quarta-feira, novembro 30, 2022

Aprendemos com o tempo? (3/3)

       “E aquele dia era sábado. 
      Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda? E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão. 
      Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior. E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” 
João 5.9b-16

      A estupidez humana procura desculpas estúpidas para exercer inveja, insegurança e ódio. Isso, contudo, toma proporções ainda mais estúpidas, quando envolve o meio social religioso, um ambiente que deveria ter como fundamento amor e verdade, principalmente em se tratando de religiões cristãs. Uma orientação de Moisés que tinha como objetivo permitir um dia diferente na semana, onde se pudesse descansar fisicamente assim como se dedicar mais à religião, se transformou nas cabeças de homens hipócritas, arrogantes e vaidosos, numa proibição ao amor e ao poder de Deus. 
      Como assim, porque era sábado, alguém que sofria há trinta e oito anos não poderia receber uma cura de Deus? Mas talvez o caso nem fosse impedir Deus de abençoar alguém, mas impedir Jesus de aparecer na sociedade como praticante de uma religião muito mais verdadeira que a de muitos líderes religiosos judeus. A inveja é astuta, usa de todos os sortilégios para agir e não se revelar, nas trevas, com falsidades e manipulações. Mas o que nos chama a atenção no texto bíblico inicial não é só o orgulho ferido dos líderes religiosos, mas uma atitude um pouco sem noção do homem curado. 
      O homem nem sabia quem o havia curado, por um lado isso é  explicável. Jesus, em sua espiritualidade elegante e discreta sabedoria, evitava a fama que seus milagres lhe davam, e que tantos hoje procuram ter para encherem templos e terem igrejas financeiramente ricas. Jesus sabia que sua missão principal se realizava em duas partes, dando o exemplo da vida santa e humilde no mundo que Deus pede de todos nós, e se oferecendo em sacrifício de morte. Uma coisa não poderia limitar ou adiantar a outra, assim, ainda que por amor fosse levado a ajudar a muitos, não podia se arriscar demais. 
      Jesus teve outro encontro com o homem, onde o exortou, eis que já estás são, não peques mais, agora o homem sabia quem o tinha curado, não mais podia alegar ignorância. Interessante a frase para que não te suceda alguma coisa pior, ensina que libertação não é para sempre, se não tomarmos jeito na área moral e espiritual o corpo pode voltar a sofrer. Ainda assim após exortado o homem foi e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara, por esta causa os judeus perseguiram a Jesus. Não podemos culpar o homem pela perseguição a Jesus, mas podemos aprender com essa possibilidade. 
      A impressão que nos dá é que ainda que o homem tenha tido fé em Jesus para ser curado, não se livrou da visão equivocada inicial, aquela que procurava poder de cura na água, no anjo e no homem. Será que o homem entendeu quem era Jesus? Ou só o viu como alguém poderoso neste mundo? Não teve sensibilidade espiritual para respeitar a missão do Cristo, não teve forças para vencer a vaidade de divulgar seu milagre, seguiu sem noção. Será que esse homem, que já tinha passado trinta e oito anos sofrendo, não voltou a sofrer com o mesmo mal? Nisso podemos entender porque sofreu tanto.  
      Deus é justo, sabe de tudo, não nos apressemos em julgar o sofrimento, o tratamento, a provação aos nossos olhos tão demorada de alguém. Muitos, em cadeiras de rodas, são seres humanos melhores que se não fossem cadeirantes, muitos com um olho só, são mais espirituais que se tivessem dois olhos sãos. Trinta e oito anos de sofrimento parece muito tempo? Mas Deus trabalha o tempo todo, inclusive aos sábados, nada acontece sem propósito, enquanto neste mundo nossas vidas são canteiro de obra aberto vinte e quatro horas para trabalho, de nós em nós mesmos e de Deus em todos. 

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José Osório de Souza, 25/11/2021

terça-feira, novembro 29, 2022

Toma teu leito e anda (2/3)

      “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava.” 
João 5.9a 

      O leito do homem de João 5.2-9a pode conter uma simbologia importante, pode representar uma zona de conforto. Por incrível que pareça, podemos achar zonas de conforto mesmo em problemas não resolvidos, e o homem havia trinta e oito anos que estava em um mesmo lugar esperando uma solução. Com certeza os panos que ele arrumou para darem algum conforto a seu corpo enfermo, enquanto aguardava a cura, tinham se tornado, não um lugar temporário, mas sua morada, sua própria identidade. Depois de tanto tempo na espera ele já devia ter um lugar reservado perto do tanque Betesda. 
      A ordem não foi só levanta-te e anda, mas toma teu leito e anda, ele não tinha recebido só cura no corpo físico, mas tinha ganhado de Jesus uma nova identidade, um novo lugar na sociedade, mas mais que isso, se ele tivesse de fato entendido o que é Jesus, um lugar no reino eterno de Deus. Podemos ler a passagem e não nos atentarmos para o número de anos que o homem esperou por um milagre, será que foi porque confiava em coisas e seres errados? Deus sempre esteve pronto para curá-lo, mas Cristo teve um ministério de só três anos, diretamente por Jesus ele não poderia ter sido curado antes.
      Tudo acontece dentro dos planos de Deus, penso que a providência divina tinha um propósito, que talvez só entendamos na eternidade, de porque o homem ter tido que esperar por tanto tempo. Não foi para que o corpo físico sofresse, mas para que o espírito eterno pagasse seus preços e aprendesse uma lição específica que o homem, mais que os outros que conseguiram entrar no tanque antes, deveria aprender. Temos duas lições para aprender disso, a primeira é, não nos acomodemos, reavaliemos no que cremos e para quem olhamos, nossa cura pode não ter que esperar assim por tanto tempo.
      A segunda lição é, às vezes uma resposta pode, sim, demorar a chegar, e muito tempo, não porque Deus não possa responder, mas porque não estamos preparados para a resposta, ou ainda, porque ainda não aprendemos o que temos que aprender com o problema. Um problema não é um problema, mas uma oportunidade de aprendizado, uma vez que aprendamos o necessário, o problema pode ser resolvido. Eu tenho algo especial a dizer sobre porque e como relatei esse estudo. Não, eu não peguei uma passagem bíblica e me pus, com ajuda de comentários e outros apoios, a estudar o texto, não foi assim. 
      Nesta madrugada estava orando a Deus e me senti sem ânimo, até sem fé, pela misericórdia do Senhor tenho conseguido ter uma vida consagrada, assim não havia pecados pendentes e mesmo alguma questão maior pela qual eu clamasse. Mas ainda assim me sentia emocionalmente exausto, então, de maneira “aleatória”, o versículo bíblico inicial me veio. Fiquei assustado, no mesmo instante entendi que ele explicava exatamente minha situação naquele momento, eu procurava emoção para me motivar, algo sobrenatural que me iluminasse, como culpava alguns homens por não me ajudarem.
      Eu ganhei um milagre sobrenatural, não por ter sido curado no corpo, mas por ter “recebido”, dentre tantos textos bíblicos, um que definia em detalhes a minha condição. Esse é o milagre que Deus mais faz com os seres humanos hoje, não é material, mas mental, uma palavra racional de vida que cura, consola, deixa claro que não estamos sozinhos, que Deus é real e vivo, que sempre nos ouve e nos responde. Hoje a medicina é um milagre de Deus que cura o corpo, há dois mil anos não havia isso, mas sempre precisaremos de milagres morais, que nos façam melhores por dentro e para sempre.  

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José Osório de Souza, 25/11/2021

segunda-feira, novembro 28, 2022

Água, anjo, homem e Jesus (1/3)

      Começando hoje, seis reflexões sobre o quinto capítulo do evangelho segundo João, um dos textos bíblicos mais significativos do cânone, que Deus te abençoe com o estudo. 

      “Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
      E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo. E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. 
      Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava.” 
João 5.2-9a 

      O homem queria o favor da água, do anjo, de outro homen, mas não percebeu que tinha o favor direto de Jesus à sua frente. No texto bíblico inicial uma passagem bem conhecida sobre um milagre físico, parece que havia em Jerusalém um tanque, se acreditava que um anjo vinha, agitava a água desse tanque e que o primeiro que entrasse nesse tanque seria curado da doença que tivesse. Um homem, há trinta e oito anos doente, não tinha condições de se mover com rapidez para dentro da água, assim dependia que alguém o ajudasse, como isso não acontecia outro sempre entrava no tanque antes dele. 
      Água, anjo, homem, podem ser simbologias para três áreas nas quais buscamos ajuda e não a ajuda de Jesus. Água pode representar uma condição emocional interior que achamos propícia para pedir e receber algo de Deus. Pensamos que Deus nos ouve porque estamos cheios de vontade, sentindo uma unção muito forte, convictos de fé. Mas será que nos achamos sempre assim? No início, quando somos mais jovens e cheios de paixão, nossa oração pode até ser mais passional, e por isso pensamos que ela é mais poderosa, contudo, à medida que envelhecemos, ficamos mais frios, secos, céticos.
      Nós mudamos, mas Deus não muda, que fé é preciso para ser atendida? A do tamanho de uma semente de mostarda (Lucas 17.6), nós seres humanos valorizamos quantidade, mas Deus só procura qualidade, sinceridade do bem, verdade individual que não se compara aos outros. Por outro lado, emoção deve ser sempre efeito, não causa, quem crê não precisa sentir ou perceber por outros sentidos, mas se crer de verdade sentirá, não necessariamente êxtases extremos, mas uma paz diferenciada. Não, meus queridos, o poder de cura não estava na água, nunca esteve, nem se fosse movida por um anjo.
      Anjo é um ser espiritual, quantos não querem ver anjos e espíritos, fantasmas e seres de luz, enfim, o sobrenatural, acham que esses têm mais poder e que vê-los também alia mais fê ao que vê. Nesse engano muitos acabam achando mais a “demônios” e esprito maligno, que enganam e fazem sofrer, que de fato servos espirituais do Altíssimo de elevada qualidade moral. Não é impossível ver anjos, Deus reserva isso aos humildes e santos, mas muitos querem vê-los só por vaidade, além do mais eles são só servos, o Senhor de tudo e todos é Deus. Não, meus queridos, o poder da cura não era do anjo. 
      Mas mesmo procurando igrejas cristãs, crendo em Deus, muitos acham que sua fé seja potencializada pela ajuda de homens carismáticos, que eles acham que possuem mais unção de Deus que outros. Outros, contudo, dependem de homens para receberem algo de Deus não por serem esses homens líderes, mas irmãos que se sentam nos bancos e cadeiras junto deles. Assim, se por algum motivo não são cumprimentados ou bem recebidos por esses, a fé e a vontade de buscarem a Deus mínguam. Não, o poder da cura não está em homens, mesmo nos que nos parecem mais famosos, mais consagrados.
      O milagre não está dentro de nós, no mundo espiritual ou nos homens, esses apenas recebem o milagre, o milagre está em Deus e esse o envia de um modo especial e exclusivo através de Jesus. Jesus não só faz milagres, Jesus é o milagre, maior e pleno de Deus, quem tem Jesus, tem o milagre. Isso é tão simples e tão óbvio, para nós em igrejas cristãs, católicas, protestantes ou pentecostais, que ouvimos ensinos sobre Cristo o tempo todo, que às vezes podemos banalizar esse conhecimento. Não olhe a água, o anjo ou o homem, veja Jesus, à tua frente, dizendo: levanta-te, toma o teu leito e anda

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José Osório de Souza, 25/11/2021

domingo, novembro 27, 2022

Felizes em Deus

      “Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.Josué 1.5

      Que felicidade a de Josué quando recebeu a palavra de Deus acima, ele que tinha acompanhado Moisés sabia de tudo que o Senhor tinha feito por, com e através de Moisés, e agora Deus dizia a ele que agiria da mesma forma com ele. Se Deus nos abençoou no passado, também será assim no futuro, se foi com nossos pais que foram fiéis a ele, também será conosco se formos fiéis a ele. Deus é fiel com os fiéis, próximo, protetor, não desampara aqueles que confiam nele de todo o coração, que não temem o arrogante, nem se prostram para falsos deuses, só para o Altíssimo. 
      “Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres” (Salmos 126.3), que alegria sentimos quando Deus nos liberta de um grande peso, mas para isso temos que ter coragem para confiar em Deus e não nos importarmos com o que os homens digam, pensam ou façam, e isso pode não ser fácil. O homem mal e falso é astuto, joga sujo, para não assumir suas responsabilidades e seus erros calunia, ataca, agride e chantageia, tentando roubar a paz do que confia em Deus. Resta-nos ficar firmes no rochedo que é o nosso Deus, não importar-nos com caras e gritos. 
      “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” (Salmos 23.4a), essa é a segurança de quem tem certeza que conhece a vontade de Deus e a faz. Quem busca o Senhor está na luz e nela sabe o que deve fazer, não se apressa na ira, não se engana pela vaidade, não se impõe pelas forças do mundo. Quem está em paz com Deus não teme inimigo, seja ele quem for, que poder tenha na terra, a arma do humilde é sua paz em Deus, que lhe dá segurança para fazer a melhor escolha, que conduz à vida eterna, não aos caminhos da morte. 
      “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus” (Salmos 73.28a), o que nos agrada mais? Se for nos aproximarmos de Deus, saberemos sua vontade e seremos felizes em fazê-la, contudo, se for nos aproximarmos do mundo, dos homens, da matéria, poderemos até crer em Deus, mas só para estabelecer vaidades e desejos egoístas. Quem não tem seu maior prazer em ser íntimo do Senhor será infeliz, sempre insatisfeito, ainda que rico e famoso, fará os outros infelizes e acabará só. Deus tem o melhor para você, creia nisso, obedeça com humildade e seja feliz. 

sábado, novembro 26, 2022

Não se pode fugir de si mesmo

      “Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre é um banquete contínuo. Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.Provérbios 15.15-16

      Sabe como sabemos se algo que queremos é a vontade de Deus para nós? Quando o que queremos nos torna seres humanos melhores. Muitos insistem em serem coisas que não são para eles serem, assim, por algum tempo, até adquirem riquezas e fama, mas a incompatibilidade que eles permitem neles não lhes dará condições de segurarem o que conquistaram. A tristeza e a solidão, efeitos do orgulho e ausência de temor a Deus, são implacáveis, minam as forças até de seres humanos mais obstinados e fortes, ninguém que desobedece a Deus se manterá satisfeito e será vitorioso até o fim.
      A misericórdia do Senhor não tem fim para o humilde, já para o arrogante até pode ser grande, pelo tempo de sinceridade ainda que equivocada que ele teve, mas um dia findará. Deus não pode nos manter no engano, o engano é caminho que não nos leva a sermos nosso melhor. Tenho dado essa orientação aqui por várias vezes, porque, infelizmente, tenho visto amados e amadas, bem próximos a mim, insistirem em tentar ser e ter o que não os levará a seus melhores, a cumprirem suas vocações mais altas dadas a eles por Deus. Nos arrependamos enquanto ainda temos algum tempo aqui com saúde.
      Nosso melhor sempre achamos na humildade, em nos importarmos com o que Deus pensa de nós, não os homens, em desejarmos com todo o coração as eternas virtudes interiores, não aparências neste mundo. Os que abriram mão das vaidades e se alegraram em agradar a Deus, sigam humildes, não julgando a ninguém, não como mestres, como alunos, não como quem possui direitos, mas com o dever de servirem em amor, ainda que seja só vigiando silenciosamente. Deus busca amigos que possam ajudar o orgulhoso quando esse estiver só e com ilusões esfaceladas, mas, enfim, pronto para ser seu melhor. 
      Todos os dias do humilde são luta, para que ele descanse em Deus e usufrua a paz que já ganhou. Todos os dias do arrogante são opressão, tentando fugir de Deus e usufruindo os bens, que mesmo conquistados com esforço honesto, não têm a chancela do Altíssimo. O coração do orgulhoso busca banquetes para usufruir no mundo com homens falsos, enquanto não aceita o que de fato Deus quer lhe dar. O coração do humilde experimenta alegria verdadeira, ainda que numa casa simples e com pouco dinheiro, se sentirá sempre servido por anjos, num banquete com poucos amigos, mas verdadeiros. 
      Na mentira só achamos mais mentiras, nas trevas só mais trevas, quem começa errado acaba errado, longe de Deus nada é bom e eterno, só há confusão e dor, ninguém se engane! O arrogante se põe numa fuga eterna de Deus e de si mesmo, mas ainda que se esconda nos polos terrestres o sofrimento e a solidão o acompanharão, não se pode escapar do que está dentro de si. Tenhamos humildade para obedecer ao Senhor, ainda que muitos não entendam, ainda que muitos não aprovem, quem realmente importa, além de Deus, entenderá e aprovará, e a honra desses é melhor que a de multidões. 

sexta-feira, novembro 25, 2022

A guerra de cada um

      “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.Tiago 1.12

      Não fazemos ideia do que o outro é tentado neste mundo, no que cada pessoa é provada e precisa ser aprovada para ser alguém melhor. Não nos fiemos em aparências, pessoas com faces tranquilas podem estar em terríveis batalhas interiores. Crescer e conhecer a Deus tem preço, humildade e santidade, igual para todos, mas pagas de maneiras diferentes, vencendo guerras em frentes diferentes. Não são assim as guerras no mundo? Algumas se vencem na terra, outras no mar e outras nos ares, com armas e estratégias distintas. 
      Em terra, inimigo ataca dos lados, no mar pode atacar dos lados e por baixo, no ar ataca dos lados, por baixo e por cima. Não se usa submarino em terra firme, nem avião no fundo do mar, muito menos tanques no ar. Por outro lado, pilotos de tanques precisam de formação diferente que os de submarinos e aviões, assim como pilotar esses requer formações diferentes entre si. Cada batalha num lugar e para cada lugar equipamentos e pilotos adequados. Não julguemos mal a ninguém, nem achemos uma guerra mais fácil que a outra. 
      Ainda que todos enfrentem todos os tipos de inimigos, uns enfrentam mais determinado inimigo que outros. Muitos enfrentam conflitos explícitos e básicos, ligados aos apetites do corpo, são os que têm que crescer como indivíduos. Outros se veem mais atacados por potências do mundo físico, ligados à aquisição de poder, seja financeiro, artístico ou intelectual, esses são os que crescem no mundo, mas numa interação mais ampla com muitas pessoas. Alguns, contudo, enxergam constantes e profundos ataques espirituais. 
      Esses três tipos de ataques definem pessoas em níveis espirituais diferentes. Quem consegue discernir os ataques espirituais, e não me refiro aos que acham que conseguem, que muitas vezes só sofrem confusões mentais, são os que entendem as relevâncias do mundo espiritual. Usando a simbologia, na terra inimigos são mais visíveis, na água começam a ficar mais imprevisíveis, é só no ar que os inimigos são invisíveis e espirituais, mas é preciso estar num nível espiritual mais elevado para enfrentar esses últimos.
      “Considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6.11), vencer o mal não é aniquilá-lo no lado de fora, isso não é possível. Se o mal vem de espíritos, esses são seres eternos, se vem de homens, esses têm livre arbítrio para escolher o mal. O que podemos fazer é não dar lugar ao mal dentro de nós, com livre arbítrio para o bem, morrendo para o pecado, não tendo qualquer interação emocional ou racional com ele. Sem atenção o mal foge (Tiago 4.7). 
      Não podemos destruir o mundo, nem o físico, nem o espiritual, mas em Deus podemos vencer a nós mesmos, e se ainda isso não for suficiente, podemos confiar em Deus que supre todas as nossas necessidades. Não percamos tempo tentando combater o que está fora de nós, ser exército do Senhor não é aniquilar os outros, sejam espíritos malignos ou homens maus. Ser servo do Altíssimo é vencermos o mal dentro de nós, permitindo que a luz espiritual mais elevada reflita em nós e ilumine nosso caminho até o céu. 

quinta-feira, novembro 24, 2022

Aceitemos o tratamento de Deus

      “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.Marcos 2.17

      Quem sabe o melhor tratamento para uma enfermidade é o médico, não o enfermo, Deus sabe como precisamos ser tratados para seguirmos crescendo espiritualmente. Como temos nos comportado como doentes, com humildade e obediência, ou rebeldes às orientações do doutor? Às vezes temos a equivocada arrogância de achar que podemos dar sugestão de tratamento ao especialista na saúde dos seres humanos, aquele que criou todos os espíritos e sabe como e onde devem chegar. 
      “O que Eu faço não sabes tu agora, mas tu o saberás depois” (João 13:7), nem sempre entendemos ou conseguimos enxergar o benefício de um tratamento no momento que o Senhor o está fazendo, assim devemos crer e confiar que Deus sabe o que faz. Se Deus pede silêncio, nos calemos, se ele pede calma e cuidado, tenhamos cautela, se ele pede alegria e louvor, sejamos gratos, mas se ele pede seriedade e mesmo quebrantamento, nos humilhemos em sua presença com todo o coração. 
      Seja como for, não estranhemos desafios, surpresas e a inconstância interior humana, não confiemos no que sentimos, pensamos ou percebemos da realidade, mas pela fé só em Deus. Deus não destrói o navio, mas pode tornar as águas bem turbulentas, para testar a integridade da nau, e creiam, se firmados em Deus de maneira certa e para objetivos corretos, o navio é resistente. Aceitemos o tratamento e seguremos a santidade e a paz, após a prova vem a aprovação de Deus, e essa é maravilhosa. 
      Alguns são tratados tendo que fazer, outros tendo que não fazer, alguns tendo que falar, outros tendo que se calar, alguns são tratados tendo o que dizer, mas não tendo quem ouvi-los, outros são tratados achando que têm muito a dizer e até achando muitos que gostem de ouvi-los, mas que na verdade nada deveriam dizer pois só têm vaidades em si. Uns têm que administrar honra, outros, vergonha, uns, fama, outros, clandestinidade. Qual o teu tratamento? Você o tem aceitado humildemente?
      Penso que a definição mais adequada da vida neste mundo seja a de uma “internação hospitalar”, quem está aqui é porque precisa de tratamento, dessa forma aceitar isso e se deixar ser tratado é a melhor maneira de viver bem. Quanto aos orgulhosos, que se acham doutores, não pacientes, sãos, não enfermos, só postergam para a eternidade seus infernos, lá haverá juízo e cobrança. Aproveitemos bem nossos tempos neste mundo, não acumulando riquezas materiais, mas retendo virtudes morais.   

quarta-feira, novembro 23, 2022

Vençamos a ansiedade

      “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.I Pedro 5.7

      Nos livrarmos de ansiedade não é assim algo fácil, ela é um mal que gruda em nós e por mais que dela tentamos nos livrar ela sempre volta. Como toda obsessão é vício, e como vício pode ser necessário um longo processo para nos libertarmos de estilo de vida ansioso. Esse mal manifesta-se não só em disposições interiores perturbadas, mas em hábitos alimentares desequilibrados e em relações descontroladas com as pessoas. Ansioso é rolo compressor que passa por cima de tudo, sua realidade não é a do mundo físico ou das outras pessoas, mas a distorcida que mantém em si.
      Ansiedade, a curto prazo, enfraquece a fé, atingindo dessa maneira nossa virtude mais importante para conhecimento, comunhão e crescimento espiritual. No plano espiritual só se entra pela fé, o ansioso baterá na porta, mas não a abrirá, duvidará que bate, que a porta é porta, que ela pode se abrir, e se abrir duvida que ela disponibiliza algo bom, o ansioso é um pessimista. Quem espera algo, certo que dará certo, também sofre um pouco, mas o ansioso crônico sofre bem mais, dúvida e não descansa, sente que as coisas nunca darão certo, e quando dão ele já acha algo novo para duvidar e sofrer.
      Às vezes só vencemos algo chegando ao extremo do sofrimento, já que não nos livramos da ansiedade por decisão consciente, somos levados a um ponto onde fica impossível viver com ela. Mas isso é perigoso, pode adoecer corpo e mente, ansiedade que nunca acha satisfação na vida leva a um loop doentio. A ansiedade nos deixa eufóricos e a frustração após ela nos deprime, polos perigosos de humor que têm c.i.d. na psiquiatria. A solução mais saudável para ansiedade está no que é solução para tudo em nossas existências, humildade, que se assume instável e que confia num Deus fiel e estável. 
      Esse não é o final do problema, mas o início do processo que poderá nos entregar a solução. Se todos nós precisamos vigiar e orar bastante, o ansioso precisa orar muito mais, lançar sobre o Senhor sua ansiedade, usando a energia que gasta para duvidar para confiar. Ansiedade realimenta-se assim só é vencida na perseverança, à medida que convencemos nossos pensamentos e sentimentos mais profundos que podemos descansar em Deus. Felizmente Deus não se cansa de nós, se nós humanos temos dificuldade para conviver com ansiosos, um Deus perfeito tem paciência conosco e cuida de nós. 
      Se o Senhor cuidou de nós no passado, quando éramos mais imaturos que somos hoje, por que não pode continuar cuidando de nós para sempre? Se ansiedade que descrê em Deus é inválida, mais injustificável é para quem já anda há algum tempo com o Senhor. Não, meus queridos, Deus não é homem, não esquece de promessas, não cria alguém e o põe no mundo sem propósito, também não ensina e aperfeiçoa sem uma intenção, não deixa obra inacabada. Nossa ansiedade não faz sentido, não se já fizemos nossa parte e entregamos nossas vidas ao Senhor, confiemos, fiquemos firmes e em paz.

terça-feira, novembro 22, 2022

Paz não precisa de mais nada

      “Nota o homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz.Salmos 37.37

      Paz verdadeira não precisa de nada, e se querem saber, não necessita nem de alegria. Podemos estar em paz mesmo em lutas, com faltas, a paz mais profunda, mais legítima, independe das variáveis da matéria, do corpo físico, do mundo, dos homens, ela é espiritual e como tal baseia-se só em Deus. Que profundidade tem aquilo que você chama de paz? Se for superficial pode ser outra coisa, mas não paz. Mas por ser profunda pode estar escondida debaixo de camadas de boas ilusões, de prazeres menores, de medos injustificáveis, de culpas já resolvidas. 
      O homem bom, que teme a Deus, que anda na humildade, sentirá alguma angústia diante da tarefa de passar por este mundo, então, se porá a cavar, dentro de si. Na meditação sincera, que leva a Deus todas as coisas, sem nada esconder, o Espírito Santo ajuda esse homem, assim, pouco a pouco ele vai se avaliando, se descobrindo, deixando no chão tudo o que pesa. O ser humano que se apresenta assim, à verdade de Deus, achará, lá no fundo, bem guardada, a paz, ela o representa, sua sinceridade, suas prioridades, seu bem mais precioso que ele não troca por nada.
      Meus queridos, o início de muitos, ou a superfície de tantos, pode ser alegria, até algo que se parece com paz, mas lá no fundo só há confusão e condenação. Já o que obedece a Deus, e a mais ninguém, que confia sua vida e as dos seus ao Senhor, que crê sem ver e aguarda a glória da eternidade, não a deste mundo, pode até se achar em sofrimento, se ver numa corda fina, alta e bamba, mas esse não cairá, Deus os sustenta, e seu fim será de paz. Essa paz não é falsa, fraca, fantasiosa, mas genuína e eterna, e nada, absolutamente nada, pode abalá-la. 
      Se você cavar fundo em você, às vezes depois de chorar muito sozinho na presença de Deus, o que achará? Verdades que tenta esconder de todos? Medos que nega a você mesmo e que o leva a forçar uma aparência de forte e de intocável? Ou depois que entende pelo Espírito Santo, que está aqui só de passagem, que não pode levar para a eternidade riquezas materiais, nem a aprovação dos homens, você se despe de todas as capas, e acha um espírito humilde, dono de uma paz tão maravilhosa que até te espanta? Que seja paz que você ache, ela basta.

segunda-feira, novembro 21, 2022

Persevere em buscar a Deus

      “Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos. Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.Salmo 34.4-6

      Deus sempre nos responde! Contudo, à medida que o experimentamos, ele exige de nós uma busca maior e melhor, não porque se afasta de nós, mas porque quer se mostrar mais, assim como deseja que nos conheçamos mais. Dessa forma, não estranhe se depois de ter muitas e maravilhosas experiências com Deus, então sentir como se o céu estivesse fechado, Deus, longe, o Espírito Santo, quieto, é só o Senhor querendo amadurecê-lo mais. Os  mistérios mais elevados, os consolos mais fantásticos, as curas mais profundas, só experimentamos amadurecidos, portanto, em buscas perseverantes que com certeza dão mais trabalho. 
      Não desista, insista! Mesmo que teus sentimentos neguem, creia sem ver, tire do fundo de tua alma uma meditação agradável ao Senhor, um clamor sincero e cheio de fé, que busca a Deus porque isso é o certo a ser feito, por nenhum outro motivo. “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (João 6.68b-69). Prazeres do corpo passam, festas nos bares com os amigos nos esvaziam ainda mais, mesmo a honra que os homens nos dão não nos ajudam na angústia, falsos deuses não socorrem quanto a pobreza bate forte à nossa porta.
      Busque mais a Deus! Por mais que essa exortação pareça repetitiva, não é, a cada busca há um encontro renovado de vida, uma palavra viva de esperança, um frescor, um sabor, um brilho, que nos fortalecem para seguirmos em frente, isso é algo que só o Espírito Santo pode nos entregar. Enquanto viver busque ao Senhor e agradeça a ele por te atrair a buscá-lo, esse é o maior bem que podemos ter, pode faltar tudo neste mundo, menos a vontade de buscarmos a Deus crendo que ele tem algo bom para nós. Quando passares pelas águas estarei contigo, não te submergirão, quando passares pelo fogo não te queimarás (Isaías 43.2).

domingo, novembro 20, 2022

Alertas, firmes, corajosos e fortes!

      “Fiquem alertas, permaneçam firmes na fé, mostrem coragem, sejam fortes.” 
I Coríntios 16:13 (Nova Almeida Atualizada)

      Depois que encaramos um grande problema de frente, acertamos nossas vidas, buscamos a Deus e recebemos uma resposta, o problema foi superado, contudo, depois ainda nos resta um trabalho. O trabalho está descrito no texto bíblico inicial, que na versão bíblica usada fica-nos ainda mais claro. Começamos a seguir a Jesus pela fé, no início da caminhada nossos problemas parecem resolverem-se mais facilmente. Por isso mesmo, temos a tendência de amolecer na vigilância, só tornamos a ficar mais atentos quando um novo problema surge e temos que receber de Deus uma resposta.
      Contudo, quando amadurecemos, Deus nos trata diferentemente, a vida não será mais problemas e rápidas soluções para eles, e entenda certo o que vou dizer, a vida se transformará num imenso problema sem solução. Nesse ponto duas opções nos são apresentadas, ou assumimos nosso amadurecimento, ou desistimos de vez de andar com Jesus. Desistir de Jesus não é necessariamente desistir de frequentar igrejas, muitos estão dentro de templos, fiéis às programações de suas comunidades, cantando e orando, mas ainda assim são desviados, que desistirem de Deus há algum tempo. 
      Assumirmos o amadurecimento é enfrentarmos o problema sem solução do jeito correto, o jeito que Deus pede de filhos maduros, o jeito é seguir a orientação do texto bíblico inicial, permanecermos alertas, firmes, corajosos e fortes. Um problema pode ser de fato sem solução? Claro que não, Deus sempre ajuda os que confiam nele, contudo, há soluções que não são definitivas, mas devem ser experimentadas o tempo todo com uma vida o tempo todo alerta, firme, corajosa e forte. Num relacionamento maduro com Deus não há mais momentos de pausas, de descansos “espirituais”. 
      O amadurecimento nos faz alertas contra riscos desnecessários de apetites físicos, de ataques de espíritos maus, de armadilhas de homens egoístas, nos deixa firmes na fé no Deus que conhecemos e que nos trouxe em vitória até aqui. Também nos faz corajosos para enfrentarmos desafios e o desconhecido, sabendo que o Deus que tudo sabe e controla nos guia, assim como fortes mental e emocionalmente, não dando espaço para dúvidas, erros antigos e ansiedades com o futuro. Só o Espírito Santo pode nos fazer plenamente alertas, firmes, corajosos e fortes, por isso oração constante e profunda não é mais opção, mas estilo de vida de seres maduros.
      Quem sabe não precisa crer, e quem não precisa crer não precisa ser forte, ainda que possa se acomodar numa capacidade ou bem que desenvolveu ou adquiriu com esforço próprio. Mas o que busca o Senhor tem a oportunidade de ser fortalecido espiritualmente, já que não pode confiar no que tem ou é, logo, no que sabe e vê, mas só no Deus invisível e em seu amor. Não sejamos, contudo, como os tolos que não fazem suas partes e pensam que Deus pode fazer suas partes por eles, sejamos como os sábios, que se esforçam no que podem, mas ainda assim confiam no Senhor, não em si mesmos. 
      Ainda que estejamos firmes na fé, as outras pessoas podem não estar, aliás, podem nem ter comunhão com Deus. Isso é importante saber porque neste mundo não dependemos só de nós, mas também dos outros. Patrões, familiares, pastores, gerentes de bancos e chefes de tantas empresas e instituições com as quais nos relacionamos de alguma forma, nossas vidas podem depender de decisões de todos esses. Dessa maneira, estarmos vigilantes é pormos todos esses na presença do Senhor em oração, para que suas condutas sejam canais livres de bênçãos para nós, não impedimentos. 

      “Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos.” 
I Coríntios 16:13 (versão tradicional)



sábado, novembro 19, 2022

Emoção, razão e equilíbrio

      “Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.II Timóteo 1.7

      Os gregos clássicos já faziam coisas semelhantes (“Teoria de Hipócrates”), mas se transformou em ciência moderna com Freud (“Teoria Psicanalítica”), o mapeamento dos humores humanos e da psiquê humana. Esta reflexão propõe só mais uma classificação, dividindo a consciência humana em três partes: emoção, razão e equilíbrio. Sem uma delas nos faltaria alguma coisa, somos completos com as três, ainda que muitas vezes uma parte tente dominar as outras e uma parte possa ter lados positivos e lados negativos. Como sempre digo, não sou profissional da área médica ou de outra, o que faço aqui são só reflexões leigas, que possam ajudar você de alguma forma. 
      A emoção, que quando potencializada podemos chamar de paixão, nos leva tanto a coisas belas, audaciosas, construtivas, como o amor, o estabelecimento de uma família, mesmo de tribos, cidades e nações, mas também leva a coisas terríveis, impulsivas e destrutivas, como guerras. Muitas vezes não fazemos extremismos porque pensamos antes, fazemos porque queremos e queremos porque nos dão prazer, e ódio é tão prazeroso quanto amor. Quem fácil ama, fácil odeia, mas quem nunca odeia, também nunca ama, e aqui me refiro ao amor apaixonado, característica do mundo físico, não ao santo amor espiritual. Certos os gregos antigos, que tinham várias palavras para amor
      A razão acha prazer em teorizar as coisas no tempo, assim, se damos lugar a ela pesamos muito antes de agir ou de falar. Seu lado positivo é que ela procura entender profundamente as coisas, assim é útil para estabelecer fórmulas, que uma vez definidas economizarão tempo, não haverá mais necessidade depois, de se pensar outra vez, basta usar a fórmula. A ciência funciona basicamente sobre a razão, ela não sabe ou quer porque gosta ou desgosta, mas porque é o racional a ser feito, que comprovadamente deu e dará certo. Em nossas cabeças o lado ruim disso é que nem tudo é explicável, sermos racionais demais pode nos amarrar, o ser humano é mais que fria razão.
      Mas talvez a parte que mais nos defina como seres eternos seja a que busca encontrar o equilíbrio entre a emoção e a razão. Se há necessidade de equilíbrio é porque não basta-nos ser só emocionais ou só racionais, por outro lado, só se adquire equilíbrio praticando-o, querer ser espiritual sem enfrentar o mundo material é inútil. Se emoção é característica mais instintiva, material e individual do homem, que ele precisa para sobreviver neste plano, se razão é característica intelectual, desenvolvida para dominar a natureza e sobreviver em sociedade, o equilíbrio melhor é virtude moral que conduz a uma comunhão espiritual com Deus, o Espírito criador de tudo.
      Podemos tentar achar equilíbrio tanto pela emoção quanto pela razão. Os que veneram a ciência, como a um deus, pensam que só pela razão se acha equilíbrio, mas esses negam a intuição, e resumem o homem quase que a uma máquina. Os materialistas pensam que acham equilíbrio priorizando aquilo que lhes dá prazer, mas esses se tornam selvagens hedonistas, ainda que polidos e sofisticados. Ambos desprezam uma área importante do ser, o espírito, é preciso humildade para permitir que o equilíbrio do espírito administre tanta a emoção quanto a razão. Mas mesmo os que conhecem valores espirituais podem ser equilibrados pelo ardor da paixão ou pela fria racionalidade.
      O texto bíblico inicial fala-nos algo sobre três áreas humanas, podemos ligar amor à área emocional, poder à racional, e moderação à espiritual? De certa forma. Amor não pode ser frio, implica em empatia e essa nos leva a chorar com quem chora e nos alegrarmos com quem está feliz, mas podemos ser traídos pelo coração. O ser humano tem dominado o mundo com a inteligência que cria armas e máquinas, vemos a razão, que não se importa com o fim de algo, entregando poder a certos homens. Mas se a emoção por sentir e a razão por poder podem ser parciais, entregarem direitos a alguns e não a outros, só a moderação acha o equilíbrio de um Deus que ama a todos. 

sexta-feira, novembro 18, 2022

Maravilhosa constância de Deus

      “Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade. Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará? Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” “O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração.” 
Salmos 6.2-6, 9

      Passamos uma parte significativa do tempo de nossas vidas sofrendo, sofremos por causa de nossas inconstâncias, enquanto isso Deus permanece sempre o mesmo. Não temos a paciência que Deus tem conosco, nem com os filhos mais amados e corretos. Como deve ser para o Senhor ter que repetir para nós sempre as mesmas coisas? Como deve ser para ele, tantas vezes, ver-nos desanimados, incrédulos, ainda que ele já tenho dito para nós que está tudo bem, que tudo vai dar certo, que ele já recebeu o que entregamos e a ele confiamos e que podemos ficar em paz? Isso deve ensinar-nos sobre o que somos, inviáveis para reter neste mundo a vida, assim como sobre o que podemos ser, vasos constantemente cheios com unção a de Deus, possível se tivermos vidas diárias de oração. 
      Às vezes me entedio, não com Deus, mas comigo, nessas horas novamente me vem à mente aquela possibilidade de pecado que não pode ser perdoado, não por Deus, mas nosso pecado não perdoado por nós mesmos. Mas não precisamos estar sujos com um pecado para nos sentirmos mal, basta estarmos vazios do presença do Senhor. Salmos 6.9 me consola porque diz que Deus não se cansa de mim, falta de paciência, tédio, sentir-se enfadado e desanimado com coisas repetitivas, principalmente as ruins, são experiências que o Espírito Santo nunca tem. São sensações de morte, de fim, de desesperança e Deus é sempre vivo, seu Espírito sempre tem esperança, Deus nunca se cansa ou se enjoa. Glória a Deus, o que seria de nós, criaturas inconstantes, se não fosse a maravilhosa constância de Deus?
      O versículo 9 do salmo 6 parece fazer uma diferenciação entre súplica e oração. Súplica é algo que fazemos quase que inconscientemente, é um gemido íntimo, mais uma intenção emocional que frases racionais verbalizadas. Quando estamos com um problema, que pode ser só o desânimo de viver, o ácido perfume de morte que a matéria sempre leva, não temos forças para nada, mas ainda assim nosso espírito murmura. O Espírito Santo, em sua elegante graça, toma esse murmúrio e o leva a Deus, isso é o suficiente para que gotas de esperança sejam derramadas dos céus sobre nossas almas. Tocados pela misericórdia do Senhor, temos forças para orar, com certeza de sermos ouvidos, as vozes de morte se calam, sentimos o tranquilo silêncio, onde a vida eterna novamente volta a fazer sentido. 
      Meus queridos, viver é esperar em Deus, o tempo todo, quem não entende e não aceita isso se cansa, se enfada, se entedia, e fica andando em círculos, repetindo provas, duvidando do que já tem e sabe, desacreditando de Deus e da vida eterna. Não pense que você precisa estar com um pecado muito grave sem perdão para sentir o gosto da morte, neste mundo sem o melhor de Deus sentimos isso naturalmente. Por isso não fiquemos “viajando” no desânimo, mas busquemos a Deus. Se somos infiéis, Deus é fiel, se carregamos a morte no corpo físico, o Espírito Santo é vida eterna, se nosso coração é inconstante, Jesus é constante, sempre nos coloca diretamente em comunhão com o Altíssimo. Nossa fé precisa ser renovada todos os dias, e será assim até nosso último suspiro neste mundo, ânimo, amados!

quinta-feira, novembro 17, 2022

Quem tem direito à felicidade?

      “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.” 
Salmos 40.4
      “Bem-aventurado é aquele que põe no Senhor a sua confiança e não se volta para os arrogantes, nem para os que seguem a mentira.” 
Salmos 40.4 Nova Almeida Atualizada

      Quem tem direito de ser bem-aventurado, ou muito feliz? O salmista diz que é o que confia em Deus, e que não dá atenção a soberbos e mentirosos. Com “não respeita”, o texto quer dizer quem não se volta para dar importância, não significa faltar com respeito, o novo testamento não orienta-nos tratar alguém assim. Existem pessoas que simplesmente devemos ignorar, não como seres humanos que necessitam do amor de Deus, mas como opiniões que possam interferir em nossas vidas, em tirar de alguma forma nossa tranquilidade. 
      Soberbo é todo aquele que se acha superior de alguma maneira aos outros, seja pelo dinheiro que tem, pela cultura e formação intelectual que possui, e mesmo por se achar equivocadamente melhor religioso. Eu disse equivocadamente porque um bom religioso, principalmente um bom cristão, é melhor justamente por ser humilde, assim não pode ser soberbo. Contudo, como existem soberbos disfarçados, que até não se impõem com palavras ou com ações, mas que dentro deles, em seus íntimos, se consideram melhores que os outros.
      Ser feliz é confiar em Deus e não dar bola para o que os outros pensam, digam ou façam, as pessoas não têm direitos ou poderes sobre nós, só Deus. Se por acaso precisarmos depender de soberbos, por exemplo na área profissional ou na familiar, onde as interações podem ser complicadas, entreguemos o equivocado nas mãos de Deus e sejamos humildes. Ainda que as pessoas possam achar que mandam em nós e nos controlam, isso não é verdade, basta um pequeno agir de Deus para que poderosos caiam e sejam envergonhados.
      Mas o texto bíblico inicial fala também dos que se desviam ou seguem a mentira, acredite, muitos que se postam com arrogância, nada mais são que mentirosos, tremendo de medo de serem descobertos em suas falácias. Quem é feliz porque confia em Deus anda na verdade, ainda que seja na pobreza e na simplicidade, está na luz e essa afugenta falsos e mentirosos. Não sejamos orgulhosos, como os soberbos, mas também não nos humilhemos para homem, só para Deus, que nos acolhe e nos dá o direito de sermos felizes. 

quarta-feira, novembro 16, 2022

Alegremo-nos!

      “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!Filipenses 4.4

      Tristeza envelhece, causa doenças, limita a vida. Se estamos fazendo nossa parte, se estamos andando conforme a vontade do Senhor e estamos confiando nele, estejamos alegres. Isso não e só escolha ou irresponsabilidade, é louvarmos a Deus, darmos testemunho dele, praticarmos nossa vocação maior de vida. O humilde sempre acha alegria, pois anda na luz e nela não há armadilhas ou surpresas ruins. Mesmo na disciplina de Deus será cuidado com dignidade, mesmo no vale da sombra da morte em que este mundo pode estar, o humilde não teme mal algum. 
      Muitos de nós fomos criados de um jeito e nos acostumamos a viver de uma maneira que sempre procuramos motivos para sermos tristes. Tristeza se torna uma obsessão, identidade para chamarmos de nossa, mas não é essa a vontade do Senhor para seus filhos. Se muitos se alegram no mundo por qualquer coisa, com prazeres vãos, traindo alianças, machucando seus corpos e sujando suas almas, os que andam com Deus têm motivos legítimos para serem alegres e sempre, basta que sejam fiéis a Deus, a si mesmos e ao próximo, e exerçam fé inteligente. 
      Contudo, ninguém se iluda, não basta agirmos corretamente, só fazermos a nossa parte, tem que haver íntima comunhão com Deus em oração, onde conhecemos sua vontade e achamos forças para fazê-la. É o Espírito Santo quem nos alegra em primeiro lugar, depois podemos experimentar essa alegria nas outras coisas, nas amizades, no trabalho, nos estudos, na igreja, mesmo nos lazeres mais simples. Caso contrário, nem todo dinheiro disponível no mundo, usufruto dos prazeres mais caros, honra dos homens mais importantes, farão com que sintamos alegria.
      “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Salmos 51.12). Alegria nos faz voluntários para fazer o bem aos outros, senão nos fechamos em nós mesmos, em nossa tristeza, achando legitimamente que temos direito de sermos egocêntricos porque estamos tristes. Tristeza indevida se torna idolatria, maior que nós, maior que Deus, leva à depressão, à morte em vida. Repito, é preciso ser humilde para ser realmente alegre, e nem me refiro à felicidade duradoura, essa não existe aqui, mas só alegres, simplesmente por existirmos. 
      O texto bíblico inicial não é uma sugestão, é praticamente uma ordem que Paulo dá, e ele tem motivos para isso. Ele sabe as brechas que a tristeza pode abrir nos homens, portas para pecados, vícios, caminhos da morte. A melhor alegria é de graça, pela graça de Deus, só quando entendemos isso é que descobrimos a melhor alegria, aquela que não está aliada às coisas visíveis, só às invisíveis e pela fé no Senhor. Alegremo-nos! Tenhamos isso como estilo de vida, busquemos coisas que nos façam bem e que nos alegrem de forma duradoura, isso é a vontade de Deus para nós.

terça-feira, novembro 15, 2022

Tristeza para o bem

      “Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.II Coríntios 7.8-10

      O texto bíblico inicial, parte da segunda carta de Paulo aos coríntios, revela algo interessante, os membros da igreja em Corinto parecem não terem gostado da carta anterior de Paulo, ficaram entristecidos com o que leram. Eu acredito que Paulo tinha noção do que escreveu, sabia que havia dado exortações precisas e do Senhor, mas ainda assim disse que sentiu algum pesar ao saber que os coríntios tinham se contristado. O apóstolo-teólogo sabia quem era, o que fazia e o que dizia, mas não era desumano, apesar de pegar pesado muitas vezes, em minha opinião, baseada em posicionamentos dele em várias passagens. Veja, por exemplo, o que ele diz sobre casamento e vida com Deus, justamente em sua carta anterior aos coríntios (I Coríntios 7), não necessariamente influenciado por seu contexto histórico. 
      Penso se hoje em dia, com seres humanos tão melindrosos, inflados de direitos e avessos a deveres, se muitos pastores enfrentam reações negativas para terem que entregar palavras de exortação legitimamente de Deus e necessárias. Será que muitos correm o risco de perderem dizimistas sendo duros no Espírito Santo? E eu disse no Espírito, não por falso moralismo ou por preconceitos sociais e morais. Se a grana controla o mundo, também domina muitas igrejas cristãs, infelizmente. Hoje, o medo de se obedecer a Deus não está, pelo menos não na maioria dos países civilizados, em perder vida física, mas em perder o salário, ou mesmo, em ser “cancelado”, termo usado nas redes sociais, perdendo por isso popularidade e aprovação de tantos. Ainda assim muitos se auto-denominam apóstolos e missionários.
      Mas Paulo folga-se no Senhor, sabia que a tristeza do homem tinha sido segundo Deus, essa tristeza opera arrependimento, não morte. Será, que como luzeiros do Altíssimo, vivendo no mundo e dando testemunho, ou fazendo um evangelismo mais direto, seja em púlpitos, físicos ou virtuais, seja nos lares, temos esse entendimento, essa coragem, essa convicção? Ou só dizemos aquilo que as pessoas gostam de ouvir, mantendo-as no erro e não conduzindo-as à salvação? Às vezes é melhor ficarmos quietos, que entregarmos algo como sendo de Deus quando não é. Quem não paga o preço aqui de dizer a verdade, será confrontado na eternidade, quando alguns testemunharão sobre falsos evangelistas, dizendo que não sabiam que faziam coisas erradas porque não foram adequadamente avisados (Ezequiel 33.1-6). 
      Não estou dizendo que as pessoas serão inocentadas pelos erros dos outros, a lei é moral e o espírito humano sabe quando erra, ainda que ninguém saiba ou o avise. Se uma pessoa não avisar alguém, outra avisará, de alguma maneira, Deus não erra nem é injusto, contudo, a pessoa que não avisou sofrerá as consequências por isso. Os errados sejam humildes, aceitem a correção, quando é de Deus os homens podem nem ficarem sabendo, seu pastor, sua esposa, seu esposo ou seu patrão, podem nem ter conhecimento de seu erro e nada fazerem a você, mas Deus vê e corrige para a vida. Já os profetas, sirvam a Deus, não aos homens, obedeçam seus chamados diligentemente. Não é fácil ser boca da verdade mais alta, nem há recompensa por isso no mundo, mas é honra de Deus, a eternidade revelará.

segunda-feira, novembro 14, 2022

O Senhor é o meu pastor

      “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” Salmos 23.1

      A essência espiritual do homem é ser ovelha, não é ser pastor, pastor só existe um, Deus. Isso revela muito mais que simples hierarquia, que posicionamento de general e soldado, de senhor e servo, de chefe e empregado. Isso revela a vocação de sermos mansos, pacíficos, abertos a uma orientação superior, admitindo que não sabemos tudo, mas que existe quem sabe, e que esse nos ama e nos conduz. Ser ovelha não é ser “manada”, termo atual aplicado a quem se deixa conduzir por políticos ou religiosos, sem questionar e obter com isso conhecimento mais profundo e verdadeiro. Ser ovelha é ser humilde. 
      O homem não se sente satisfeito, independente de sua situação financeira ou nível intelectual, por ser auto-suciemte, quem acha que independência material traz satisfação ilude-se. Por outro lado, ainda que o pastor conduza ovelhas à liberdade e à independência material, elas aprendem que seu alimento principal não está no mundo, mas no Espírito, o Santo Espírito vem de cima, do Altíssimo, não da Terra. A simbologia pastor e ovelhas não sugere submissão estúpida, mas reconhecimento inteligente de prioridades, materialistas e ateus não entendem isso. Ser ovelha é muito bom, é se permitir ser cuidado por Deus.
      O Senhor é o meu pastor, nada em faltará! Diga isso com alegria, com muita satisfação, ainda que com muito temor a Deus, sem vaidade e com humildade. Deus se alegra em que estejamos felizes, o Senhor não é só uma energia, uma luz alta, pura e poderosa, mas fria, Deus é pai de amor que se agrada com os que o agradam e a esses ajuda sempre. Creia, há uma conexão especial entre os seres humanos que se colocam como ovelhas em Jesus. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.27-28).

domingo, novembro 13, 2022

Mente firme em Deus

      “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti.Isaías 26.3

      Muitos enfrentam uma confusão constante dentro de si, isso torna a paz algo impossível. Não acontece necessariamente por se estar cometendo erros morais graves, mas tentar viver assim nos mantém fracos, deixando-nos mais propensos a errar. Na confusão de mente se busca nos prazeres do corpo algo que possa amenizar a dor, para que se possa enfrentar a vida. Assim, um loop estabelece-se, a dor leva a busca de prazer, que faz errar, que causa mais dor, que de novo pede por prazer, que gera mais erro e que causa mais dor. Não é vontade de Deus que existamos assim, é possível cura, se houver humildade e força de vontade podemos achar a paz e segurá-la. 
      O trabalho não é fácil, muitos desistem no meio do caminho, não desistem da vida, mas de Deus. Achar a paz é achar o ser interior e assumi-lo, muitos não têm coragem de fazer isso porque para esses parece que isso é humilharem-se demais diante de homens. “Quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim, quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á” (Mateus 10.38-39). Os que desistem não serão menos, mas mais, se esforçarão mais, para serem mais diante dos outros, mas não acharão paz porque fogem de seus seres interiores. Achar paz é achar vida, vida só se tem harmonizado com Deus. 
      Mantermos nossas mentes firmes em Deus só conseguimos fortalecidos com a unção do Espírito Santo, se tentarmos isso sem Deus poderemos até adoecer psicologicamente. Batalha espiritual é mental, mas não é vencida com armas mentais, mas com espirituais. Não confundamos, contudo, enfermidades mentais com essa confusão que muitas vezes nos atormentam, se forem doenças psiquiátricas devem ser tratadas com medicação e orientação médica adequada, não só com oração. Confusões espirituais, contudo, se permanecerem por muito tempo sem tratamento, podem fazer adoecer nossas mentes, assim também necessitaremos de tratamento físico.
      Sempre procuro fazer essas ressalvas, ninguém despreze ciência ou tente tratar área física só com reformas morais e espirituais, essas são importantes, mas dependendo do caso, orientação médica deve ter relevância, principalmente no início do restabelecimento. Tratado ou tratando o corpo, cuidemos do espírito, conduta moral correta, libertação de vícios, vida de oração, levam-nos à cura plena. Quando cito o termo unção lembro que oração correta não deve cansar-nos, enfraquecer-nos, esvasiar-nos, mas alegrar-nos, motivar-nos, preencher-nos positivamente, impressionando sentimentos com um santo prazer. É isso que fortalece-nos para firmarmos a mente.
      Temos que readaptar nossos seres, se estavam acostumados a se perderem em devaneios, devem focar em Deus, em virtudes, em coisas boas e possíveis, na realidade, no presente, num dia após o outro. Isso requer humildade para aceitar limites, mas também confiança em Deus, que sabe quem foi, quem é e quem precisa ser. Uma mente firme em Deus se reconstrói melhor, experimenta um novo nascimento espiritual e vê o espírito amadurecendo num novo ser. Quem começa esse caminho de cura terá que se esforçar no início, mas à medida que for caminhando se verá mais seguro, mais estável, e conseguirá segurar uma paz verdadeira em Deus.
      Ninguém se sinta menor por ter que enfrentar fraquezas, Deus as permite para que dependamos mais dele e assim sejamos fortes para a sua glória. Felizes os fortes por e em Cristo. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (I Coríntios 1.26-29)

sábado, novembro 12, 2022

Me tem feito muito bem

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?
      Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.
      Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.
Salmos 13

      Quem procurar em muitos dos salmos por ensinos claramente positivos e de incentivo emocional, terá dificuldades, achará em alguns versículos declarações pessimistas e incrédulas, só em outros achará o que a maioria espera da Bíblia, testemunhos otimistas e crentes. Isso ocorre porque uma das principais características dos salmos, muitos deles composições de Davi, e o termo composição aplica-se porque originalmente são poesia, não prosa, letras para músicas, é serem desabafos intensos. As emoções do escritor vão sendo expressadas aos poucos e com muita honestidade. 
      Quem de nós não inicia muitas vezes uma oração totalmente desorientado, agoniado, amedrontado, descrente mesmo de Deus, achando que o Senhor nos deixou sozinhos, à própria sorte diante de tantos que se colocam como nossos inimigos? Não era diferente com Davi, que como o artista do quilate que era, tinha a sinceridade corajosa de dizer o que sentia a Deus e de compartilhar isso com outras pessoas, em composições que fazia para uso público. Que diferença da atitude de muitos de nós, que hipocritamente só queremos mostrar em público imagens satisfeitas e resolvidas. 
      Muitos cristãos fazem hoje a distinção, ao meu ver desnecessária, entre música secular e música religiosa. É certo que muito do que se autodenomina música hoje em dia não é arte, nem expressão emocional honesta, é só “canto de acasalamento” grosseiro e vulgar. Mas existe muita música, chamada secular, boa, com uso correto da língua, com harmonias e melodias ricas, mas principalmente, descrevendo experiências emocionais, sociais, afetivas, sinceras e reais. Pois bem, essa boa música secular pode se encaixar em muitos salmos, pelo menos nas primeiras partes deles. 
      O salmo 13 é um bom exemplo da oração gradativa tão presente em Salmos, que parece que começa com alguém no fundo de um escuro poço e depois encerra no mais alto céu. Nos versículos 1 e 2 Davi declara medo por achar que Deus se esqueceu e fugiu dele, e por isso não consegue mais achá-lo, Davi diz que está muito triste e que está derrotado e humilhado por seus inimigos. Essa é a descrição de alguém sendo disciplinado por Deus, não porque o Senhor o puna, mas porque Deus se afasta dele. Mas será que Deus se afasta de alguém em algum momento?
      Não, somos nós, homens, que nos afastamos do Senhor. Contudo, a declaração de Davi assumindo sua dor, sua verdade interior, abrindo suas entranhas e expondo a Deus, sem meias palavras, é só o primeiro passo de sua busca ao Altíssimo. Nos versículos 3 e 4 Davi já começa a se levantar, depois de se mostrar ele pede a Deus que se mostre a ele, agora a incredulidade começa dar lugar à fé. Atende-me, ilumina meus olhos para que eu não adormeça na morte, para que meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar, nisso Davi reconhece sua situação, mas clama que Deus o ajude. 
      Nos versículos 5 e 6 um Davi diferente, daquele do início do salmo, se apresenta, ele diz confio na tua benignidade, na tua salvação se alegrará meu coração, ele já contempla a alegria rertornando. Meus queridos, as palavras são limitadas, lentas, não acompanham a ação do Espírito Santo, e creia, enquanto Davi fala Deus age. O que permitiu isso não foram as palavras em si, mas a atitude interior de Davi, de humildade e fé. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem, encerra assim o compositor seu salmo, como se a felicidade fosse coisa que já acontecesse há tempos.
      A oração verdadeira transporta-nos no tempo, do passado de morte sem fim para um presente eterno de vitória, quando o Espírito Santo nos eleva, o pior pesadelo parece nada, a luz do Senhor nos acorda para as maravilhas do plano espiritual. Inimigos? Não temos inimigos, só opositores tolos, perdidos em seus próprios pesadelos, batendo cabeças, nada poderão fazer contra nós porque estamos na luz de Deus e eles não se sentem confortáveis na luz. Mas a frase final nos revela outro segredo da vitória espiritual, o louvor, quem adora se protege de medos e de tentações, santifica-se e cresce. 

sexta-feira, novembro 11, 2022

Aprendamos com Davi

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.Salmos 51.1-2

      O salmo 51 registra a oração que Davi fez após ser repreendido pelo profeta Natã (II Samuel 11-12) por ter adulterado com Bate-Seba e mandado matar Urias seu esposo. O pecado foi sério, as consequências à altura, mas Davi o assumiu, ainda que tardiamente e só após ter tentado acobertar o erro inicial com mais erros. Um trágico exemplo de como vergonhas podem se tornar vergonhas ainda maiores, se não houve pronta humildade para assumir as primeiras. Davi pede perdão a Deus com a certeza que isso seria suficiente para purificá-lo totalmente, isso fica claro na passagem. Por pior que seja o erro cometido o mínimo que podemos fazer é assumi-lo, confessá-lo a Deus e confiar na eficácia do perdão do Senhor.
      Davi poderia ter novamente a mesma atenção e a mesma proteção de Deus que tinha antes de pecar? Sim, contudo, fica a lição a todos nós, mesmo que haja paz com o perdão, os efeitos de certos pecados não desaparecem, devemos conviver com eles, ainda com mais humildade que a exercida para assumirmos o erro. Quem já não cometeu erros sérios, com consequências que não podem ser desfeitas? Deus não deseja isso a ninguém, mas em muitos casos pode ser a única maneira de sermos quebrantados e confiarmos no Senhor. Lições trágicas sofrem os teimosos, que ainda que tenham provado a honra de Deus, como provou Davi no estabelecimento de seu reinado, se esquecem dessa honra e não vigiam adequadamente.

      “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51.3-5

      Nesses versículos Davi especifica sua confissão, sua condição de pecador imundo, e principalmente, verbaliza contra quem pecou em primeiro lugar, contra Deus. Confissão de pecado não pode ser genérica, mas detalhada, sentindo toda a seriedade que implica o erro. Interessante que Davi diz que conhece suas transgressões, mas parece que nos esquecemos que estamos pecando e desagradando muito a Deus em algumas situações, como quando Davi desejou e possuiu a mulher de outro homem. Que não cheguemos a estarmos fracos assim, por isso vigiemos, nos fortaleçamos em Deus, enxerguemos o pecado antes dele acontecer, e fujamos dele, bem depressa, senão as consequências serão terríveis.
      Que diferença a honestidade de Davi, concordando que qualquer juízo que Deus executasse seria justo e ele receberia sem reclamar, da atitude de muitos jovens hoje em dia, não admitindo erros, jogando a culpa nos outros, não assumindo responsabilidades pessoais, achando-se sempre certos, cheios de direitos. Por isso tantos não conhecem o verdadeiro Deus, ainda que frequentem igrejas, não são humildes e não amadurecem. Davi chega ao fundo em sua confissão quando reconhece que sua essência é pecaminosa, desde seu nascimento, parece exagerado, mas representa bem a situação de quem foi surpreendido e duramente exortado. Davi faz tudo que pode para recuperar sua posição anterior a seu erro.

      “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Salmos 51.6-10

      Depois de enfatizar sua condição de pecador, Davi enfatiza a santidade de Deus, confia na eficácia do perdão do Senhor e clama para ter novamente a alegria de viver de quem agrada a Deus. Ah, meus queridos, muitas vezes só valorizamos certas coisas quando as perdemos. Mas creiam, é muito ruim viver em pecado, traindo pessoas, desejando o que não é nosso, tendo o que não nos pertence. Em se tratando de sexo errado é adultério e roubo, e no caso de Davi, também homicídio. Um abismo chama outro abismo, se o homem se deixar levar por prazeres egoístas, pela carne, desprezando o Espírito, acabará em morte e como dizem alguns, num horroroso “carma”. Quanto temos que pecar para acordarmos? 
      O versículo dez é muito bonito, vai ao cerne do problema, que não está nos órgãos e sentidos do corpo que interagem com os apetites, mas no interior emocional, mental e espiritual do homem. Davi deseja de novo o homem que era antes de pecar, que ele perdeu, não no adultério ou no homicídio, mas antes. Adultério e homicídio foram só trágicas causas de seu afastamento de Deus, afastamento que não o levou à guerra junto do exército de Israel e o amarrou ociosamente no palácio. Creia, ninguém comete um grande erro assim, da nada, avisos são dados e muitos, mas não são ouvidos, até que algo sério ocorre e revela o grande desvio do homem de Deus. Aprendamos com toda essa triste história de Davi e nos cuidemos. 

quinta-feira, novembro 10, 2022

Nosso sal tem sabor?

      “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.Mateus 5.13

      Nossa vida tem sabor? Que sabor tem? Que sabor gostamos que ela tenha? Várias coisas podem dar sabor às nossas vidas. Passamos muito tempo ao sabor das paixões, essas conferem tons fortes e vivos, que preenchem nossos dias, fazem com que nos sintamos vivos, relevantes para o mundo, para outras pessoas. Nos apaixonamos por um ofício, por uma profissão, por uma carreira, por um dom, nos esforçamos para conhecer essas ferramentas bem e sermos competentes no uso delas. Essas estão diretamente relacionadas com retornos financeiros, e dinheiro sempre dá sabor às vidas, compra-o, ao menos. 
      Mas é indiscutível que o que dá mais sabor às nossas existências neste mundo são nossas relações afetivas, por amor fazemos muitas bobagens, mudamos de cidade, de estado, de país, trocamos até carreiras promissoras para estar mais perto de alguém. Bem, pelo menos era assim para a minha geração, mas parece que para jovens bem formados dessa última geração, vida profissional tem sido prioridade, muitos têm preferido ficar solteiros, ainda que tendo relações íntimas ocasionalmente e sem compromisso. Muitos hoje não querem estar presos a nada a não ser a eles mesmos, mas será que as vidas desses têm sabor? 
      No texto bíblico inicial entendemos que sabor não é efeito de algo, mas algo que causa efeito em outras coisas, assim, paixões mudam nosso humor, nosso emocional, isso nos confere temperos que podem influenciar outras coisas. Apaixonados podem trabalhar melhor, ou pior, que seja, mas se tivermos vivendo uma paixão tudo o que tocarmos ganhará um sabor. A figura do sal tem um significado especial, não se come sal puro, ele é usado para dar sabor, e mesmo assim deve ser usado na medida certa. Mas isso se o sal estiver com suas características vivas, caso contrário, todo o sal do mundo não dará sabor aos alimentos. 
      O melhor sabor é o moral, ungido no Espírito Santo, esse dará mais que gosto, liberará o melhor dos seres humanos, e o melhor é eterno, não é vão e deste mundo. O resto, ainda que não seja necessariamente errado e tenha espaço e tempo em nossas vidas, é uma espécie de simulação da unção  espiritual. É importante entendermos que experiência espiritual não é algo fechado, parado, contido, frio, mas ainda que seja centrado e controlado é fogo que arde e não queima. A verdadeira experiência espiritual com o Deus Altíssimo nos confere o sal mais puro e saboroso, capaz de dar bom gosto ao mundo e aos seres humanos. 
      Unção envolve áreas moral, espiritual e emocional, é prazer de se estar em íntima ligação com Deus pelo seu Espírito. Mas a unção genuína só existe quando há qualidade moral, alguém de fato ungido tem capacidades espirituais, virtudes morais e emocionalmente sente-se iluminado, muito satisfeito. Quem está bem consigo, com Deus e se sente bem, com facilidade influenciará as outras pessoas, seja com palavras ou com atitudes, a estarem bem. O sal que Jesus se refere é essa unção, outros sabores, como as paixões, acabam conforme envelhecemos, mas o sabor da unção perdura e melhora, independente do tempo de vida.
      Interessante que o fim do sal com sabor e do sal sem sabor é o mesmo, a terra. Um salgará a terra e a influenciará para ter o seu sabor, o outro será pisado pelos homens e se tornará terra, será influenciado por ela. Isso propõe uma escolha de atitude, influenciar ou ser influenciado. Todos nos sentimos às vezes sal sem gosto, ainda que nossa vida no geral esteja de acordo com a vontade de Deus, parece que não nos resta outra coisa senão cairmos na terra e desfalecermos. Ao invés de procurarmos sabor nos vícios do corpo, o melhor é orarmos a Deus, buscarmos com todo o coração a unção do Altíssimo, que dá sabor ao nosso sal.

      “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.Jeremias 33.3

quarta-feira, novembro 09, 2022

Deus é sol e escudo

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Por isso amamos a Bíblia, em poucas palavras nos são apresentados ensinos preciosos de vida eterna. Deus é sol, o que entendemos disso? O Sol brilha, forte, sempre, alimenta toda a natureza com seu calor. Ele é fiel, ainda que a noite venha, e em alguns lugares do planeta possa durar bastante, o dia chega, o Sol nasce no horizonte, a vida se renova, a esperança segue firme, fortalecendo os homens em suas lidas diárias no trabalho de ganhar o alimento.
      À luz do Sol o homem tem melhores condições de ser produtivo, não precisa de luz artificial, sabe onde anda, aproveita melhor seu tempo. Deus é Sol moral que orienta nossas escolhas, mostra-nos o que é certo fazer porque é o melhor, para nós e para os outros. Sob a luz espiritual mais alta os seres espirituais do mal fogem, tentam achar algum local nas trevas para se esconderem, quem anda no sol divino é protegido por ele, purificado por ele, acalentado por ele. 
      A mesma luz mais alta de Deus é escudo contra o mal, quem faz o que é certo vence o que está errado só pelo fato de agradar a Deus. Não precisamos empunhar armas contra os arrogantes e egoístas, gastarmos nossas forças agredindo-os, os retos não atacam ninguém, nunca. Nossa ferramenta de guerra é obedecer a Deus, com isso naturalmente um escudo se forma ao redor, embaixo e acima de nós, de maneira que as armas inimigas não possam nos tocar.
      Nada é tirado dos que andam na retidão, andarmos retamente é andarmos humildes diante dos homens, mas convictos com Deus, com calma no mundo, mas perseverantes na busca do Altíssimo. O reto não mente nem que lhe custe a vida, não perde tempo com polêmicas ou com defesa própria, se cala, confia em Deus pois sabe o Deus que tem. A esses Deus não negará nada porque esses sabem o que, como e quando pedir, para eles a vida melhora sempre. 
      Interessante que o texto não diz nada é negado, mas nada é retirado, parece que nossa dificuldade maior não é conquistar coisas, mas manter o que conquistamos. Assim, a disciplina que sofremos quando nos afastamos de Deus, não é deixarmos de ganhar, mas perdermos o que ganhamos. O reto nem precisa ganhar, mas o que tem multiplica-se. Ainda que nada mais possa fazer para ver suprida sua necessidade, Deus fará com que aquilo que ele tem baste.
      Graça dá o Senhor aos retos. Graça nos remete a dois sentidos, um é ganhar algo sem ter pago um preço, gratuitamente, mas os retos pagam um preço, creem em Deus de todo o coração e vivem vidas santas e humildes. O outro sentido é alegria de quem é feliz sem precisar de motivos, pelo menos de motivos materiais, graciosamente, retos são alegres sempre, se maravilham com as obras constantes de Deus porque têm olhos e ouvidos espirituais abertos. 
      Glória dá o Senhor aos retos. Glória é um brilho diferenciado, uma condecoração, não física, mas espiritual, advém não de riquezas do mundo e de honra de homens, mas de prática de virtudes morais diante de Deus. A verdadeira glória de cada ser só reconhece os realmente espirituais, os outros verão o que querem ver, serão enganados com falsas glórias, serão vaidosos e céticos, ainda que se achem bons religiosos, não conhecerão a glória de Deus. 

terça-feira, novembro 08, 2022

Andar no Espírito

      “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.Gálatas 5.22-26

      Andar no Espírito é praticar três pilares da espiritualidade: oração realmente espiritual, mente vigilante e amor puro. Oração espiritual recebe unção que capacita e consola, não é só expressão intelectual, mas direta conexão com Deus por Jesus no Espírito Santo, que entrega um bom e poderoso sentimento. Mente vigilante fecha portas às vozes dos espíritos maus, às invejas dos homens maus e aos prazeres descontrolados do corpo, focando em Deus e em sua vontade, conquistando paz e santidade. Amor puro entrega sem pedir algo em troca, com paciência, elegância e buscando a glória de Deus, não do ego.
      Viver no Espírito é orar e louvar a Deus, focar no Altíssimo e amar sempre. Andar no Espírito é prática, é colher no passo a passo e no dia a dia o que se confessa como vida na oração. Não basta sermos fortalecidos em oração, acessarmos a vontade de Deus para nossas vidas e nos sentirmos muito satisfeitos com isso, temos que refletir isso em nossas relações diretas com a realidade, com as pessoas, com os negócios. Por isso à orientação de Paulo sobre viver e andar em Espírito, segue “não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando e invejando os outros”, frutos doces e que permanecem precisam ser colhidos. 
      Pode parecer óbvio, mas muitos conseguem entender os pilares da espiritualidade na oração, naqueles maravilhosos momentos de quebrantamento no coletivo das igrejas ou na privacidade de seus lares, contudo, não conseguem pôr em prática. Por isso estão sempre repetindo provas, voltando ao passo inicial da carreira cristã, isso até pode persistir por um tempo, mas depois pode enjoar, fazendo com que muitos desistam de praticar espiritualidade. Prática requer um andar cuidadoso, onde se retêm na alma a vontade de Deus e a confronta com a realidade à medida que se caminha. Isso requer fazer as coisas com calma. 
      Enquanto na oração as coisas podem ocorrer na velocidade do Espírito Santo, esse é rápido para agir e nem precisamos de muita racionalidade para entender, mais se sente que se pensa, o convívio com a realidade do mundo material requer tempo. Dessa forma, pôr teoria em prática exige paciência com nós mesmos e com os outros, mais pensar que falar. Se recebimento da unção é algo mais espiritual que intelectual, a prática do que se recebeu requer racionalidade, não para entender e fazer as coisas do jeito humano, mas para destrinchar o ensino recebido do Espírito Santo e pô-lo em prática, em cada atitude e em cada palavra.

segunda-feira, novembro 07, 2022

24 horas com Deus

      “Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. De tarde e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.Salmos 55.16-17

      Não olhemos para dentro de nós, mas para Deus. Nosso interior é local pouco confiável, principalmente quando não foi cheio do Espírito Santo. Pela manhã, quando acordamos, é um momento muito humano, uma noite mal dormida, sonhos de todas as espécies, lembranças do dia anterior e velhos medos do futuro, podem se assentar dentro de nós. Por outro lado temos compromissos a cumprir, pouco tempo para meditações e leituras da Bíblia, assim uma oração rápida e com convicção é útil para nos nivelarmos espiritualmente. O principal é olharmos pela fé para o Altíssimo, não para nós. 
      Lá pelo meio do dia, quando já nos adaptamos à realidade, conversamos com pessoas, as coisas começam a fazer sentido, já estamos sentindo mais as prioridades e nossa mente já está envolvida com a roda viva da vida, empurrando-nos à frente. Mas nesse momento uma atitude mental também de fé é importante para não nos perdermos, podemos cair tanto por nos sentirmos fracos quanto por nos acharmos fortes. Depois chegamos ao final do dia, em casa, cansados fisicamente, mas é à noite, após um banho e uma refeição, que busca por espiritualidade pode ser mais frutífera e fortalecedora.
       Num lugar protegido de interferências e distrações, principalmente auditivas, relaxemos e busquemos a Deus com tempo. Momentos como esse é que nos darão noites de sono tranquilas e que nos permitirão acordar no dia seguinte preparados para enfrentarmos a vida. Vivermos vinte e quatro horas perto do melhor de Deus neste mundo é desafiador, não é fácil, mas é o segredo para que nos preparemos para termos direito ao melhor do Senhor na eternidade. Nada acontece por acaso, sempre há esforço perseverante envolvido, mas aos homens de boa vontade a felicidade é viável.

domingo, novembro 06, 2022

Sem amor estreita-se a visão

      “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.Romanos 12.13-15

      De baixo para cima enxergamos o Deus Altíssimo, focando nossos olhos espirituais em linha reta e centrada nas regiões espirituais mais altas em Cristo, acima dos seres espirituais. Contudo, é olhando na mesma altura, e abrindo a visão, que enxergamos os seres humanos com amor. Só o amor abre nossa percepção do semelhante, sem ele nossa visão estreita-se e entendemos o outro egoisticamente. Essas definições talvez tenham sido um pouco místicas, mas quem tem a experiência de fazer uma oração diferenciada de fé, que redunda numa resposta certa e completa, entende o que quis dizer com olhar espiritual reto e centrado no Altíssimo.
      O ponto dessa reflexão, contudo, é a maneira como olhamos nossos semelhantes: com visão estreita ou com visão aberta? Quem não ama distancia-se, olha com frieza, seleciona só o que quer ver, que não vai comprometê-lo ou incomodá-lo. Quem olha estreito vê com filtros, não quer enxergar a realidade. Você quer saber se usa esse olhar? Responda: como você olha um mendigo numa calçada? Nem dá muita atenção, pensa, mas tem preparadas algumas considerações para interpretar a situação, de modo a não se envolver com a questão, para não ter que ser solução e não sofrer? Quem olha assim olha sem amor, enxerga estreitamente o semelhante. 
      Não temos que sair por aí resolvendo todos os problemas do mundo, nem podemos fazer isso, o mendigo foi um exemplo, ainda que nada façamos numa situação assim, não significa que não temos amor. Mas existem situações, bem triviais, em nossas vidas, em que Deus nos permite exercer amor. A visão estreita sempre olha de cima, a aberta olha na mesma altura, mas podemos também olhar de baixo, isso indica algum problema emocional em nós não resolvido, só Deus merece ser olhado com temor. Visão estreita é arrogante, na mesma altura é equilibradamente amorosa, mas a de baixo pode até conter amor, mas também conterá medo, que limita o amor. 
      Sem amor estreita-se a visão e nós fugimos da escolha mais espiritual, que interage com algo ou alguém como Jesus homem interagiria. Escolher o que ver e concluir sem refletir muito é mais fácil, mas contemplar toda a questão envolve trabalho emocional. O olhar aberto ouve antes de falar, não julga mal e torce pelo melhor. O olhar amoroso não vê inimigos nem em quem assim se coloca contra ele, mas vê alguém com uma ferida que precisa ser curada, não toma como pessoal nem a ira e nem a inveja mais estridentes. Olhar aberto abraça, o estreito despreza, o aberto não se acha parte do problema, mas da solução, por isso não tem necessidade de se defender. 
      Visão estreita a ninguém se associa sem que isso lhe traga alguma vantagem, mesmo que seja só para poder dizer depois a quem ajudou que esse lhe deve favores. A visão aberta vê todos os seres humanos como irmãos, tem uma ótica espiritual e eterna da humanidade, não vã e mundana. O que abre os olhos espirituais para enxergar o semelhante toma a iniciativa para amar, ainda que seja só para clamar anonimamente por alguém diante de Deus. Eis a maneira de ajudarmos muitos que nos impressionam por sofrerem tanto, orando, contudo, se pudermos ajudar financeiramente, o façamos, hoje, pobreza de tantos no mundo, é problema de todos. 

sábado, novembro 05, 2022

A cor do amor

      “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida.II Coríntios 2.15-16a

      Para a esquerda está na moda ser legal, por isso tanta publicidade usando diversidade de raças e sexualidades para agradar a causas sociais. Já para a direita cristã está na moda ser estúpida, cansou de se achar vítima, assim vinga-se posicionando-se politicamente. Mas enquanto a esquerda dá lugar de fala a vítimas reais, que sofriam preconceitos e opressão legitimamente, a direita cristã sai da posição que não devia ser de vítima, mas de humildade, e se desvia para um empoderamento extremado e equivocado. 
      Se alguém é negro, homoafetivo e cristão, pelo que pode lutar? Como negro pode lutar por igualdade, como homoafetivo por liberdade, mas como cristão deve viver em humildade. Percebe as diferenças? Por causas humanas e deste mundo luta-se com armas deste mundo, mas causas espirituais devem prevalecer com experiências espirituais. A diferença existe porque espírito não tem sexo ou cor, só níveis moral e intelectual, ainda que isso não impeça cristão de lutar por direitos de todos os seres e pelo bem do planeta. 
      O mais sábio é tentar não usar lugares inadequados para causas indevidas. Luta por igualdade de cor e de sexualidade não deve envolver religião, pois são relevâncias para seres humanos de religiões diferentes e mesmo sem religião. Quando dizemos religião, dizemos todas, afro-espíritas não têm mais legitimidade de lutar pelos direitos de afrodescendentes que cristãos. Ainda que o catolicismo tenha origem na Itália, não é exclusivo de italianos, como não é o protestantismo de alemães ou o Candomblé de africanos. 
      Religião, apesar de ter origem e ser fundamentada em fatores culturais e sociais de um povo, pode ser escolhida por seres humanos de qualquer origem, continente, país, raça ou tribo. Ou não? Ou só afrodescendentes podem ser da Umbanda e do Candomblé? Assim devemos separar cultura de origem africana de religião dessa origem, pode não ser fácil, mas é necessário, senão estaremos tirando da religião sua principal função, permitir a qualquer ser humano relacionar-se com o divino, o místico e o espiritual. 
      Já o compartilhar Deus, e o termo não é lutar por Deus, já que Deus não precisa e nem pede que ninguém lute por ele, deve ser feito com humildade, com ações não com discursos. Espiritualidade deve aparecer em nós como perfume, suave e especial, discreto, mas vivo. Digo isso não só a evangélicos, mas a todos, espíritas, afro-espíritas, muçulmanos, budistas etc. Imagine um mundo onde assembleianos lutassem pelos homoafetivos, onde umbandistas lutassem pelos luteranos, imagine, seria um wonderful world.
      Se cada fala estivesse em seu lugar e uma não tentasse tomar o lugar da outra, teríamos causas sociais de mãos dadas com causas morais, ciência amiga da religião, tudo harmonizado para que um ser humano completo e equilibrado cuidasse bem dos mais desfavorecidos e do planeta Terra. Contudo, os seres humanos ainda tendem à prepotência, todos eles. Quem esteve embaixo quer estar em cima, e fará com os que estavam em cima o que fizeram com ele. Sem temor a Deus não há igualdade, liberdade e humildade. 
      O mundo está mudando e mudará ainda mais, a direção já está sendo mostrada. Daqui a algum tempo ainda haverá problemas, mas a igualdade será maior, primeiramente física depois em outras áreas, a mistura maravilhosa de raças igualará os corpos àquilo que já existe nos espíritos. Se preconceituosos reclamam de verem tantos afrodescendentes em propagandas de TV, aceitem, no futuro não se verá mais brancos, mas também não se verá mais negros, só misturados. O ser humano do futuro só terá uma cor, a cor do amor.  

      “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” Apocalipse 7.9-10