema não basta, temos que superá-lo e crescer, passarmos pelo vale da sombra da morte até podemos, o que não podemos é permanecer nele, ainda que com resignação. Há tempo de morte e há tempo de luto, mas também há tempo de se refazer e seguir vivendo com amor à vida, os sinceros e realistas até aceitam os problemas, assumem seus vales da sombra da morte, mas só os humildes e crédulos acharão as melhores soluções para as muitas vezes trágicas circunstâncias que a existência neste mundo nos impõe, saindo delas melhores que quando entraram. 
      A maior prova que passamos nesse mundo não é para nos levar a conhecer e assumir as consequências de nossas escolhas morais e espirituais erradas, mas para que cresçamos com esses efeitos, em primeiro lugar anulando-os com obras de misericórdia e luz e depois construindo novas causas, que gerarão futuros no centro da melhor vontade de Deus. Temos saído dos vales ou os temos alugado, tornando-nos inquilinos de muitos problemas, aos quais pagamos fielmente aluguéis, sem que nunca saíamos deles e adquiramos terras nossas onde possamos ter vidas renovadas e livres? 
      Sim, a vara e o cajado do Senhor nos consolam enquanto passamos pelos problemas, nos dão esperança e paz para vivermos esses momentos sem desfalecermos, mas não podemos simplesmente nos acostumar com os problemas, mantermos problemas “de estimação”, mesmo achar neles identidade e desculpa para sermos algo, isso é doentio, não é a melhor vontade de Deus para as nossas vidas. Ânimo, queridos, fé e perseverança, ainda que devagar, dia a dia, respeitando nossos limites, vençamos o luto, sigamos em frente e atravessemos o vale, Deus tem algo melhor para nós depois. 

segunda-feira, março 15, 2021

Nos ocupemos com Deus

      “Faze-me saber os teus caminhos, Senhor, ensina-me as tuas veredas.” “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem, e ele lhes mostrará a sua aliança.” Salmos 25.4, 14
      
      Às vezes, nos importamos demais com o desprezo com que algumas pessoas nos tratam, passando por cima de nós como se nada fôssemos, faltando-nos com respeito, maldizendo-nos sem que ao menos se deem ao trabalho de nos conhecerem de fato. A displicência magoa mais que o ódio, porque o ódio é honesto, declarado, enquanto que a displicência é dissimulada, covarde, porque não tem coragem de ser assumida, por isso não nos dando oportunidade de defesa, de reação. Contudo, o pior desprezo é o que recebemos de familiares próximos, se não há amigo melhor que um irmão verdadeiro, seja ou não de sangue, não há inimigo pior que um irmão de sangue que não nos respeita, infelizmente essa é a verdade.
      Devemos deixar mágoas para lá, perdoar no nome de Jesus, contudo, o melhor jeito de esquecê-las de vez é nos ocuparmos com o que realmente importa. Para que nos incomodarmos com querer saber o que alguns não querem nos dizer, em querer receber o que alguns não podem nos dar? Para que sofrer com isso? Deus, criador, Senhor, salvador e mestre, tem muitas e maravilhosas coisas para nos falar, coisas excelsas que enchem nosso espírito de prazer, faz nosso coração transbordar de paz e nossa mente de luz. Quem ouve a Deus é alimentado pelo rio de águas vivas do Santo Espírito, quem está cheio do Senhor não tem espaço para retenção de rancor e frustração, não tem tempo para se incomodar com falsos irmãos. 

domingo, março 14, 2021

A meditação do meu coração (2/2)

      “Dá ouvidos às minhas palavras, ó Senhor, atende à minha meditação.Salmos 5.1

      Como é a meditação do teu coração diante de Deus? Isso depois de ter orado sobre o que considera básico em tua vida, de ter colocado pecados e perdões em dia, de ter entregue tua vida e as de teus próximos nas mãos de Deus, de ter falado com o Senhor sobre dinheiro, vida material, e como gastamos tempo com Deus com preocupações financeiras, afinal somos humanos. Depois de tudo isso, o que você fala com o Senhor em seus momentos mais íntimos com ele? Principalmente você, que já caminha há um tempo com Deus, tua meditação evoluiu ou continua semelhante àquela de seu início de vida cristã?
      Muitos dirão, “mas depois de tudo isso citado, não tenho mais nada a dizer a Deus”. Pois é, muitos não têm mais nada a dizer para Deus sobre tantos assuntos, mas falam sobre isso com os homens mantendo dúvidas em suas mentes, isso faz com que vivam em trevas nas quais não precisariam viver. Mas isso também é o motivo, principalmente no mundo atual da internet, de tantos acreditarem e divulgarem fake news e teorias de conspiração, já que no fundo acham que muitas coisas não são assuntos para levarem a Deus. Na verdade muitos nem sabem que podem ter certo nível de intimidade com o Senhor. 
      Intimidade só temos com amigos próximos, e depois de criador, salvador e Senhor, Deus pode ser nosso amigo, o mais próximo de todos, se alguém não sabe disso, digo com muito amor, saiba. Jesus se mostrava assim quando homem, em muitas passagens vemos não um Deus distante, mas um amigo próximo. Jesus continua assim como Deus no céu, e muito mais pois agora é o Espírito Santo dentro de nós. Muitos de vocês ficariam assustados com as questões e as meditações que eu levo a Deus, e faço isso porque para mim são dúvidas que sei que o Senhor pode e quer me responder, e ele tem respondido. 
      Leva um tempo para termos intimidade com as pessoas, com Deus é igual, mas quando a conquistamos pouca coisa basta para que entendamos o que Deus quer nos falar. Deus nos fala de diversas maneiras, seja diretamente em nosso coração, pela Bíblia, através de outras pessoas, de fatos, pela TV, às vezes de maneira que para muitos é impossível ou improvável. Mas não é assim com um amigo próximo? Basta um olhar para entendermos o que a pessoa tem em mente? Deus quer interagir conosco de maneira profunda, quer nos ensinar, nos esclarecer, isso nos faz amá-lo mais e a quem amamos não queremos desagradar.
      Muitos pecam e permanecem presos ao pecado simplesmente por não conhecerem melhor o Deus que invocam, vivem como mendigos intelectuais, morais e espirituais, enquanto são filhos daquele que tem todas as riquezas para dar ao que se aproxima dele, o conhece, o obedece e o segue em íntima comunhão. Você já se questionou, por exemplo, se existem OVNIs (“discos voadores”) ou vida inteligente fora da Terra? Eis um tipo de pergunta que podemos fazer a Deus e que ele responderá se estivermos preparados para a resposta, eu já fiz esse tipo de questionamento ao meu amigo Espírito Santo e obtive resposta.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 30/11/2020

sábado, março 13, 2021

A meditação do meu coração (1/2)

      “Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhorie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!Salmos 19.12-14

      Mais um daqueles textos maravilhosos que só a Bíblia contém, três versículos do salmo dezenove. Ele não fala do desejo do ser humano de ser religioso, nem de ser uma pessoa do bem, é mais que isso, ele expressa a intenção de agradar ao Senhor do fundo do coração, sem superficialidades, sem falsidade. Se o cristão aprende no início de sua caminhada, inclinado pelo Espírito de Deus que nele passa a habitar, a entender a relevância do pecado e a importância desse ser assumido e perdoado, o texto inicial vai além, “quem pode entender os seus erros? expurga-me tu dos que me são ocultos”. 
      Será que sabemos de verdade o quanto somos injustos, egoístas, orgulhosos, vaidosos? Não, não sabemos, e no fundo resistimos em assumir pecados, no fundo sempre achamos uma desculpa para nosso erro, ou um explicação para que ele não seja pecado, não nosso, isso tudo enquanto jogamos a culpa nos outros. Todavia, aquele que de fato quer obedecer a Deus tem um desejo profundo, que o leva a ter consciência de que está sempre em dívida com a perfeição, por isso clama por misericórdia e pede ao Senhor que perdoe, mesmo aquele pecado que ele talvez não saiba que fez e que faz. 
      “Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhorie de mim, então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão”, essa é a oração do que de fato busca o caminho da humildade, ele sabe que é humano, que não é melhor que ninguém, que também é arrogante e está longe de ser humilde, por isso ele clama ao Senhor. Só humilde, sem olhar altivo, sem se achar mais digno ou com mais direitos, é que se é sincero do bem e se está de fato limpo de todo o pecado. O caminho da clareza espiritual é trabalhoso e doloroso, os que não querem desconfortos e verdades fogem dele.
      Todavia, só o limpo de coração fará a meditação certa, que agrada a Deus, dirá as palavras corretas, pois são a intenção não do ego humano, mas do Deus altíssimo, que as revela aos que o buscam. Essa meditação Deus ouve pois foi ele mesmo quem a revelou ao homem, quanta liberdade, quanta intimidade temos com o Deus único e verdadeiro, todo poderoso Senhor e criador, quando buscamos uma comunhão com santidade e em humildade. Quantas perguntas podemos fazer a ele, e quantos mistérios nos podem ser explicados, se tantos que invocam o nome de Deus praticassem de fato isso. 
      Santidade e humildade nos permitem ter intimidade com o Senhor, o amigo íntimo pode passar mais tempo com Deus, livre das ansiedades do dia a dia, leve e próximo para ter um diálogo mais aberto com o Altíssimo. Muitos pedem coisas a Deus, outros agradecem a ele pelo que recebem, tantos oram sobre assuntos mais variados, mas somente o amigo íntimo meditará na presença de Deus, abrindo coração e mente, conhecendo os mistérios e conquistando uma comunhão que o fará amar mais ao Senhor, e consequentemente ter mais forças para obedecê-lo, ser feliz e fazer os outros felizes.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de amanhã a 2ª parte.
José Osório de Souza, 30/11/2020

sexta-feira, março 12, 2021

Lucidez para achar coerência

      “Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de DeusColossenses 1.10

      Andar com o Deus verdadeiro é andar na luz e andar na luz é andar com lucidez, procurando e achando coerência entre crença e prática, se isso não ocorrer cairemos no vício de sermos meros religiosos. Há quanto tempo você é cristão? Há quanto tempo frequenta uma igreja evangélica? Você tem experimentado mudanças em tua vida? Tem se transformado num ser humano melhor, como cidadão, como profissional, como esposo, como pai, como filho, como irmão, como homem ou como mulher? Ou até mudou no início, se adaptou à doutrina básica cristã, mas ainda guarda no coração questões não solucionadas, e estão assim, não por não terem solução, mas porque você simplesmente tem tentado não pensar muito nelas? 
      O tema desta reflexão foi bastante pensado na série “Reavaliemos nossas crenças”, mas vai aqui outro apelo, de alguém que caminha com Deus desde que adquiriu consciência das relevâncias espiritualidade e pecado, isso já tem uns cinquenta anos. Meu caminho não foi fácil, vencer vícios, fraquezas e feridas afetivas demorou e custou um preço caro, mas por algum motivo Deus viu boa sinceridade no meu coração, juntou isso a uma misericórdia sua sem limites, e me fez chegar a um momento atual de vitória e felicidade em todas as áreas de minha vida. Nesse caminho muitos até hoje não me perdoaram e ainda me veem como fui, não como sou, mas o que importa é que achei paz em Deus, cura verdadeira e profunda.
      Mas preciso ser honesto, meu processo de transformação ocorreu porque provei o evangelho genuíno de Jesus, foi uma experiência direta e pessoal com o Senhor, nas mudanças mais importantes igrejas e cristãos pouco se envolveram. Fui bênção nas igrejas pelas quais passei, mas quando estava bem, quando não estava foi só o Senhor que me entendeu e meu ajudou. Não digo isso com mágoa no coração, acreditem, hoje sei que a maioria das pessoas que fazia e faz parte das igrejas em que participei também precisava de ajuda, e algumas mais do que eu. A diferença entre muitas delas e eu é que se acomodaram, aceitaram suas condições de não resolvidas e se transformaram só em religiosos, até bons religiosos, mas apenas isso.
      É preciso lucidez para procurarmos coerência entre o que cremos e o que praticamos, e se não acharmos entendermos que algo está errado, em nós ou naquilo que aprendemos nas igrejas. Deus nunca está errado, o que pode estar errado é o que achamos ser Deus e não é, não podemos desistir, Deus não desiste de nós, o que começou em nossas vidas terminará, desde que permitamos que ele trabalhe. Permitimos obedecendo sua voz, que muitas vezes não está naquilo que homens em igrejas nos dizem, mas repito, não fique magoado com homens em igrejas, cada um dará satisfação pelo que recebeu de Deus e pelo que fez com isso para abençoar a si e aos outros, importa entendermos que Deus usa igrejas, mas igrejas não são Deus. 

quinta-feira, março 11, 2021

Paciência no evangelismo

      “Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.” II Tessalonicenses 3.5

      Quem que acertar, sempre acha o Deus verdadeiro, ainda que comece em religiões com outros fins, ou que entenda errado o que é o evangelho, no tempo certo encontrará e entenderá o caminho que conduz diretamente ao altíssimo. Precisamos entender que apesar da maioria das religiões entregarem óticas de espiritualidade e de ensinarem o bem de alguma maneira, nem todas visam o Deus altíssimo de forma objetiva, e isso é a verdade que o cristianismo genuíno e original ensina e que muitas pessoas, de outras religiões, não aceitam. Muita gente não conhece de fato suas crenças, e se conhecem não assumem. 
      Algumas religiões ensinam contato com o mundo espiritual através de entidades, de anjos, de poderes da natureza, outras através de espíritos de homens desencarnados, a religião cristã mais poderosa do mundo ensina que seres humanos mortos, autenticados por ela como “santos”, podem desempenhar papéis de mediadores. De maneira alguma quero contestar a sinceridade das pessoas, não desejo isso e muito menos posso, Deus conhece a todos e ouve muitos, se há verdade na busca, quem quer a Deus sempre o achará, ainda que comece em caminhos indiretos, mais longos, e que no final não conduzam a Deus. 
      Espiritualidade verdadeira é gradativa e quem a trilha não conseguirá ficar numa única religião por toda a vida, desejará saber e praticar mais à medida que é confrontado pela luz. Sim, o mais importante é saber que o caminho reto, direto e suficiente para Deus é Jesus, quem entende isso não será enganado, nem perderá tempo. Contudo, mesmo os que não querem acertar, que não querem abrir mão de vaidades, de prazeres egoístas, de culpas, buscam religiões, inclusive o cristianismo, por quê? Porque todos precisam de Deus, têm esse desejo latente em suas almas, ainda que não queiram pagar o preço para conhecê-lo.
      O que busca religião, mas no fundo não quer mudar de vida, procurará nas religiões não por Deus, mas por desculpas para continuar como está. Esse não assumirá pecados, não se humilhará diante do Senhor, esse, ainda que nas religiões cristãs, se distanciará mais e mais do Altíssimo. Mas o pior é que esse é presa fácil para espíritos rebeldes, inimigos de Deus, esse piorará mesmo praticando com esforço boas religiões. Por quê? Porque não quer acertar sua vida e não quer fazer isso através do Deus verdadeiro. Ser religioso não significa ser espiritual, não a espiritualidade mais alta da luz, da verdade e do amor de Deus. 
      Cristãos, tenham paciência no evangelismo, não saiam por aí atacando religiões, destruindo o desejo sincero de alguém de conhecer a verdade, antes amemos as pessoas, respeitando-as. Se Deus usa toda uma vida para mudar as pessoas, para ensiná-las, quem somos nós para querer mudá-las num instante? Sim, alguns podem ser transformados num instante, mas funciona dessa maneira se a pessoa já estiver pronta por Deus para isso. É preciso discernimento espiritual para saber como abordar cada um, afinal não estamos fazendo um trabalho nosso, mas de Deus, se é queremos conduzir almas ao Senhor, não só à igreja.

quarta-feira, março 10, 2021

O amor de Deus

      “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.Judas 1.20-21

      Deus é amor e a maior prova disso é que todos os seres são atraídos para a posição espiritual mais alta, de luz, de paz, de bem, de santidade, por esse amor. Inferno é opor-se a essa atração, é negar esse amor, é preferir estar longe de Deus. Longe de Deus existem trevas, trevas é a posição espiritual onde não se está protegido pelo amor de Deus, mas entregue às vontades de seres espirituais rebeldes que querem ser deuses e não obedecem a Deus, ainda que nada façam sem sua autorização.
      Deus é sempre amor, assim aqueles que sofrem sozinhos sofrem porque se afastam de Deus, por escolha própria, não porque o amor de Deus  por eles tenha deixado de existir. Já os que sofrem em Deus sofrem para serem seres melhores, sofrem suportados por Deus, e sofrem com justiça. O amor de Deus é justo, assim se manifesta aos que amam a justiça e se distancia dos que vivem de maneira irresponsável, aqueles que amam a si mesmos e buscando só prazeres físicos e egoístas. 
      Jesus é a revelação do puro, pleno e poderoso amor de Deus, nada mais e nenhum outro ser, que viveu, vive ou viverá no plano físico, ou que se encontra nas regiões espirituais celestes, atinge a excelência e a posição de Cristo. Só temos acesso ao amor de Deus por Jesus pois só por Jesus recebemos o Espírito Santo que nos permite orar ao Altíssimo e receber dele toda espécie de bênção, seja material ou espiritual, neste mundo ou no outro. Jesus é Deus e Deus é todo amor. 
      Se somos um com o pai de amor somos amor, assim tudo o que fazemos, falamos, sentimos ou desejamos precisa ser pelo e no puro, pleno e poderoso amor de Deus, quem não ama não está em Deus. Pecar é se colocar fora do amor de Deus, quem ama não quebra alianças, sejam afetivas ou materiais. Quem ama não adultera, não rouba, não mata, não odeia, não mente, não inveja, não tem ciúmes, não busca seus interesses, mas os interesses do Deus que a todos ama sem acepção.
      Sempre que buscamos a Deus com humildade achamos o amor de Deus e sempre que achamos queremos compartilhá-lo, do mesmo modo que recebemos, gratuitamente. Amor verdadeiro não se vende ou troca, se oferece de graça. Quem diz que conhece a Deus e o segue, mas não consegue amar está longe de Deus, precisando se acertar com o Altíssimo, confessar e deixar pecados, experimentar de fato o amor do Senhor. Só se consegue amar os outros e a si mesmo quem ama a Deus.

terça-feira, março 09, 2021

Levai as cargas uns dos outros

      “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro. Porque cada qual levará a sua própria carga.Gálatas 6.1-5

      Os versículos dois e o cinco referem-se a cargas, mas dizendo coisas que numa leitura rápida parecem contraditórias, um orienta-nos a levar as cargas dos outros, o outro diz que cada um levará só sua própria carga. Na verdade as cargas citadas são diferentes nos dois versículos, por isso devem ser vistas de maneiras distintas, no versículo dois as cargas se referem à vergonha pelos pecados e no cinco à glória pelas boas obras. O certo é que a vida neste mundo é construída, para o bem ou para o mal, com trabalho, todo trabalho tem seu peso, que requer de nós esforço para ser conduzido, quem nada faz, nada colhe, nada conquista, nada cresce, e cresce-se também com erros cometidos e assumidos. 
      Levar as cargas dos outros é não realçar os erros dos outros, o que podemos fazer para crescer não fazendo o bem, mas promovendo o mal alheio, e como temos a tendência de nos alegrar com o pecado dos outros, como gostamos de falar sobre isso. Mas o pecado de um é vergonha para todos, algumas religiões espiritualistas dizem isso, pelo fato de todos nós termos espíritos que vieram do mesmo pai dos espíritos, Deus, assim se na carne irmãos têm os mesmos laços de sangue que nós, um número pequeno de pessoas, no espírito todos os seres humanos têm conosco laços espirituais originais. Contudo, o humilde e que foi perdoado, protege o que peca da mesma maneira que deseja ser protegido. 
      O que leva a carga do outro sem condená-lo se faz homem, não juiz, esse entendeu o principal motivo de viver encarnado neste mundo, que é morrer para si, perder para ganhar, exaltar ao Senhor, não a si mesmo, mesmo diante da fraqueza alheia. Ninguém é melhor que ninguém, vaidade é o pecado mais diabólico que existe, e crescer com a queda do outro é algo cruel, infantil, baixo. Isso quer dizer que não temos o direito de nos sentirmos bem com nossos acertos, que não podemos nos gloriar por sermos bons? Não, mas nossa glória deve ser em nós mesmos, e não sobre o outro, isso significa sermos discretos, guardarmos a satisfação pela boa obra no coração, sem usá-la para diminuir ninguém. 

segunda-feira, março 08, 2021

Caminhe com humildade

      “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.Salmos 126.5-6

      Quando a vida nos leva para um caminho de quebrantamento, que pode nos colocar em solidão e mesmo em vergonha, ainda que seja injusta, devemos ser gratos a Deus. Em situações assim o Senhor está nos tratando como pai de amor que tem um grande carinho por seus filhos e os está corrigindo para que sejam melhores. Infelizmente já ouvi de alguém que estava passando uma grande tribulação, com relação a outros que o tratavam de maneira dura, o seguinte, “aproveitem enquanto estou por baixo, quando eu me levantar darei o troco”, quem pensa assim não entendeu nada da vida, de si mesmo, de Deus. A humilhação existe para que nos levantemos humildes, se quisermos nos levantar altivos e orgulhosos nossa humilhação não terá fim e nossa vida piorará mais e mais, isso pode conduzir-nos a fins trágicos...
      Caminhemos em humildade, ouvindo mais que falando, deixando que o tolo diga a última palavra, relevando o fato do arrogante se sentir acima de nós, e ajamos assim sem qualquer pretenção de vingança, entendendo que se estamos passando por um momento de quebrantamento é porque temos que mudar de maneira extrema nossas referências de vida. Aquele que de fato se deixa ser quebrado por Deus nunca mais se erguerá do mesmo jeito, aliás, nunca mais se erguerá, mas permitirá que Deus o levante, quando, se e como Deus quiser. Chorar é melhor que rir, quando choramos em Deus e pelo Espírito Santo, calar é melhor que dizer, quando deixamos que Deus nos defenda e mostre na realidade de nossas vidas que ele de fato cuida de nós, esperar é melhor que fazer, quando isso deixa que Deus faça e do seu jeito, para glorificar a ele, não a nós, o que permanece humilde nunca será novamente humilhado. 

domingo, março 07, 2021

Interagindo com as águas (2/2)

      “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.Apocalipse 22.1

       Nossa interação com as águas sobe de nível quando usamos ferramentas que nos ajudam a ter mais autonomia e facilidade para nos mover nelas. Nesta segunda parte da reflexão que comparamos as águas com o mundo espiritual, as ferramentas são os dons do Espírito, que compararemos ao uso de planchas e barcos para nos movermos nas águas. Usando planchas podemos nos equilibrar sobre a superfície, sem afundar, gastando menos energia que nadando e com a ajuda do vento nos movimentarmos. Essa experiência pode parecer entregar uma interação menor com as águas, mas não é, ela nos permite não só sentir de forma passiva a água em nosso ser, como ocorre quando nadamos, mas nos movermos sobre a água de forma ativa. Entenda ativa com saber o que está fazendo, de onde veio, para onde quer ir, para, chegando num lugar, exercer um objetivo específico.
      Surfar necessita de uma ferramenta, uma plancha, que fica entre nós e a água, não são todos que têm essa ferramenta ou sabem manejá-la. São necessárias também habilidade e confiança para que acreditemos que podemos nos equilibrar e nos mover com uma plancha. O uso da plancha, contudo, tem um limite, funciona melhor quando vamos em direção à praia, assim surfar sempre nos leva para longe da água e em direção à terra. Se quisermos ter mais experiências com a água precisaremos ter a consciência de que quando chegarmos à praia teremos que voltar e recomeçar o processo. entretanto, apesar de limitado, o uso da plancha pode ser mais seguro para alguns com medo de águas mais fundas. 
      Usar uma plancha é como usar os dons do Espírito em momentos aleatórios, em cultos coletivos e especiais, quando toda a igreja está vivenciando um derramar da unção, essa experiência é poderosa, porém curta, e, digamos assim, primária. Existem ferramentas e formas mais maduras de usá-las, e continuando em nossa simbologia, como um barco a velas. Essa ferramenta usa o vento, mas não para voltar à terra, mas para seguir em direção às águas mais distantes e profundas, o que nos permite ter experiências mais exclusivas e pessoais com a água. Para isso, contudo, é necessário ainda mais habilidade com uma ferramenta mais sofisticada, saber direcionar as velas, conhecer os ventos, não ter medo do desconhecido. 
      Com um barco, mesmo o descanso, pode ser feito sobre as águas, e os que levarem consigo suprimentos adequados poderão passar muito tempo interagindo com as águas, sendo renovados por elas, sem deixá-las. Ter um barco, contudo, não é para qualquer um, um barco custa um preço, e quanto mais sofisticado, quanto mais qualidade de vida sobre as águas ele proporcionar, mais caro será. Muitos cristãos são sinceros e consagrados, mas ainda não aprenderam a usar ferramentas espirituais, contam só com as próprias forças, e o batismo no Espírito Santo, que alguns dão tanto valor, não é o fim, mas só uma iniciação para as ferramentas espirituais que Deus pode dar ao homem para que vivenciem a vida eterna. 
      Nosso barco espiritual tem um preço, ele é adquirido com tempo e esforço para nos aperfeiçoarmos espiritualmente, com oração e adoração, assim como intelectualmente, estudando sobre teologia e espiritualidade, e acredite, existe muita coisa interessante escrita que se muitos lessem seriam libertados de tantos preconceitos e sensos comuns. Mas não basta falar diretamente com Deus e conhecer as experiências de outros seres humanos, é preciso praticar, só a prática conduz à evolução, nos leva a sair de um nível e desejar o próximo, caso contrário ficaremos estacionados. Quem tem um barco e cuida dele desejará sempre novas águas, viagens mais longas e por regiões cada vez mais desconhecidas e instigantes. 
      As experiências dessa analogia não são mutuamente exclusivas, e uma não é melhor que a outra, o cristão maduro aprenderá a vivenciar todas, cada uma no momento adequado, de maneira que não se prenda por tempo demasiado à terra seca, por mais tentadora que seja a realidade material do mundo, ou por mais que a “terra” pareça ser a verdade e as águas espirituais só fantasia ou mesmo loucura. A verdadeira espiritualidade é gradativa e o próprio Espírito Santo sempre nos atrai para mais e mais para dentro de suas águas. Estacionar pode ser risco de vida. Qual o seu nível de interação com as águas do Espírito de Deus? Só molha os pés e já saí correndo? Você tem medo do mundo espiritual ou você é atraído por ele? Muitas vezes somos atraídos ainda que tenhamos medo, e isso é bom, só nos mostra que temos que seguir mas com cuidado, temendo a Deus. 
      Tem muitos que se contentam em se sentarem na praia e ficarem admirando o mar, o acham lindo, sentem-se revigorados só em ficarem horas olhando para ele, porém não passam disso, nunca interagem de fato com o mar. Sabe o que acontece com quem fica muito tempo debaixo do Sol longe da água? É queimado. As águas do Espírito não são salgados nem sujas, são doces, puras e frescas, são o único alimento que pode nos dar vida eterna e nos proteger de perigos fumegantes, assim, interaja com elas. Não precisamos comprar um barco caro logo de cara, mas é preciso dar o primeiro passo, nos submergimos nas águas espirituais e sentirmos a renovação e o refrigério que só Espírito Santo pode dar, depois é só obedecer ao chamado pessoal de Deus.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de ontem a 1ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

sábado, março 06, 2021

Interagindo com as águas (1/2)

      “E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos. E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos. E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.Ezequiel 47.3-5

      Submergir, nadar, surfar ou navegar? Como interagir com as águas do mundo espiritual? Que níveis de interação você experimenta, só boia, já aprendeu a nadar, surfa ou já sabe navegar? Numa reflexão dividida em duas partes, pensemos numa analogia, que compara nossa relação com as águas de um rio ou do amar, com experiências que podemos ter no Espírito Santo e com o mundo espiritual. Deus não quer que você só contemple as águas espirituais, mesmo que as admire, mas que entre nelas, as conheça e nelas encontre vida eterna. O oxigênio para a vida física está no mundo, enquanto no corpo físico não podemos abrir mão disso, isso é algo natural para nós, mas alimento para o nosso homem interior só as águas do Espírito podem dar, isso provamos por escolha e com trabalho. 
      Numa primeira experiência com as águas de um rio ou do mar podemos prender a respiração e simplesmente nos afundarmos, depois podemos até boiar na superfície, comparando com a interação com o Esprito Santo isso significa sentirmos a presença de Deus, por exemplo quando louvamos na igreja, de forma mais passiva, sem muita consciência de como interagir com o mundo espiritual pelos dons do Espírito. Isso é maravilhoso, sentimos o poder do Espírito Santo nos envolvendo, nem sabemos muito como ou porquê, mas sentimos uma grande liberdade para adorar e a presença muito próxima do Senhor. Essa experiência é deliciosa, mas a carne nos limita para que a vivenciemos por muito tempo, o cansaço, as necessidades físicas e mesmo as tentações pedem que subamos à tona ou que paremos de boiar e retornemos à terra firme para respirar. 
      Isso não é ruim, é bom, nos mostra que devemos viver no plano físico com equilíbrio, a espiritualidade no mundo se experimenta com a humildade de aceitarmos e administrarmos os limites, isso nos lembra que somos homens, não deuses. Podemos ter momentos incríveis em vigílias, jejuns e consagrações, mas nunca nos esqueçamos que temos que conviver com a realidade material, temos que trabalhar, nos alimentar, dormir, nos relacionarmos com as pessoas, vivenciarmos família e casamento, por isso não podemos prender a respiração para sempre para submergirmos ou boiarmos. Só na eternidade poderemos ficar na água para sempre, e mais, deixarmos que elas nos penetrem sem que ponham em risco nossos corpos, que não serão mais materiais, mas transformados. 
      Seguindo na analogia, podemos ter uma interação mais inteligente com as águas quando nadamos, nessa experiência não somos passivos mas ativos, com esforço podemos nos mover nas águas para a direção que desejarmos. Espiritualmente podemos interagir com o mundo espiritual de forma mais ativa, isso ocorre quando nos enchemos com a unção não só para sentir um prazer espiritual, mas para agirmos, para pregarmos, para ministrarmos, para entendermos a Bíblia, para exercemos amor com as pessoas. Nadando pomos a cabeça para fora da água, vemos a realidade, e usamos espiritualidade racionalmente para influenciar positivamente o mundo, conseguimos fazer as duas coisas, nos relacionarmos com os dois planos ao mesmo tempo. 
      Essa talvez seja a interação mais equilibrada e mais possível à maioria dos cristãos, ainda que não entregue a experiência espiritual mais profunda, mas é mais duradoura que a primeira, e se soubermos nadar corretamente poderemos ter uma experiência espiritual mais prática e com finalidade de ajudar o próximo, não só para nosso regozijo individual. Contudo, mesmo nessa experiência em um momento nos cansaremos e precisaremos parar de nadar e voltar à terra para descansar, ela exige de nós esforço, mas é importante entender que parar de interagir com o mundo espiritual não é nos entregarmos à carme e ao pecado, é descansarmos. Quem descansa no momento e do jeito certo, depois de nadar tudo o que podia, estará satisfeito em Deus, não terá forças, vontade ou tempo para o pecado, apenas uma oportunidade para recobrar as forças físicas para depois continuar nadando. 
      Nosso espírito não se cansa, muito menos o Espírito de Deus finda, as águas sempre estarão lá e nós, se amarmos a Deus e entendermos que o mundo espiritual deve ter prioridade em nossas vidas, ainda que estejamos no plano físico, sempre desejaremos mais de Deus, sempre voltaremos a nadar e interagir com as águas. Na verdade, se vencermos a carne, e isso fazemos exercendo o livre arbítrio, entenderemos que nosso ser mais interior anela pelo espiritual, deseja-o mais que tudo, já que saímos de Deus, o pai dos espíritos, e para ele desejamos ardentemente retornar. Estar em Deus é a vocação maior de todo ser, assim, ainda que estejamos temporariamente no plano físico e precisemos de ar e terra firme, somos seres originalmente “aquáticos”, espirituais, nas águas do Espírito é onde de fato nos sentimos livres e satisfeitos.

Reflexão dividida em duas partes,
leia na postagem de amanhã a 2ª parte.
José Osório de Souza, 24/11/2020

sexta-feira, março 05, 2021

Não deixe espaço vazio!

      “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.II Timóteo 4.7

      Todos nós somos chamados por Deus com uma vocação maior, que vai além de nossa profissão secular, e mesmo além de cargos em igrejas, na verdade essas coisas são só ferramentas para desempenharmos nossa vocação, não a vocação em si. Cuidado, muitos, confundindo as coisas, podem se achar perdidos quando veem que algo não dá certo, como perda de emprego ou frustração com ministérios e líderes de igrejas, não enxergando que suas vocações espirituais vão muito além disso. Em nossa existência neste mundo construímos uma carreira, o apóstolo-teólogo Paulo tinha a dele, e no texto inicial está o registro do momento em que ele entendeu que essa carreira tinha chegado ao fim.
      Que momento feliz é esse na vida de um cristão, que infelizmente muitos não provam, pois veem os anos passarem sem que tenham feito tudo o que Deus tinha para eles. Não basta acabar a carreira, tem que ter sido após ter lutado na guerra certa, não por si mesmo ou pelos homens, mas por Deus e em Deus, mas tem mais, em tudo isso não podemos perder a fê, aqueles princípios fundamentais, que nos encantaram e motivaram no início de nossas carreiras. Quem assim procede não deixará espaço para o pecado, contudo, se você percebe que está sendo reincidente no pecado, pode ser por estar querendo descansar antes do tempo, por estar lutando em guerra errada, ou por ter se desviado da fé. 

      Se isso estiver ocorrendo, busque a Deus e peça para que ele revele onde está errando e o que deve fazer para ter vitória, você pode orar assim: 
- “Pai, se está sobrando espaço para o pecado em meu coração e em minha mente, porque não estou ocupando meu espírito com tua vontade, mostre-me o que preciso fazer para ocupar os espaços que me competem”;
- “Pai, se está sobrando tempo em minha vida porque não estou fazendo o que preciso fazer para ser alguém melhor, para mim, para meus semelhantes e para ti, ensina-me como usar mais e melhor meu tempo”;
- “Pai, se está sobrando dor que precise do prazer ilusório dos vícios da carne para ser esquecida, porque não estou me apropriando da paz que vem de ti e que cura toda a dor, ajuda-me a entender porque não estou em paz”; 
- “Pai, se está sobrando vontade para pecar, fortalece-me para fazer mais a tua vontade, seguindo a vocação que recebi de ti, para que eu me sinta satisfeito e se tiver que descansar que seja só depois de ter feito tudo certo”. 

      Nada pode sobrar de nosso ser para fora da luz de Deus, se isso ocorrer ele estará em trevas e nesse lugar o pecado tem liberdade para agir. É preciso que estejamos completos por Deus e completamente colocados nele, por dentro e por fora, cheios do Espírito Santo e fazendo a sua vontade. Quando assim procedemos nosso homem interior, nosso tempo, nossa vontade e nosso prazer, agradarão ao Senhor, e assim, se precisarmos parar de trabalhar, já que nosso espírito não se cansa mas o nosso corpo físico, que é templo dele, precisa de descanso, não haverá em nós qualquer brecha para que o pecado seja mais relevante que a espiritualidade. Na batalha espiritual não pode haver espaço desocupado! 
      Se a luz não ocupar um local, as trevas ocupam, e as trevas ocupam não por vencerem a luz, as trevas nunca vencem a luz, mas elas ocupam espaço que o ser humano não vigiou e deixou sem luz. Nessa batalha, nós, seres humanos encarnados, podemos descansar, mas só quando estivermos totalmente felizes e em paz com Deus, e ainda assim deve ser o tempo de descanso que Deus orientar, nem menos, nem mais. Se for menos, voltaremos à luta ainda cansados, correndo o risco de perdermos uma batalha. Se for mais, permitiremos, pela ociosidade, que um espaço vazio e perigoso exista, que as trevas podem ocupar criando em nós uma relevância para os vícios da carne que nos levam a pecar. 
      Não se desespere, enquanto estivermos neste mundo, ainda que tenhamos feito tudo certo, estamos sujeitos ao pecado, dessa forma sejamos humildes, confiando antes no amor de Deus que em nossos méritos, Deus sempre perdoa e dá paz para os que se aproximam dele em verdade. “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (I João 3.18), o que adianta enchermos templos de igrejas com palavras se na prática não nos esforçamos para sermos santos? É preciso vontade para obedecer a Deus até o fim, principalmente depois que trabalhamos bastante nele, já que mesmo isso não nos dá o direito de abrir mão de vigilância, é preciso ocupar todos os espaços, sempre!