terça-feira, abril 30, 2019

Cumpra tua missão

      “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.Atos 20.24

      Eu acredito que em Deus todos temos uma missão, pessoal e intransferível, cada missão é importante para cada um de nós, nem todas serão missões conhecidas ou reconhecidas por muitas pessoas, algumas serão absolutamente privadas, mesmo secretas, mas todas são importantes. Têm relevância para Deus porque em suas mãos mesmo a missão aparentemente mais insignificante pode contribuir para desencadear algo grande, no tempo e no sistema do mundo, tem relevância para nós porque só cumprindo essa missão, a nossa missão, não a de outra pessoa, acharemos realização nesta existência. 
      No processo de cumprirmos cada um de nós a missão que nos foi entregue, somos tentados a comparar nossa missão com a dos outros, assim, entender a importância de nossa missão para Deus e para nós é um segredo de felicidade. Quem aceita isso com humildade tem uma vida mais fácil, ainda que comprometido em cumprir bem sua missão, que não aceita verá projeto pessoal atrás de projeto pessoal cair por terra, frustrado, por um motivo ou por outro. Missão não se compara, não se reclama, mas se entende, profundamente, e sem cumpre, até o fim, com todo o nosso possível de melhor.
      É preciso que entendamos certo o que é a missão de um cristão, usando o princípio e não uma interpretação ao pé da letra de textos que falam, por exemplo no usado no início desta reflexão, da vida diária de um missionário e teólogo em tempo integral do primeiro século, Paulo, e não de seres humanos comuns como eu você no século XXI. Nem todos somos chamados para pastores e missionários em tempo integral, e ao meu ver, correndo o risco de não ser entendido por muitos, penso que ninguém é, já compartilhei aqui no blog mais de uma vez minha visão sobre pastor ser totalmente depende de recursos financeiros de igrejas e ministérios. 
      Dessa forma, a missão de Deus para nós não é, necessariamente, pregar a palavra o dia todo, a maioria de nós paga sua sobrevivência com trabalho secular, assim usa a maior parte de seu tempo trabalhando, estudando. Qual é então nossa missão neste mundo enquanto usamos a maior parte de nossa existência para sustentar necessidades materiais? Nossa missão é, de um jeito ou de outro, testemunhar sobre Deus e sobre sua ação em nossas vidas. Não existe um jeito mais pratico e real de mostrar aos homens a vida que Deus tem para eles que vivendo uma vida comum com Deus, nesse aspecto os sacerdotes católicos perdem muito no testemunho, sendo privados de casamento e família.
      Já vi muito cristão talentoso e útil nos trabalhos dentro de templos perderem boas oportunidades profissionais seculares, que os fariam seres humanos melhores, que dariam melhores condições de vida a eles e às suas famílias, porque acharam que se seguissem tais oportunidades teriam menos tempo para servirem a Deus nas igrejas. Que engano, quem fica feliz com isso são os maus líderes que usam mão de obra não remunerada de muitos bons crentes para manter ministérios dos quais só eles, os líderes, terão retorno financeiro. Cumprir a missão é seguir a Jesus, não a igrejas e pastores, para isso precisamos ter coragem para obedecer a Deus.
      O ponto desta reflexão, todavia, é: cumpra tua missão e não ligue pro resto. Não fique incomodado se alguém, seja na empresa ou na igreja, parece receber mais oportunidade e honra que você, não tente ganhar holofotes no grito, não se apresse em fazer, em mostrar, mas busque a Deus, entenda o que tem que fazer e faça, para Deus e em Deus. Só na obediência há paz, e essa paz é a única coisa que nos amadurece, amadurecer em Deus é colocar os pés sobre uma rocha e sentir que nada mais nos incomoda, que não precisamos provar mais nada a ninguém e que temos uma confiança inabalável em Deus, que nos chama e nos guarda. 

segunda-feira, abril 29, 2019

Ouçamos a verdade de Deus

      “Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra. A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Salmos 85.8-11


      O engano procura os que querem ser enganados, pra eles faz a cama, com eles se deita e deles vampiriza a vida ainda que se achem em núpcias. A verdade se esconde dos falsos, mas é vista com clareza pelos simples, ainda que seja difícil de ser materializada, compreentendida e mantida, mesmo que seja dura e amarga em curto prazo. 

      Nossa verdade espiritual é Jesus, caminho direto, sem ziguezaguear em anjos e arcanjos, ao santos dos santos onde o altíssimo se manifesta de maneira mais plena. 

      Nossa verdade humana é nosso caráter e as virtudes que nele residem, aquilo de bom que insiste e persiste mesmo que o homem mau nos tente em desistir. 

      Nossa verdade social é a fidelidade que mantemos nas alianças que fazemos por escolha de amor, com esposa, com filhos, com patrões, com a civilidade. 

      Nossas verdades continuarão conosco, mesmo depois que o corpo cessar de funcionar, elas resistirão ao fogo da justiça de Deus e revelarão para os poderes e potestades deste mundo e do outro mundo o que somos de fato. Enganados e manipulados por homens e demônios? Não! Verdadeiros filhos do Deus altíssimo onde reside toda a verdade. 

domingo, abril 28, 2019

Antes que se rompa o cordão de prata

      “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” “Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Eclesiastes 12.1, 6-7

      Sei que os mais jovens não vão entender isso e não podem entender porque não podem sentir, e é assim que tem que ser. Pessoas saudáveis não pensam na morte, não acham e nem querem morrer, ao contrário, fazem de tudo para permanecerem vivas. A ilusão da paixão, seja ela usada para criar e manter seja lá o que for, faz com que nos sintamos eternos, e mesmo que doa viver, doa amar, doa conviver com outros seres humanos, o prazer de tantas coisas, prazer passageiro, sempre nos leva a querer viver um novo dia, sempre nos dá a certeza que as coisas serão melhores depois que a noite passar e o sol nascer.
      Mas você que é jovem, pergunte a alguém mais velho sobre a vida, se ele for alguém saudável, equilibrado, que pôde viver cada fase da existência com sabor, que sabe agora que envelhecer é preciso, e envelhecer bem é bênção, que não se pode, nem se deve querer ser jovem para sempre, se perguntar a um velho feliz ele responderá: a vida passa muito rapidamente, parece tão curta. O conselho que se dá, considerando isso, é o conhecido, se é curta, aproveite-a, mas a questão é justamente essa, aproveite-a do jeito certo. 
      Uma vida equilibrada se vive com os pés neste mundo, mas com a cabeça no outro, respeitando os limites e a realidade inexorável da carne, mas sabendo que o espírito viverá eternamente com os efeitos do que o corpo causou. É importante que os tempos de nossa existência sejam resolvidos, principalmente os tempos da infância e da adolescência, quando somos passivos inocentes. Quem não se resolve como criança estará fadado a querer ser criança para sempre, mas também quem não se resolve como jovem desejará sê-lo, mesmo na velhice do corpo.
      Nos dias atuais a saúde tem sido mais valorizada, vários recursos estão disponíveis para que o corpo envelheça melhor, contudo, viver mais não é necessariamente envelhecer melhor. Que estejamos com boa saúde, mas sem trocar fases emocionais, deixando de usufruir o que a maturidade e a velhice tem de bom para tentar repetir os prazeres da juventude. O ser humano maduro evoluirá em seus gostos, em seus objetivos, mesmo em seus prazeres, ainda que mantenha seu corpo, através de bons hábitos alimentares e exercício físico, jovem por mais tempo, e fará tudo isso a tempo, “antes que se rompa o cordão de prata”.
      O que mais nos amadurece do jeito certo é ser família, deixar de ser filho e ser pai, deixar de ser namorado e ser esposo, deixar de ser singular e ser plural. Isso leva a troca de busca de prazeres egoistas, por uso produtivo do tempo fofando em harmonia e dignidade dos outros, de filhos e cônjuges. Quem busca os melhores valores envelhecerá bem, mas desconfie de quem busca manter juventude, mas continua vivendo só para si mesmo, isso é negar a essência da vida física. A essência da vida física é a morte, começamos a morrer no momento em que nascemos, contudo, nos tornamos eternos quando morremos. 
      Amadurecer é parar de sofrer por si e sofrer pelos outros, não por imposição, não por masoquismo, mas por escolha de amor. Essa boa dor, digamos assim, é o que envelhece bem, quem foge dela ou a nega não cresce, quem não cresce não está preparado para a morte. Seja como for, num determinado momento de nossas existências, a cabeça para e entendemos, a vida é rápida, passou muito depressa, ainda ontem eu fazia isso, pensava aquilo, andava com aquela gente, e hoje estou mais perto do fim que do início, será que fiz o possível para valer a pena? 

sábado, abril 27, 2019

Deus usa até a víbora pra revelar a verdade

      “E, havendo escapado, então souberam que a ilha se chamava Malta. E os bárbaros usaram conosco de não pouca humanidade; porque, acendendo uma grande fogueira, nos recolheram a todos por causa da chuva que caía, e por causa do frio. E, havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides, e pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão. E os bárbaros, vendo-lhe a víbora pendurada na mão, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, visto como, escapando do mar, a justiça não o deixa viver. Mas, sacudindo ele a víbora no fogo, não sofreu nenhum mal. E eles esperavam que viesse a inchar ou a cair morto de repente; mas tendo esperado já muito, e vendo que nenhum incômodo lhe sobrevinha, mudando de parecer, diziam que era um deus.Atos 28.1-6

      O texto inicial descreve uma passagem que ocorreu depois que o navio que levava Paulo, açoitado por uma tempestade, tinha sido destroçado levando os tripulantes a se lançarem ao mar para salvar suas vidas. Assim, Paulo chegou a uma ilha, onde desconhecidos o ajudaram, acendendo uma fogueira para que ele e outros sobreviventes do acidente se aquentassem. Contudo, aquilo que parecia o final de uma história ruim, que parecia uma solução, a qual Paulo recebeu de bom coração e até ajudava a manter acesa, a fogueira, dela justamente saiu algo que escondido que pegou o apóstolo de surpresa. 
      Sim, uma “víbora”, que pode ser metáfora para muitas coisas, pode estar escondida mesmo dentro de algo que a princípio nos parece bênção, descanso que tanto precisamos depois de uma grande provação. Como se diz, o final só chega realmente no fim, não devemos nos apressar, relaxar a vigilância, desistir antes do tempo, mesmo que estejamos precisando legitimamente de um fim tranquilo. Na fogueira ainda havia uma cobra, mas mesmo ela não atingiu o servo de Deus, quando o fiel não tem mais forças para fazer o possível, Deus faz o impossível, e Deus fez, um milagre, o veneno da víbora não atingiu Paulo.
      O mais importante é que o propósito de Deus foi alcançado com isso, os bárbaros, que a princípio ajudaram Paulo por cortesia, por gentileza, por educação, digamos assim, mesmo que no fundo ainda o julgassem alguém que devia estar com algum débito cármico, visto que disseram quando viram a cobra presa a sua mão, “certamente este homem é homicida, visto como, escapando do mar, a justiça não o deixa viver”, esses bárbaros diante do milagre provado por Paulo, enfim reconheceram de que calibre de homem espiritual Paulo era. A propósito, as pessoas podem esconder muito bem suas verdadeiras opiniões.
      Os bárbaros viram um estranho vindo de um acidente no mar, um fugitivo, fragilizado e abandonado, se transformar, nas palavras deles, em um “deus”, essa era a interpretação de pessoas que não conheciam o Deus verdadeiro, mas foi o necessário para que Paulo fosse honrado. Talvez reste a você mais uma provação, depois do acidente do navio no mar, uma última, que até poderá pega-ló de surpresa, mas que será usada por Deus para mostrar às pessoas o tipo de homem ou de mulher que você é, não um estranho machucado, mas alguém que Deus ama, usa e protege de uma maneira muito especial.
      Assim, não se apresse tentando convencer “bárbaros” que você é um servo de Deus, siga humilde e grato pela atenção que estão te dando, mesmo que saiba que em seus corações pensem diferentemente. Na hora certa Deus mostrará a todos quem é você. A cobra, que parecia ter sido uma surpresa ruim, uma arma do diabo, algo que Paulo não merecia, depois de tudo o que passou, teve dupla intenção nas mãos de Deus, mostrou que os bárbaros não eram tão bons assim e que Paulo era muito melhor que o que o bárbaros achavam que era. Nas mãos de Deus, até uma víbora é ferramenta de bênção e de verdade. 

sexta-feira, abril 26, 2019

O bom, o mau e o mal

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” João 2.23-25

      Quem não se incomoda com o mal ou é muito bom ou é mau!

      Quem se incomoda não é nenhuma dessas coisas, ainda que não se venda para fazer alianças com os maus, não é bom o suficiente para se por acima do mal, não em todo o tempo. Existe, dessa forma, uma diferença, algumas pessoas são más, outras são o próprio mal. O diabo não é um ser mau, ele é o mal, a própria maldade, a essência, a iniciativa primordial que cria o mal e influencia o universo. Alguns homens são semelhantes (ou querem ser), não são apenas maus, mas influenciam os outros com a maldade, manipulam os outros, mesmo através de coisas aparentemente boas. Esses são os que querem mais que dinheiro, eles querem poder, e poder vicia, quem o tem nunca está satisfeito e sempre quer mais. 
      Essa tentação tem os artistas, os políticos e mesmo os líderes religiosos. Artistas porque fazem arte para apresentá-la a outros, se esses os aplaudem, a missão artística foi bem sucedida, e nisso nada de errado existe, contudo, alguns podem ficar viciados em aplausos, e podem querer receber isso mesmo sem merecimento, só pelo simples fato de serem artistas. É nesse momento que artistas vendem a alma e tentam comprar as almas dos outros para serem adorados, quem quer adoração não quer bens, quer poder, o poder de ser um deus. Querer ser deus sem sê-lo é algo diabólico, é pura maldade mesmo que faça, repito, coisas boas para ter esse poder. 
      Políticos são parecidos com os artistas, precisam de aprovação popular para fazerem seus trabalhos, a princípio para serem eleitos, esse retorno deveria ser algo natural, quando políticos trabalham de forma correta, servindo o povo que o elegeu, usando de forma adequada recursos recebidos dos eleitores pelo estado. Contudo, muitos, para que possam roubar dinheiro que não é deles, enganam os eleitores, e mesmo depois de terem roubado bastante, continuando enganando para serem reeleitos. Isso é mais que ganância, é obsessão por poder, é querer um lugar de deus, é o mal, e como nosso país tem sido afligido por essa maldade.
      O mais terrível, contudo, é pastores caírem na tentação e tentarem ser o próprio mal, e repito, não necessariamente fazendo coisas más, não todas. Muitos pregando bênção, milagre, vitória, cura, o fazem para manterem poder sobre as pessoas, para terem templos cheios, para arrecadarem mais dinheiro, mas também, numa queda moral e espiritual finais, para serem adorados. Fazem isso por vaidade, para serem maiores que outros pastores, por insegurança emocional e por desvio do verdadeiro propósito de Deus para suas vidas, mas fazendo isso se tornam mais que homens maus, se tornam mini diabos, o próprio mal.
      Mas todos nós, em alguma instância, podemos cair na tentação de querer ser o mal, chamado de “complexo de lúcifer”, basta que achemos um prazer maior na admiração das pessoas, que achemos que fama, como fim em si mesma, é mais importante que ser e fazer o bem, que aparência é mais importante que essência e que quantidade é melhor que qualidade. Assim, quem não se incomoda com o mal ou é muito bom ou é mal, porque o mal usa de qualquer coisa, sem escrúpulos, para alcançar seu objetivo, ele é frio e carrega o mal em seu coração. 
      Bom, contudo, a ponto de estar acima de todo o mal, só Jesus, a quem seguimos e persistimos em conhecer mais e mais. O texto inicial revela uma situação que Jesus viveu bastante e que era uma tentação para que o adorassem antes do tempo, sim, porque Jesus podia exigir tratamento de Deus, ser adorado como tal, porque mesmo encarnado ele era Deus. Mas ele sabia que não era o momento, que mesmo muitos daqueles que o buscavam por milagres e o admiravam por isso, o crucificariam no final. Jesus não caiu na tentação de ser o mal, pois mesmo pra ele, ser adorado antes do tempo seria um erro, não sucumbiu à vaidade, nem precisava de qualquer espécie de auto-afirmação.
      Mas Jesus também conhecia o coração humano, quem busca ser o mal, quem se fia na adoração humana, cairá numa armadilha, se o homem é infiel em adorar a Deus, que é sempre fiel, é muito mais infiel em adorar homens, que nunca poderão suprir de fato suas necessidades como falsos deuses que podem ser. O adorador de falsos deuses é volúvel e facilmente é seduzido por um novo engano, por um outro falso deus, deixando o primeiro só e frustrado. O diabo sabe disso, por isso está sempre inventando novos deuses, novas modas, novos engodos para aprisionar os tolos que trocam a glória do Deus altíssimo pelo brilho falso e menor dos falsos deuses. Honremos os bons, evitemos os maus, fujamos do mal, mas adoremos só a Deus, o próprio bem. 

quinta-feira, abril 25, 2019

Sejamos sábios nos testemunhos

      “Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultice; e os meus pecados não te são encobertos. Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Deus dos Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel.Salmos 69.5-6

      Na versão bíblica que pesquisei, aparecem seis passagens com o termo “envergonhados” no livro de Salmos, dessas, cinco são pedidos a Deus do salmista para que o Senhor envergonhe seus inimigos, somente a passagem acima mostra uma preocupação diferente. Mesmo que legitimamente Davi, sendo ele o escritor, tinha motivos para se sentir vítima, ele não se põe como vítima que precisava de vingança de Deus, mas ele pensa nos outros. 
      O salmista começa admitindo sua condição de pecador, a própria estultícia, estulto é aquele que é insensato, néscio, estúpido não no sentido de grosso no trato, mas de limitado intelectual e emocionalmente. Enfim, Davi sabia que Deus o conhecia, ele não se escondia do Senhor nem tentava se defender, ele joga uma suposta culpa de ainda não estar sendo honrado por Deus nele mesmo, não em Deus ou em seus agressores.
      Mas mais que isso, Davi mostra preocupação com os outros, que poderiam estar confiando em Deus por causa da vida dele, de suas palavras, de suas promessas de um reinado de vitória. Davi se preocupava com o enfraquecimento na fé dos que o viam sendo perseguido e humilhado, assim pedia que Deus ouvisse sua oração e o abençoasse para que os outros não fossem escandalizados, não vissem suas confianças em Deus frustradas.
      Temos responsabilidade sobre aqueles para os quais dizemos que nossas vidas estão entregues nas mãos de Deus e que Deus nos dará um bom fim, principalmente se são mais novos ou fracos na fé, assim devemos ter cuidado com alguns testemunhos. Às vezes é mais sábio não testemunhar, mas esperar que a fé se realize em resposta concreta de Deus. Muitos, na pura vaidade de se exibirem como espirituais diante de homens, dizem que Deus disse quando nunca disse, escandalizando o evangelho.
      Mas a preocupação do salmista, com um bom testemunho de Deus diante dos outros, mostra o caráter de Davi, caráter de um rei que governa em Deus e para o povo, não por si e para si. Que diferença de tantos governantes e políticos brasileiros atuais, que tanto têm escandalizado o povo, envergonhado a justiça, alguns mesmo se dizendo evangélicos, trazendo confusão às igrejas cristãs diante de um mundo já tão avesso a Deus.

quarta-feira, abril 24, 2019

Esforce-se para ser bom

      “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.8-9

      Não, não é fácil, o mundo luta contra, os “diabos”, internos e externos, lutam contra, nosso passado luta contra, mas precisamos, principalmente como cristãos, nos esforçarmos para sermos melhores, para sermos homens e mulheres realmente do bem. A principal arma que temos para isso é o perdão, pois nossos erros reincidentes originados de nossas fraquezas insipientes, sempre buscarão no conformismo, nos cansarem de pedir perdão, dizendo a nós que é mais fácil aceitar a nós e aos outros como pessoas não tão boas. 
      Isso não é luta de um tempo, de um momento de paixão pelo evangelho, mas é condição para toda a nossa caminhada com Cristo, é preciso orar a Deus e repetir isso a nós mesmos, no Espírito Santo, todos os dias, devo me esforçar para ser bom. Os amargos não nos ajudarão, os religiosos não nos ajudarão, familiares, que nos conhecem mais de perto, muitos deles não nos ajudarão, mas esse é o caminho estreito do evangelho e se é vontade de Deus, Deus sempre nos ajudará. 
      Mas precisamos nos esforçar, andar uma milha a mais com o que nos desrespeita, dizer uma palavra de carinho ao que nos trata com displicência, guardar com boa preferência no coração aquele que sempre se distancia de nós. Ser bom inicia-se mantendo um bom coração, mesmo depois de errar tantas vezes em ações estúpidas, o perdão de Jesus renova nosso coração e nos revela que ser bom é possível. Depois do coração estar curado e de fato bem intencionado, nos coloquemos a por em prática a bondade.
      O grande mistério por trás de uma atitude bondosa é que ela nos abençoa, antes de abençoar os outros, ela restaura o que busca ser bom, antes do que aquele que recebe a bondade, o bondoso nunca se sente saqueado de alguma forma, seja de atenção ou de honra, bondade nos faz ver o lado do outro. O realmente bondoso se vê como devedor, não comprar cobrador, e na bondade acha a solução de Deus para equilibrar todas as necessidades afetivas, pondo-se como instrumento de amor nas mãos de Deus. 
      O homem bom se parece com Jesus encarnado, tem um sorriso puro, uma palavra sempre adequada, compartilha paz verdadeira, e encontra misericórdia de Deus para suas fraquezas, a bondade encobre pecados. Dessa forma, nos esforcemos, a cada dia, a cada luta, com todos os que Deus nos mandar, e com os outros, mesmo nos mantendo mais longe, sejamos bons também, queiramos a bondade para todos, abençoemos, sempre, ser bom é bom demais e deixa a vida mais leve. 

terça-feira, abril 23, 2019

Pessoas são diferentes

      A afirmação parece simples, óbvia, as pessoas são diferentes, mas na prática não pensamos assim, e o pior é que nos pomos geralmente como referência para os outros, seja para o bem, seja para o mal. O que é pecado para um pode não ser para outro, e não me refiro a pecados básicos e convencionais, digamos assim, não sempre, aqui os de fato espirituais entenderão. O que algumas pessoas fazem corretamente com facilidade, outras têm dificuldades para fazer, o que não representa tentação para alguém, pode ser uma tentação terrível para outro. O que pode ser uma porta para um abismo profundo para alguém, por exemplo uma taça de vinho para um viciado em drogas e álcool, pode ser só um momento de relaxamento sem maiores consequências para outro.
      O importante é não julgar, achar que porque é fácil para nós, tem que ser fácil para o outro, ou por outro lado, não projetar no outro um defeito de caráter nosso, por exemplo taxar o outro de orgulhoso, quando os orgulhosos somos nós. Pessoas são diferentes, muitas bem melhores que nós e algumas até piores, mas a referência é Jesus, ele é a luz para todos, enquanto nós só devemos ter misericórdia uns dos outros, generosos uns para com os outros, não nos achando deuses que sabem tudo e que conhecem os corações. Só Deus conhece, e ele sempre dá novas oportunidades para que as pessoas acertem assim como espera sempre que estejam fazendo o melhor.
      “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”, o capítulo 9 de II Coríntios se refere a coleta de ofertas materiais, aliás um texto bíblico que as igrejas evangélicas devem seguir como ensinamento para o tema e não textos do antigo testamento como Malaquias 3.10-11. Contudo, o verso 2 citado, pode ser usado como princípio para muitas coisas, incluindo as idiossincrasias humanas que fazem com que cada oferta, cada entrega, cada trabalho, cada ministério e mesmo cada dom espiritual, seja diferente.
      “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.”, Romanos 14.4-5 também nos faz uma exortação séria sobre julgar um servo que não é meu, nem seu, mas de Deus. Paulo, o possível escritor da carta aos Romanos, trata no texto sobre a conversão de alguns judeus ao evangelho, que diferentemente dos não judeus, pensavam que mesmo convertidos deveriam continuar obedecendo às leis da antiga aliança. 
      O autor não julga, nem proíbe essa atitude, antes ressalta que aquilo que alguém faz para Deus os outros não devem condenar, mesmo que discordem e mesmo que não façam. Na verdade, muitas coisas, mesmo morais, fazer ou não fazer não fazem diferença, não para Deus, mas se alguém acha importante que faça. Mas o que faz não condene o que não faz, nem o que não faz não se ache mais espiritual que o que faz, as pessoas são diferentes, Deus é senhor de pessoas diferentes, mas a todos trata com igual amor e dá iguais oportunidades e honra.
      “Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar”, atentemo-nos, contudo, a Mateus 18.6, devemos tomar cuidado com aquilo que para nós é liberdade, que isso não escandalize outro cristão que não tem essa liberdade. Esse cuidado devem ter principalmente os que servem nas igrejas, os com ministérios, os que pisam o que é chamado de “altar” (mesmo que no novo testamento esse conceito se refira ao coração e não ao palco e púlpito dos templos). Que minha diferença não faça mal a ninguém e seja aprovada pelo Senhor. 

segunda-feira, abril 22, 2019

O amor desconcerta

      “E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. E recomendava-lhes rigorosamente que o não descobrissemMateus 12.14-16

      A lucidez, o equilíbrio, desconcertam os que vêm em nossa direção armados com rancor, com inveja, com ódio. Os mal intencionados se calam diante da sabedoria genuína que muitas vezes reage com o silêncio, com o distanciamento, com nenhum argumento. Quem vence a vaidade de querer ganhar no grito, que não precisa se convencer e muito menos aos outros, quem olha nos olhos e consegue discernir quem quer construir e merece atenção de quem quer só se manter como vítima e dono da verdade, esse não será entendido pelas trevas, a luz desconcerta as trevas. O amor, todavia, é o que mais desarma, mas mesmo ele não deve ser usado com quem absolutamente não quer ser amado. Os arrogantes complicarão tudo, deixarão o perdão para amanhã, alegando que foram feridos demais, mas os humildes acharão facilmente a paz, verão o lado do outro, e terão de Deus a mesma misericórdia que derão aos seus semelhantes. O amor conserta os bons, mas desconcerta os maus. 

domingo, abril 21, 2019

Bíblia do jeito certo (Estudo na Íntegra)

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 
      E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
Gênesis 1.1-8

      A maioria dos evangélicos que lê a Bíblia não faz ideia dos mistérios existentes só nesses primeiros oito versículos de Gênesis, no que foi criado nos dois primeiros “dias divinos”, a extensão dessas “eras”, e o que de fato é abismo, trevas, águas, luz e céu. Se soubessem os evangélicos, não demonizariam a ciência como fazem muitos, e por outro lado, se soubesse a ciência, não menosprezariam os cientistas, muitos deles pelo menos, aos cristãos. Deus nunca erra, o homem, sim, engana-se sempre, traído pela vaidade e pela má vontade de conhecer de fato os grandes mistérios e a si mesmo, o homem está mais interessado no que vai comer ao meio-dia e com quem vai dormir à meia-noite. O homem não entende a criação do universo, não entende a criação da natureza, não entende a criação dele mesmo, não entende o que é a árvore do conhecimento do bem e do mal, não entende a própria queda... antropomorfiza tudo, paganiza tudo, vê só a serpente, não o arcanjo, não o querubim, não os Elohim... assim está fadado a cair de novo, e de novo...

      “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” 
      “ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” 
      “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.”
Gênesis 2.9, 16-17, 22-23

      Para quem usa a afirmação “Deus criou só homem e mulher”, baseada numa interpretação equivocada do livro de Gênesis, para defender sexualidade, vai uma conclusão lógica: então, de acordo com essa ótica, se “Deus criou só homem e mulher”, além de não ter criado originalmente homossexuais e seres humanos com outras disposições sexuais, Deus também não criou doentes mentais, esquizofrênicos, deficientes físicos e tantos outros homens e mulheres que nascem com enfermidades, deformidades físicas, transtornos psicológicos, ou que adquirem essas características durante a vida por esse ou aquele motivo, como diabetes, depressão, impotência masculina, esterilidade feminina etc. Entendam que não estou comparando, generalizando ou diminuindo nenhuma dessas características, apenas citando peculiaridades.
      Pergunto aos que interpretam a Bíblia ao pé da letra, sem levar em conta o contexto histórico e cultural, e sem aprender o que a Bíblia ensina de melhor, os princípios de moral, respeito e liberdade, e não as leis sociais de povos de lugares e tempos específicos: vocês também tomam como regra aquilo que o antigo testamento ensina sobre mulheres estéreis, por exemplo, como elas eram consideradas por suas dificuldades em gerar filhos? Pois se condenam ao inferno de maneira genérica homoafetivos, deveriam também desprezar tudo o que foge desse modelo utópico e enganoso que vocês pensam que seja o ser humano adequado para Deus, seja sexualmente, emocionalmente ou fisicamente, mesmo que numa época fossem desconsiderados socialmente até por Israel, o chamado povo de Deus, como as mulheres estéreis.
      Os princípios da Bíblia podem ser atemporais, se os entendermos pelo Espírito Santo, e não como leis fechadas. Os ociosos espiritualmente, que não buscam a Deus, mas acham numa interpretação tradicional um jeito fácil de parecerem espirituais e cristãos, interpretam ou deveriam interpretar I Coríntios 14.34-35, “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.”, como uma regra que proíbe mulheres de falarem nas igrejas e de serem submissas a seus maridos, quase que como escravas, uma realidade social da época em que Paulo escreveu o texto.
      Não, meus queridos e queridas, eu preciso repetir e repetir essa verdade, os evangélicos, e principalmente e em primeiro lugar os pastores, precisam parar de pregar nos púlpitos aquilo que nem eles vivem, e não vivem não por serem pecadores em desobediência à palavra de Deus, mas porque na prática e no evangelho não funciona mais mesmo. Ainda assim pregadores têm medo de dizer que a Bíblia está totalmente certa quando entendida seus princípios, mas que ela não pode ser olhada como livro de regras e que muitas das leis que os cristãos tiram da Bíblia, principalmente nas áreas sexual, familiar e social, não devem ser obedecidas hoje.
      Por que isso, será porque Deus mudou? Por que o pecado está invadindo as igrejas e a Bíblia está sendo desvirtuada? Porque é o final da tempos? Não, não é por nenhum desses motivos, e os que pensam que é, só dão mais lugar ao diabo, pregam um evangelho falso, e criam mais álibis para tantos odiarem o cristianismo e não fazerem parte de igrejas cristãs. É porque a Bíblia é o início de nosso aprendizado sobre Deus, não o fim, é porque a palavra de Deus é o Espírito Santo, não um conjunto de normas tiradas do cânone bíblico, é porque o ser humano do século XXI já está maduro o suficiente para entender a vontade de Deus de forma mais abrangente, coisa que não estava nos tempos de Moisés ou de Paulo. 
      Mas se a igreja evangélica protestante insistir em tradições ultrapassadas, crendo numa palavra escrita morta e não na palavra viva do Espírito Santo, só estará repetindo o que a Igreja Católica faz há mais de 1.600 anos, dominando e controlado pela ignorância, pela falsa moralidade e pela hipocrisia de quem matou o Espírito em seus corações e ficou à mercê de heresias e paganismo. A igreja evangélica protestante atual, pelo menos em sua maioria, ainda não caiu no paganismo, o Espírito Santo, principalmente nas pentecostais, ainda é presente, misericordioso e vivo, mas não abusem, a distância não é grande entre a heresia, mais leve que seja, e o paganismo da idolatria e de ritualismos. 
      Acima de tudo é preciso nos dias atuais termos uma vida de oração realmente no Espírito Santo que nos conduza à intimidade de Deus, que nos permita ouvir a palavra genuína do Senhor, que leve a conhecer de fato a vontade do Altíssimo, mas isso é para os que querem e têm coragem de seguir a Deus, não aos homens religiosos. Esses conhecerão mistérios escondidos na Bíblia e entenderão que ela na verdade nunca esteve errada, nunca foi superficial, nunca foi contra a verdadeira ciência nem nunca se limitou a um conjunto de leis morais ultrapassadas.

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      “E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os. E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” 
Gênesis 18.16-18

      “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.” 
Tiago 2.23

      “E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.” 
Gênesis 6.7-8

      “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.” 
Lucas 17.26-30

      Meus queridos, sei que muitos não querem entender isso, sei que outros até concordam, mas seriam incapazes de verbalizar, principalmente ministrando estudos bíblicos e pregando, mas precisamos de uma vez por todas entender certo o que Deus quer nos ensinar com os textos que são certamente os mais polêmicos da Bíblia, todos localizados em Gênesis: a criação e a queda do homem (capítulos 1 ao 3), o dilúvio (capítulos 6 ao 8) e o pecado em Sodoma e Gomorra (capítulos 18 ao 19), por favor, leia os textos bíblicos na íntegra para melhor entendimento. 
      Sobre Sodoma e Gomorra, o pecado não era a homossexualidade em si, mas a promiscuidade, e mesmo considerando a homossexualidade, lembremos de outros assuntos que eram considerados pelos textos bíblicos de maneira bem diferente que consideramos hoje. Naquela época pessoas feitas escravas eram consideradas posse de outras pessoas, como se fossem coisas e não gente, e isso não era pecado para o povo de Deus. Mesmo as mulheres, como já dissemos, não tinham o respeito que hoje têm, e isso, o considerado povo de Deus não recriminava. 
      As coisas mudaram, mesmo recentemente, há cento e poucos anos atrás dizer que mulher podia votar, fazer faculdade e ter certas liberdades, era considerado pecado pela sociedade em geral e por igrejas cristãs. Sodoma e Gomorra foram condenadas pela promiscuidade que inclui pecados sexuais contra pessoas do mesmo sexo, além de outros perversidades e devassidões, mas o texto não pode ser usado nos dias de hoje para demonizar todo tipo de expressão homoafetiva. Precisamos, como cristãos sérios e santos, assumirmos isso nos púlpitos, já que no dia a dia muitos já assumem, e pararmos de dar lugar ao diabo insistindo em legalismos que nada têm a ver com o ensinamento do Espírito Santo. 
      O dilúvio, se analisarmos o fato descrito por Moisés em Gênesis ipsis litteris, veremos que cientificamente é impossível, tendo em vista o que continuou no planeta Terra, no reino animal e na diversidade de raças humanas, a despeito dos limites do que foi preservado na arca. O dilúvio existiu, o princípio no registro bíblico nos ensina muito sobre a vontade de Deus, e mais, o texto pode conter mistérios que nem a ciência ainda descobriu, mas não tomemos o texto ao pé da letra, pode ter sido um dilúvio regional que ocorreu simultaneamente com outros em regiões diferentes da Terra. 
      O evento descrito em Gênesis foi o ocorrido com um patriarca da nação de Israel, a nação escolhida por Deus para testemunhar sua vontade ao mundo pela velha aliança e da qual sairia Jesus, a nova e eterna aliança entre Deus e todos os homens, ele foi resgistrado para que chegasse à civilização ocidental através da tradição judaica-cristã, mesmo que existam registros de dilúvios em outras partes do mundo por outras tradições religiosas. Abrindo parênteses, um assunto bíblico não resolvido aparece em Gênesis 6.4, os gigantes que viviam na terra antes do dilúvio, gigantes também aparecem em II Samuel 21, se são a mesma espécie de gigantes não sabemos, mas se são, teriam sobrevivido ao dilúvio, fechando parênteses.
      Mas o texto com certeza mais enigmático da Bíblia, que talvez seja justamente por ser o mais metafórico, são os três primeiros capítulos da Bíblia, e é assim que tem que ser, porque a maneira como foi registrado, que nunca teve a intenção de ser científica, foi a melhor maneira, ao meu parecer achada pelo Espírito Santo, de relatar fatos tão importantes, quanto grandiosos e misteriosos. Se hoje, a ciência ainda não conseguiu explicar muitas coisas sobre o universo e a vida, muito menos entendia ou poderia entender o homem na época da saída do povo de Israel do Egito, ou antes, por aqueles que passaram as histórias de Gênesis por tradição oral até que Moisés ouvisse e escrevesse a Torá (o nosso pentateuco, os cinco primeiros livros do antigo testamento).
      Princípios de temor a Deus estão em textos como os compartilhados no início desta reflexão, Abraão era amigo de Deus e Noé achou graça aos olhos do Senhor, esses foram poupados de juízos de Deus que são tão certos quanto terríveis sobre aqueles que negam o vontade do Altíssimo para a vida, para o planeta, para a eternidade. Assim, entendamos certo o que é pecado, o que é abominação, o que é justiça e o que é misericórdia, muitos serão salvos, desses religiosos viciados em igrejas, mas serão surpreendidos ao verem pessoas que eles lançaram no inferno estarem também no céu, e muitos que eles tinham certeza que estariam no céu, estarem no inferno. 

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        “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.” Êxodo 3.13-15

      O ensino correto de Gênesis sobre a criação através da evolução acompanhada pela vontade soberana de Deus deveria ser feito pelos pastores, o que acabaria de vez com essa batalha que na verdade não existe, entre fé e ciência, entre criação e evolução, o embate que existe é entre desinformados, dos dois lados, que julgam sem conhecer. Se temos fé para crer que Deus pôde criar tudo em sete dias de vinte e quatro horas, por que não termos fé para crer que Deus pode criar tudo em sete eras de milhões de anos através da evolução? Deus age e existe da mesma forma, só que assim haveria mais coerência com a ciência que também é fruto da inteligência do homem, uma criação de Deus. Eu creio da segunda maneira, mas se quer saber, isso não faz a menor diferença, nem diminui, sob nenhum aspecto, Deus. “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (II Pedro 3.8).
      O melhor jeito de entender certos textos bíblicos é entender que Deus pode tudo, mas não manifesta tudo do jeito que achamos, ele pode, mas não faz, não fez e nunca vai fazer, porque não é assim que Deus funciona, que as coisas funcionam, que o homem funciona. Cristãos, se se consideram assim, genuínos e crentes, então usem a fé para crescerem no conhecimento de Deus, em sua sabedoria e em seu poder, não para limita-lo. Quem tem mais fé, o que crê que Deus criou o mundo, a natureza e o homem em sete dias de vinte e quatro horas, ou o que crê que Deus manifestou a matéria nos astros, nos planetas, nos satélites, no nosso mundo, na água, na luz, na terra, no reino animal, no reino vegetal, no homem e na mulher, através de milhões de anos de evolução? 
      Quem limita Deus a sete dias de vinte e quatro horas, antropomorfiza Deus, isso é tão equivocado quanto achar que Deus é um homem velho de barbas brancas, o conceito de macho e fêmea é inerente à matéria, Deus é espírito, está muito além disso. Deus também não envelhece, nem precisa de mãos pra tomar, pés para andar, boca para falar, ouvidos para ouvir, nem olhos para ver. Se queremos saber sobre a aparência e a essência de Deus estudemos mais a passagem de Êxodo capítulo 3, onde uma manifestação de “Deus” (o “Anjo” do Senhor na sarça que ardia mas não queimava) revela seu nome, o “Eu Sou o que Sou”, o grande “Eu Sou”, quanta verdade entregue sobre o maior dos mistérios, mas só aos que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver, olhos e ouvidos espirituais, não físicos, e que sem medo de agradar a homens escolhem o solitário caminho do verdadeiro conhecimento espiritual. 
      Antropomorfismo, que é colocar Deus em formas físicas e com reações emocionais humanas, é uma maneira da alma humana interpretar visões e reações de Deus em suas mentes e corações. Por exemplo, o texto de Salmos 5.4-5, “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.”, foi registrado pelo salmista dizendo que Deus odeia, mas será que isso é verdade? Deus pode odiar, ou melhor, Deus precisa odiar? Sim, existe uma reação terrível para os que se afastam de Deus, isso pode ser interpretado como sofrer um enorme desagrado de Deus. Contudo, a palavra odiar, a reação humana de ódio, uma ira descontrolada e movida pelo mal, não é o termo mais adequado para definir a reação de um Deus infinito, todo poderoso, santíssimo, onipresente, justíssimo mas misericordioso se o buscamos debaixo do perdão que há em Jesus. 
      A Bíblia está repleta de antropomorfismos, e eles são úteis, mas são ferramentas para ensinamento de crianças espirituais, homens maduros deveriam ir além disso. Aliás, a presença desses antropomorfismos nos revela uma das “chaves mágicas” (me perdoem o uso do termo, mas ele é muito adequado) para entendemos não do que a Bíblia fala, mas como ela fala e quem na verdade fala através dela e a escreveu. Os apressados dirão, “a Bíblia foi escrita pelo Espírito Santo”, aos quais responderei, correndo com certeza o risco de ser mal interpretado, “não, a Bíblia não foi escrita pelo Espírito Santo, pelo simples fato do Espírito Santo não ter mãos”. Parece uma resposta tola? Mas não é. 
      Com certeza o Espírito Santo falou aos escritores bíblicos e de uma maneira pra lá de especial e exclusiva, começando por Moisés e chegando a João o evangelista, mas entre o espírito humano “ouvir” a voz do Espírito de Deus até as mãos humanas registrarem o texto através da escrita num antigo pergaminho, muitos “ruídos” interferiram nessa comunicação. Não tinha como ser de outra maneira, o ser humano encarnado é absolutamente limitado para ter uma comunhão perfeita com Deus, assimilamos esboços, rascunhos, subjetivos e superficiais, e o lado positivo disso é que homens diferentes, com doenças emocionais distintas acham curas variadas numa única e completa manifestação de Deus.
      A mesma palavra de Deus transmitida pelo Espírito Santo a homens diferentes terá registros finais diferentes, e não se apressem os inimigos de Deus e da Bíblia tentando achar nisso desculpas para tirar do cânone bíblico coesão espiritual. Ainda assim, com tantos “ruídos” na comunicação, a Bíblia mantém-se coesa e coerente, mas somente para os que a interpretam debaixo do Espírito Santo. Só quem inspirou os escritores originais pode fornecer o melhor entendimento sobre o texto, ou sobre a intenção que tinha no momento da inspiração do texto. A verdade é que palavras espirituais só se entendem com ouvidos espirituais, assim, ler a Bíblia do jeito certo implica em lê-la em oração, em intimidade com Deus, de outro jeito só será uma coleção de leis morais de contextos históricos, culturais, sociais, que nada mais têm a ver com a contemporaneidade. 
      A revelação mais clara sobre quem é Deus foi feita por João no capítulo 1 de seu evangelho, versículos 1 ao 4, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”. Quer saber quem é Deus? Deus é Jesus, que encarnado nos ensina o que de melhor podemos ser como filhos de Deus neste mundo. Como será que Jesus encarnado reagiria a certos entendimentos preguiçosos e egoistas que tantas cristãos têm hoje em dia sobre tantas coisas? Como Jesus entenderia o livro de Gênesis? 
      Sabe como? De um jeito que ainda hoje muitos não estão prontos a entender, assim que achem que Deus fez o mundo e o homem em sete dias de vinte e quatro horas e que evolucionismo é um sacrilégio, isso não é verdade, mas pelo menos mantém as pessoas crentes num Deus que tudo pode, mesmo que não faça tudo do jeito que as pessoas pensam que faz. Mas eu sinto que até o final dos tempos, o final mesmo, não esse que muitos acham que é, eu penso que só os que encarrarem a verdade de Deus de maneira madura e de fato espiritual, terão forças para suportar a tentação que virá sobre o mundo. As trevas serão grandes e mui ardilosas, só a luz pura de Jesus livrará os salvos de terem que pagar com a própria vida por aquilo que de fato acreditam.

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      “E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.” Neemias 8.9-11

      Como é bom entristecer-se diante da consciência de que pecamos contra Deus e precisamos mudar de vida, esse é o único tipo de tristeza que conduz à alegria, a felicidade de ser recebido por Deus, como o pai recebe ao filho pródigo, de ser perdoado por ele e então ser novamente honrado pelo Senhor. O ser humano, contudo, é um contumaz equivocado, da mesma maneira que teima em se alegrar quando o momento é de tristeza, que insiste em cantar louvores de festa, quando o momento é de pranto, de arrependimento, ele também pode insistir na tristeza quando já é tempo de celebração, aprovada e permitida pelo Senhor. Assim, se já se consertou com Deus, fique em paz e não se sinta abatido, a alegria do Senhor e a tua força, uma alegria que não vem de você, que não é humana, carnal, mas espiritual, conquistada por Jesus na cruz. 
      Mas o texto inicial tem outra lição a nos ensinar. Para o tempo do acontecimento narrado, sua interpretação é ao pé da letra, “comei as gorduras e bebei as doçuras e enviai porções aos que não têm nada preparado para si”, que é: usufruam de banquetes, de comidas e bebidas, de salgados e doces, à vontade, o momento é de alegria. Do jeito que o mundo vai, talvez alguns se escandalizem com o texto, e se não hoje, daqui a um tempo alguns podem chegar a dizer que as orientações que Neemias deu ao povo são inadequadas a uma vida saudável. Gorduras e doçuras? Isso faz mais à saúde, devemos tomar cuidado com o colesterol ruim e com exagero no açúcar. Você acha que estou exagerando? Pois não estou, não em relação a tantas coisas que hoje as pessoas já consideram fora de contexto, sejam culturais ou sociais, nos textos bíblicos originais, que dizem ser politicamente incorretas. 
      Como temos dito aqui, com a Bíblia se aprende os princípios, e eles são atemporais, não as interpretações ao pé da letra do antigo e do novo testamento. O princípio, indiferente se se comemora com gorduras e doçuras ou com alimentação vegana e adoçante artificial, é alegre-se na presença de Deus, não pela comida ou pela bebida, mas porque nossos pecados são perdoados, porque o Senhor nos aceita como filhos, cuida de nós e nos orienta em vitória. Que aprendamos a discernir os princípios de Deus em toda a Bíblia, ao invés de só obedecermos preguiçosamente leis ao pé da letra, a lei mata, mas o princípio é do Espírito Santo e esse é vida eterna. 

José Osório de Souza, 18/04/2019

Bíblia do jeito certo (4ª parte)

      “E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.” Neemias 8.9-11

      Como é bom entristecer-se diante da consciência de que pecamos contra Deus e precisamos mudar de vida, esse é o único tipo de tristeza que conduz à alegria, a felicidade de ser recebido por Deus, como o pai recebe ao filho pródigo, de ser perdoado por ele e então ser novamente honrado pelo Senhor. O ser humano, contudo, é um contumaz equivocado, da mesma maneira que teima em se alegrar quando o momento é de tristeza, que insiste em cantar louvores de festa, quando o momento é de pranto, de arrependimento, ele também pode insistir na tristeza quando já é tempo de celebração, aprovada e permitida pelo Senhor. Assim, se já se consertou com Deus, fique em paz e não se sinta abatido, a alegria do Senhor e a tua força, uma alegria que não vem de você, que não é humana, carnal, mas espiritual, conquistada por Jesus na cruz. 
      Mas o texto inicial tem outra lição a nos ensinar. Para o tempo do acontecimento narrado, sua interpretação é ao pé da letra, “comei as gorduras e bebei as doçuras e enviai porções aos que não têm nada preparado para si”, que é: usufruam de banquetes, de comidas e bebidas, de salgados e doces, à vontade, o momento é de alegria. Do jeito que o mundo vai, talvez alguns se escandalizem com o texto, e se não hoje, daqui a um tempo alguns podem chegar a dizer que as orientações que Neemias deu ao povo são inadequadas a uma vida saudável. Gorduras e doçuras? Isso faz mais à saúde, devemos tomar cuidado com o colesterol ruim e com exagero no açúcar. Você acha que estou exagerando? Pois não estou, não em relação a tantas coisas que hoje as pessoas já consideram fora de contexto, sejam culturais ou sociais, nos textos bíblicos originais, que dizem ser politicamente incorretas. 
      Como temos dito aqui, com a Bíblia se aprende os princípios, e eles são atemporais, não as interpretações ao pé da letra do antigo e do novo testamento. O princípio, indiferente se se comemora com gorduras e doçuras ou com alimentação vegana e adoçante artificial, é alegre-se na presença de Deus, não pela comida ou pela bebida, mas porque nossos pecados são perdoados, porque o Senhor nos aceita como filhos, cuida de nós e nos orienta em vitória. Que aprendamos a discernir os princípios de Deus em toda a Bíblia, ao invés de só obedecermos preguiçosamente leis ao pé da letra, a lei mata, mas o princípio é do Espírito Santo e esse é vida eterna. 

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza.

sábado, abril 20, 2019

Bíblia do jeito certo (3ª parte)

        “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.Êxodo 3.13-15

      O ensino correto de Gênesis sobre a criação através da evolução acompanhada pela vontade soberana de Deus deveria ser feito pelos pastores, o que acabaria de vez com essa batalha que na verdade não existe, entre fé e ciência, entre criação e evolução, o embate que existe é entre desinformados, dos dois lados, que julgam sem conhecer. Se temos fé para crer que Deus pôde criar tudo em sete dias de vinte e quatro horas, por que não termos fé para crer que Deus pode criar tudo em sete eras de milhões de anos através da evolução? Deus age e existe da mesma forma, só que assim haveria mais coerência com a ciência que também é fruto da inteligência do homem, uma criação de Deus. Eu creio da segunda maneira, mas se quer saber, isso não faz a menor diferença, nem diminui, sob nenhum aspecto, Deus. “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (II Pedro 3.8).
      O melhor jeito de entender certos textos bíblicos é entender que Deus pode tudo, mas não manifesta tudo do jeito que achamos, ele pode, mas não faz, não fez e nunca vai fazer, porque não é assim que Deus funciona, que as coisas funcionam, que o homem funciona. Cristãos, se se consideram assim, genuínos e crentes, então usem a fé para crescerem no conhecimento de Deus, em sua sabedoria e em seu poder, não para limita-lo. Quem tem mais fé, o que crê que Deus criou o mundo, a natureza e o homem em sete dias de vinte e quatro horas, ou o que crê que Deus manifestou a matéria nos astros, nos planetas, nos satélites, no nosso mundo, na água, na luz, na terra, no reino animal, no reino vegetal, no homem e na mulher, através de milhões de anos de evolução? 
      Quem limita Deus a sete dias de vinte e quatro horas, antropomorfiza Deus, isso é tão equivocado quanto achar que Deus é um homem velho de barbas brancas, o conceito de macho e fêmea é inerente à matéria, Deus é espírito, está muito além disso. Deus também não envelhece, nem precisa de mãos pra tomar, pés para andar, boca para falar, ouvidos para ouvir, nem olhos para ver. Se queremos saber sobre a aparência e a essência de Deus estudemos mais a passagem de Êxodo capítulo 3, onde uma manifestação de “Deus” (o “Anjo” do Senhor na sarça que ardia mas não queimava) revela seu nome, o “Eu Sou o que Sou”, o grande “Eu Sou”, quanta verdade entregue sobre o maior dos mistérios, mas só aos que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver, olhos e ouvidos espirituais, não físicos, e que sem medo de agradar a homens escolhem o solitário caminho do verdadeiro conhecimento espiritual. 
      Antropomorfismo, que é colocar Deus em formas físicas e com reações emocionais humanas, é uma maneira da alma humana interpretar visões e reações de Deus em suas mentes e corações. Por exemplo, o texto de Salmos 5.4-5, “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.”, foi registrado pelo salmista dizendo que Deus odeia, mas será que isso é verdade? Deus pode odiar, ou melhor, Deus precisa odiar? Sim, existe uma reação terrível para os que se afastam de Deus, isso pode ser interpretado como sofrer um enorme desagrado de Deus. Contudo, a palavra odiar, a reação humana de ódio, uma ira descontrolada e movida pelo mal, não é o termo mais adequado para definir a reação de um Deus infinito, todo poderoso, santíssimo, onipresente, justíssimo mas misericordioso se o buscamos debaixo do perdão que há em Jesus. 
      A Bíblia está repleta de antropomorfismos, e eles são úteis, mas são ferramentas para ensinamento de crianças espirituais, homens maduros deveriam ir além disso. Aliás, a presença desses antropomorfismos nos revela uma das “chaves mágicas” (me perdoem o uso do termo, mas ele é muito adequado) para entendemos não do que a Bíblia fala, mas como ela fala e quem na verdade fala através dela e a escreveu. Os apressados dirão, “a Bíblia foi escrita pelo Espírito Santo”, aos quais responderei, correndo com certeza o risco de ser mal interpretado, “não, a Bíblia não foi escrita pelo Espírito Santo, pelo simples fato do Espírito Santo não ter mãos”. Parece uma resposta tola? Mas não é. 
      Com certeza o Espírito Santo falou aos escritores bíblicos e de uma maneira pra lá de especial e exclusiva, começando por Moisés e chegando a João o evangelista, mas entre o espírito humano “ouvir” a voz do Espírito de Deus até as mãos humanas registrarem o texto através da escrita num antigo pergaminho, muitos “ruídos” interferiram nessa comunicação. Não tinha como ser de outra maneira, o ser humano encarnado é absolutamente limitado para ter uma comunhão perfeita com Deus, assimilamos esboços, rascunhos, subjetivos e superficiais, e o lado positivo disso é que homens diferentes, com doenças emocionais distintas acham curas variadas numa única e completa manifestação de Deus.
      A mesma palavra de Deus transmitida pelo Espírito Santo a homens diferentes terá registros finais diferentes, e não se apressem os inimigos de Deus e da Bíblia tentando achar nisso desculpas para tirar do cânone bíblico coesão espiritual. Ainda assim, com tantos “ruídos” na comunicação, a Bíblia mantém-se coesa e coerente, mas somente para os que a interpretam debaixo do Espírito Santo. Só quem inspirou os escritores originais pode fornecer o melhor entendimento sobre o texto, ou sobre a intenção que tinha no momento da inspiração do texto. A verdade é que palavras espirituais só se entendem com ouvidos espirituais, assim, ler a Bíblia do jeito certo implica em lê-la em oração, em intimidade com Deus, de outro jeito só será uma coleção de leis morais de contextos históricos, culturais, sociais, que nada mais têm a ver com a contemporaneidade. 
      A revelação mais clara sobre quem é Deus foi feita por João no capítulo 1 de seu evangelho, versículos 1 ao 4, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”. Quer saber quem é Deus? Deus é Jesus, que encarnado nos ensina o que de melhor podemos ser como filhos de Deus neste mundo. Como será que Jesus encarnado reagiria a certos entendimentos preguiçosos e egoistas que tantas cristãos têm hoje em dia sobre tantas coisas? Como Jesus entenderia o livro de Gênesis? 
      Sabe como? De um jeito que ainda hoje muitos não estão prontos a entender, assim que achem que Deus fez o mundo e o homem em sete dias de vinte e quatro horas e que evolucionismo é um sacrilégio, isso não é verdade, mas pelo menos mantém as pessoas crentes num Deus que tudo pode, mesmo que não faça tudo do jeito que as pessoas pensam que faz. Mas eu sinto que até o final dos tempos, o final mesmo, não esse que muitos acham que é, eu penso que só os que encarrarem a verdade de Deus de maneira madura e de fato espiritual, terão forças para suportar a tentação que virá sobre o mundo. As trevas serão grandes e mui ardilosas, só a luz pura de Jesus livrará os salvos de terem que pagar com a própria vida por aquilo que de fato acreditam.

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza.

sexta-feira, abril 19, 2019

Bíblia do jeito certo (2ª parte)

      “E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os. E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” 
Gênesis 18.16-18

      “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.” 
Tiago 2.23

      “E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.” 
Gênesis 6.7-8

      “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.” 
Lucas 17.26-30

      Meus queridos, sei que muitos não querem entender isso, sei que outros até concordam, mas seriam incapazes de verbalizar, principalmente ministrando estudos bíblicos e pregando, mas precisamos de uma vez por todas entender certo o que Deus quer nos ensinar com os textos que são certamente os mais polêmicos da Bíblia, todos localizados em Gênesis: a criação e a queda do homem (capítulos 1 ao 3), o dilúvio (capítulos 6 ao 8) e o pecado em Sodoma e Gomorra (capítulos 18 ao 19), por favor, leia os textos bíblicos na íntegra para melhor entendimento. 
      Sobre Sodoma e Gomorra, o pecado não era a homossexualidade em si, mas a promiscuidade, e mesmo considerando a homossexualidade, lembremos de outros assuntos que eram considerados pelos textos bíblicos de maneira bem diferente que consideramos hoje. Naquela época pessoas feitas escravas eram consideradas posse de outras pessoas, como se fossem coisas e não gente, e isso não era pecado para o povo de Deus. Mesmo as mulheres, como já dissemos, não tinham o respeito que hoje têm, e isso, o considerado povo de Deus não recriminava. 
      As coisas mudaram, mesmo recentemente, há cento e poucos anos atrás dizer que mulher podia votar, fazer faculdade e ter certas liberdades, era considerado pecado pela sociedade em geral e por igrejas cristãs. Sodoma e Gomorra foram condenadas pela promiscuidade que inclui pecados sexuais contra pessoas do mesmo sexo, além de outros perversidades e devassidões, mas o texto não pode ser usado nos dias de hoje para demonizar todo tipo de expressão homoafetiva. Precisamos, como cristãos sérios e santos, assumirmos isso nos púlpitos, já que no dia a dia muitos já assumem, e pararmos de dar lugar ao diabo insistindo em legalismos que nada têm a ver com o ensinamento do Espírito Santo. 
      O dilúvio, se analisarmos o fato descrito por Moisés em Gênesis ipsis litteris, veremos que cientificamente é impossível, tendo em vista o que continuou no planeta Terra, no reino animal e na diversidade de raças humanas, a despeito dos limites do que foi preservado na arca. O dilúvio existiu, o princípio no registro bíblico nos ensina muito sobre a vontade de Deus, e mais, o texto pode conter mistérios que nem a ciência ainda descobriu, mas não tomemos o texto ao pé da letra, pode ter sido um dilúvio regional que ocorreu simultaneamente com outros em regiões diferentes da Terra. 
      O evento descrito em Gênesis foi o ocorrido com um patriarca da nação de Israel, a nação escolhida por Deus para testemunhar sua vontade ao mundo pela velha aliança e da qual sairia Jesus, a nova e eterna aliança entre Deus e todos os homens, ele foi resgistrado para que chegasse à civilização ocidental através da tradição judaica-cristã, mesmo que existam registros de dilúvios em outras partes do mundo por outras tradições religiosas. Abrindo parênteses, um assunto bíblico não resolvido aparece em Gênesis 6.4, os gigantes que viviam na terra antes do dilúvio, gigantes também aparecem em II Samuel 21, se são a mesma espécie de gigantes não sabemos, mas se são, teriam sobrevivido ao dilúvio, fechando parênteses.
      Mas o texto com certeza mais enigmático da Bíblia, que talvez seja justamente por ser o mais metafórico, são os três primeiros capítulos da Bíblia, e é assim que tem que ser, porque a maneira como foi registrado, que nunca teve a intenção de ser científica, foi a melhor maneira, ao meu parecer achada pelo Espírito Santo, de relatar fatos tão importantes, quanto grandiosos e misteriosos. Se hoje, a ciência ainda não conseguiu explicar muitas coisas sobre o universo e a vida, muito menos entendia ou poderia entender o homem na época da saída do povo de Israel do Egito, ou antes, por aqueles que passaram as histórias de Gênesis por tradição oral até que Moisés ouvisse e escrevesse a Torá (o nosso pentateuco, os cinco primeiros livros do antigo testamento).
      Princípios de temor a Deus estão em textos como os compartilhados no início desta reflexão, Abraão era amigo de Deus e Noé achou graça aos olhos do Senhor, esses foram poupados de juízos de Deus que são tão certos quanto terríveis sobre aqueles que negam o vontade do Altíssimo para a vida, para o planeta, para a eternidade. Assim, entendamos certo o que é pecado, o que é abominação, o que é justiça e o que é misericórdia, muitos serão salvos, desses religiosos viciados em igrejas, mas serão surpreendidos ao verem pessoas que eles lançaram no inferno estarem também no céu, e muitos que eles tinham certeza que estariam no céu, estarem no inferno. 

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza.

quinta-feira, abril 18, 2019

Bíblia do jeito certo (1ª parte)

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 
      E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

Gênesis 1.1-8


      A maioria dos evangélicos que lê a Bíblia não faz ideia dos mistérios existentes só nesses primeiros oito versículos de Gênesis, no que foi criado nos dois primeiros “dias divinos”, a extensão dessas “eras”, e o que de fato é abismo, trevas, águas, luz e céu. Se soubessem os evangélicos, não demonizariam a ciência como fazem muitos, e por outro lado, se soubesse a ciência, não menosprezariam os cientistas, muitos deles pelo menos, aos cristãos. Deus nunca erra, o homem, sim, engana-se sempre, traído pela vaidade e pela má vontade de conhecer de fato os grandes mistérios e a si mesmo, o homem está mais interessado no que vai comer ao meio-dia e com quem vai dormir à meia-noite. O homem não entende a criação do universo, não entende a criação da natureza, não entende a criação dele mesmo, não entende o que é a árvore do conhecimento do bem e do mal, não entende a própria queda... antropomorfiza tudo, paganiza tudo, vê só a serpente, não o arcanjo, não o querubim, não os Elohim... assim está fadado a cair de novo, e de novo...

      “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” 
      “ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” 
      “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.”
Gênesis 2.9, 16-17, 22-23

      Para quem usa a afirmação “Deus criou só homem e mulher”, baseada numa interpretação equivocada do livro de Gênesis, para defender sexualidade, vai uma conclusão lógica: então, de acordo com essa ótica, se “Deus criou só homem e mulher”, além de não ter criado originalmente homossexuais e seres humanos com outras disposições sexuais, Deus também não criou doentes mentais, esquizofrênicos, deficientes físicos e tantos outros homens e mulheres que nascem com enfermidades, deformidades físicas, transtornos psicológicos, ou que adquirem essas características durante a vida por esse ou aquele motivo, como diabetes, depressão, impotência masculina, esterilidade feminina etc. Entendam que não estou comparando, generalizando ou diminuindo nenhuma dessas características, apenas citando peculiaridades.
      Pergunto aos que interpretam a Bíblia ao pé da letra, sem levar em conta o contexto histórico e cultural, e sem aprender o que a Bíblia ensina de melhor, os princípios de moral, respeito e liberdade, e não as leis sociais de povos de lugares e tempos específicos: vocês também tomam como regra aquilo que o antigo testamento ensina sobre mulheres estéreis, por exemplo, como elas eram consideradas por suas dificuldades em gerar filhos? Pois se condenam ao inferno de maneira genérica homoafetivos, deveriam também desprezar tudo o que foge desse modelo utópico e enganoso que vocês pensam que seja o ser humano adequado para Deus, seja sexualmente, emocionalmente ou fisicamente, mesmo que numa época fossem desconsiderados socialmente até por Israel, o chamado povo de Deus, como as mulheres estéreis.
      Os princípios da Bíblia podem ser atemporais, se os entendermos pelo Espírito Santo, e não como leis fechadas. Os ociosos espiritualmente, que não buscam a Deus, mas acham numa interpretação tradicional um jeito fácil de parecerem espirituais e cristãos, interpretam ou deveriam interpretar I Coríntios 14.34-35, “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.”, como uma regra que proíbe mulheres de falarem nas igrejas e de serem submissas a seus maridos, quase que como escravas, uma realidade social da época em que Paulo escreveu o texto.
      Não, meus queridos e queridas, eu preciso repetir e repetir essa verdade, os evangélicos, e principalmente e em primeiro lugar os pastores, precisam parar de pregar nos púlpitos aquilo que nem eles vivem, e não vivem não por serem pecadores em desobediência à palavra de Deus, mas porque na prática e no evangelho não funciona mais mesmo. Ainda assim pregadores têm medo de dizer que a Bíblia está totalmente certa quando entendida seus princípios, mas que ela não pode ser olhada como livro de regras e que muitas das leis que os cristãos tiram da Bíblia, principalmente nas áreas sexual, familiar e social, não devem ser obedecidas hoje.
      Por que isso, será porque Deus mudou? Por que o pecado está invadindo as igrejas e a Bíblia está sendo desvirtuada? Porque é o final da tempos? Não, não é por nenhum desses motivos, e os que pensam que é, só dão mais lugar ao diabo, pregam um evangelho falso, e criam mais álibis para tantos odiarem o cristianismo e não fazerem parte de igrejas cristãs. É porque a Bíblia é o início de nosso aprendizado sobre Deus, não o fim, é porque a palavra de Deus é o Espírito Santo, não um conjunto de normas tiradas do cânone bíblico, é porque o ser humano do século XXI já está maduro o suficiente para entender a vontade de Deus de forma mais abrangente, coisa que não estava nos tempos de Moisés ou de Paulo. 
      Mas se a igreja evangélica protestante insistir em tradições ultrapassadas, crendo numa palavra escrita morta e não na palavra viva do Espírito Santo, só estará repetindo o que a Igreja Católica faz há mais de 1.600 anos, dominando e controlado pela ignorância, pela falsa moralidade e pela hipocrisia de quem matou o Espírito em seus corações e ficou à mercê de heresias e paganismo. A igreja evangélica protestante atual, pelo menos em sua maioria, ainda não caiu no paganismo, o Espírito Santo, principalmente nas pentecostais, ainda é presente, misericordioso e vivo, mas não abusem, a distância não é grande entre a heresia, mais leve que seja, e o paganismo da idolatria e de ritualismos. 
      Acima de tudo é preciso nos dias atuais termos uma vida de oração realmente no Espírito Santo que nos conduza à intimidade de Deus, que nos permita ouvir a palavra genuína do Senhor, que leve a conhecer de fato a vontade do Altíssimo, mas isso é para os que querem e têm coragem de seguir a Deus, não aos homens religiosos. Esses conhecerão mistérios escondidos na Bíblia e entenderão que ela na verdade nunca esteve errada, nunca foi superficial, nunca foi contra a verdadeira ciência nem nunca se limitou a um conjunto de leis morais ultrapassadas.

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza .