sexta-feira, novembro 30, 2018

Fora de Jesus não há libertação

      “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” 
      “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” 
João 8.32, 36

      Por mais igrejas que se conheça, cultos que se frequente, Bíblia que se leia e se estude com profundidade, se não houver autorização para que o Espírito Santo cure, andando-se dia a dia com Jesus, lutando emocional e espiritualmente em oração aos pés de Deus, as pessoas não serão curadas. Poderão até adquirir aparência de cristãos, linguajar, maneirismos, mesmo se livrarem de algns vícios, mas libertação só há em Cristo, pelo menos daquelas doenças de alma sérias e aprofundadas, que realmente definem a personalidade e limitam o caráter dos seres humanos. Sem cura amadureceremos erradamente, se é que amadurecemos, menos que aquilo que temos potencial para ser, e conquistando menos que aquilo que havia no plano de Deus para nossas vidas, seja na área afetiva, profissional ou ministerial. 
      Humildemente, na presença do Senhor, e Deus conhece meu coração, posso testemunhar que fui curado. Isso não significa que eu seja perfeito, nem que não cometa injustiças, sigo com dificuldades para me relacionar com as pessoas, amando menos que deveria, implicando mais que poderia, mas fui curado. Quem não conhece minha história pode me considerar menos atualmente, mas já fui muito pior, se não fosse a mão do Senhor talvez eu nem estivesse vivo, ou se estivesse, estaria só e marginalizado, mas pra me conhecer é só perguntar. Tive momentos bem claros e definidos de esclarecimento quando tomei posse da cura que Jesus tinha conquistado pra mim na cruz, isso me permitiu ser o que sou hoje e me apossar de coisas importantes, como meu casamento, minhas filhas e meu histórico profissional e ministerial.
       Abrindo parênteses, algumas das maiores libertações que recebemos do Senhor, sabiamente é melhor que fiquem em segredo, compartilhadas só com poucos e confiáveis amigos. Elas se referem ao nosso lado mais íntimo, que muitos não querem saber e outros dificilmente entenderiam. Assim tenha cuidado com quem se abre, mas vá atrás da cura, Deus é contigo. Outro aspecto de curas “íntimas” é saber identificar o que de fato é doença para ser curada e o que é característica a ser assumida. No segundo caso, precisaremos de coragem em Deus para nos libertarmos, não de um mal interior, mas do preconceito alheio, essa é uma libertação dolorida, difícil e que muitos experimentam sozinhos. Mas novamente, confie em Deus, não o deixe, mesmo que precise deixar grupos sociais e escolher melhor as igrejas, o Senhor nos conhece e sabe de nossa vontade de segui-lo. Deus quer que sejamos felizes nele, fechando parênteses.
      Eu não creio em milagres extraordinários, não para todos e sempre, creio num processo lento que manifesta a cura e mesmo os dons espirituais nos nossos sentimentos e pensamentos. Quando nos convertemos e o Espírito Santo nos sela, recebemos em Cristo todas as bênçãos, mas para que tenhamos consciência disso de modo que nossas vidas diárias mudem, numa transformação verdadeira e que permanece, pode demorar um tempo, tempo relativo para cada ser humano. Nosso espírito está sempre pronto, por isso quando morremos salvos ou se formos arrebatados, estaremos na eternidade em perfeição, nosso homem espiritual será libertado e não teremos na eternidade com Deus doenças, sejam físicas, emocionais ou espirituais, mágoas, dores, tristezas ou qualquer espécie de defeitos morais. Seremos integralmente virtuosos e santos.
      Cura requer fé e trabalho, fé autoriza Deus a agir, trabalho quebra nossos corações, nossas convicções erradas, faz-nos exercer e experimentar perdão. Esse é o jeito de Deus agir, é assim que as coisas funcionam com seres humanos adultos e que querem de fato amadurecer no Senhor. Contudo, muitos, em determinados momentos de suas vidas, quando confrontados com essa verdade, discordam, não aceitam e dizem não. Isso não significa que deixaram de ser crentes, de forma alguma, continuam nas igrejas, muitos liderando e pregando, eles não têm coragem de assumir suas rebeldias e têm medo de se afastarem do evangelho. Eles continuam salvos e morarão na eternidade com Deus, mas com certeza viverão  neste mundo uma vida muito aquém do plano que o Senhor tem para eles.
      Esses, contudo, que dizem não para a cura do Senhor, geralmente caem nas mãos da heresia, heresia oferece doutrinas que usam a Bíblia, o evangelho, elas falam de Cristo e defendem, na maioria dos vezes, uma vida dentro de igrejas e com muitos valores morais cristãos. Mas a heresia, de alguma maneira, impede o homem de ter comunhão direta com Deus, ela sempre acrescenta ou subtrai alguma coisa, pelo menos em relação ao centro da Bíblia, a salvação e libertação do homem só através de Jesus pelo Espírito Santo. A heresia não libertará o homem, antes o manterá escravo, em primeiro lugar de si mesmo, do seu lado pior e que não foi curado, mas depois de outros homens, do mundo, mas principalmente de igrejas. Os profetas hereges, falsos pastores que têm interesse em “meios cristãos”, crentes não curados, exploram e usam os que dizem não ao jeito de Deus fazer as coisas.
      Muitos crentes dizem hoje em dia, com frequência, Deus é meu libertador, mas muitos se referem a isso desejando um Deus que os liberte do mal exterior, dos inimigos, sejam homens ou demônios. Isso não está errado, graças a Deus que ele nos liberta dos opressores externos, do homem injusto e do diabo e suas astúcias. Contudo, nosso principal inimigo mora dentro de nós, é nossa natureza humana ruim, nosso caráter transtornado, nossos rancores, nosso passado oprimido, sim, por outros homens, mas um mal que deixamos ficar em nós e que nos influencia negativamente. A libertação maior que Deus nos dá é a de nós mesmos, esse homem espiritual ruim que existe em nosso interior Jesus levou na cruz. O que ressuscitou com Cristo foi um novo homem, curado e liberto.

      “O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.Salmos 18.2

quinta-feira, novembro 29, 2018

Prazeres e aparência - Mentiras mortais

      “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Provérbios 14.12


      O assassinato do jogador de futebol do time São Bento de Sorocaba/SP, numa festa de aniversário numa cidade do Paraná, crime cometido por uma família, pai, mãe e filha, além de outros jovens, me faz pensar sobre algumas prioridades erradas do homem atual. As imagens da família dos assassinos, fartamente compartilhadas em redes sociais, como é o costume obsessivo da sociedade atual, e aí não se sabe se a felicidade cria eventos que são compartilhados no Instagram e Facebook ou se os eventos são criados para ostentar uma felicidade falsa ou exagerada em redes sociais. O jovem jogador, querendo só usufruir e que acabou provando uma morte antes do tempo, morte chorada amargamente pelos parentes que o criaram para valorizar aquilo que o levou a morrer. Um moço que estava na hora errada, no lugar errado, fazendo a coisa errada e com gente errada que o disciplinou de forma errada, violenta, cruel e que colocou fim nas vidas de muitos. Triste, muito triste.
      De forma emblemática, e muito significativa, mesmo que trágica, as imagens da família de assassinos que veiculam nas mídias, são as fotos deles na festa de aniversário de dezoito anos da filha, antes do crime. Três pessoas bem vestidas, cabelos bem cuidados, mulheres maquiadas, em meio à comida e bebida, enfim, num momento que para eles era o melhor que a vida pode oferecer, os outros envolvidos no caso, jovens, muito jovens, bonitos, bem criados (pelo menos fisicamente) e também bem trajados. Os pais desses jovens também devem estar em prantos. Mas quem os criou, quem colocou em suas almas as prioridades da vida, quem ensinou a eles princípios de moral? Infelizmente a prática do que lhes foi ensinado foi mostrada no ocorrido, onde foram, o que fizeram, o que aprovaram os outros fazerem, o que eles tentaram ocultar da justiça. Foi por medo? Mas se estivessem no lugar certo, fazendo a coisa certa e com as pessoas certas, não precisariam ter medo e com certeza não seriam coadjuvantes de um ato de tal barbaridade.
      Infelizmente, muitos de nós, mesmo que não sejamos ligados à criminalidade, como parece que o pai da família de assassinos é, mesmo não sendo irresponsáveis como o jogador, que se deitou na cama de uma mulher casada embriagada, num quarto do casal na casa do casal, com o marido e outros presentes na casa, e ainda tirou fotos e mandou pelo celular para um amigo, mesmo nós que não temos essa total falta de noção, de moral, obviamente inflamada pelo álcool, também podemos estar vivendo e criando nossos filhos num modo de vida frívolo que são prioriza o prazer físico imediato. Começa com caras e bicos que mulheres fazem nas fotos para o Instagram, no tipo de postagem que curtimos e compartilhamos no Face, e no caso de muitos evangélicos, numa atitude um tanto quanto esquizofrênica, quando antes ou logo depois postam um pensamento de auto-estima ou um versículo bíblico, geralmente pedindo vingança contra os inimigos. 

      “Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele. E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Lucas 16.13-15

      Não estou dizendo que devemos usar roupas que escondam totalmente nossos corpos ou que não podemos, sob nenhuma circunstância, beber bebidas alcoólicas, ou que não podemos nos divertirmos em lugares e eventos sociais fora de igrejas. Isso seria um erro semelhante, mesmo que no extremo oposto, e que na prática nenhuma serventia tem contra o pecado, o mundo, a carne e o diabo. Mas a pergunta é: de verdade, quais são nossas prioridades, o que gostamos de mostrar para os outros, seja no mundo real ou virtual, como gostamos de ser conhecidos? Não podemos enganar a verdade, somos o que mostramos, dizer que no coração sou isso, mesmo que na aparência eu exiba outra coisa, é no mínimo incoerência e no mais provável um auto-desconhecimento que não passa para os outros outra leitura que não seja a de falsidade. Ninguém pode agradar a dois senhores, mas quando se tenta, o senhor que sempre se agrada é o do mal, ou se agrada 100% a Deus ou se agrada ao diabo.
       Um conselho: tenhamos mais cuidado com essa cultura estabelecida pelas redes sociais, uma cultura vulgar e hedonista onde, mais do que nunca, aparentar é mais importante que ser de fato, e tenhamos cuidado principalmente com a influência dessa cultura sobre crianças a adolescentes. Na verdade, convém nos afastarmos, ao menos, um pouco de redes sociais, que em grande parte das vezes cria falsas identidades assim como falsas relações sociais, quando nos relacionamos com pessoas geograficamente distantes que em muitos casos nunca conheceremos fisicamente. Há exceções, eu sei de muitas, gente que conheci por conta de minha área profissional e que me acompanha virtualmente há muitos anos, amigos e irmãos queridos. Contudo, eu já colhi decepções, de pessoas que valorizam demais vida virtual e que mostram nas redes personagens, não o que são de fato, que em algum momento entenderão um texto ou uma imagem sua de forma equivocada e que de “amigos” se tornarão inimigos, num piscar de olho.
      Isso sem falar nas armadilhas que muitos caem, depois de conhecerem e confiarem em amizades virtuais, sofrendo violências pela internet e mesmo físicas, quando tentam conhecer o ator por trás do personagem descobrindo criminosos e psicopatas. Para todos os envolvidos no crime horroroso do jogador de futebol, com direito à tortura e mutilação da vítima, resta a cadeia, e por estarem ainda vivos pela graça de Deus a salvação em Cristo, se tiverem humildade para fazerem a decisão, mesmo que tenham que pagar pelo resto de suas existências aqui pelo que fizeram. Ao morto, não resta mais nada, e onde ele está, Deus sabe, mas a todos nós está a lição, terrível mas muito real. Este mundo e seus valores, uma vida de aparência, beleza física, juventude, comida, bebida, carros e motos caros, noites a fio em baladas, dançando, fazendo sexo e fugindo da realidade, tudo isso só conduz à morte, e uma morte muito ruim.

quarta-feira, novembro 28, 2018

Fé genuína não se perde

      “Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.Hebreus 10.38-39

      “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Hebreus 11.6

      “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.Efésios 2.8


      Como não perder a fé? Como não desistir de viver por ela? A primeira coisa a entender é um tema recorrente aqui no blog, diferenciar a fé verdadeira de convicção de pensamentos e de emoções. Convicção é humana e pode ser colocada em qualquer lugar, Deus, deuses, homens, anjos, animais, objetos etc, assim como pode ser para o bem como para o mal, pode ser positiva e negativa. A fé verdadeira é usada pelo ser humano, mas é originalmente dom de Deus, só a tem aquele que a recebe do Senhor. A fé verdadeira influencia a convicção humana, e isso é espiritualmente bom quando as prioridades estão de acordo com a vontade de Deus, senão, mesmo que seja num ambiente cristão, usando valores cristãoss, será só força humana que até pode conseguir coisas, mas não são concedidas por Deus.

      Como não perder a fé? Se é fé genuína e que conduz à salvação, então ela é dom de Deus, ela só pode ser exercida através do Espírito Santo, assim, essa fé não pode ser perdida, é Jesus que a guarda dentro de nós pelo seu Espírito. Se nós a usarmos da forma correta, a teremos sempre disponível e viva. Agora, a tal da convicção humana, essa podemos perder, e várias vezes durante nossa caminhada neste mundo. Sempre que desanimamos, que nos decepcionamos, que perdemos a esperança, a fé humana se vai, mas ela se vai porque estávamos colocando nossa convicção no lugar errado. Só se desilude quem se ilude, e Deus não é ilusão, é real, mas se tirarmos os olhos dele não alcançaremos aquilo que ele tem pra nós. Assim, iremos para a direção errada e com as pessoas erradas, o que fatalmente nos deixará sem forças.

      Eu estou me sentindo sem fé? Então é porque eu deixei de crer pelo Espírito e estava simplesmente acreditando na carne, fé através do Espírito Santo fortalece, renova, vivifica, alegra, de uma maneira mansa, suave, tranquila. Deus nos conhece e nos respeita, sabe até onde e como podemos ir sem perdermos as forças, sem perdermos a fé. Quem perde a fé a perde porque estava fazendo o que não devia, no lugar e com gente que não devia estar. Nesse caso é preciso parar tudo e recomeçar, descobrir em oração em que ponto nos desviamos e com humildade voltarmos para o caminho certo. Calma, talvez o que você esteja precisando é só de descanso, de um tempo, não exija tanto de você, Deus não exige. Descansa no Senhor, verbalize tua fé numa oração, acalme a mente, e fique em paz, tua fé pode até se enfraquecer, mas não se enfraquece o Deus em que você crê. Ele é sempre fiel, forte e acredita em você.

terça-feira, novembro 27, 2018

O que significa “misericórdia quero e não sacrifício”?

      “E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.Mateus 9.10-13

      O texto relata mais uma crítica dos invejosos e hipócritas fariseus ao comportamento de Jesus, o recriminavam por andar com pecadores, mais que isso, por ser amigo deles. Jesus citou então as escrituras, Oseias 6.6, “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”. Foi duro para aqueles que se consideravam doutores da lei serem repreentidos por ela, talvez porque não entendessem de fato a palavra de Deus, como nós hoje, sejam nós evangélicos pentecostais ou protestantes tradicionais, aliás, nunca se viveu um tempo com tanto conhecimento acessível e variado sobre a Bíblia, e ao mesmo tempo, com um povo dito cristão tão distante de Cristo. 
      Quando ouvimos misericórdia quero e não sacrifício podemos ter a impressão que o Senhor, compreendendo a nossa fraqueza, nos diz para não nos sacrificarmos com religiosidades, mas antes, agirmos com misericórdia para com as pessoas. Mas nos texto Jesus disse isso a homens que se consideravam espirituais e totalmente fiéis aos mandamentos de Deus, que não se achavam de nenhuma forma devedores, mas cumpridores obedientes de todos os ritos de sua religião. Jesus disse aos fortes, ou pelo menos aos que assim se achavam, não para que se consolassem com seus limites, mas revelando a inutilidade de seus excessos. 
      A segunda parte do versículo do profeta Oseias, que não consta no texto de Mateus, todavia, me toca bastante, “o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos”. Quem se ocupa demais com sacrifícios, acaba se afastando daquele para quem os sacrifícios são feitos e adorando, não a Deus, mas a si mesmos por fazerem os sacrifícios. Com conhecimento o Espírito Santo não quer dizer informação intelectual sobre a Bíblia, mas intimidade com o Senhor, que se obtém sendo amigo próximo de Jesus. Era isso que Cristo estava dando aos pecadores com os quais andava, intimidade, amizade, reconhecendo que eles talvez fossem impotentes para fazerem sacrifícios religiosos, pelo menos naquele momento, mas de fato ensinando que isso nem era necessário, não na nova aliança do evangelho. 
      É triste, mas muitos ainda vivem, dizendo-se evangélicos, porém obedecendo à velha aliança, fiados em sacrifícios, e o principal deles é o dízimo que muitos pensam serem obrigados a dar para receberem de Deus bênçãos. Todavia, enquanto pentecostais se perdem no sacrifício herege do dízimo, protestantes chamados tradicionais se acham melhores por terem conhecimento intelectual da Bíblia, ambos honram a si mesmos por darem dízimos ou estudarem as escrituras e se afastam da misericórdia que se entende, que se conhece, que se vive, somente andando perto de Cristo. Só quem recebe misericórdia consegue dar misericórdia.
      O que significa pra mim, neste momento, a orientação de Jesus? Significa seja mais espiritual, valorize mais o caráter que a intelectualidade, preocupe-se mais com praticar as virtudes principalmente nas relações sociais, o amor, o perdão, a paciência, a generosidade, que aparentar religiosidade. Com relação ao resto, assiduidade em cultos, atividades profissionais para ganhar mais dinheiro, faça o suficiente e confie em Deus. O excesso de sacrifícios físicos podem nos cansar tanto, estressar de uma maneira, mesmo em “ministérios” dentro de igrejas, que simplesmente ficamos inviáveis para conviver com as pessoas de uma maneira realmente cristã. Muitos querendo servir ao cristianismo acabam se afastando de Cristo, não conhecem de fato o que significa misericórdia.

segunda-feira, novembro 26, 2018

Amor ao dinheiro

      “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” I Timóteo 6.10-11


      Em primeiro lugar entendamos que a exortação de Paulo não é sobre o dinheiro, mas sobre o amor ao dinheiro. Precisamos de dinheiro para viver e nisso não tem nada de errado, todavia, amar o dinheiro, adora-lo, colocá-lo acima de algumas coisas, isso é algo que devemos evitar. Mas quando se diz amor ao dinheiro, não queremos dizer gostar das cédulas ou moedas, do valor dos estratos bancários, do crédito que temos no banco. Amar o dinheiro é amar as coisas que ele pode comprar, principalmente as coisas que nos dão prazer. Então, a pergunta é: onde está o nosso prazer, no que gostamos de gastar o nosso dinheiro?

      A tal da “black friday”, ocorrida na última sexta-feira, deixou bem claro como as pessoas gostam de gastar dinheiro, sim, muitos de forma legítima, procurando uma promoção para comprar bens necessários para uma vida material digna por preços menores. Contudo, muitos só procuraram saciar vícios, adquirindo coisas que na veradade não precisavam, apenas para exibirem poder aquisitivo ou mesmo só para comprar algo mais novo. Amar o dinheiro é amar o prazer que ele pode comprar, contudo, o prazer é relativo, muda de pessoa pra pessoa, assim como muda o tipo de medo que cada um tem caso lhe falte dinheiro.

      Medo de ficar sem grana pra comer, que seja um simples prato básico de comida? Para muitos amar o dinheiro é ter receio disso, parece pouco pra mim e pra você? Mas não é para muitos. Medo de não ter um carro na garagem, um celular, roupas novas? A grande maioria tem esse receio. Medo de não poder dar um bom estudo aos filhos, de fazer uma viagem anual de férias com a família? Muitos têm medo de não poderem pagar essas coisas. Medo de não ter o carro mais moderno, de não vestir as roupas mais caras e exclusivas, de não poder consumir os vinhos mais sofisticados ou de não poder fazer viagens regulares ao exterior? Alguns amam o dinheiro porque ele lhes dá isso, um diferencial, uma posição social na classe alta dos mais privilegiados.

      O grande problema é que dinheiro nunca é suficiente, quem está preso simplesmente ao prazer que ele compra, à vaidade que ele sacia, depois que puder comprar comida, roupas e uma moradia, quererá mais e mais. Prazer físico vicia e nunca basta, sempre se deseja mais. Se no início dizíamos que bastaria uma vida simples, desde que tivéssemos o principal na companhia de quem amamos, com o tempo podemos até dispensar o afeto para termos uma aparência mais poderosa para mostrar pros outros. Mas a vida é feita de escolhas, claras e definitivas. Todo homem tem seu preço? Bem, o diabo é mercador de almas, sempre oferecendo algo para que troquemos pelos valores de Deus, algo que tem um preço, algo que custe dinheiro e tempo para ganhá-lo.

      Os maiores escravos do dinheiro não são os criminosos e viciados, os ladrões e dependentes químicos, não, não são esses. Os maiores adoradores do dinheiro são pessoas honestas, que não roubam dinheiro e bens materiais de ninguém. Eles trabalham e muito para terem conforto, boa alimentação, carros, viagens, lazer, cultura e formação acadêmica. Contudo, para satisfazerem essa obsessão eles roubam afeto de filhos e cônjuges, trocam o tempo que poderiam passar ensinando e formando seres humanos por trabalho, delegam para escolas caras a criação dos filhos e para as lojas de shopping centers, academias, restaurantes, cirurgiões plásticos e salões de beleza as esposas. No final terão que gastar muito mais com psicoterapeutas e advogados.

      Muitos cristãos que começaram bem, dando prioridade para as virtudes do evangelho, em algum momento amaram mais o dinheiro que a Deus, e preferiram as aparências e prazeres que o dinheiro pode dar que seguir a Jesus. Assim se encherem de trabalho, de estudos, repito, coisas que em si mesmas nada têm de errado, não se exercidas com sabedoria. Eles ganharam status? Sim. Cultura, conhecimento? Sim. Mas foram além daquilo que Deus tinha pra eles sem que se perdessem e se venderam. O que era pra ser bênção se tornou maldição, e se tornaram úteis para o sistema, para o mundo, para os homens, não para Deus e para a Igreja espiritual, e não me refiro aqui aos “ministérios humanos” atuais, tão gananciosos quanto muitas empresas seculares.

      Não amar o dinheiro, não adorar a Mamon, é fazer a nossa parte com e em Deus, mas não permitirmos que a preocupação da falta dele nos roube a paz e subverta as prioridades do evangelho. Para o que anda com Jesus nada falta e o que Deus dá basta, ainda que tenha o desejo equilibrado de melhorar de vida e se esforce e muito trabalhando e estudando. O cristão, o justo, o filho de Deus não é vagabundo, contudo, ganha seu dinheiro em paz, sincronizado com o Espírito Santo. Se precisar decidir entre confiar no que o dinheiro pode dar e na fé de que Deus faz o impossível pelos que confiam nele, não hesitará, descansará no Senhor, dono de toda a riqueza do universo.

domingo, novembro 25, 2018

Vingança ou misericórdia?

      “Ó Senhor, Deus vingador; Deus vingador! Intervém! Levanta-te, Juiz da terra; retribui aos orgulhosos o que merecem. 
      Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios exultarão? 
Eles despejam palavras arrogantes, todos esses malfeitores enchem-se de vanglória. Massacram o teu povo, Senhor, e oprimem a tua herança; 
matam as viúvas e os estrangeiros, assassinam os órfãos, e ainda dizem: "O Senhor não nos vê; o Deus de Jacó nada percebe".
      Insensatos, procurem entender! E vocês, tolos, quando se tornarão sábios? Será que quem fez o ouvido não ouve? Será que quem formou o olho não vê? Aquele que disciplina as nações os deixará sem castigo? Não tem sabedoria aquele que dá ao homem o conhecimento? O Senhor conhece os pensamentos do homem, e sabe como são fúteis.
      Como é feliz o homem a quem disciplinas, Senhor, aquele a quem ensinas a tua lei; tranquilo, enfrentará os dias maus, enquanto que, para os ímpios, uma cova se abrirá. O Senhor não desamparará o seu povo; jamais abandonará a sua herança. Voltará a haver justiça nos julgamentos, e todos os retos de coração a seguirão.

      Davi, a quem é atribuído grande parte dos Salmos, era um homem que conhecia o Senhor com intimidade, um dos poucos personagens bíblicos que experimentava a presença do Espírito Santo de uma forma frequente, num momento, o da velha aliança, que Jesus ainda não tinha vindo como salvador e deixado o Espírito Santo como presença permanente nas vidas dos salvos. Uma das experiências marcantes de Davi foi sua relação com Saul, depois que esse soube que o reinado sobre Israel tinha sido retirado dele por Deus, por causa de seu pecado, e dado a Davi. 
      Não foi empossado oficialmente diante do povo rei assim, fácil, de um dia para o outro, Davi teve que enfrentar a perseguição de Saul que o levou a viver como marginal entre marginais. Ele, mais que ninguém, sentiu na pele um desejo de vingança e de vingança ilegítima. Mas o mais importante é que Davi teve a vida de Saul em suas mãos, para matá-lo, o que era legítimo para ele, e ainda assim não o fez. Na ocasião da morte de Saul, Davi teve a elegância e o temor a Deus de não se alegrar com o ocorrido, e disciplinou mesmo o que lhe trouxe a notícia como uma boa nova e que se identificou como o assassino de Saul. 
      Muitas coisas levam o homem a desejar vingança, mas quando o homem vê uma injustiça muito grande, um forte oprimindo um fraco, alguém tomando algo que não é seu à força, isso torna o desejo mais legítimo. Mesmo que ímpios que sofrem traições de outros ímpios também queiram vingança, a vingança mais legítima vem do coração do certo que sofre um dano do errado, e justamente por isso, por haver legitimidade, os justos podem ser muito mais tentados a serem escravos de um desejo de vingança que os ímpios. Os ímpios não desejam vingança, eles se vingam e pronto.
      Resistir a essa tentação, contudo, é o que pode levar o justo a um nível mais alto de real espiritualidade, mas é preciso entender bem o que é “a vingança a Deus pertence” (outra tradução do primeiro versículo do Salmo 94) e não usar isso como desculpa para manter o desejo de vingança no coração. Deixar de fato a vingança nas mãos de Deus é entregar totalmente o desejo nas mãos do Senhor e não mais senti-lo, mas é preciso entender que nosso coração não pode ficar vazio. Tirar mal e não colocar nada no lugar é deixar espaço para que outro mal seja acolhido, e o mal mais próximo é sempre o mais fácil de voltar.
      Entreguemos a Deus a vingança, de maneira clara e assumida, sem meias palavras ou hipocrisia, mas depois coloquemos no lugar, em nossos corações, misericórdia. Misericórdia é o contrário de vingança, se vingança busca que o mau receba o mesmo mal que ele injustamente deu ao bom, misericórdia deseja que o homem mau receba o contrário do que deu. Assim o misericordioso quererá para o que lhe prejudicou o bem. Essa administração da vingança em duas partes, confia que Deus fará do seu jeito para como o homem mau, mas deixa livre o coração do homem bom, com misericórdia, que cura e liberta. 
      Quando a vingança permanece, o homem mau tem vitória dupla, com o mal direto que ele fez ao outro mais a obsessão por vingança que deixou no coração do outro, e isso no caso do cristão verdadeiro é uma grande tentação, já que ele sabe que como tal não pode se vingar, mas se não agir da forma correta seguirá com o desejo no coração. Desejo de vingança não realizado causa doenças, amarga a vida e honra o diabo, mas substituí-lo por misericórdia glorifica a Deus e dá a ele legalidade para agir em prol do homem de bem. 
      O segredo é não reagir até que Deus mande, mesmo porque reagir, em muitos casos, de nada adianta. A vingança não é só desnecessária, é ineficiente, mesmo que sejam só palavras explicando para o injusto que ele está roubando um direito. Como o estúpido não há diálogo, assim nem tentemos, e se alguém não quer entender, não percamos nosso tempo, que ele diga a última palavra, abaixemos a cabeça e saiamos de cena, calados e pensando em Deus, vislumbrando a grandeza do Senhor, infinitamente maior que um homem mau.
      Além do mais, querer exigir algo do homem mau é concordar que ele tem poder sobre o que estamos exigindo, é concordar que ele é dono do que nos sonegou, e não é. Deus é dono de tudo, Senhor de tudo, falemos diretamente com ele é entreguemos nossa causa em suas mãos. A experiência de sentir desejo de vingança é crescimento e bênção para o homem de bem, para o justo, para o cristão genuíno, e oportunidade de libertação e cura, é momento de entronizar o Senhor no coração e descansar nele. 
      “Feliz o homem a quem disciplinas, Senhor”, melhor ser disciplinado pelo Senhor que sofrer a vingança de Deus, assim, para que aprenda a dar o bem pelo mal, o justo é disciplinado, e só se aprende isso sofrendo a injustiça, mas depois da disciplina o justo “tranquilo enfrentará os dias maus”. Contudo, “para os ímpios uma cova se abrirá”, uma armadilha e o poder que eles tanto achavam que tinham, oprimindo os justos, se mostrará inútil nesse dia. Não confiaram em Deus, mas em si mesmos, nos poderes do mundo, nos valores dos homens sem Deus, assim a própria vida se encarregará de ser a vingança da justiça sobre eles, no lugar e no tempo certo.

sábado, novembro 24, 2018

Como morrem os justos?

      Como morrem os justos? Não morrem, só passam, da existência física para a espiritual perto de Deus. Partem justificados, pelo sangue de Cristo, partem limpos, não por serem perfeitos, mas por confiarem naquele que é perfeito, não por serem melhores, mas por terem admitido que não eram, não por serem fortes, mas por terem deixado o todo poderoso viver neles. Os justos morrem em paz, não são surpreendidos pelo mal, mas passam com tranquilidade pelo final de um caminho que já conheciam, pelo qual sempre andaram, o caminho estreito do evangelho, da cruz, do quebrantamento muitas vezes, mas que nos final se mostra cheio da luz maravilhosa do Senhor. 
      Os justos não morrem sozinhos, em suas caminhadas fizeram amigos fiéis que estarão com eles no último momento, dos quais os melhores são esposa e filhos, que sabem que naqueles que partem estão seres humanos, mas que fizeram tudo o que podiam para acertar. Mas mesmo que lhes falte companhia de homens, terão a companhia dos anjos do Senhor e de uma alegria sem tamanho, da qual provaram um pouco quando oraram a Deus e receberam dele esperança para continuar até o fim. Os justos não morrem, são transformados para a vida eterna, acordam de vez para Deus, conhecem de fato aquele que sempre os conheceu e por eles lutou, Jesus, Deus que se fez homem e que honra aqueles que chama e que ouvem a sua voz. 
      Justos não morrem velhos, mesmo que com os corpos físicos cansados, eles morrem como crianças, pois souberam aprender o que é vida com Deus. No final trocaram vaidades por paz, aprovação humana por obediência a Deus, enfado de querer ser maior e rico por um coração de adorador, vícios e obsessões pelo prazer inefável que existe só na presença do Senhor. Os justos nunca perderam a sinceridade do bem, a verdade da alma, as virtudes do espírito, olharam firmes para seu objetivo e seguiram, que horizonte é mais aprazível que os braços abertos do pai nos esperando sempre? Os justos morrem íntegros pois nunca se venderam, pra ninguém.
      Os justo morrem com dignidade, com honra e no tempo certo, nem antes, nem depois, pois aprenderam a viver sincronizados com Deus, com sua sabedoria, assim plantaram quando podiam e colheram o melhor, quando não havia mais nada a se fazer. Os justos entenderam todos os tempos, deixaram o passado ficar leve e dele só reterem boas lembranças, não foram escravos do futuro e confiaram realmente em Deus, usufruíram do presente, o tempo mais divino de todos, o único em que se pode ser feliz de fato. Os justos morrem felizes, com todas as contas pagas, com a fé aprumada, com perdão dado aos homens e recebido, de si mesmos e de Deus. 

      “Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração. Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira? Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele. Perturbai-vos e não pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama, e calai-vos. Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor. Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós a luz do teu rosto. Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.

Salmos 4

sexta-feira, novembro 23, 2018

Como nascem os monstros (parte 2)

      “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.Marcos 2.17

      Os monstros nascem do egoísmo, de adultos físicos, mas não emocionais, que se ocupam com seu assuntos, com seus prazeres, e não se importam com os seres humanos que colocam no mundo. Os monstros nascem da indiferença de crianças fazendo crianças porque também não tiverem pais que as criassem de forma correta, e que depois acabaram tendo que criar netos. Os monstros nascem da estupidez, de quem até quer ter uma família, que trabalha e muito para mantê-la materialmente, mas que acha que comida na mesa basta, desprezando o afeto. Monstros nascem de “pais” perturbados, obsessivos, que querem controlar espaço e tempo e acham que crianças e adolescentes só atrapalham, assim os punem de maneira desproporcional por bobagens, tirando dos pequenos o direito de serem pequenos, de brincarem e serem felizes. 
      Monstros nascem na privacidade de lares, cercados pelas paredes da lei, escondidos nos quartos e consumindo ilusões, querendo achar atenção e intimidade, aliás, os monstros nascem de quem não sabe administrar intimidade, que expõe demais as suas e invadem demais as dos outros. Monstros nascem na ausência de boa cumplicidade, aquela que sabe rir de si mesmo, que deixa a vida leve, que entrega referências para os que estão crescendo, para que saibam que sempre terão um lugar para onde voltar, um lugar de amor, não necessariamente material, mas dentro das boas lembranças da alma. Monstros nascem da falta de pai e mãe, que não são necessariamente os biológicos, nem de sexos opostos, mas seres humanos, que sabem deixar pra lá a si mesmos e se sacrificam por quem veio ao mundo sem pedir.
      O que temos que entender de uma vez por todas, é que podemos, sendo filhos de monstros ou mesmo monstros em potencial, dar um fim ao processo, contudo, a grande dificuldade é que monstros, muitas vezes e até um momento de suas vidas, não sabem que são monstros, não têm consciência disso. Alguns carregam transtornos tão íntimos, principalmente os na área da sexualidade, têm tanto medo ou tanta vergonha de verbaliza-los, que desenvolvem duas personalidades, uma que convive com a sociedade para sobreviver, para ser profissionalmente produtivo, uma do dia, e outra da noite, quando buscam prazer. Se alguém não ajudá-los a tempo, poderão se tornar de casos psiquiátricos, casos policiais, cometendo atos criminosos e machucando muita gente. 
      Monstros são como roedores, insetos e demônios, fogem com a luz, mas mais que isso, com a luz do evangelho, monstros podem ser destruídos, dando lugar a seres humanos renascidos em amor e lucidez. Conheço pessoas que eram monstros, mas que se sujeitando ao Espírito Santo, deixando-se tratar por Jesus, o médico dos médicos, foram curadas, receberam perdão, se perdoaram e perdoaram, eu conheço gente assim, e muito bem. Contudo, para aqueles que se consideram normais, se é que o são, uma orientação do Senhor, tenhamos misericórdia dos monstros, são homens e mulheres, que foram muito maltratados, nos aproximemos deles e os ajudemos. Jesus morreu e ressuscitou por eles também, se são enfermos, foi pra eles que Jesus veio.
      Depois de curados, que possamos dar a eles uma nova chance, um voto de confiança, não os julguemos como monstros eternos, nem Deus os julga assim, não se houve consciência e vontade de mudar. Nesse caso há vitória a ser festejada, mesmo que às vezes com consequências ruins que eles terão que conviver pelos restos de suas vidas aqui. Mas quem de nós não tem que conviver com consequências ruins de escolhas erradas? E muitos só não convivem porque escondem, guardam segredos a oito chaves mesmo de pessoas próximas. Assim tenhamos com os outros a mesma misericórdia que queremos receber, lembrando sempre que “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Romanos 8.1).

Leia a primeira parte desta reflexão no LINK.

quinta-feira, novembro 22, 2018

Como nascem os monstros (parte 1)

      “Até meados do século XIX, os cientistas acreditavam que os seres vivos eram gerados espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição; que rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do lodo dos rios. Essa interpretação sobre a origem dos seres vivos ficou conhecida como hipótese da geração espontânea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio = vida, genesis = origem; origem da vida a partir da matéria bruta). Pesquisadores passaram, então, a contestar a hipótese de geração espontânea, apresentando argumentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese, segundo a qual todos os seres vivos originam-se de outros seres vivos preexistentes.” 

      Monstros não nascem por “geração espontânea”, eles são criados, por alguém, geralmente outros monstros. Traduzindo: um filho mal criado teve uma criação ruim dos pais, ninguém use a desculpa que fez tudo certo mas o filho foi influenciado por má companhia. Aliás, a companhia que um jovem escolhe, se for ignorado pelos pais, é qualquer uma, aí está entregue à sorte da vida, mas se for criado com boa e próxima presença dos pais será igual aos pais. Buscamos aquilo que nos é bom, e bom é uma referência adquirida. 
      Chegando ao ponto da reflexão: num mundo moderno onde todos queres direitos mas não deveres, precisamos assumir responsabilidades, eu, você, eles, o mundo não está como está por culpa de ninguém, a culpa é nossa. Mas mais que o mundo, nossos jovens e crianças são nossos, filhos, sobrinhos, netos, alunos, ovelhas, se não forem devidamente ensinados, exortados, disciplinados, por nós, serão criados pelo mundo, pelo estado, pelas escolas, pela polícia, pelo doutrinadores políticos. Tenha certeza de uma coisa, o diabo tem muito interesse em nos distanciarmos de crianças e jovens, quando fazemos isso, ele os seus se aproximam e fazem a coisa do jeito deles. 
      Quando vejo alguma dessas notícias terríveis na TV, sobre algum crime horroroso, sobre violência contra vulnerável, contra mulheres, contra crianças, não recrimino em primeiro lugar o agressor, mas questiono, quem criou e como foi criado tal pessoa de maneira que se transformasse num monstro? Um monstro, um dia, foi criança, foi adolescente, foi vulnerável, mas sua boa criação, por alguém, foi negligenciada e ele se tornou um monstro. Sim, a responsabilidade, para um adulto e com a mínima sanidade, é antes de tudo pessoal, senão a culpa do mal de toda a humanidade seria somente da serpente, ou de uma “eva” ou de um “adão”. 
      Ocorre também que depois que um monstro foi criado, muitas vezes, pouca coisa se pode fazer. Alguns monstros precisariam permanecer para o resto da vida vigiados, de forma digna, mas nunca com direito à liberdade plena, guardados pelo estado e pela família, protegidos de si mesmos. Contudo, o que podemos fazer agora para que um monstro não seja criado? Ou então, o que podemos fazer agora para que um monstro não cometa uma monstruosidade? Precisamos nos importar mais com os outros e pararmos de usar o álibi “cada um que cuide de si, não tenho nada a ver com a vida dos outros”. Muitas vezes, enquanto dizemos isso confortavelmente, uma vizinha está apanhando do esposo, uma colega de trabalho está sendo abusada pelo chefe, uma criança está sendo violentada por um parente. 
      Precisamos assumir responsabilidades, com sabedoria, com cuidado, mas como adultos proativos e benignos. Mas nós cristãos temos uma responsabilidade maior ainda, porque temos o Espírito Santo de Deus dentro de nós, o Espírito de justiça e misericórdia, isso precisa ser convertido em atos de bem. Infelizmente, muitos de nós estão assinando como coautores de monstros, simplesmente por se fingirem de mortos enquanto outros estão sendo mortos, enquanto crianças, mulheres, negros e homoafetivos são maltratados, enquanto pastores hereges exploram pobres e ricos, enquanto maus políticos corrompem o país. 

Leia a segunda parte desta reflexão no LINK.

quarta-feira, novembro 21, 2018

O que nos amadurece

      “O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.

      “O Senhor empobrece e enriquece, abaixa e também exalta.

I Samuel 2.4 e 7


      O que mais nos amadurece em Deus, não são as decisões certas que tomamos para fazer as melhores coisas, mas as certas que tomamos, depois de tomarmos as erradas e as reconhecermos como tais. Por que isso? Porque somos, muitas vezes, orgulhosos e desobedientes. Muitos fazem todo o possível para não errar, assim se planejam, tentam prever todas as possibilidades, se esforçam e então agem, mas esses não buscam a Deus de fato, e nem são gratos ao Senhor quando tudo dá certo. Antes, mesmo de maneira discreta e velada, honram a si mesmos e ficam felizes com isso. Esses se protegem tanto que não dão a eles uma oportunidade de conhecerem a verdade da vida, verdade que Deus dá só através do Espírito Santo em Cristo Jesus.
      Infelizmente, muitas vezes, a vida conta com nossos erros para se mostrar de fato, mesmo que muitos humanistas, intelectuais, pessoas de boa formação acadêmica e que buscam fazer sempre as melhores escolhas, seja na saúde, na área afetiva ou na “espiritualidade”, não aceitem, o homem é inviável para ser feliz, não se deixarem o Deus do evangelho fora da equação. Esses, “duros na queda”, levarão um tempo maior para entenderem as coisas, os fortes sempre sofrem mais, enquanto os fracos, que entendem cedo que nada são ou podem sem Deus, acham a paz e a felicidade simples a tempo de desfrutarem de escolhas melhores muito antes. 
      Como tenho visto, com tristeza, esse equívoco, gente fazendo e acontecendo porque confia em si mesma, porque acha que pode tudo, mas numa insistência nessa arrogância tomar uma decisão que não pode suportar, assim dá um passo maior que a perna e cai, lá de cima, para passar diante de todos a vergonha que tanto lutou para não ter. Mas só depois dessa humilhação é que os corações de muitos são quebrantados e ficam prontos para ouvir a mensagem de salvação do evangelho, infelizmente, talvez depois de se colocarem numa situação de luta que terão que enfrentar até o final de suas existências neste mundo. Em Deus, contudo, sempre há consolo para viver a realidade, por pior que ela seja, com dignidade e paz.
      Oremos todos os dias, admitamos o tempo todo, digamos com todo o coração e com todo o entendimento, nada nos acontece se Deus não permitir, só sincronizados e sintonizados em Deus temos vitória, sempre, mesmo que aparentemente e temporariamente ela pareça uma derrota. Deus sabe o que faz e o adoremos por isso, e entendamos, a assunção de nossa impotência na dor, depois de uma queda, aperfeiçoa muito mais nosso caráter que a alegria depois da constatação que permanecemos de pé após uma batalha. Na satisfação após a vitória permanecemos no mesmo nível, mas na esperança após a derrota, crescemos e aprendemos mais sobre nós mesmos e sobre o Senhor, mas quem anda sempre quebrantado nunca precisa ser humilhado.

terça-feira, novembro 20, 2018

O perdão não solicitado

      O perdão mais difícil de ser exercido é aquele que precisamos dar a alguém que não o pediu a nós. O Espírito Santo já nos convenceu que o erro não foi nosso, e em muitos casos, talvez nunca tenha sido, mas ainda assim a pessoa insiste em se colocar como inocente. Pior ainda, quando além de não assumir a culpa, a pessoa a joga sobre nós e diz isso aos outros, invertendo as coisas e colocando ela, como nossa vítima. O ser humano é complexo, e muitas vezes cruelmente doentio, nesse caso temos que ter muita segurança em Deus para não comprar do outro um problema que não nos pertence. 
      O perdão sempre será a maior arma que temos contra o mal, se perdoados temos autoridade contra os demônios, inimigos espirituais, perdoando temos paz contra o homem, quando se coloca malignamente como um inimigo físico nosso. Mas isso temos que fazer sozinhos, pois nessa situação o outro não quer se acertar conosco, na verdade nem pensa que precisa, assim, se ele não assume, temos que assumir por ele. Essa artimanha do coração que não quer assumir seu erro tenta dar continuidade ao mal jogando-o para nós, se nós o aceitarmos estaremos perpetuando o mal, assim, cabe ao homem de bem dar um fim nisso.
      Como? Perdoando, isso anula o processo e o limita ao coração de quem de fato o criou, nos pondo fora do conflito. É preciso, contudo, que nós vençamos uma necessidade que pode existir em nosso coração de nos sentirmos vítimas. Como já foi dito outras vezes aqui, sentir-se vítima pode ser uma posição cômoda e confortável para quem quer continuar como está, passivo, colocando a culpa no outro. Mas se agirmos assim estaremos agindo da mesma maneira que aquele que não assume o erro e nos culpa, assim só o nosso perdão pode encerrar esse jogo de empurra-empurra. 
      Perdoemos, mesmo que alguém não tenha nos solicitado perdão, mesmo que alguém ache mesmo que a culpa nem é dele, mas nossa, mesmo que a pessoa espalhe isso por aí, nos caluniando. Isso é mais que impedir uma disposição humana errada, é anular as forças espirituais do mal, pois os demônios têm intenção de promover essa inversão de valores e são veículos de falsa acusação e calúnia. Todavia, num perdão feito numa oração de um justo, uma oração solitária, mas verbalizada em voz audível, não para que o homem ouça, mas para que o reino das trevas ouça, há destruição da obra espiritual dos espíritos acusadores assim como anula a força motriz da fofoca.

segunda-feira, novembro 19, 2018

Sacrifício que agrada a Deus

      “Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.Salmos 51.16-17


      Outro dos meus textos bíblicos favoritos, revelador, consolador. O salmo 51 foi escrito por Davi? Alguns dizem que não, mesmo que muitas Bíblias tragam no início a informação que Davi escreveu após o profeta Natã ter-lhe exortado sobre seu pecado de adultério com Bate-Seba. Seja como for é revelador ver o rei Davi falando sobre inutilidade de sacrifício. Ele, que deu início à construção do templo fixo de Jerusalém, o centro da religião de seu povo, religião que tinha como princípio básico uma troca, sim, uma troca, troca de morte por morte. A morte espiritual, certa para aqueles que pecam, era trocada pela morte física de animais, sacrifícios eram feitos para que perdão de pecados fosse concedido e a religação do homens com o Senhor fosse feita. Contudo, ao menos no caso exclusivo do suposto autor do salmo 51, Davi, o ponto de oferecer um sacrifício para consertar as coisas já havia sido ultrapassado.

      Na verdade, após o sacrifício exclusivo e válido universalmente de Cristo, o ponto de se fazer sacrifício para se obter perdão de Deus já foi ultrapassado para toda a humanidade. Agora só a fé na obra redentora de Jesus pode nos conceder perdão de Deus. Se foi Davi o escritor do salmo 51 e se ele o escreveu após a experiência que teve, infelizmente, neste caso, custou muito caro para ele deixar para nós uma revelação tão importante. O homem tem um desejo intrínseco de se sacrificar para barganhar as coisas, sejam físicas, emocionais ou espirituais, mas o salmo 51 ensina o que realmente é importante para Deus. Mais que trocar morte por morte, mesmo porque Jesus já morreu por todos, mais que uma atitude externa e vista pelos outros, de autosacrifício, de obra, Deus é tocado por aquilo que está dentro de nossos corações, no nosso interior, aquilo que realmente nos motiva.

      Coração quebrantado e contrito, espírito humilde, atitude realmente de deixar o orgulho de lado e fazer o que é certo, isso agrada ao Senhor. Mas isso também nos leva a fazer sacrifícios, não por vaidade, mas por entendimento de que é o melhor e a única coisa possível a se fazer para resolver um problema, principalmente em questões sociais. Nesse caso não fazemos porque receberemos algo em troca, mas porque é o único jeito de solucionar principalmente desentendimentos com as pessoas. Esse tipo de sacrifício o Senhor vê, e se o fazemos sem cobrar nada dos outros, se tomamos a iniciativa de nos aproximarmos de alguém para estabelecer uma aliança de bem, de amizade, mesmo que antes tenhamos recebido da mesma pessoa uma porta fechada, isso é um sacrifício que Deus honra. 

      Na verdade sacrificar-se para se aproximar de alguém, mesmo que doa muito nosso coração, mesmo que tenhamos de vencer um terrível medo, não é um sacrifício para ganharmos a nossa alma, mas para ganharmos a alma do outro, dar ao outro uma chance de não seguir como inimigo, inimigo nosso. Esse tipo de sacrifício é um sacrifício de misericórdia, de amor, contudo, não o faça sem receber de forma clara uma ordem de Deus. O Senhor não pede a ninguém que seja tolo, que não tenha amor próprio, nem que dê pérolas aos porcos. Por mais difícil que pareça, se fazer esse sacrifício for vontade do Senhor, o resultado será uma vitória imensa, que resultará em alegria e paz sem limites. Numa situação assim entenderemos, no final, que só tínhamos que enfrentar a nós mesmos, os nossos próprios temores, e que a batalha já estava ganha antes mesmo de começarmos a lutá-la e de nos sacrificarmos.

domingo, novembro 18, 2018

O que é pecado? (parte 2)


       O pecado provoca culpa, culpa dói. Dor por culpa é um sistema de alarme da nossa moral e ética, se não doesse não saberíamos que fizemos algo de errado e não tentaríamos evitar, numa próxima vez, a dor, agindo corretamente. Contudo, não é toda culpa que é consequência de pecado pessoal ativo. Podemos nos sentir culpados por algum tipo de insegurança ou acovardamento. Assim, fazer algo errado é pecado, mas omissão de algo certo, também é, mesmo que seja nos fazer sofrer por uma acusação mentirosa. 
      Nesse processo as coisas podem mudar e tomar caminhos diferentes, no tempo de nossas existências, principalmente porque o ser humano tem uma característica marcante, adaptabilidade. Se a dor não passa, nós nos adaptamos para tentar anula-la, mesmo que seja de um jeito não mais agradável a Deus e de fato melhor para nós. O primeiro instinto humano é de sobrevivência e para sobreviver podemos fazer muitas coisas para nos mantermós vivos e produtivos, tentando não dar atenção à dor e à culpa.
      Seres humanos fisicamente adultos, que já saíram da infância, e psicologicamente sãos, se sentirão desconfortáveis diante do pecado, não precisarão ter tido necessariamente uma educação cristã. Com educação moral e ética suficiente, um jovem quando cometer um pecado pela primeira vez, se sentirá mal, se sentirá culpado. Crianças ainda não estão amadurecidas para isso, são inocentes, contudo, o momento exato que alguém deixa de ser criança e passa a ser adulto é algo relativo e muitas vezes difícil de se localizar. 
      Alguns são adultos no corpo, mas não nos pensamentos e sentimentos, esse desincronismo pode causar ou ser doenças emocionais. Doentes emocionais, ou intelectuais, e nesse caso é uma característica que pode ser de nascença, também podem não sentir culpa diante do pecado, mas saber quem de fato é normal é algo que também é complicado. Crianças que nascem absolutamente normais podem sofrer violências tantas ou terem uma educação tão libertina e degenerada, que podem ter dificuldades para discernir o pecado e consequentemente sentir culpa.
      Levando tudo isso em consideração, muitas vezes, o que é pecado para alguns pode não ser para outros, e no mundo atual, com tanta liberdade e ausência de responsabilidade de famílias, santidade, que é a ausência de pecado, deve ser ensinada com mais clareza nas igrejas cristãs. Novamente neste caso, pastores que querem manter igrejas grandes e que dizimam, evitam falar sobre pecado, para não esvaziar templos. Quando ensinam sobre santidade a relacionam a experiências emocionais de sentir a presença de Deus em ocasiões especiais, e não a viver de forma separada do mundo durante todo o tempo.
      De maneira geral o homem sempre extremiza o pecado, ou é quase tudo ou é quase nada, a única pessoa que pode realmente nos ensinar sobre o pecado é o Espírito Santo. Esse não se experimenta com clímaxes emocionais causados pelo uso imaturo dos dons espirituais, mas com a assunção da realidade. A experiência legítima do Espírito Santo que nos leva a querer deixar o pecado e ser santo nos conduz a um temor de Deus que cala nossas almas e silencia-nos plenamente. Mais do que nunca é preciso que busquemos uma vida de real comunhão com Deus, por Jesus e através do Espírito Santo.
      Não podemos relativizar o pecado, contudo, Deus, nosso pai, nos conhece, a cada um de nós, sabe de nossas lutas e de nosso desejo de segui-lo, assim como de nossas fraquezas e carências. Alguns dizem que sentir culpa é fraqueza, esses, que se acham fortes não provam da fortaleza que existe na cruz de Cristo, esses tem a alma fria, o espírito mortificado e o corpo escravizado. Agradeça a Deus por ser fraco, por sentir culpa, e então leve a ele seu pecado e seja lavado pelo sangue do cordeiro, só assim os seres humanos provam a plenitude do poder da existência fundamentada no Senhor.
      Não deixe esfriar o coração, morrer a alma, envelhecer a mente, seja rápido para pedir perdão, e deseje com convicção não pecar mais, e seja assim até o fim. A Bíblia não filosofa sobre o que é pecado, o evangelho fica procurando culpados, mas Jesus é a cura gratuita para a dor da culpa pelo pecado, a nós basta humildemente aceitar esse remédio e agradecer a Deus por ele. Entre na presença do Senhor, só pare de clamar depois de se sentir totalmente perdoado, depois siga vigilante, o perdão é a arma mais eficaz contra o mal, mas só o experimenta o pecador que se assume como tal.

      “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.I Coríntios 6.19-20

sábado, novembro 17, 2018

O que é pecado? (parte 1)

      “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra em um cabelo, e não erravam.Juízes 20.16
      “Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao Senhor, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado.Levítico 4.3

A palavra לְהַחטִיא (lehachti) carrega a ideia de cometer um erro ou errar um alvo. Em Juízes 20:16, a expressão לֹא_יַחֲטִא (lo yachti) se refere aos guerreiros de Benjamin que nunca erraram um alvo. Em Levítico 4:3, aparece a palavra חַטָּאת (chatat), que significa "oferenda de pecado" no Templo de Jerusalém. No entanto, a raiz hebraica para pecado, oferenda de pecado e errar o alvo tem outro significado. Muito mais profundo. 

      Pecado é violar um preceito religioso. Essa é uma definição bem simplista de pecado, uma das leituras mais razas e pouco informadas que existem a respeito, a mesma que diz que alguém está em pecado ou se acha em pecado porque desobedeceu um “mandamento” da igreja que frequenta, uma ““ordem do seu pastor ou padre””, e em se tratando do verdadeiro cristianismo, como se religião fosse só seguir normas. Mas, sim, pecado para muitos é só ir contra a própria religião e infelizmente muitos dentro de denominações cristãs evangélicas e protestantes pensam assim. Por quê? Porque seguem as palavras pregadas ou lidas e não a Deus, são amigos de religiosos, não de Jesus, têm comunhão com um grupo religioso, não com o Espírito Santo, dessa forma vivem um cristianismo sem profundidade. Esse conceito de pecado leva à hipocrisia, à vida de aparência, e mesmo de boas obras, mas sem a unção do Espírito Santo. 

      Pecado é dar-se aos prazeres da carne. Outra interpretação simplória de vida espiritual, e consequentemente de Deus e do pecado, que leva a pessoa a concluir que carne é errado, visto que Deus é espírito. Assim demonizam sexo, comida e bebida, por exemplo. Todavia, a carne que a Bíblia cita não é o corpo físico, a boca, os olhos, as mãos, os órgãos genitais, mas a natureza desviada do homem, a carne que a Bíblia fala é o espírito do homem sem Deus. Os diabos e os demônios são seres espirituais, não possuem corpos físicos, mas representam a essência da carne, porque negam a Deus em todas as instâncias. Essa visão equivocada leva a herege e pagã igreja católica ensinar que monges, freiras e outros crérigos podem ser mais santos, pecarem menos, simplesmente anulando os instintos do corpo, negando os prazeres da carne e vivendo de forma abnegada e reprimida.

      Pecado é seguir o diabo. Essa definição é bem extremista, e é verdadeira, contudo, lembro que muitos que seguem os diabos são pessoas que evitam excessos, respeitam o planeta, buscam uma vida “espiritual” com auto-controle, equilíbrio emocional, etc. Os maiores e melhores seguidores do diabo não estão nos botecos se embriagando, nem nas zonas de prostituição, ou nos becos se drogando, muito menos são marginais, assassinos, ladrões ou traficantes. São bons cidadãos, pessoas influentes e líderes, em muitas áreas. Assim, quem não deve se iludir com essa ótica errada são os cristãos, que demonizam uns, para poder se autoafirmarem-se melhores. O diabo mora na alma de homens lúcidos, inteligentes, cultos, de hábitos limpos e saudáveis, mas que carregam no coração um ódio profundo contra Deus, verbalizado só na presença de pares, esses homens têm em si o pior tipo de pecado. 

      Pecado é desobedecer a Deus. Essa interpretação, ao meu ver, é a mais popular, e quase, repito, sob meu ponto de vista, a mais precisa, quase. Desobedecer a Deus já é pecar, mas ainda que o pecado não se exteriorize, quando desobedecemos ficamos numa posição vulnerável, sem a cobertura do Senhor, onde expandir o pecado da simples desobediência é só questão de tempo. Mas a ressalva que faço sobre essa definição é a mesma que fiz com relação à primeira, “pecado é violar um preceito divino”. Interpretar vida com Deus só como obediência de leis, mesmo que sejam claramente leis bíblicas, é perigoso, pois nos conduz para longe da intimidade do Senhor. A única regra é o Espírito Santo, assim, tudo deve ser levado a ele em muita oração e consagração, mesmo a interpretação de muitas passagens bíblicas que muitos tomam como leis atemporais e indiscutíveis.

      Pecado é adorar algo que não seja Deus. Você pode obedecer sem sentir prazer nisso, e sim, isso nos desvia do pecado, mas o cristão maduro obedece com alegria, adorando a Deus. Por outro lado, muitos amam muitas coisas que estão na cânone bíblico, no meio cristão, dentro de igrejas e denominações, mas ainda assim estão em pecado, pois colocam tudo isso acima de Deus. Conforme a definição inicial, da palavra em hebraico, pecado é errar o alvo. Os 10 mandamentos mosaicos estão na Bíblia? Sim, mas não são o centro o alvo, assim como guardar o sábado, dar o dízimo, obedecer ao pastor homem, frequentar cultos com assiduidade, venerar um “santo”, etc, etc, etc. O centro do alvo é Jesus e na terra ele só deixou um embaixador oficial ao qual devemos seguir, o Espírito Santo. Assim, não pecar é conhecer, obedecer e amar Deus pai e Deus filho através de Deus Espírito Santo. 

      “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” João 16.7-11  

      “Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. (Porque diziam: Tem espírito imundo).” Marcos 3.28-30


Leia amanhã, dia 18/11/18, a segunda parte e conclusão desta reflexão


sexta-feira, novembro 16, 2018

Sou grato ao Senhor

      “E Falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. Disse pois: O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador. Deus é o meu rochedo, nele confiarei; o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. O meu Salvador, da violência me salvas. O Senhor, digno de louvor, invocarei, e de meus inimigos ficarei livre.II Samuel 22.1-4


      A vida não é fácil, pra ninguém, de um jeito ou de outro, todos nós sofremos. Alguns por dependerem demais de si mesmos, assim se tornam egoistas, não necessariamente maus, mas insensíveis. Como acham que carregam a maior dor do mundo e que nunca ninguém os ajudou, não confiam nos outros, não esperan nada dos outros. Eles acham amigos, mas naqueles que consideram iguais, com eles podem dividir memórias e sonhos, os poucos que têm, gente assim só acredita na realidade nua e crua, e não possue ilusões.
      Alguns, todavia, têm vidas difíceis, sofrem, por serem dependentes demais dos outros, passam muito tempo de suas vidas buscando colos, figuras paternas. Esses podem cair na armadilha de confiar justamente no primeiro grupo de pessoas, porque aos seus olhos aqueles parecem homens ou mulheres fortes, independentes, que sabem o que querem. Os carentes e inseguros buscam proteção nos fortes, mas acabam achando prisões, e no lugar de pais e mães, carcereiros, que se aproveitam deles e os enganam. A vida não é fácil nem para os fortes, nem para os fracos.
      Em qual grupo você se encaixa? Em nenhum dos dois? Cuidado, existem falsos fortes assim como falsos fracos, a psiquê humana é muito mais complexa que preto e branco, existem muitos tons de cinza. Uma coisa, contudo, eu tenho certeza, seja no coração de um forte, seja no coração de um fraco, Deus vê a verdade, a sinceridade, a necessidade. Ambos precisam do Senhor, ambos precisam de um pai de amor, ambos querem parar de confiar em si mesmos ou de procurar alguém para confiar, e achar alguém digno de confiança, de fé.
      O que me levou a escrever esta reflexão não foi tentar identificar as pessoas, ou simplesmente mostrar que em Deus podemos sempre confiar, eu sei quem sou, quem fui, quem quero ser, e já entendi que o Senhor foi, e sempre será em minha vida, um pai amoroso. Como Deus me guardou, de enfermidades que danificassem de vez o meu corpo, de violências que desfigurassem para sempre o meu caráter e de ataques espirituais do mal que matassem meu espírito e me afastassem de vez do evangelho. Sou grato ao Senhor por cuidar de mim.
      Eu não tenho o direito de reclamar, mas o dever de agradecer, contudo, ainda assim, que Deus ache em mim um coração que agradece com voluntariedade, com alegria, com novidade de vida, não por obrigação. Louvo a Deus por tudo o que passei, e que ele, em sua sabedoria, permitiu, não foi fácil, mas confio que o Senhor sabe o que faz, sempre. O que importa é o que sou hoje, que tenho hoje, que sei hoje, que quero hoje, o bem de minha esposa e filhas, e um viver neste mundo que seja útil a Deus, que faça diferença para melhor, mesmo em meio de tanta injustiça.

quinta-feira, novembro 15, 2018

Águas passadas não movem moinhos

      Em que tempo moramos? No passado, no presente ou no futuro? Alguns moram no passado, e nem por aluguel temporário, são proprietários de um quarto pequeno, escuro e fechado no passado, lá se instalam e querem ficar por lá para sempre. Boas lembranças devem ser guardadas, boas conquistas, momentos felizes, é preciso manter na galeria da memória. Esse bom passado nos dá fundamento para sustentar o presente e bases para construir o futuro, mas sempre como início, não como fim, o ideal é melhorar e evoluir. 
      Contudo, muitos de nós, têm a masoquista obsessão pelo passado ruim, isso acontece sempre que não queremos perdoar alguém ou nós mesmos. Por que não perdoamos? Para manter alguém preso, castigado, na posição de agressor, isso é uma espécie de vinganca, sútil, calada, mas vingança.Também mantemos viva uma dor passada para que permaneçamos na condição de vítima, e ser vítima é uma posição cômoda. A vítima não tem culpa, a culpa é do outro, do agressor, a vítima é frágil e fragilizados temos um álibi para tomarmos a iniciativa para mudar, já que estamos fracos e impotentes. Assim residir num passado ruim é útil para muita gente se manter acovardada.
      Moinhos de água são engenhos que fazem uso da água corrente de um rio para movimentar suas mós, pesadas pedras que moem grãos de trigo, para que eles funcionem a água deve passar, água que já passou não movimenta as mós, por isso diz o ditado, “águas passadas não movem moinhos”. Poesia é construída com metáforas, metáfora é um simbologia, algo que objetivamente é uma coisa, mas que subjetivamente pode significar outra, geralmente um evento físico nos ensinando de maneira ao mesmo tempo simples e profunda algo emocional ou espiritual. As parábolas de Jesus são, muitas vezes, metáforas, mesmo que algumas vezes sejam revelações de algo objetivo e nada metafórico. 
      Quem fica preso às águas passadas perde a realidade, porque enquanto se acorrenta a algo sem utilidade, a vida continua, a água não para, a mó da vida segue moendo os grãos e produzindo o trigo do pão. Olhemos para o presente, há trabalho a fazer, mas também felicidade para se viver com os entes queridos, enquanto construímos um futuro positivo. Deixemos passar aquilo que um dia nos moveu, seja para o bem, seja para o mal, Deus nos renova a cada manhã para uma existência mais e mais na luz, sendo hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje. 

      “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” Hebreus 12.1-2

quarta-feira, novembro 14, 2018

Somos nós que precisamos ser convencidos

      “Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.” Salmos 34.1
      “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.Mateus 7.7
      “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” Mateus 24.13
      “Orai sem cessar.I Tessalonicenses 5.17
      
      Não é Deus quem precisa ser convencido, o Senhor sabe tudo e sempre, mas somos nós, que prometemos hoje e amanhã nos esquecemos do que prometemos que precisamos. Por isso a insistência no pedido, a repetição da oração, a renovação do louvor, a persistência na consagração. Se soubéssemos de fato o que estamos falando, se vivéssemos de verdade o que sabemos que é o melhor pra nós, se prometéssemos e cumpríssemos nossas promessas, se créssemos no Deus para o qual oramos, uma vez bastaria. Depois viveríamos santos e adorando a Deus num momento eterno, isso, contudo, só ocorrerá na eternidade. Na eternidade não haverá esquecimento porque não haverá tempo, e não haverá tempo porque não haverá morte.
      Por que nos esqueçemos? Por causa da morte que recebemos quando o pecado, a partir do original, mas também aquele de cada um de nós de cada dia, mata nosso corpo e nossa alma. Mesmo os convertidos, cujos espíritos receberam vida eterna do e no Espírito Santo, seus corpos físicos e almas humanas, os centros das emoções e dos pensamentos, envelhecem a cada dia, envelhecimento é o processo de morte. Esse envelhecimento nos faz fracos, cansados, e a princípio nem é um enfado físico, mas espiritual. O jovem tem paixão, tem forças, mas se deixar-se levar pela natureza se afastará de Deus, se esquecerá dos princípios de vida do Senhor. Assim, é preciso insistir em querer ser espiritual, em querer ouvir e obedecer ao Senhor, em crer.
      O que acha que fazer corrente de oração, promessas, subidas ao monte, séries se cultos, jejuns, ou qualquer ritual repetitivo como maneira de acumular crédito diante de Deus para então ter direito de receber resposta de algum pedido, na verdade só enfatiza mais a própria incredulidade. Ao que crê, uma vez basta, uma segunda talvez para tentar fazer Deus mudar de ideia ou para abrir os ouvidos para entender uma resposta que Deus já deu. Deus responde na primeira vez que oramos, quando insistimos ou é porque não concordamos com a resposta ou porque não a ouvimos direito. É claro que o processo humano da insistência, que chamamos de tantos nomes, é espiritualmente salutar, e repetindo, para o homem não para Deus. 
      Na insistência nos consagramos mais e isso nos deixará mais prontos para ouvir a vontade de Deus, seja ela qual for. O Senhor, também, em sua misericórdia, aceita nosso “trabalho”, o Senhor entende nossa fraqueza, o Senhor é pai de amor, e esperará com paciência até que estejamos prontos para entender ou para aceitar. Mas mais que isso, conhecedor de nossa humanidade, Deus sabe que o tempo neste mundo é diferente, que o processo é mais lento, e que na nossa insistência em nos levantarmos sempre que cairmos, adorarmos, mesmo quando tantas vezes nos esquecemos de agradecer, e crermos, mesmo já tendo visto o Senhor responder nossas orações tantas vezes, nessa persistência, o espírito vence a carne, o diabo é envergonhado, e o nosso caráter é construído.