quarta-feira, setembro 15, 2021

Os templos de Jerusalém (Íntegra)

I. O templo de Jerusalém

      “E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), começou a edificar a casa do Senhor.” “Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do Senhor; então trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi havia consagrado; a prata, e o ouro, e os objetos pós entre os tesouros da casa do Senhor.
 I Reis 6.1. 7.51

      “De acordo com a Torá (a Bíblia hebraica), o Primeiro Templo foi construído no local onde Abraão (Avraham) havia oferecido Isaque como sacrifício. O templo foi construído durante o reinado de Salomão, utilizando o material que havia sido acumulado em grande abundância por seu pai e antecessor, o Rei Davi.” “Pelos cálculos de James Ussher, a ordem para a construção do Primeiro Templo foi dada pelo Rei Davi em 1015 a.C. As fundações do templo foram lançadas em 21 de maio de 1012 a.C., no segundo dia do segundo mês (Zif), quatrocentos e oitenta anos depois da saída de Israel do Egito. A construção terminou em 1005 a.C., mas sua dedicação foi adiada até o ano seguinte, por este ser um ano de jubileu (o nono jubileu), e, segundo Ussher, exatamente três mil anos (*) desde a criação do mundo.” Fonte 

* A contagem de Ussher usada no texto necessariamente 
não reflete a opinião do “Como o ar que respiro” assim 
como pode não ser avalizada por referências científicas.

      Uma das coisas mais maravilhosas da Bíblia diz respeito ao templo dos israelitas, sua planta é ao mesmo tempo forma e conteúdo, não é só administração arquitetônica de espaço para servir a fins religiosos, é uma metáfora da relação do homem com o divino. Grosso modo existe uma divisão de espaços onde a permissão de ocupação vai se limitando, de todos para o sumo-sacerdote, indicando a existência de diferenças de privilégios espirituais de acordo com a espiritualidade, santidade e chamada do ser humano. 
      Átrio ou Pátio era a primeira parte do templo, era exterior e iluminado pela luz solar, todos tinham acesso por três diferentes áreas: área dos homens israelitas, das mulheres hebreias e dos gentios. Lugar Santo era a segunda parte, só os sacerdotes tinham acesso aos sábados, era iluminado pelo candelabro, uma candeia de sete chamas. O Santuário, Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos, era o terceiro lugar, só os sumos sacerdotes tinham acesso a ele uma vez ao ano, é dito que era iluminado pela própria glória de Deus.
      A nova aliança não anula as restrições dos lugares que metaforicamente são ensinados pelo templo de Jerusalém (Hebreus 9), mas permite que qualquer ser humano tenha acesso ao “santo dos santos” desde que siga os “protocolos”, algo que não podia haver na velha aliança. Agora não são locais físicos, mas posições espirituais, “vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2.9).
      Que “protocolos” são esses? São os trabalhos de fé, busca e santificação para se obter autorização de Deus. Os vários locais do templo de Jerusalém são símbolos dos vários níveis de espiritualidade que todos os seres humanos podem alcançar através de Jesus Cristo. Um detalhe está no tipo de iluminação de cada parte, numa é a luz solar, na outra a do candelabro e na terceira a “glória de Deus”, aí pode estar o maior mistério revelado no templo de Jerusalém, que ensina espiritualidade a homens de todos os tempos. 
      A luz do Sol é natural, não é preciso muito trabalho para tê-la, basta ser dia, à noite não há Sol, assim ao primeiro nível de espiritualidade cabe ao menos discernir dia de noite. Nesse primeiro nível estão os religiosos de maneira geral, nas religiões o minimamente ensinado é discernir o bem do mal, isso é o que crianças morais precisam saber. Nos últimos milênios, ainda que passando da religiosidade física de obras e sacrifícios para a espiritual de fé e amor, a maioria dos cristãos ainda restringe-se ao “átrio”.
      A luz da “candeia de sete chamas” anuncia uma desconexão entre matéria e espírito, para esse nível cabe desligar-se das forças naturais do mundo e o próprio ser construir uma ferramenta para iluminar. O candelabro é o símbolo do espírito humano iluminado, que já não depende do tradicionalismo de religiões para ter comunhão com o plano espiritual, mas de uma busca pessoal. Mas se é ferramenta humana não tem que ser igual para todos, cada homem pode construir a sua, ainda que a chama seja uma, o Esprito Santo.
      No “lugar santo” a forma varia, não o conteúdo, Jesus permite, mesmo dentro de religiões, que os seres humanos sejam sacerdotes. Jesus é maior que as religiões que o usam, por isso o cristianismo, mesmo corrompido e manipulado, persiste tão forte e abençoando vidas, não nos enganamos com relação a isso. Contudo, Deus atrai os homens para uma terceira parte, o “santo dos santos”, esse lugar, apesar de tantos cantores evangélicos cantarem emocionados e convictos que o adentram, poucos de fato o conhecem. 
      “Luz da glória de Deus”, quantos verdadeiramente a contemplam? Não confundamos posição espiritual com o êxtase emocional, que podemos sentir entrando nas duas primeiras partes do “templo”, no “lugar santo” e mesmo no “átrio”, não confundamos efeito com causa. Muitos caem ao chão falando em línguas estranhas e se acham no “santo dos santos”, mas a glória de Deus se prova com lucidez, sem escândalos, sem infantilidades, mais ouvindo que falando, e exige abrir mão de exibicionismos espirituais e religiosos. 

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II. Desconstruindo os templos
 
      “E no segundo ano da sua vinda à casa de Deus em Jerusalém, no segundo mês, Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesuá, filho de Jozadaque, e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do cativeiro a Jerusalém, começaram a obra da casa do Senhor, e constituíram os levitas da idade de vinte anos para cima, para que a dirigissem. Então se levantou Jesuá, seus filhos, e seus irmãos, Cadmiel e seus filhos, os filhos de Judá, como um só homem, para dirigirem os que faziam a obra na casa de Deus, bem como os filhos de Henadade, seus filhos e seus irmãos, os levitas.
  Esdras 3.8-9
 
      O Segundo Templo foi reconstruído após o retorno do cativeiro na Babilônia, sob orientação de Zorobabel. O templo começou com um altar, feito no local onde havia o antigo templo, e suas fundações foram lançadas em 535 a.C. Sua construção foi interrompida durante o reinado de Ciro, e retomada em 521 a.C., no segundo ano de Dario I. O templo foi consagrado em 516 a.C. Diferentemente do Primeiro Templo, este templo não tinha a Arca da Aliança, o Urim e Tumim, o óleo sagrado, o fogo sagrado, as tábuas dos Dez Mandamentos, os vasos com Maná nem o cajado de Aarão. A novidade deste templo é que havia, na sua corte exterior, uma área para prosélitos que eram adoradores de Deus, mas sem se submeter às leis do Judaísmo.” Fonte

      Se o templo de Jerusalém é uma metáfora da evolução espiritual que o ser humano pode vivenciar, a história de Israel é metáfora da jornada da humanidade e de nossas vidas individualmente, à medida que crescemos para conhecer a Deus em verdade e com profundidade. Não é uma história com final feliz pois no mundo a matéria tem só um fim, a morte, mas é uma trajetória de construções e desconstruções para que uma reconstrução produza algo melhor. Assim, é uma história de muitas mortes em uma só vida, para que se caminhe para a vida eterna onde não há mais nenhuma morte. 
      O templo original foi o Tabernáculo de Moisés, uma construção desmontável em forma de tenda, usado principalmente enquanto Israel seguia para Canaã. O primeiro templo fixo construído foi elaborado por Davi e erguido por Salomão, o segundo templo é o relatado em Esdras, muitos consideram o templo de Herodes o terceiro, mas foi mais uma reforma. O terceiro de fato muitos creem que ainda será reerguido, sobre as ruínas do primeiro e só no final dos tempos. Mas o que fez do templo o que era, centro da religião israelita, lugar legítimo para sacrifícios e ofertas, seria só sua construção física? 
      O homem antigo precisava de forma, talvez até mais que de conteúdo, uma humanidade materialista cria no que via, não tinha ainda desenvolvidas as subjetividades emocional, intelectual e religiosa para que pudesse entender o mundo espiritual. A química, a física e a psicologia, deram ferramentas para que o homem se atentasse mais ao que não podia ver, a prova da existência de átomos, da energia elétrica, de vírus, ensinaram ao ser humano que o universo não é só o que os olhos físicos enxergam. A psicologia mapeou a mente humana, tudo isso preparou o homem para a espiritualidade de fato. 
      Cristãos e espiritualistas devem à ciência o auxílio para que o ser humano abrisse sua cabeça para o mundo espiritual, não porque a ciência tenha provado que o mundo espiritual exista, mas porque o ser humano passou a entender que o universo é mais que forma material e visível. Ainda que pudesse abrigar um conteúdo magnífico, a “glória de Deus”, arquitetura e logística do templo de Jerusalém eram só formas físicas, metáforas de valores espirituais. Deus usou recursos adequados para ensinar e se relacionar com o homem de um tempo que entendia as coisas espirituais limitadamente.
      A Bíblia, com “estórias” e personagens simbólicos e também com histórias e indivíduos reais, é uma maravilhosa metáfora. Textos sagrados e mitologias de outras nações também podem ser, como dos hindus, egípcios e gregos, mas a jornada do povo judeu, de Adão a Cristo, é única e especial. Jesus veio no tempo exato quando o ser humano já estava preparado para entender melhor sua relação com o mundo espiritual, a velha aliança dá lugar à nova, ambas não podem existir juntas. Os que tiverem olhos espirituais entenderão isso e serão abençoados mais rapidamente no conhecimento de Deus.
      A verdade é que a glória de Israel no antigo testamento foi passageira, durou no máximo os reinados de Davi e Salomão, depois a nação já entrou em guerras internas. Historiadores dizem que o templo de Salomão deve ter ficado de pé, antes de ser destruído pela primeira vez, entre quatrocentos e dez e quatrocentos e setenta anos (veja link). Mas mesmo nesse tempo Israel se afastou de Deus várias vezes, adorando falsos deuses e sofrendo consequentes cativeiros, das doze tribos só Judá, Benjamim e Levi não se perderam. Será que Deus ainda tem algum plano para usar Israel para mostrá-lo ao mundo?
      Deus não precisa de um templo físico, não precisa de igrejas, de nações e também não precisa de Israel, pelo menos não mais. Deus precisa de você e de mim para ter templos para habitar e mostrar sua glória. Se a vontade final de Deus fosse o plano que ele realizou em Israel no antigo testamento ela teria prevalecido até hoje, o que prevalece é Jesus, Jesus é o final feliz para Israel e para toda a humanidade. Deus é fiel e misterioso, não porque queira esconder coisas de nós, mas porque nós não estamos preparados para muitas coisas, assim o objetivo final que ele tem para os judeus só ele conhece. 
      Quem sabe como de fato será o cumprimento de tantas profecias bíblicas? Só Deus. Tenho aprendido a ter muito respeito por todos os seres humanos, independente de raça, sexualidade, religião, nível financeiro ou erudição, mas confesso que tenho um afeto especial pelo povo judeu e por tudo que ele ensinou ao mundo, principalmente pela Bíblia. Também penso que Deus tem um olhar diferenciado nesse povo, por mistérios que a eternidade revelará, ninguém duvide disso. Todavia, esse povo precisa humildemente aceitar que Jesus está acima de todos, inclusive dele, de sua história e de seu templo.

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III. O terceiro templo
 
      “E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” 
II Coríntios 3.13-17

      O povo judeu, caminhando pelo mundo na chamada diáspora, foi “cabeça, não cauda” (Deuteronômio 28.13), gozou de prosperidade financeira e influência intelectual em grande parte do tempo, ainda que sem suas terras oficiais e tantas vezes perseguido. São responsáveis pela criação de bancos e indústrias, e cientistas importantes em áreas diferentes eram judeus, ainda antes de 1948 quando receberam oficialmente parte de suas terras de volta. Não podemos deixar de fazer um paralelo dessa condição com a da igreja, e aqui não me refiro, necessariamente, ao catolicismo e ao protestantismo, mas àqueles que temem a Deus e sabem que suas moradas são no céu, não neste mundo, que aqui só estão de passagem por terras estranhas. 
      Vou ser honesto, registrando que até poderei mudar de ideia, não sei se a causa dos judeus de quererem de volta toda a extensão territorial que tinham nos tempos de Davi e Salomão pode achar hoje validade nas orientações que Deus deu na Bíblia, mas com certeza é uma causa política de um povo baseada nas convicções que fazem dele o que é, que lhe confere identidade. Mas nesse aspecto os outros povos que habitam a mesma região desde o século I, e que por muito tempo foram os proprietários das terras, também têm politicamente legitimidade cultural para estarem por lá. Deus está no lado de quem? Hoje Deus está nos dois lados, no judeu e no palestino, assim como nos lados de todos os outros povos, sem preferências. 
      Muitos cristãos, que interpretam a Bíblia do jeito que tradicionalmente interpretam, discordam dessa possibilidade, penso que sua interpretação convencional até poderá se realizar, mas com guerra violenta e contra a opinião de muitos países. Mas na verdade penso que isso não importa, se no final os judeus terão todo seu território de volta ou não, isso não é prioridade do evangelho. Israel hoje não tem mais a missão que tinha de mostrar Deus às outras nações, a missão hoje é individual, não nacional, e de compartilhar uma Canaã celestial, não terrena. Luta por terras neste mundo, hoje, é coisa deste mundo, deixou de estar aliada a qualquer prioridade espiritual e missionária, ainda que Deus seja fiel com todas as suas promessas. 
      Há um tempo atrás certos biblicistas diziam ser Israel o relógio de Deus para o mundo, que poderímos saber o que ocorrerá com o planeta de acordo com as profecias bíblicas relacionadas à nação israelita. Penso que essa é uma interpretação veo-testamentaria do mundo, baseada numa utopia que se existiu já não existe mais há séculos, basta um estudo histórico superficial para entendermos isso. Não nos esqueçamos que o velho testamento é literatura judaica, adotada como legítima pela Igreja Católica e apoiada pela reforma protestante, ainda que com adição, subtração ou alteração de livros, mas foram israelitas que escreveram, revisaram e mantiveram textos e relevâncias que lemos hoje no velho testamento. 
      O antigo testamento teve sua importância conduzindo a humanidade a Cristo, e ainda tem e sempre terá com personagens e histórias marcantes sobre tantas experiências humanas, lições atemporais de vida, se lidas com a ajuda do Espírito Santo. Textos como Salmos, Provérbios e Eclesiastes, tidos principalmente como de autoria de Davi e Salomão, seguirão consolando o ser humano para sempre, e mesmo escritos mais metafóricos como o Gênesis de Moisés, contêm mistérios espirituais eternos, que muitos só entenderão de fato no futuro. Contudo, em relação a profecias, tanto para a nação de Israel como para a chamada igreja, por exemplo em textos como Daniel e Apocalipse, a Bíblia deve ser lida com sabedoria. 
      Hoje o “terceiro templo” somos nós, eis a verdade mais alta, e somos templos em construção durante nossas passagens no mundo. Só na eternidade saberemos o quanto conseguimos acabar a obra de nossos espíritos para que possam ser habitações do Espírito Santo de Deus de maneira plena e eterna. Em Jesus temos disponibilidade da luz mais alta, do perdão, da “salvação”, da paz, riquezas que não há em outras religiosidades, ele é conteúdo e forma, nos habita e nos ensina como ser a habitação santa e amorosa. O texto bíblico inicial revela a última e mais profunda religião, que não precisa de templos materiais nem de sacrifícios, e que nos dá acesso ao Espírito Santo, para que possamos trabalhar sem véu e ver o Senhor. 

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IV. Breve história da Palestina

      Segue um resumo da história da Palestina, do século I, tempo do novo testamento, até os dias atuais, passando pela dominação otomana (século XVI) e a Guerra dos Seis Dias (1967). A região passou do romano para outros domínios, terminando sob um império muçulmano, que conferiu características religiosas à região que alimentam conflitos hoje. Os judeus, espalhados pelo mundo na diáspora, só começaram a retornar à região no século XIX, tomando Jerusalém em 1967 e estabelecendo limites que prevalecem. Hoje o templo não pertence aos judeus e em seu local existe uma mesquita muçulmana. Essas informações são importantes para entendermos como o templo bíblico se tornou o que é atualmente.

      “No século I a.C., Herodes o Grande ordena uma remodelação ao templo, considerada por muitos judeus como uma profanação, com o propósito de agradar a Júlio César, mandando construir num dos vértices da muralha a Torre Antónia, uma guarnição romana que dava acesso directo ao interior do pátio do templo. Certos autores designam o templo após esta intervenção por Terceiro Templo. Não se podia mudar a arquitetura do templo, Deus havia dado o modelo a Davi, e ordenou que se seguisse o modelo pré-determinado por Ele. A mudança que Herodes fez simboliza uma profanação para os judeus.” Fonte
      “Com a derrota da Grande Revolta Judaica contra o domínio romano, em 70, Jerusalém foi tomada pelas forças do comandante romano, Tito. Outra vez, as muralhas e o Templo de Jerusalém (que o rei Herodes, o Grande, ampliara e embelezara, tornando-o portentoso) foram destruídos, e o resto da cidade voltou a ficar em ruínas. A destruição de Jerusalém, também conhecida como Cerco de Jerusalém, ocorreu durante o governo do imperador romano Vespasiano. Fonte

      “Ocupando diferentes regiões pelo mundo, os judeus conviveram em pequenas comunidades. Apesar de não possuírem um Estado (território), eram considerados uma nação (povo) e procuravam conservar sua identidade cultural por meio da língua, religião, costumes e hábitos. Na Europa medieval, ocuparam principalmente a região da Península Ibérica (Portugal e Espanha). Antes do ano 1000, tinham liberdade religiosa e influenciaram o desenvolvimento cultural e científico. No ano de 1095, começaram a ser perseguidos pelos cristãos, porque a Igreja Católica julgou os judeus como responsáveis pela morte de Jesus Cristo. A partir desse fato, a civilização judaica sofreu constantes ataques nas cidades europeias; enclausurando-se nos guetos, milhares de judeus foram vítimas da Santa Inquisição (Tribunal da Igreja Católica que julgava os hereges).
      A partir da Idade Moderna, os judeus foram expulsos da Península Ibérica. A grande maioria das comunidades judaicas teve que se instalar em regiões protestantes (norte da Europa). Após o advento dos Direitos Universais do Homem, durante a Revolução Francesa, os judeus passaram a gozar de certa liberdade religiosa e desenvolveram várias atividades no continente europeu, em diversos setores, tais como: bancos e indústrias; além de atividades intelectuais, como: ciências, artes e filosofia (principalmente). Com grande ascensão econômica e intelectual, no século XIX, vários países começaram a acusar a comunidade judaica de querer dominá-los. Nesse contexto, começaram a surgir ideias de aversão e preconceito contra os judeus (o antissemitismo). Ainda no século XIX, surgiu entre a civilização judaica o desejo de retornar ao seu território de origem, a Palestina, e criar um Estado Judaico nesse território. Era o ‘Sionismo’, milhares de judeus retornaram, fugindo do antissemitismo europeu.” Fonte 

      “Durante o reinado do sultão Selim I (1512-1520) a Palestina, a Síria e o Egito foram conquistadas pelo Império Otomano. A Palestina seria administrada por este império até ao final da Primeira Guerra Mundial em 1917. O período de dominação otomana correspondeu, de uma forma geral, a uma era de decadência económica e cultural da Palestina. Durante o reinado de Solimão, o Magnífico (1520-1566), filho e sucessor de Selim I, reconstruíram-se as muralhas da Cidade Antiga de Jerusalém, sendo estas muralhas as que ainda permanecem no local. Durante o Império Otomano, que era muçulmano, não houve mudanças na região com relação as características populacionais e linguísticas, que mantiveram-se inalteradas.
      O sionismo foi um movimento político surgido no século XIX que defendeu o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado judaico no território onde historicamente existiram os antigos reinos de Israel e Judá. Dá-se que o sionismo desenvolveu-se num período histórico marcado pelas ideologias nacionalistas, bem como pelo crescimento do antissemitismo.” “O sionismo adquiriu um aspecto institucional em 1897, ano em que teve lugar, em Basileia (Suíça) o primeiro congresso sionista, do qual resultou a formação da Organização Mundial Sionista. Foi ainda neste congresso que se confirmou a opção da Palestina como local de fundação do estado judaico. Entretanto, os primeiros imigrantes judeus, ligados ao movimento russo Bilu, já tinham chegado à Palestina em 1882, onde fundaram colônias. 
      A colonização judaica da Palestina deu-se a princípio pacificamente, mas foi vista com apreensão pela população nativa, dado o grande número de estrangeiros que chegava à região, e devido a ideologia predominante entre os árabes a favor da criação de uma "Grande Síria", correspondendo às regiões que hoje são os estados da Síria, Libano, Israel, Jordânia e as regiões da "Faixa de Gaza" e Cisjordânia. Com a intensificação da migração de judeus para a Palestina houve uma escalada de violência na região, com a formação de grupos paramilitares judeus e palestinos. Em 1948, com a Declaração de Independência do Estado de Israel, principia o conflito israelo-árabe.” Fonte 

      “A Guerra dos Seis Dias, também conhecida como Guerra árabe-israelense de 1967, foi o conflito que envolveu Israel e os países árabes — Síria, Egito, Jordânia e Iraque apoiados pelo Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão — entre 5 e 10 de junho de 1967, tendo sido a mais consistente resposta árabe à fundação do Estado de Israel, embora o estado sionista tenha saído como grande vencedor. O crescimento das tensões entre os países árabes e Israel, em meados de 1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas. O conflito de fato se iniciou quando a força aérea israelense lançou um ataque preventivo contra as bases da força aérea egípcia no Sinai (Operação Foco). Israel alegou que o Egito se preparava para fazer a guerra contra a sua nação.” Fonte 
      “O Monte do Templo, juntamente com toda a Cidade Velha de Jerusalém, foi capturado da Jordânia por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, permitindo que os judeus visitassem novamente o local sagrado. A Jordânia ocupou Jerusalém Oriental e o Monte do Templo imediatamente após a declaração de independência de Israel, em 14 de maio de 1948. Israel unificou oficialmente Jerusalém Oriental, incluindo o Monte do Templo, com o resto de Jerusalém, em 1980, sob a Lei de Jerusalém, embora a Resolução 478 do Conselho de Segurança das Nações Unidas declarou que a Lei de Jerusalém violava o direito internacional. O Waqf muçulmano, baseado na Jordânia, possui o controle administrativo do Monte do Templo, cujo cume do Monte Moriá corresponde à região denominada Haram esh-Sherif. No centro, no local onde ficava o antigo templo, existe uma mesquita, chamada de Kubbet es-Sahkra (Domo da Rocha) ou Mesquita de Omar. No centro da mesquita existe uma rocha, onde são feitos sacrifícios.” Fonte 

      Se desejar mais detalhes, por favor utilize os links das fontes para ler os textos originais. 

José Osório de Souza, 23/08/2021

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