segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Por amor ou pela dor? (29/90)

      “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” 
Provérbios 14.12

      É conhecida frase, “se não vem por amor, vem pela dor”, mas vou iniciar esta reflexão com uma afirmação: nós não escolhemos o melhor caminho por amor, não por um amor nosso, seja por nós mesmos, pelos outros ou por Deus, nós só mudamos de conduta após a dor. O amor que sempre existe é o amor de Deus por nós, e esse, na nossa teimosia, permite, sim, que passemos mesmo por muitas dores. Mas não é que busquemos caminhos que vão dar em dor, não, é o contrário, caminhos do engano nunca começam com dor, por isso são do engano, eles começam com promessas de prazer. Nós seguimos por eles e só fazemos correção de percurso quando o prazer acaba, e o prazer dos caminhos do engano sempre são passageiros, sempre são insuficientes.
      Fazemos escolhas por amor? Dificilmente. Pela dor? Também não. Fazemos escolhas pelo prazer que receberemos, isso a princípio é só o nosso instinto de preservação física nos inclinando, não é um defeito, mas um sistema que nos mantém vivos na Terra. Mas aí está o grande desafio de vivermos encarnados no mundo, nos libertarmos da matéria e amarmos os caminhos, não de qualquer espirito, mas do Santo Espírito. Escolher algo por amor e no amor de Deus é disposição de quem nasceu para coisas espirituais, que deixou a morte natural do mundo, isso, contudo, não é fácil. Podemos passar muito tempo atrás de prazer, não só diretamente do corpo, mas também o prazer que outras vaidades oferecem, intelectuais e mesmo morais. 
      Busca por prazer é o motor que move o mundo, leva as pessoas atrás de parceiros e de vidas profissionais para terem sexo e grana. Essa afirmação parece dura demais? Você não concorda com ela? Pois ainda que muitos procurem religiões e frequentem igrejas, a fé e as orações delas focarão em objetivos materiais. Quantos buscam santidade, paciência e humildade, e quantos buscam empregos e casamentos? Quantos fazem jejum e vigílias para serem seres humanos mais misericordiosos e caridosos? Mas muitos fazem longos períodos de consagração para receberem seus “escolhidos” e promoções no trabalho, não entendem o “buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).
      Assim, seguimos com os objetivos errados até que a dor nos acorde. Muitos das últimas gerações só depois de usarem e serem usados em relações afetivas, quando “ficaram” com qualquer um só por diversão, para mostrar para os outros, por um prazer rápido, é que entenderam que casamento é algo sério. Infelizmente, muitos só aprendem isso depois de colocarem mais vidas no mundo, que serão criadas por outros, e com muita probalidade de serem seres humanos também buscando objetivos errados na vida. Só paramos quando dói, mas aí é tarde, só muita humildade e confiança em Deus nos farão crescer, aproveitarmos melhor nosso tempo restante de vida no mundo, e recuperarmos algo. Graças a Deus que sempre nos dá novas oportunidades. 
      Se não vem por amor, vem pela dor? Na verdade, sempre achamos o caminho melhor por amor, o amor de Deus que atrai todos os seres humanos o tempo todo para ele. Se alguém acha que fez uma boa escolha e permaneceu nela porque é um ser humano do bem, em primeiro lugar verifique se de fato analisou várias opções, ou se foi só tímido, que por medo de errar não tentou e nunca foi feliz. Isso pode não ser escolha de sabedoria, mas só resignação covarde, Deus nos chama enquanto caminhamos. É isso que nos faz crescer e dar valor àquilo que conseguimos ser de melhor no final, atraídos pelo amor eterno de Deus, que nos permite achar prazer no caminho melhor da santidade e da paz, do que é mais correto e que levaremos à eternidade. 
      Mas mesmo você, que viveu sem medo, experimentou dores, e que aprendeu e seguiu persistindo no caminho melhor, não deixe que o tempo te adormeça no leito do orgulho. Se Deus não nos atrair por seu amor, não conseguiremos fazer sequer uma rápida oração no dia, agradecendo por estarmos com saúde. Sem o amor de Deus não existimos, cada boa iniciativa espiritual que tomamos, cada desejo de cultuar, de dizimar, de louvar, de ser fiel e santo, é Deus nos atraindo pelo seu Espírito. Na eternidade seguiremos assim, mas sem o peso do corpo físico, então, se nosso homem interior estiver transformado, pela fé e por boas obras que exercemos no mundo, nosso espírito subirá leve e rápido às regiões celestes mais elevadas em Jesus.

Esta é a 29ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

domingo, fevereiro 27, 2022

Firme onde chegou (28/90)

      “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos.” 
Tiago 1.5-8

      Um homem inconstante em sua fé poderá morrer de fome mesmo diante de uma mesa de banquete, na dúvida não saberá qual comida escolher e nada comerá. Muitos de nós têm uma tendência ao desespero, assim, quando cometemos um erro, experimentamos um tropeço, temos uma dúvida, colocamos tudo a perder, nos esquecemos de todas as vitórias anteriores e nos identificamos como perdedores definitivos. Não é assim, Deus não nos vê assim, não se esquece de nossos acertos e não nos condena por um erro, mas quem pode ir contra um homem que não acredita em si mesmo? Uma escolha ruim só pode ser desfeita por uma escolha boa, nesse caso, acreditar e prosseguir. 
      Algumas mudanças importantes em nossas vidas provamos de forma racional, pensando certo e agindo sem pestanejar, relevando sentimentos, que muitas vezes só podem nos confundir. É claro que assunção de pecado, solicitação de perdão a Deus e posse de um novo estado emocional de paz, devem preceder todas as decisões. Mas muitas vezes, mesmo depois disso, continuamos em dúvidas, desacreditando de nós mesmos e não permitindo que Deus execute sua vontade. Deus só fala, só age, só se posiciona, depois que nos posicionamos, um coração em paz e uma mente certa constituem a lousa em que Deus escreve sua palavra, ao que crê com inteligência nada é negado.
      Se nós decidirmos, Deus se mostrará, ou ensinando algo novo que não sabíamos até então, ou continuando a fazer o que já estava fazendo e nos esquecemos por causa de um coração dobre. Por experiência própria, a maior parte de nossas angústias experimentamos, não porque não sabemos o que fazer, mas porque duvidamos do que já sabemos. Por outro lado não basta só acreditarmos em nós mesmos, e essa é uma doutrina muito pegada hoje pela auto-ajuda, que empodera o ser humano, mas afasta-o do verdadeiro Deus. Precisamos da humildade ensinada por Jesus, senão seremos só militantes com bandeira certa na mão, mas com intenção errada no coração. 
      Limpe-se em Deus, segure a paz, conheça a vontade do Altíssimo e a faça, depois, fique firme no ponto onde já chegou, se for preciso, até pare, para descansar, mas não retroceda, não jogue fora todas as experiências maravilhosas que você teve em Deus até então. Deus não muda, sua palavra permanece para sempre, se ele promete, ele cumpre, não ponha isso em dúvida. Mas siga sempre humilde, não se exalte, mas deixe Deus se exaltar em você e para você, vivendo assim a luz do Altíssimo sempre estará forte e firme no horizonte, mostrando a você para onde deve ir. Glória a Deus, chama que nos protege e nos atrai para um amor eterno que prevalece sobre tudo.
      Firmeza e constância, são esses trabalhos que de fato podem transformar e manter nossos homens interiores, aqueles que serão revelados na eternidade e que definirão nosso céu ou nosso inferno. Não basta-nos só conhecermos caminhos espirituais, termos intelectualmente informações religiosas, entendermos doutrinas e Bíblia. Por isso o Cristo enfatiza tanto “mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mateus 24.13). Não basta-nos crermos uma vez ou nos firmarmos numa profissão de fé, ainda que feita de forma oficial com todos os ritos em igreja reconhecida. Salvação é trabalho diário, lutando contra a carne e dando liberdade ao Santo Espírito. 
      Esse conjunto de reflexões denominado “Quem você será na eternidade?” tem feito questionamentos sérios, reavaliando muitas doutrinas do cristianismo tradicional. Não tenha receio de ler esses textos, mas tenha coragem de colocá-los na presença do Senhor em oração, pedindo-lhe que se algo sobre tua fé, que você entendeu até agora, estiver equivocado, que ele te mostre. Contudo, não se desvie, e desvio é nos colocarmos numa posição onde não temos mais vitória sobre o pecado, forças para darmos bons frutos que permanecem e paz. Saiba onde está, quem é, esteja firme onde chegou, só então, em Deus e pela fé, dê um passo adiante, mas só se teu Deus mandar. 

Esta é a 28ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

sábado, fevereiro 26, 2022

Sorriso de Deus (27/90)

      “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” 
      “No rosto do entendido se vê a sabedoria, mas os olhos do tolo vagam pelas extremidades da terra.
      “O homem ímpio endurece o seu rosto; mas o reto considera o seu caminho.
Provérbios 15.13, 17.24, 21.29

      Sorrir é se abrir, nos abrimos para muitas coisas na vida, para a presença da mulher amada, para o abraço apertado do filho, para o olhar sábio da mãe, para o respeito profundo do amigo. Recebemos quem bem nos quer com um sorriso, que deixa claro que temos todo o tempo do mundo para quem nos ama como somos, e se sente bem só por sorrir para nós. Mas sorrir é mais que emoção, sorrir é chave para uma poderosa comunhão espiritual, permite-nos ser ensinados e consolados pelo Espírito Santo, iluminados pelo amor de Deus que sempre sorri para nós. 
      Sorria, mas não só com o rosto, com o coração, com suas entranhas, sorria de dentro para fora, sem concessões, sem reservas, sorria porque você não deve nada a ninguém, e também não precisa agradar a homens. Sorria porque você é amado de Deus e ele sorri para você, por se agradar com você. Receber a graça de Deus é ter o Santo Espírito sorrindo em nós, isso não se compra, só se permite, quando assumimos e deixamos todo o mal, toda a treva, todo egoísmo e toda vaidade. Espíritos felizes são amigos do pai dos espíritos, homens bons têm espíritos felizes. 
      O sábio sorri com facilidade, sua felicidade é verdadeira, não possui alma presa à culpa e à mágoa. O olhar do malicioso, ainda que ria, é pesado, teme que o mal que plantou se volte contra ele, sabe que sua intenção é falsa, por isso seu olhar é desconfiado, sua alma, opaca. Quem pode entender o puro sorriso do que se humilha diante do Altíssimo? Os tolos olharão para ele e duvidarão, não podem captar o que não possuem, e ainda que tenham bens e honras, nunca terão o sorriso limpo e tranquilo daquele que trilhou o longo caminho da verdade e da retidão. 
      Num devocional pleno, numa comunhão profunda em Deus, num momento de oração pelo Espírito Santo, a mente sorri e o mundo espiritual se abre, o corpo descansa, as emoções se entregam, ainda que comecemos sobrecarregados nos tornamos leves, voamos sem asas. Até na mais restrita das celas o ser encontra plena liberdade, pode contemplar o Altíssimo sorrindo para seu homem interior, esse vivencia a eternidade ainda neste mundo. Essa experiência renova-nos, fortalece-nos, revela-nos os mistérios, é a chave para a intimidade do Senhor. 
      Na eternidade, quando a capa do corpo físico for retirada, o que ficará? O que será exposto à luz do Altíssimo? Se houver receios, remorsos, rancores, preconceitos, o espírito se fechará, como um rosto que se endurece diante da tristeza de coração, contudo, se houver paz, aquela aprendida, conquistada e retida com humildade, o espírito se abrirá, num maravilhoso sorriso. O sorriso não precisa falar, nem precisa entender, ele descobre no silêncio da matéria a sabedoria e o conhecimento de Deus, que dá todas as respostas, que sorri graciosamente para os simples. 
      Um homem antigo, com pouco conhecimento sobre si e sobre o planeta, que não estava preparado para receber o amor de Deus revelado pelo evangelho de Jesus, não podia enxergar o eterno sorriso de Deus. Não esperemos achar esse sorriso em muitos textos do antigo testamento, onde se confiava em Deus para se ter vitória sobre inimigos, também não esperemos ver esse sorriso em textos do novo testamento, onde um inferno eterno era meio de conduzir homens a Deus. Mas hoje, pelo Espírito Santo, os que querem podem contemplar, Deus sorrindo para todos. 
      Que Deus você vê quando contempla o mundo espiritual, um onipotente sisudo, exigente, julgador, ou um ser espiritual aberto, ainda que santíssimo e justo, sorrindo, de braços abertos para você? Muitos de nós passamos anos com a imagem mental de um homem dentro de nós, achando que é a de Deus, imagem que pode ter sido construída tendo como base a figura de nosso pai, de nosso avô, mesmo de algum patrão ou sacerdote religioso. Só os que buscam a Deus com todo o coração e com muita contrição, verão o sorriso do Senhor e serão libertados de superstições. 

Esta é a 27ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Quem está em Deus tem tudo (26/90)

      “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” 
João 15.16

      São textos como o acima que nos fazem amar a Bíblia, em um versículo, uma sucessão de eventos ligando o homem a Deus. Em primeiro lugar o princípio fundamental da espiritualidade da luz, começa em Deus e em Deus finda, nós homens somos apenas meios, assim, se alguém acha que tem algum crédito por ter feito a escolha melhor, por ter sido bom, por ter se esforçado para servir a Deus, engana-se. Nosso processo de crescimento ocorre na luz de Deus e fora dela só existe morte, Deus nos atrai por amor e nisso temos forças para fazermos escolhas certas. Se o Altíssimo não nos atraísse, nem todo o trabalho que fizéssemos, nem toda nossa boa intenção e toda nossa fé, nos conduziriam para as mais altas virtudes. 
      Contudo, entendamos certo, todos os seres humanos, de todos os tempos e lugares, são atraídos pelo amor de Deus à sua mais alta luz. Deus não escolhe uns e despreza outros, a escolha que acontece é para as provações, que podem ser expiações ou missões. Mas mesmo essas não são para privilegiar uns e desconsiderar outros, são para respeitar limites e características de cada ser humano, de modo que todos possam ser seus melhores com liberdade e felicidade. Se você está sentindo que deve fazer uma coisa para ajudar alguém, não é para que você se ache superior aos outros, não é você que está escolhendo o que deve fazer para ser melhor, se tua intenção for sincera é muito mais que isso, é inclinação do Espírito de Deus. 
      É Deus quem está te chamando para fazer tal coisa, para glorificar o nome dele servindo ao próximo e seguindo no caminho de virtudes que conduz à luz do Altíssimo. Não é só questão de escolha, de opção humana, mas de responsabilidade com algo muito mais alto, num grande plano divino. Saiba de uma coisa, o plano de Deus nunca se frustra, se alguém não cumpre sua obrigação ele chama outro para cumprir, a tempo e com igual eficiência, contudo, o que perde oportunidade de ser útil perde tempo. Neste mundo, tempo importa, a saúde, a disponibilidade, a energia que temos hoje para fazer algo, podemos não ter amanhã. Saiba, portanto, que é Deus quem te chama e obedeça, o mais depressa possível, não perca tempo.
      “o vosso fruto permaneça”, gosto dessa frase, não basta dar frutos, mostrar para os homens, colher os louros de boas obras no mundo, o fruto deve ser provado pelo tempo, e o tempo, meus queridos, testa a qualidade de tudo e de todos. Mas não é só uma questão de durabilidade, algo bom que é feito, que passa a existir a partir daí e que segue existindo sem perder a utilidade, algumas coisas não se manifestam no momento que são feitas. Poderá passar muito tempo, alguns acharem até que nada foi feito, contudo, se é semente plantada por Deus, em Deus e para Deus, um dia frutificará, então, dará frutos perenes. Por isso é preciso paciência e confiança em Deus, já que ainda que os homens não saibam ou vejam, Deus sabe.
      Frutos nobres, contudo, ainda que demorem a manifestarem-se, durarão eternamente, levaremos em nossos homens interiores como pedras preciosas em uma coroa, não serão de forma alguma para nos engrandecer, mas para nos fazer iluminados e úteis nas mãos de Deus. Quem atinge esse nível de utilidade espiritual recebe um direito, “a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda”. Eis um privilégio que muitos querem e não entendem, almejam para terem coisas materiais para si, não para serem bênçãos nas vidas dos outros. Chegar num ponto onde tudo o que pedimos Deus nos dá, parece ser recebermos a lâmpada com um gênio, mas é justamente o oposto disso, sobre vários pontos de vista.
      Nenhum pedido é negado ao que sabe pedir, nenhuma resposta é negada ao que sabe perguntar, e sabe o que Deus nunca pode negar? A si mesmo, assim se alguém estiver plenamente nele poderá existir à vontade que será sustentado por ele, será cuidado, suprido, esclarecido e satisfeito, nada falta ao que vive em Deus. Muitas pessoas fazem muitas coisas e Deus não responde suas orações, elas querem ser o que Deus não quer que elas sejam, assim, mesmo ricas, estão insatisfeitas, mesmo honradas pelos homens, não agradam ao Senhor e são infelizes. Temos que saber bem para que Deus nos chamou, só entendendo, aceitando e praticando isso com alegria, daremos frutos que permanecem e seremos sustentados por Deus em tudo. 
      São esses frutos que levaremos à eternidade, quem chegou ao ponto de saber pedir e ter todas os seus pedidos atendidos, entendeu a espiritualidade maior que constrói o céu em seu homem interior. Quem você será na eternidade? Árvore viva ou árvore seca? Assumir que Deus nos chama a desempenhar missões específicas nos leva a viver cada dia no mundo com mais responsabilidade, mas também com confiança. Se Deus chama ela capacita, portanto não podemos usar de desculpas para não fazer algo, não se esse algo de fato for a vontade de Deus para nós, não a nossa vontade ou aquilo que fazemos para agradar a vontade de homens. Ânimo, temos ordem do Altíssimo a cumprir, nossa recompensa melhor está na eternidade. 

Esta é a 26ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Amar santifica (25/90)

      “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” 
João 14.15

      Temos a tendência de ver a palavra de Deus como uma lista de regras, acreditamos que são mandamentos de Deus, mas tentamos obedecer essas regras com a disposição errada. Por isso muitas vezes não conseguimos obedecer a Deus e pecamos, nos sentindo tão frustrados. Para entendermos nossa aliança com Deus analisemos nossas alianças com as pessoas, nas relações de amizade e de casamento. Quando convivemos com uma pessoa, conversamos com ela, nos confidenciamos com ela, temos cumplicidade com ela em várias áreas, dividimos gastos, moradia, dores e alegrias. Isso pode ser só amizade, mas se também temos vida física íntima e afetiva com uma pessoa, isso é parte de uma aliança chamada casamento. 
      Como assim, só uma parte? Sim, porque a outra parte de um casamento é a fidelidade, ter as experiências citadas com alguém, mas isso de forma exclusiva. Quem tem todas as proximidades e intimidades citadas é porque ama, ninguém consegue praticar um “casamento”, não por muito tempo, se não amar. Quem ama é fiel e não só para obedecer uma lei de forma fria, o amor naturalmente nos faz querer estar mais próximos de alguém, assim como não partilharmos certas coisas com outras pessoas. Amor de casamento estabelece uma aliança naturalmente monogâmica, ainda que amizades genuínas e mais próximas também compartilhem coisas exclusivas, que não são compartilhadas com outros amigos. 
      Conceitos têm surgido, casamento aberto, uniões poligâmicas, poli-amor, ainda que poligamia não seja novidade têm aparecido novas formas desse antigo costume. Mas mesmo que alguns vejam essas modernidades como casamento, não creio que representem o melhor de Deus, mesmo que muitos insistam que sejam expressões válidas de liberdade. São ligações mais baseadas em liberalidade para prática de sexo por prazer, que de fato casamento, buscam muito mais usufruto pessoal que famílias maduras, tanto que essas uniões não duram muito tempo. O ser humano, contudo, é altamente adaptável, e sua moralidade, elástica, sabe-se lá o que a humanidade futura nos reserva de ruim antes que Deus exerça algum juízo. 
      Sobre casamento tenho uma ótica tradicional, ainda que meu entendimento em Deus sobre sexualidade não seja o do cristianismo tradicional. Vejo como casamento adequado e prático aquele entre dois seres humanos, com fidelidade e fazendo todo o possível para que comece certo e dure até o final de suas vidas no mundo. Se viver com uma pessoa de forma plena e verdadeira já é difícil e caro no mundo atual, imagine com mais de uma? O ponto dessa reflexão, contudo, é: amar santifica! Quem ama vive junto, não trai e naturalmente é santo. Um bom casamento, equilibrado, com cumplicidade em todas as áreas, é um castelo forte e resistente contra muitas ciladas do mal. Busquemos isso em Deus, não abramos mãos disso! 
      O erro que podemos cometer é tentarmos ser fiéis sem amarmos de fato, se não há amor o coração está vago e disponível para amar, isso ocorre com amigos, com cônjuges e com Deus. Mas muitos podem dizer com relação a casamento, “mas eu amo, não traio, ajudo minha família nas despesas financeiras, faço lazer com ela, levo minha esposa e meus filhos à igreja”, mas será que isso é feito com amor ou por pura obrigação? Com Deus é semelhante, alguns podem dizer, “mas eu amo a Deus, não falto a cultos, dou meu dízimo, dou bom testemunho no serviço, leio a Bíblia”. A esses a mesma pergunta deve ser feita: você é um bom religioso por amor a Deus ou por medo do inferno e do diabo? No amor não há nenhum medo.  
      Nós seres humanos preferimos fazer um monte de coisas para não amarmos, sacrifícios para não sermos misericordiosos, exibirmos aparências externas ao invés de buscarmos uma vida íntima de devoção a Deus através do amor. Só o amor nos permite ser fortes para sermos fiéis e consequentemente sermos santos, santidade nada mais é que guardar alianças. Tenha uma experiência em amor e não haverá espaço em teu coração para quebrar alianças. Amar nos alimenta de dentro para fora, nos evolui. Quem você será na eternidade? Seu homem interior terá a extensão do amor que você aprendeu a viver e a reter, no céu ele te fará mais bonito e mais forte porque te fará brilhar mais e estar mais próximo da luz e do Altíssimo. 

Esta é a 25ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Até onde fomos por amor? (24/90)

      “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” 
Mateus 11.23-25

      Falarmos sobre amor, mais e mais, é de suma importância numa reflexão sobre eternidade. No mundo, o céu se constrói com amor e o inferno com ausência dele, na eternidade irão ao céu os que estiverem prontos para serem atraídos pelo amor de Deus, no inferno estarão os que dizem não a esse amor. O céu, o melhor de Deus, é o próprio amor do Altíssimo, cada espaço, cada construção, cada palácio que imaginamos ser o céu, cada jardim, cada árvore, cada flor, cada rio, é a luz mais alta emanada do amor de Deus, no qual não há culpa, dor, tristeza, mágoa, saudade que dói, mas um olhar firme e convicto para o alto, para o melhor que somos no amor de Deus. Inferno não é um lugar sem o amor de Deus, o amor de Deus atrai todos em todos os lugares, Deus não cria lugares para sofrimento, só o homem pode criar o inferno, dentro dele quando nega o amor de Deus pelo livre arbítrio.  
      Para entendermos o amor de Deus em primeiro lugar precisamos entender e assumir o nosso amor, o que temos por nós e pelos outros, para depois avaliarmos ambos e não confundirmos as coisas. Julgarmos a Deus por nós, tendo nós mesmos como referência, é um tipo de idolatria, a egolatria, que pode ser um engano, uma insanidade, mas também entrega de legalidade de atuação a espíritos malignos. Ocultismos e satanismos dizem que nós seres humanos somos deuses, que o ser que deve ser adorado somos nós, os homens. Enganam-se os que acham que certas linhas espiritualistas são só adoradores do diabo, não é bem isso. Alguns usam rituais e protocolos mágicos para estabelecerem contato com seres espirituais do mal e terem controle sobre esses, eles querem usar o diabo. O que ocorre então é o contrário? Quem usa quem? Comunhão espiritual pode estabelecer uma relação simbiótica. 
      Diz um ditado, “aquele que estuda o mal é estudado pelo mal”. Seja como for, muitos não respeitam e não conhecem um Deus maior e do bem pois seus deuses são eles mesmos. Isso, contudo, é equívoco que mesmo inconscientemente cristãos podem cometer, quando limitam as virtudes de Deus às suas próprias, por isso a importância de entendermos melhor o nosso amor e o amor do Altíssimo. Como funciona o nosso amor, amamos só quem nos ama? Declaramos amor só para termos direito à intimidade sexual? Achamos que sexo é amor? Amamos só aqueles que frequentam a mesma igreja que a gente, pois só consideramos esses como irmãos espirituais dignos de receberem nosso amor? Nosso amor termina quando alguém nos machuca? Amamos só a família, num afeto que beira à idolatria, enquanto não nos vemos na obrigação de amar desconhecidos, que Deus põe em nossos caminhos? 
      Se como indivíduos nós não entendemos o que é o amor de Deus, é como cristianismo coletivo que esse equívoco é potencializado, ainda que isso não seja assumido. Como percebemos isso? Quando chamamos de pecado condenado à perdição estilos de vida que vão contra a definição de moralidade do cristianismo tradicional, principalmente nas áreas da sexualidade e da família. Meus queridos, que vergonha muitos que se acham cristãos passarão na eternidade por causa disso. Quantas vezes já não ouvimos de púlpitos, e alguns famosos, que todo homoafetivo vai para o inferno, sem direito ao amor de Deus? Quantos são excluídos e desprezados para sempre pelos “irmãos” por quebrarem alianças de matrimônios? Sem chance de tratamento de amor que acompanha com paciência, conhece a doença moral e às vezes até psiquiátrica, para recuperar para o amor de Deus, não para abandonar num inferno? 
      Ah, o meu amor e o seu amor são fracos demais, convenientes demais, egoístas demais, e não estou dizendo que devemos simplesmente passar a mão na cabeça do errado, quem ama confronta com a verdade. Sim, o errado deve sentir profundamente a consequência do seu erro, mas sob disciplina de amor, não de vingança, não como se os que o punissem fossem braços e mãos privilegiados do todo-poderoso para fazerem justiça. De fato muitos serão surpreendidos na eternidade, e logo de cara, no primeiro momento que os olhos físicos se fecharem e os espirituais forem totalmente abertos. Será surpresa de alegria ou de dor? De paz ou de perturbação? De segurança ou de constrangimento? Muitos se sentirão profundamente envergonhados pelo falso cristianismo que viveram no mundo, anos em igrejas, assiduidade em cultos, mas sem prática do amor de Deus, isso meus queridos, é um inferno.  
      Todo tipo de promiscuidade é pecado, vício em sexo, como qualquer vício que controla o homem, é pecado, não importa se essa promiscuidade, se esse vício, faz uso de relações físicas íntimas com o mesmo sexo, com sexo oposto, com uma pessoa, com um grupo, com animais, ou com algum tipo de objeto, artifício ou fetiche, que tem como objetivo só saciar de forma desenfreada apetites carnais, sem respeitar aliança de fidelidade com um companheiro por amor e para toda a vida. Nessas palavras tentei definir o que é sexualidade como pecado, diferenciando de relação íntima que ocorre em casamento santo e em amor entre dois seres, sejam do sexo que forem. Sodoma e Gomorra foram condenadas por causa de promiscuidade e de vício sexual, não por causa de relação homoafetiva, essa é minha posição diante de Deus! Condenar homoafetivo, só por sê-lo, isso sim é pecado sujo.
      Até onde você foi por amor? Não me refiro a suportar casamento tóxico, a não ter amor próprio e por isso pagar preço desnecessário por um falso amor que Deus não pede de ninguém. Me refiro a amigos, a irmãos de igreja, a familiares, a seres humanos que estejam precisando urgentemente de uma atitude verdadeira de amor, pelos quais precisamos persistir, orar, aguardando pacientemente o momento certo para que a palavra certa seja dita de modo a erguer o que está caído. Você, que condena um homossexual, já foi com ele até as últimas consequências do amor? Acompanhou-o, às vezes, por anos, ouvindo-o, conhecendo-o, respeitando-o? Verificou se aquilo que podem ter ensinado a você sobre homossexualidade procede, se ela pode ser curada, ou se é só característica com a qual a pessoa tem que viver para sempre, e que não a impedirá de habitar o céu, muito menos de receber o amor de Deus? 

Esta é a 24ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Amar protege do mal (23/90)

      “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.” “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”.
I João 4.7-9, 19-21

      Com que facilidade condenamos uns ao inferno e outros consideramos reais merecedores do céu, quando odiamos temos o inferno instalado dentro de nós, e quando amamos, o céu desce até nós. Mas até que ponto nossa realidade emocional, ou nossa fantasia mental, reflete a verdade? Sermos libertados da carne não é só fecharmos a boca para fazermos um regime ou pararmos de consumir bebidas alcoólicas e pornografia. A carne usa nosso corpo físico, mas sua essência é espiritual, se não fosse assim o diabo e os demônios, seres puramente espirituais, não estariam tão interessados na carnalidade humana. A carne, como princípio que se opõe ao espírito, também reside no espírito, assim talvez seja mais apropriado entender carne como afastar-se da moralidade e aproximar-se da matéria, e espírito como o desejo de se ter virtudes morais e de se aproximar da mais alta luz espiritual. 
      Na eternidade quem está num inferno, ainda que seja um ser puramente espiritual, continua, de alguma forma, desejando a carne, os prazeres e as ilusões do mundo, ou se prendendo às culpas e dores que vivenciou no plano físico. Já quem está no céu aprendeu a amar as coisas mais altas da vida puramente espiritual, assim olha para cima, não para baixo, sente a atração do amor de Deus e sobe para a luz do Altíssimo. Mas voltando ao ponto, confundimos muito nossa interpretação emocional e mental do mundo, com discernimento espiritual, e isso pode ser um enorme engano. Só conseguimos ter emoções e pensamentos santos, que amam mesmo que a realidade nos leve para o contrário, tendo íntima comunhão espiritual com Deus. Conhecer a Deus é, acima de tudo, conhecer seu amor, só com esse amor podemos amar de verdade a todos, e não só quem nos interessa. 
      Sabe aquela pessoa que mais te incomoda, que te irrita só de estar no ambiente? Cujo riso, jeito, maneira de falar e de reagir, cujas opiniões sobre qualquer coisa, te deixam desconfortável? Não, não precisa ser alguém necessariamente mau, mas é alguém que, como dizem, a “química” parece não bater com a tua. Ela tem algo que você não sabe bem o que é, algo em algum lugar, que faz com que você tenha muita dificuldade para amá-la. Pois bem, essa pessoa Deus ama, profundamente, deseja o bem dela, está sempre pronto para ouvi-la e quer abençoá-la tanto quanto quer abençoar você. Deus não faz nenhuma diferença entre ela e você, para ele vocês são iguais. Esse raciocínio, extremado, pode nos dar uma noção do que é o amor de Deus, e Deus nos orienta a vivenciar um amor com a mesma qualidade, ainda que sejamos seres com potências morais infinitamente menores que a dele. 
      Algo precisa ficar bem claro, Deus ama mesmo aquela pessoa que mais temos dificuldade para amar. Deus vê em alguém, em quem só vemos maldade ou falsidade, a mesma boa intenção, a mesma necessidade de afeto mais puro, a mesma fragilidade, que vê em você e em mim, ainda que nós, do alto de nossos orgulhos e egoísmos, vejamos em alguns só arrogância, só imaginemos ouvir deles, “sou melhor que você e não preciso de você”. Todos nós precisamos de amor, todos nós necessitamos urgentemente do amor de Deus, e todos nós podemos amar com o amor que precisamos receber. Quem nega amor, nega a Deus, nega o seu amor, e mais, a própria existência de Deus, pois Deus é amor eterno e incondicional! Impossível termos qualquer relação com Deus se odiamos alguém, mesmo alguém que aos nossos olhos não merece amor, isso é mentira, todos merecem o amor de Deus. 
      É fácil amar? Não! de maneira alguma, e principalmente algumas pessoas, mas essas pessoas existem em nossas vidas justamente para isso, para nos confrontar com coisas não resolvidas que existem em nós, e que nós não aceitamos, não amamos, e por isso nos envergonham e queremos negar a todo custo. O que isso tem ver com os outros? Tem a ver porque é nessas situações que usamos um mecanismo emocional chamado projeção, o que ele faz? Ele joga nos outros aquilo que não queremos assumir em nós, assim o que nos incomoda nos outros é o que mais existe em nós e nós não gostamos. Se achamos que falamos demais e que isso nos envergonha, que isso revela coisas que gostaríamos de esconder, projetaremos isso nos outros. Aquelas pessoas que achamos que falam demais nos incomodarão a ponto de não conseguirmos amá-las, mas não são elas que não amamos, é a nós mesmos.
      Por outro lado, quem fala demais ouve de menos, se falamos demais não gostamos de ouvir, e mesmo alguns que não necessariamente falem demais, mas talvez só falem aquilo que não queremos ouvir, a esses teremos muita dificuldade para amar. Isso é só um exemplo de projeção, esse mecanismo pode ser usado por nós para escondermos outros assuntos internos nossos não resolvidos. Quem, por exemplo, gostaria de ser mais bonito, invejará alguém que acha que é belo, e por causa disso não conseguirá amá-lo, ainda que na verdade seja belo e não reconheça, e nesse quesito ninguém é feio, todos temos características belas a serem admiradas. A cura está em conhecer o amor de Deus por nós, depois nos amarmos pelo que somos de verdade, e então, só então, teremos condições de aceitarmos as pessoas como elas são e as amarmos. 
      Um alerta precisa ser feito, influenciamos espiritualmente as pessoas de muitas formas, quem não ama alguém também está dizendo que esse alguém não tem direito ao amor de Deus, e se não conectamos a Deus pelo amor, podemos conectar àquilo e àqueles que negam Deus. Isso não é feito só com ódio, indiferença também gera essa condição, intenção é mais poderosa que a palavra e no mundo espiritual intenção é que vale. Se a pessoa caminha em humildade e temor ela está protegida, mas se está andando meio “solta”, ainda que não em pecado explícito, mas numa condição espiritual distante do Senhor, pode, sim, ser influenciada pelo ódio alheio, assim como pela displicência que inconscientemente gera intenção negativa e que conecta-a a influências espirituais maléficas. Amar nos protege de receber e de enviar o mal, de formas que não podemos imaginar. 

Esta é a 23ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Lei do Cristo (22/90)

      “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.
Mateus 5.17
      “Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.” 
v. Nova Almeida Atualizada 

      Após crítica desconstrutiva, não destrutiva, feita até aqui no estudo “Quem você será na eternidade?”, segue reflexão sobre a passagem que considero a mais objetiva da Bíblia para nos ajudar a construir nosso melhor homem interior. No texto bíblico postado no final desta reflexão, Jesus entrega a versão avançada das leis mosaicas, que permite à humanidade atingir o próximo nível de espiritualidade, possível a partir de sua vinda como homem. Na segunda parte de Mateus 5 Jesus começa dizendo que não veio ab-rogar, termo jurídico usado nas versões mais tradicionais da Bíblia, que significa revogar, fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei, fazer cair em desuso, assim ele não veio desprezar a lei, mas cumpri-la, e na verdade com ainda mais veemência. (Fiz uma reflexão sobre as bem-aventuranças, presentes na primeira parte de Mateus 5, em “Raiz, tronco ou galhos?”). 
      Matamos pessoas o tempo todo dentro de nós, e não pense que isso fica em segredo, intenção é mais poderosa que palavras, intenção pode se comunicar com o mundo espiritual e tanto fazer o bem, quanto o mal, com o mundo espiritual se comunica com o pensamento. Por isso Jesus reavaliou a mandamento não matarás, e matamos ainda antes de xingarmos alguém, de dizermos alguma palavras agressiva. Esse conhecimento é de suma importância para quem quiser conhecer mais profundamente a existência do ser humano, a relação dos planos, e principalmente, aquilo que define nossa qualidade moral e consequentemente quem seremos na eternidade. Muitos calam a boca, tomam esse cuidado, conseguem manter aparência de sabedoria e espiritualidade, de respeito com o outro, mas Deus sabe o que está em seus corações, quanto ódio, quanta inveja, quanto rancor, quanto homicídio. 
      Da mesma forma o adultério, nem precisa ser concretizado, basta intenção no coração e na mente, e meus queridos, não é justamente nosso interior quem o mal tem mais atacado, usando ferramentas eficientes como a internet e dispositivos móveis de telefonia? O vírus HIV, que levou as pessoas a se protegerem mais nas relações sexuais, a Covid 19, que encarcerou muitos em casa por causa do isolamento, e mesmo a falta de grana e o pouco tempo da vida moderna tão corrida, tudo isso tem construído um ser humano solitário. O consolo é a vida virtual, basta um celular conectado à rede mundial para que o divertimento seja achado e desfrutado. Assistir vídeos pornográficos e interagir com desconhecidos por webcams e textos coloca em prática o adultério tanto quanto ir ao motel e consumar o ato, o mal tem acabado mais com casamentos pela internet que com zonas de tolerância. Pecado mental é foco do mal, é o novo estilo de vida, e foi justamente contra isso que Jesus alertou-nos há quase dois mil anos atrás. 
      Que valor tem a palavra do homem hoje em dia? Não, não precisamos jurar por Deus ou por nossos pais, basta-nos nossa palavra, um sim ou um não. Jesus conduz crianças à maturidade, ensina que para gente crescida não há necessidade de ter aval de pais, basta-lhe ser correta, são ações nossas como homens de bem que testemunham que somos filhos de Deus. Contudo, como mentimos muitas vezes, nem sempre para obter algum benefício em negócio, mas por pura política, em nossas relações sociais, só para ficarmos bem com algumas pessoas, só por medo de perdermos aprovações caso digamos a verdade. Infelizmente não podemos estar bem com todos, não porque queremos fazer mal a alguém, mas porque não podemos ser aquilo que alguns querem que sejamos, não podemos prometer algo que não podemos cumprir. Temos que dizer a verdade, “eu não posso te ajudar nisso”, “não concordo com isso”, “não espere pois não vou conseguir fazer isso no prazo”, sim, sim, ou não, não, ainda que perdendo com isso. 
      Mas as duas últimas releituras que Jesus faz são as mais importantes, vão contra as leis mais enraizadas na concepção de vida dos israelitas da velha aliança. “Olho por olho e dente por dente” e “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”, uma se refere à justiça, a outra ao amor. Jesus tira a referência dessas virtudes do mundo, de um reino material na Terra, do contexto de uma nação escolhida lutando contra um inimigo que está nas demais nações, e lança a referência para o alto, para Deus, para o reino dos céus na eternidade. Tratarmos alguém, não do mesmo jeito que esse alguém nos trata, mas de maneira oposta, retornando ao mal, o bem, amando aquele que se coloca como nosso inimigo, pode não nos dar benefícios neste mundo, mas nos dará no outro. Isso é não fazer justiça com as próprias mãos aqui e confiar na justiça vindoura de Deus na eternidade, o que Jesus ensinou provocou uma revolução na concepção religiosa judaica e no mundo, que infelizmente muitos até hoje ainda não entendem. 
      O Cristo abriu os olhos dos homens para verem além de sua terra, de seus bens, além do coletivo de uma nação, e contemplarem a eternidade do reino do Altíssimo para cada indivíduo, indiferente da nação que o indivíduo pertença. O poder que realizaria essa revolução não seria o reinado de um descendente de Davi, com o mesmo ou maior poder político e religioso que esse no mundo, o poder seria o amor, de cada ser humano na Terra, judeu ou não, por outro ser humano. Isso é lindo demais, aleluia! Eis o caminho para construirmos o homem interior que seremos na eternidade, para darmos qualidade ao céu que mereceremos, e o consequente livramento de qualquer inferno, seja aqui ou no outro mundo. Ah se todos os cristãos entendessem isso, seriam libertados de religiões, de catolicismo, de protestantismo, de preconceitos, deixariam de se acharem donos de verdades espirituais, teriam uma comunhão com Deus de qualidade ímpar, viveriam de fato o reino de Deus ensinado por Jesus e mudariam o mundo. 

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      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
      “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.
      “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra
      “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

Mateus 5.21-22, 27-28, 33-37, 38-39, 43-45


Esta é a 22ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

domingo, fevereiro 20, 2022

Óculos ou antolhos? (21/90)

      “Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração.” 
Provérbios 23.19

      O que você precisa para caminhar, de óculos ou de antolhos? Alguns seguem mesmo sem óculos, com dificuldade, mas vão em frente, fazendo as escolhas certas. É claro que quando admitem suas limitações, suas doenças, que começam a usar óculos, que não são parte original deles, mas acessórios adquiridos, a visão melhora e fazerem escolhas melhores fica-lhes mais fácil. Outros, mesmo com ótima visão, escolhem errado, confiam em si mesmos por terem mais capacidades naturais e não caminham para a direção certa. 
      O que está no fim do caminho ninguém sabe, nem o que enxerga bem, nem o que precisa de óculos, por isso escolhas refinam nossa jornada, mas isso ocorre aos poucos, cada novo trecho deve ser percorrido com escolhas melhores de fé e de boa intenção. Mas tem os que permitem que outros lhes ponham antolhos, aqueles acessórios que são colocados em cavalos e outros animais e que limitam a visão lateral desses, de modo que sigam com mais facilidade para a direção que o cavaleiro escolhe e dirige através do cabresto
      Não há nada de errado em adicionar acessórios externos ou subtrair tendências naturais do ser humano, para que esse fique mais eficiente para alcançar um objetivo, desde que isso seja vontade de Deus para fazer a vontade de Deus. O que Deus não quer que façamos não deve ser feito, nem que tenhamos em nós capacidades naturais para isso, nem usando outros meios. Da mesma forma, o que Deus quer que façamos pode ser feito deixando de usar tendências naturais assim como utilizando acessórios que nos completem. 
      Algumas pessoas precisam de antolhos, não vivem sem eles, infelizmente, no atual grau espiritual da humanidade, nível que já persiste por uns séculos, uma grande maioria de homens e de cristãos, não exerce religiosidade sem antolhos. Eles tornam a vida mais fácil, o que não se enxerga não é empecilho, “o que os olhos não veem o coração não sente”, como diz o ditado. Existem antolhos para todos os gostos e com preços variados, conforme a pompa religiosa que as pessoas querem exibir no mundo aos seus pares. 
      Se alguns ouvem, “o inferno eterno é um conceito que não casa com um amor irrestrito de Deus”, eles respondem, “mas minha religião diz que inferno existe para os que não amam a Deus”, como se o amor de Deus estivesse relacionado ao nosso amor por ele. Se fosse assim estaríamos todos em infinita condenação. Contudo, esses seguem argumentando, “somos salvos por fé em Cristo, isso nos dá o céu”, mas e quanto a tantos, que por um motivo ou outro, nunca ouviram uma palavra adequada sobre Cristo, o salvador?
      Não existe diálogo com quem usa antolhos e cabresto, eles verão o que escolheram enxergar quando permitiram que homens lhes colocassem tais acessórios religiosos. Contradizê-los só os levará a nos taxar de desviados, hereges e rebeldes. Uso de cabresto delega para o outro o direito de escolha, antolhos permitem que só se veja aquilo que se é conduzido a ver, assim não há necessidade de pensar, de orar, de reavaliar, de trabalhar, antolhos e cabresto infantilizam as pessoas, as distanciam da luz mais alta de Deus. 
      Só tem um jeito de se crescer espiritualmente, de se conhecer as verdades maiores de Deus e do mundo espiritual, caminhando-se só, fazendo escolhas baseadas em Deus, não nas religiões. Isso não significa não frequentar igrejas, mas é preciso separar as coisas, vida social necessária em que podemos aprender e ensinar convivendo com pares, com aquilo que somos de verdade e sabemos em Deus. A mais alta espiritualidade não se compartilha em púlpitos, mas guarda-se no coração como tesouro precioso que é. 
      Quando entendemos isso percebemos que nem tudo podemos contar, mesmo para irmãos de igreja, isso não é viver em hipocrisia, mas em sabedoria, entendendo que Deus usa as religiões, mas as religiões não são Deus. Se achar que está enxergando mal, adquira óculos, mas não use antolhos, escolha com sabedoria dada por Deus, mas não permita que outros escolham por você com cabresto. À liberdade somos chamados, para evoluirmos como indivíduos, sozinhos chegamos ao mundo e sozinhos partiremos para a eternidade. 

Esta é a 21ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

sábado, fevereiro 19, 2022

Livre-se do pesado lixo (20/90)

      “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” 
Mateus 5.8

      O que merece o inferno não é o ser humano, mas o lixo que ele pode acumular em si. Lixo são vícios, remorsos, rancores, ódios, invejas, adultérios, toda espécie de excessos que ainda que a princípio sejam necessidades físicas e afetivas, se transformam em obsessões quando controlam o homem, ao invés do homem controlá-los. A espiritualidade mais alta de Deus, como tantas vezes já dissemos, é gradativa, e é assim porque o Senhor nos conhece e sabe que não podemos administrar todos os conhecimentos e experiências da luz de uma vez. Isso seria mais para nossa perdição que para a nossa salvação, dessa forma ela é manifestada aos poucos, à medida que nossa prática moral se eleva. 
      Uma pena encharcada de sujeira no chão não pode flutuar, ainda que o vento bata nela, a chacoalhe, se estiver muito grudada na lama, pesada e desfigurada, continuará lá embaixo, quem a ver achará até que ela faz parte daquele lugar sujo, que ela é aquilo. Contudo, se uma chuva tranquila, não violenta que poderia iludi-la fazendo-a a princípio até achar que está sendo limpa, mas que depois, por causa do torrencial de água, poderia levá-la para mais fundo do lamaçal, se essa chuva caísse sobre a pena, pacientemente molhando-a, ela poderia ser limpa. Depois, raios mornos do Sol, não escaldantes, poderiam repousar sobre ela e secá-la, deixando-o limpa e leve, diferenciando-a do chão enlameado. 
      Deus permite que comecemos no chão, na lama, então ele usa a chuva de sua palavra, que nos santifica, e depois o Sol da inteligência, que separa as coisas, tira os excessos, mesmo de coisas que podemos achar boas, mas que também podem nos fazer pesar. O Senhor usa isso no tempo, na intensidade certa, lentamente, para que possamos ser desprendidos o suficiente de egoísmos, sensualidades e vaidades, e então, estarmos preparados, para que o vento do Espírito Santo, que também é delicado, perceptível só para os humildes, sopre em nós e nos levante. Só assim poderemos subir ao mais alto céu onde seremos conectados ao pássaro maior, junto de milhares outras penas, nossos irmãos.
      Qual o trabalho do ser para merecer a melhor eternidade? Livrar-se do lixo, tornar-se leve, o lixo não faz parte dele, não de sua essência espiritual original. Esse lixo é tudo que a existência material nos diz que é relevante, que podem ser até bons conhecimentos e boas vivências, não é só o mal explícito, mas que não poderá resistir à luz de Deus na eternidade. Somos acumuladores compulsivos, não conseguimos nos identificar sem agregarmos coisas a nós, assim, não é o José, mas o músico, não é a Maria, mas a professora, não é a Júlia, mas a engenheira, não é a Ana, mas a jornalista. Sem os títulos achamos que nada somos, que engano, títulos não vão para o céu, nosso espírito não precisa deles. 
      Ah, quanto lixo as pessoas levam com elas achando que são medalhas, espólios, valores que as definem, que as honram no mundo, quando são só inseguranças, recalques, vinganças, armas de submissão. Ainda que pensem não poderem ser fortes diante dos homens sem elas, são só lixo. Elas vão a cultos acumuladas assim, pregam e se usam como exemplos de espiritualidade entupidas de lixo, acreditam mesmo que são riquezas que Deus lhes deu e que merecem ter e exibir. Esse lixo se tornou parte delas de um jeito que não podem mais se levantar de manhã de suas camas sem ele, não é só capa, sapatos e roupas, é pele, carne, músculos, ossos e veias. Na eternidade bastará espíritos puros. 
      Títulos, assim com bens, aparência externa, aprovação humana, mesmo religiosidade, se forem usados como objetos de vaidade, não como ferramentas para auxiliar o próximo, não purificam nossas almas, não as deixam mais leves, mas só as fazem pesar, pesado ninguém vê a Deus. O que mantém os homens no inferno? O peso do lixo. Só os leves suficientes para subirem para o amor de Deus acharão na eternidade a luz mais alta, a paz, a felicidade. Como ser leve? Por Jesus, aprendendo pelo exemplo de sua vida como homem, colocando-se na presença de Deus pelo seu nome, para então poder subir, pelo caminho do Espírito Santo, ao céu, isso inicia-se ainda neste mundo, aos que querem. 

Esta é a 20ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
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José Osório de Souza, março de 2021

sexta-feira, fevereiro 18, 2022

Princípios eternos (19/90)

      “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.” “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
  João 11.3-4, 25-26

      A existência no mundo é uma internação hospitalar! Na Terra somos todos enfermos precisando de tratamento, se não fosse assim não estaríamos aqui. Negar isso é negar a encarnação, é negar a doença, é negar a cura, é negar a vida. Muitos estão neste mundo achando-se sadios, apoiados por ideologias que pregam que não existem doenças, não neles, mas nos outros, e que por isso têm condições de militarem por causas de todos. Essa doutrinação, talvez a principal estratégia do mal atual justamente por se disfarçar de bem, entrega poder ao indivíduo, principalmente a indivíduos desrespeitados por preconceitos históricos, coloca muitas vezes Deus fora da equação. Por isso, não pela falta de legitimidade das causas, muitos morrem, não se assumem doentes, não buscam cura, e se consideram médicos aptos para cuidar dos outros. 
      Vida eterna não tem nas virtudes a causa, vida e virtudes são efeitos de Deus! Virtudes, negando Deus, são morte, o homem só pode adquirir vida caminhando para Deus, para o alto onde as virtudes estão. Longe de Deus não existe vida, ainda que se tenha boas intenções, que se lute por justiça, que se respeite a razoabilidade e a ciência. Para conquistar o mundo e a eternidade nossa essência espiritual usa como ferramenta a inteligência humana, mas a inteligência não pode usar o espírito. Infelizmente, após séculos achando que Deus se encontra num cristianismo de homens, muitos se convenceram que fé e ciência são opositores, dessa forma hoje muitos pensam que espiritualidade é ignorância, que não há conciliação entre um homem racional e lúcido e um ser humano crédulo em Deus e com moralidade evangélica. 
      Nossa condição de morte neste mundo não é para a condenação, mas para a salvação! Todos nós podemos ser salvos, Jesus mostrou o caminho quando se encarnou e continua mostrando pelo Espírito Santo. O texto inicial dá ensinos reveladores que vão muito além da interpretação que a tradição cristã dá a ele, principalmente sobre a ressurreição. “Todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá”, cremos nisso? De verdade? O que é a morte senão escolha de distanciamento de Deus? E nessa posição não existe necessariamente coisas ruins, muitos estão longe de Deus e desfrutam, não só de prosperidade material, fruto de seu trabalho honesto, como paz para lutarem por causas nobres. Mas esses têm paz interior? Não, porque não existe paz longe de Deus, por isso estão em trevas, ainda que se considerem iluminados. 
      O inferno aloja-se naturalmente em quem não adora a Deus! Inferno não é um lugar só para fascínoras, abusadores, viciados, gente má e perdida, entretanto, adorar a Deus é muito mais que cantar hinos, ser assíduo em missas e cultos, mesmo orar em nome do Cristo. Adorar é estar em íntima comunhão com Deus pelo Espírito Santo, não é uma condição estática de contemplação, ainda que isso possa ser o primeiro passo. A maioria dos cristãos, contudo, para aí, acha que o fim da espiritualidade seja justamente aquilo que é só o início, por isso acaba presa de dogmas, superstições e medos do desconhecido. Muitos provarão “infernos” após a morte do corpo, ainda que estivessem certos, em seus últimos momentos encarnados, sobre seus direitos ao “céu”, porque só tinham fria certeza intelectual, não convicção espiritual viva. 
      Disse Jesus, “sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”! “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas”, eu, você, todos estamos enfermos, e todos somos sempre amados por Deus, “crês tu isto?” Muitos cristãos não creem, ainda que confiem em dogmas, já que isso não é necessariamente fé que salva, mesmo que tais dogmas tenham sido narrativas relevantes para homens do passado. Eis dois princípios eternos: livre arbítrio, que permite ao ser humano escolher sempre, e amor divino, que permite a Jesus salvar sempre. Quando ambos se cruzam a eternidade interior é alterada, esteja o homem onde estiver. Leve o dogma à presença de Deus e peça que ele te mostre a verdade, se fizer isso com fé e sem medo, entenderá um desconhecido sobre o qual até agora você só pôs um olhar supersticioso. 

Esta é a 19ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
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José Osório de Souza, março de 2021

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Imaginação humana (18/90)

       “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” 
Jeremias 17.9-10

      Medo é uma mentira, principalmente o medo do desconhecido, medo legítimo é aquele que temos de algo real e que sabemos, por experiência própria ou dos outros, que pode nos causar algum dano, se não tomarmos cuidado, assim o medo é um sistema que nos alerta a permanecermos a uma distância segura. Mas temermos algo simplesmente porque não sabemos o que é e que não devemos nem tentar saber, só termos medo e permanecermos ignorantes a respeito, é irracional, principalmente se refere-se ao plano espiritual, campo de subjetividade, que um não pode conhecer pelo outro, que é necessário que cada um tenha sua experiência pessoal. 
      O medo do desconhecido é algo que tem origem, não na realidade física, mas em nossas mentes. Por não sabermos o que é, imaginamos, e é na imaginação que são criados monstros diabólicos. As imagens mais antigas e mais comuns que a maioria das pessoas tem do diabo, foram criadas pelo imaginário popular antigo, e que tornando-se mitos foram preservadas e usadas também por religiões, incluindo as cristãs. O diabo é de fato vermelho, com rabo, pés e chifres de bode, com rosto e corpo de homem? Não, mas é essa imagem que foi criada e mantida pela imaginação humana, o mesmo ocorre com o inferno e suas chamas eternas cheirando enxofre. 
      O que é discernimento espiritual real e o que é sentimento físico disparado pela imaginação? É do diabo e do inferno que temos medo ou daquilo que imaginamos que sejam eles? A psicologia abriu nossas cabeças (nos dois sentidos) para entendermos uma parte tão abstrata do ser humano, que sentimos que está localizada em nossos cérebros. Eu disse sentimos, se nossos pensamentos e sentimentos são de fato só efeitos de química e de eletricidade em nossos cérebros, ou se são expressões da alma ou do espírito, ainda não temos certeza. A verdade é que nosso mundo mental é muito forte, e ainda que seja só invenção de nossa mente, parece real e fisico para nós. 
      A pergunta a ser respondida é: tememos seres e lugares espirituais reais ou só imaginações humanas manipuladas por igrejas de homens? O plano espiritual é de conhecimento gradativo, e é assim para proteger verdades de tolos e tolos de verdades, o outro mundo não é um plano aberto para todos e facilmente. Deus assim construiu o universo, por isso conseguimos entender coisas materiais com a ciência, mas não podemos usar a mesma ferramenta para entendermos coisas espirituais, ainda que o caminho para todas as verdades ilumine-se pela razão. Ferramentas para o espiritual são espirituais e para a espiritualidade mais alta é o Espírito Santo. 
      Muitos protestantes limitam suas experiências com Deus usando a intelectualidade, com um estudo científico da Bíblia oficial e orando de forma racional, e sim, Deus os ouve e os abençoa, mas seu crescimento espiritual fica limitado, conduzindo eles experiência com o divino assim. Para um cristão dito tradicional, ter experiência com dons do Espírito Santo é algo difícil, barreiras emocionais não foram ainda superadas, e a princípio, muitos desses, ouvindo alguém falar em línguas estranhas, podem achar que não é coisa de Deus. A verdade é que tem muito batista e presbiteriano que acha que alguém em êxtase espiritual, louvando e profetizando, está possesso.
      O que se passa na cabeça dos que entendem dons do Espírito como manifestações demoníacas? Imagens, sensações, sons de coisas ruins, seu mundo mental interior refletirá seu grau de experiência espiritual e com Deus. O interessante é que o contrário também pode ocorrer, um crente pentecostal, num culto protestante tradicional, apesar de ficar encantado com o conhecimento bíblico dos pregadores, sentirá no ambiente frieza quase católica, ouvirá no silêncio do templo, não respeito com as coisas de Deus, mas distanciamento espiritual, ausência do Espírito Santo. Tudo é uma questão de como as mentes interpretam as coisas, e não da realidade em si.
      Alguém espiritualmente maduro e racionalmente lúcido, fará uma interpretação mental equilibrada, experimentará coerência entre o que seus sentidos físicos percebem do exterior e o que seu mundo mental interior discerne. Quando vemos e sentimos a verdade, portas para verdades maiores são abertas, o medo enganoso se vai e a realidade por trás do véu é revelada. A porta para o mundo espiritual é criada e é aberta através de ferramentas mentais. Por isso aquele que quer conhecer Deus precisa libertar-se de dogmas, superstições e do medo do desconhecido, não usando imaginações preconceituosas como base, mas estando aberto e protegido pela luz de Deus. 
      Só existe um jeito de conhecermos a Deus, buscando diretamente a ele, sem amarras religiosas ou entendimentos pré-concebidos, e só pelo nome único e poderoso de Jesus. Aos que querem ver, a luz lhes é mostrada, aos que querem ouvir, a verdade lhes é dita. Quem você será na eternidade? A clareza como isso será manifestado a você, quando estiver no plano espiritual, está diretamente relacionada com a intimidade espiritual que você construiu no mundo, através de oração que dá liberdade ao Espírito Santo, e prática de amor e fidelidade às alianças. Mas lembre-se, com coisas espirituais interagimos de um jeito espiritual, não com mera imaginação humana. 

Esta é a 18ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

quarta-feira, fevereiro 16, 2022

Serviço sujo do diabo? (17/90)

      “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.
  Isaías 45.7

      Por que a maioria dos cristãos, católicos, protestantes e evangélicos, tem aversão às religiões espíritas, tanto às de origem africana quanto ao Kardecismo? Quem tem uma ligação emocional sincera com a fé cristã, que experimenta sua proteção por anos, que ama Jesus como único e pleno salvador, que foi ensinado que espíritos não podem ser contatados e que o diabo pode enganar se isso for tentado, no mínimo terá dificuldades para aceitar reencarnação e comunicação com os mortos. De um certo modo isso é uma proteção, de um Deus que atrai os homens a si por crenças diferentes, quando eles alcançam um nível moral numa crença, ele os guarda, como pai zeloso, para que não se percam. 
      Todavia, muitos cristãos não se dão conta, mas a figura mais importante do cristianismo católico-protestante pode não ser Deus ou Jesus, mas o diabo. Não estou dizendo com isso que o diabo tenha mais poder que Deus, de maneira alguma, mas que a maioria das crenças cristãs existem por causa das obras do diabo. Se numa possibilidade, tirássemos o diabo da equação e o substituíssemos pela maldade humana, por escolhas erradas do homem, que consequentemente deixam culpa e dor no homem, todo o cristianismo poderia mudar, isso ainda que continuassem existindo o conceito de pecado e as consequências dele, condenação para os que persistem nele e salvação para os que o deixam. 
      O conceito “diabo”, principalmente o construído e mantido pela igreja católica, que o protestantismo não refutou, é um poço onde se lança tudo que não se pode aliar a Deus, para não se opor com o conceito de um Deus bondoso. Se esse Deus não pode condenar, então é o diabo que assedia, convence e conduz ao inferno, se esse Deus não pode conter as trevas e o sofrimento, é o diabo quem conduz para longe da luz e faz sofrer, vivos e mortos. Mas algo é preciso que assumamos sobre o diabo, por mais poderes que os homens possam dar a ele, conforme a teologia cristã tradicional, ele não criou a si mesmo e nem mais nada. Diabo, inferno e penas eternas são criações do único criador, o Senhor.
      A grande maioria dos cristãos não vê incoerência nisso, porque não pensa profundamente em teologia. Para essa maioria teologia tem a ver com história e geografia bíblica daquilo que está no cânone bíblico, ela não filosofa nos valores morais, para ela filosofar é pecado, é desconfiar da Bíblia, é colocar em dúvida dogmas. Protestantes são tão dogmatizados quanto os católicos, não se iludam com relação a isso, e o principal dogma deles é o que diz que a Bíblia, não o papa, é infalível, trocaram um líder pela palavra escrita. Bibliolatria é o engano que mais cega cristãos, e esses não reavaliam isso por medo, por isso creem cegamente na Bíblia, não entendendo que o Espírito Santo vai além dela. 
      Diabo é conceito criado para fazer todo serviço “sujo” que Deus não pode fazer, já que se Deus fizesse causaria uma incoerência na teologia. Mas se Deus criou o diabo, o inferno e as penas eternas, é porque em alguma instância há em Deus o mal, ninguém pode criar algo sem conter isso em si. Contudo, pode-se argumentar, “mas Deus não é mau por ter criado coisas más, ele fez isso para punir os maus”, isso é válido numa teologia que vê o ser com só uma oportunidade de encarnação, vindo depois disso o juízo (Hebreus 9.27). Conforme o cristianismo tradicional, o homem tem uma única chance, se não escolher certo é condenado, o mesmo Deus que ama por um tempo, castiga para sempre. 
      Mas pense um pouco mais a respeito, se só há uma oportunidade dada por um Deus justo, ela deveria ser igual para todos, com condições iguais que permitam que todos façam uma escolha justa, assim a responsabilidade do efeito eterno da escolha seria justa e só do homem. Entretanto, pense bem, será que todas as pessoas, e não só as do nosso tempo, mas as de todos os tempos e de todos os lugares do planeta, nascem com condições e oportunidades iguais, sejam físicas, emocionais, financeiras, intelectuais ou morais, para que possam ter as mesmas e justas capacidades de escolha, que permitam que todas, caso queiram, façam a melhor escolha, de salvação e não de condenação? 
      Respondamos a outra pergunta: alguém, que nasce numa aldeia paupérrima de um país africano, tem as mesmas capacidades para escolha, as mesmas necessidades de vida, que tem um norte-americano nascido num apartamento próximo ao Central Park em Nova Iorque? Esse africano já ouviu falar de Jesus em sua vida, já teve alguma orientação religiosa que não fosse a do xamã de sua aldeia? E ainda que tenha sido evangelizado, será que esse aldeão busca de Deus as mesmas coisas que busca um homem de classe média-alta que reside no centro da ilha de Manhattan? Basta que assistamos a uma edição de um telejornal para sabermos as diferenças de sofrimentos dos seres humanos no planeta. 
      Confronte realidade com o que muitos creem só porque as igrejas ensinam que é a verdade, faça isso com sensatez, com equilíbrio, depois coloque-se no lugar do outro, não como cristão com certeza de salvação e que crê que vai ao céu após a morte, mas como aquele que não teve oportunidade para ter condições justas de escolher acreditar em Deus por Jesus. Será que não temos qualquer dúvida naquilo que o dogma nos ensina, depois de confrontarmos a realidade com o dogma, e de nos pormos no lugar daquele que o dogma diz estar condenado eternamente ao inferno? Se houver dúvida talvez seja momento de você saber o que dizem religiões demonizadas pelo senso comum cristão a respeito.

Esta é a 17ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

terça-feira, fevereiro 15, 2022

Dogma, superstição, medo e desconhecido (16/90)

      “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” 
II Coríntios 3.16-18

      “A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força sobrenatural, que pode inclusive ser de origem religiosa, agiu para promover a suposta causalidade. Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Para os céticos, em geral superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas ações (voluntárias ou não) tais como rezas, curas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, possam influenciar de maneira transcendental a vida de uma pessoa. Por outro lado, a superstição também pode ser definida como "um desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão". Assim, a superstição seria uma opinião de cunho religioso, mas que, mesmo dentro da visão cosmológica daquela religião, seria fundada em preconceitos, de modo a atribuir relações Causalidade a eventos meramente fortuitos.” Fonte Wikipedia  

      O falso cristianismo de igrejas de homens, não aquele do verdadeiro Cristo, mantém poder sobre os homens através do medo, o maior medo que o homem tem é do desconhecido, o desconhecimento que mais aterroriza o ser humano é o desconhecimento do plano espiritual. A Igreja Católica governa através de dogmas e superstições, por um ela fecha, restringe, por outro ela abre, mas não para amadurecer, para infantilizar. O dogma conduz o homem a ter medo do que sabe, a superstição conduz o homem a ter medo do que não sabe, mas ambos são baseados em mentiras, ambos precipitam o ser humano na angústia de ter que tentar viver algo impossível, irrazoável, injusto.
      Dogma religioso é uma lei, uma ordem, que desobedecida, castiga, manda aceitar, não pensar, acreditar, não conhecer. Superstição atribui qualquer coisa como causa de qualquer coisa, não porque se averiguou e entendeu, mas só porque se acostumou a crer de certa maneira. Medo é se sentir em perigo, nesta reflexão não necessariamente porque algo pode causar um mal, mas porque dogma ou superstição dizem que podem. Também nesta reflexão, desconhecido nos remete à ideia do nada, do invisível, de algo que não sabemos que duração ou que dimensões possui, que mesmo que tenha sido definido por dogmas e superstições deixa desconfortáveis nossos sentidos físicos. 
      Dogma, medo e desconhecido estão relacionados, podemos temer algo que nos é desconhecido porque não é definido ou permitido por um dogma, nisso tudo se cria uma superstição. Superstição é trevas, intelectuais e espirituais, ainda que contenha alguma orientação moral, mesmo essa é infantil, limitada. Por que temos medo de fantasma? Porque não sabemos o que é, nos é desconhecido e é porque um dogma não nos autoriza a acreditar que exista, e se não existe, conforme o dogma, não podemos interagir com ele. Mas isso não impede-nos de termos superstições sobre fantasmas, entendimentos paralelos ao dogma, que satisfazem mais nossa curiosidade que o dogma. 
      Superstição é mentira, é filha bastarda do dogma, e esse, ainda que pretenda ser verdade única, é quem pari o engano. Dogma é pai egoísta que gera filho e o abandona no desconhecido, levando o órfão amedrontado a buscar abrigo nos braços da superstição. Dogma quer o homem sempre num berço, e ainda que esse cresça terá que se conformar com o ridículo de ser tratado como um bebê, ainda que seja livre será tratado como dependente. Preso na cela do dogma, o homem desconhece o que tem lá fora e teme, ainda que haja um lindo jardim, com árvores frutíferas e um rio de águas limpas e frescas, se limitará a alimentar-se da ração da superstição, que o leva à inanição. 
      O falso cristianismo de igrejas de homens é morto, um morto não pode gerar, nem compartilhar vida, por isso cria dogmas, alimenta o medo do desconhecido e dá legalidade a superstições. Esse falso cristianismo nega o Espírito Santo, ainda que ensine valores morais evangélicos, mas do que adianta melhorar a ração quando o que come está encarcerado? Só tornará o condenado mais frustrado, por ver que até pode amar, mas limitado pelo que a religião ensina sobre o amor de Deus. Amor que manda pro inferno que não o aceita é limitado. O Espírito Santo é liberdade para viver, vida é conhecer a Deus, só conhecemos caminhando para a luz espiritual mais alta. 
      Será que o apóstolo-teólogo Paulo tinha noção da profundidade do texto inicial acima que escreveu? Penso que o Espírito Santo achou liberdade nele para lhe dar uma revelação, mas talvez Paulo pensasse só se referir ao assunto do contexto, a supremacia da nova aliança sobre a velha, a superioridade do vivo Espírito Santo no homem interior sobre a lei em pedras ou em pergaminhos. Só isso já é maravilhoso, mas é mais que isso. Converter-se ao Altíssimo é ter liberdade pelo Espírito Santo, é olhar para Deus sem véu, é refletir a glória do Senhor e ser transformado por uma experiência que nos liberta da carne, da matéria, e nos conduz à espiritualidade mais elevada.
      Se os cristãos entendessem de fato o que é ser livre no Espírito Santo, não haveria jugo desmedido de religião, dogma castrador, medo do desconhecido nem superstição infantil, haveria vida eterna, não morte, haveria amor, não condenação. Quem você será na eternidade? Será você e receberá por isso o tratamento, em primeiro lugar justo, e depois, amoroso de Deus, que irradia sua luz para todos os seres humanos atraindo-os a si. O Espírito Santo te dá liberdade para escolher hoje a quem servir, se ao homem, ou a Deus, para que possa a cada dia ser alguém melhor, útil para si, para os outros e para o Senhor. Esteja em paz, tua vocação é para a vida, não para a morte. 

Esta é a 16ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
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José Osório de Souza, março de 2021

segunda-feira, fevereiro 14, 2022

“Porque Deus quis” (15/90)

      “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” 
I João 2.17

      A resposta que muitos dão a questionamentos que contrariam princípios que acham inquestionáveis é infantil: “porque Deus quis”. Assim, muitas das perguntas levantadas no “Como o ar que respiro” são desconsideradas, simplesmente porque muitos pensam que certas coisas Deus quer que sejam de um jeito e não temos que questionar. Por que um Deus ensinado no evangelho como pai de amor condena os que não aceitam seu amor ao inferno? “Porque quer, e se ele quer, quem somos nós para discordar?” Assim pensam muitos, argumentando que Deus faz o que quer e não precisa dar satisfação a ninguém. Não discordamos disso, o que o Senhor faz temos que aceitar, mas será que Deus faz muitas coisas que dizem que ele faz? 
      “Porque Deus quis” não é só displicência com Deus, mas com o ser humano atual, que já atingiu um nível intelectual e moral, pelo menos na teoria, para raciocinar mais profundamente sobre muitas coisas. Uma verdade é preciso ser aceita, fé é algo pessoal, pode fortalecer as pessoas em níveis que muitas vezes não acreditamos. Cada um crê no que quer, no que escolhe crer, ainda que pense crer porque é a verdade maior de Deus, a única verdade, e como tal não pode ser duvidada. Conciliar amor divino com penas eternas é crença de milhares de pessoas através dos séculos, por isso a igreja católica sobrevive forte, por isso evangélicos se multiplicam tanto. Mas será que é vontade de Deus ou a versão dos homens sobre ela? 
      Será que para se provar uma experiência com Deus, com o mundo espiritual, basta isso, acreditar? Cegamente? Sim, o plano espiritual exige escolha e fé, mas escolha racional e fé inteligente, essa é a percepção que podemos ter hoje, no século XXI. Por que este espaço faz tanta critica ao cristianismo tradicional do catolicismo e do protestantismo? Para demonstrar que religião é coisa de homem e não tem que ser absolutamente crível. A intenção aqui não é desacreditar Deus ou Jesus, mas os homens, ainda que sejam líderes religiosos, teólogos, mestres e profetas de suas crenças. Entende isso quem quer fazer uma escolha racional através de uma fé inteligente, que foca diretamente no Deus Altíssimo, não em dogmas.
      Tradições seculares, grandes catedrais, templos luxuosos, concílios, convenções, teologias, instituições, escolas, hierarquias, títulos, papa, bispos, “apóstolos”, padres, pastores, reverendos, missionários, diáconos, presbitérios, tanta pompa e circunstância hipnotiza as pessoas, seduz e amedronta. Concordo que é preciso coragem e iluminação para ir contra tudo que esses ensinam, e não só como religião, como verdades irrefutáveis. Mas também não podemos negar totalmente o cristianismo do mundo, ainda que distorcido foi usado por Deus para levar Jesus à humanidade por séculos. Demonizar radicalmente catolicismo e protestantismo é negar a providência divina que permitiu e teve bom propósito nessas religiosidades. 
      Mas no tempo em que vivemos o homem mudou, dizermos a nós mesmos que certas coisas são como são porque Deus quer que sejam assim não basta, principalmente se o que acreditamos que Deus diz, na verdade é dito por homens, não por Deus. Muitas pessoas, contudo, estão convencidas que creem certo, e que suas igrejas estão certas, simplesmente não enxergam que mentira não pode gerar verdade, só mais mentira. Que mentiras um cristianismo pela metade gera? Vidas infrutíferas, de homens que por mais esforçados e sinceros que sejam, não conseguem pôr em prática os ensinos do Cristo, e não conseguem porque as próprias igrejas que eles tanto defendem e temem, não lhes dão meios para viverem isso. 
      O que depõe contra o cristianismo do mundo, que se funcionou pela metade, hoje pode não funcionar mais, se quer saber nem são ensinos teológicos equivocados, sobre o fim dos tempos e a eternidade por exemplo, isso na verdade nem importa tanto. O que depõe é a inviabilidade de se viver o exemplo de amor de Jesus homem, que existe no que catolicismo e protestantismo entregam à humanidade. Essa responsabilidade será cobrada de líderes religiosos um dia. Mas depende de nós, seguirmos enganados, confortáveis em religiões, hipócritas, ou buscarmos a Deus e sabermos o que de fato ele quer para nós. O que ele quer é que vivamos o amor de Jesus sem precisarmos pagar preços desnecessários a homens. 
      O que Deus quer não muda, e se mudar é porque nunca foi vontade de Deus, ainda que instituições cristãs poderosas digam que seja. Quem seremos na eternidade? Não pense que ter sido batizado, crismado, ter feito primeira comunhão, recebido título em igreja cristã, aliará algum valor moral ao teu homem interior. Na eternidade seremos aquilo que retemos em nós da verdadeira vontade de Deus, virtudes que foram fixadas ao nosso espírito através de perseverantes obras. “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3.5-6).

Esta é a 15ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
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José Osório de Souza, março de 2021

domingo, fevereiro 13, 2022

Livre arbítrio (14/90)

      “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição” 
Deuteronômio 11.26
 
      Se fé é condição imprescindível para conectar nosso espírito com o mundo espiritual, principalmente com Deus, que é espírito, se isso define, não uma existência neste mundo material, mas a eternidade espiritual, por que as pessoas não creem? Porque não são obrigadas a isso, nem por Deus, esse dá a todos livre arbítrio. Na evolução espiritual tudo é escolha, a subida de cada degrau é feita por escolha, escolher crer. Se é assim não é algo fácil, natural, se fosse não teríamos o trabalho de crer, que como todo trabalho exige de nós esforço, por isso não pense ninguém que crescerá espiritualmente sem se esforçar. Contudo, o trabalho espiritual pode ser oposto ao trabalho físico, enquanto no plano material é preciso entender, tocar, ver, o que nos faz escolhermos coisas mesmo antes de as termos, no plano espiritual o primeiro passo de fé se dá no desconhecido, só confiando num Deus que sabe o que faz e que sempre tem o melhor para nós.
      Um pulo no desconhecido será que podemos dar com plena certeza racional? Não, damos mesmo com certo receio, sem sabermos se cairemos, subiremos ou ficaremos imóveis, contudo, se for dado com fé genuína, entregue pelo mesmo Espírito que nos atrai a dar o pulo, sentiremos uma paz singular de Deus, que ainda que não entendamos o que estamos fazendo, permite-nos uma segurança inexplicável. Fé que nos move no Espírito Santo para Deus instiga em nós desejos poderosos para aprendermos mistérios. Nosso homem interior anseia pelo desconhecido de Deus, e quando não alcança isso do jeito espiritual, busca na carme. É por isso que tantos se desafiam em esportes radiciais ou dão crédito para teorias conspiratórias sobre discos voadores, por exemplo. O homem tem a necessidade de exercer fé no oculto, tanto quanto de alimentar o corpo e de estudar a ciência, somos espírito, corpo e alma, ainda que muitos não aceitem isso. 
      Todos nós podemos fazer escolhas para crescermos espiritualmente, o mais adequado é que sejam escolhas que nos permitam subir um degrau por vez, conhecimento espiritual é gradativo e cada um responderá pelo degrau que ocupa e que escolheu pisar. Ateu, escolha crer num Deus que existe e que abençoa os que o buscam. Cristão, escolha conhecer a Bíblia, estudá-la profundamente, ela é o livro dos livros, sabedoria para todos os momentos de nossa existência. Cristão conhecedor de Bíblia, escolha ter uma experiência com os dons espirituais, vá além do intelecto, sinta a presença maravilhosa do Senhor, beba da água da vida e não caminhe seco, só com conhecimento intelectual. Cristão batizado no Espírito Santo, escolha saber mais, questione o Senhor, não se limite à tradição teológica cristã, mas faça isso como obediência, não por curiosidade, e recebendo amor para poder servir, não a si mesmo, mas ao próximo. 
      Meus queridos, não escolhemos só uma religião, um grupo social para exercermos caridade e ajudar necessitados, um local com pessoas que comungam as mesmas crenças que nós, não escolhemos só salvação, ir ao céu e não ao inferno, não escolhemos só um meio para aliviar remorsos e aplacar medos, não, escolha espiritual vai muito além disso. “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11.40). Você já viu a glória de Deus? Você quer ver a glória de Deus? Ou você acha que isso não existe ou que não é necessário? Mas também existem outros, que veem relevância nisso, que buscam isso persistentemente e até acham que já viram, mas será que viram mesmo? Ou foi só um fruto de suas imaginações? Ver a glória de Deus não é sintoma de transtorno psiquiátrico, é escolha, uso de livre arbítrio e fé. Entretanto, aproxima-se um tempo onde todos poderão ver e terão que ver, para seguirem evoluindo. 
      No céu veremos a glória de Deus, de um jeito ou de outro, mas o que ela nos causará, será surpresa? Estranheza? Terror? Êxtase? Paz? Nossa reação estará diretamente relacionada à qualidade moral de nosso homem interior e sua intimidade com o mundo espiritual, e esses valores não são a mesma coisa. Muitos têm qualidade moral, ainda que não tenham intimidade com o mundo espiritual, outros têm intimidade, mas não têm qualidade moral. Só aqueles que escolhem Deus sem reservas, sem preconceitos, livres de amarras religiosas, para amar e obedecer o Altíssimo e servir o próximo, podem ter qualidade moral superior e conhecimento íntimo do plano espiritual. Esses terão uma passagem, a morte no corpo e a entrada na eternidade, tranquila, estarão numa paz plena. O que já ouviam e viam no plano físico só lhes será mais claro, mais definido, provarão a melhor eternidade de Deus com facilidade, estarão no amor de Jesus. 
      Prepare-se já! Escolha isso agora! Como? Orando, tudo começa com conversar com Deus, mas temos que orar com qualidade. Orar é se descobrir à medida que Deus se descobre para nós, experimenta isso quem sabe o que faz, sabe o que fazer quem tem respostas, só tem respostas quem pergunta certo, pergunta-se corretamente com a lucidez que tudo reavalia, que compara teoria e prática e não se acomoda. O que permanece nas trevas das tradições religiosas não adquirirá inteligência para crescer, sei que repito isso bastante, mas é hora de muitos cristãos entenderem isso. Senão materialismo e humanismo seguirão dando xeque-mate num cristianismo, que apesar de grande em quantidade, é pequeno em qualidade, insuficiente para mudar um mundo necessitando de mudanças. A escolha é nossa, crescer ou não espiritualmente, “por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição” (Hebreus 6.1).  

Esta é a 14ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021