Cristão patriota? (2/3)

      “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” I João 2.15-17

      Preocupa-me muito o engano no qual muitos evangélicos brasileiros caíram nos últimos anos. A escolha que fizeram por uma ideologia e um líder político em especial, não só porque isso representa suas predileções para administrar a sociedade, mas porque acham que nessa escolha há aprovação de Deus. Não se acham apenas eleitores, mas enviados para realizar o reino de Deus no Brasil. O perigo de quem coloca Deus em sua escolha é colocar o diabo na escolha oposta, dessa forma para muitos cristãos ser patriota é a mais alta vontade de Deus, e ser patriota do jeito deles. Se é a vontade de Deus não pode ser contrariada, ser patriota é ser cristão de qualidade, nesse grande engano. Jesus não ensinou isso, um bom cristão pode ser um bom cidadão, mas ser um patriota extremado não é necessariamente ser um cristão excelente, patriotismo é coisa deste mundo, cristão tem o foco no outro mundo. 

Patriota ou cristão? (1/3)

      “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mateus 6.24

      A interpretação mais comum é que Mamon significa divindade do dinheiro, assim amar a Mamom é ser avarento, mas podemos aprofundar o ensino. Ser patriota é amar e defender os valores constituídos e tradicionais de um país, a bandeira, o hino, as fronteiras, valores deste mundo, e em si nada há de errado nisso. Mas será que um cristão genuíno poderá ser patriota em toda sua plenitude sem abrir mão de obedecer a Deus totalmente? Não, um cristão poderá ser levado a uma situação onde terá que escolher entre ser patriota e ser cristão. Jesus vai além quando diz, “deixa aos mortos o enterrar os seus mortos, porém tu vai e anuncia o reino de Deus” (Lucas 9.60), dizendo que podemos ter até que negar família para o seguirmos. Infelizmente, muitos que acham que sendo bons patriotas são excelentes cristãos, só têm uma visão distorcida, pela sua rebeldia, de Deus e de seu plano para o ser humano. 

Missão diferente (5/5)

      “Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram; sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos; a ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.14-18

      Por que, como cristão, devo ser diferente? Porque tenho oportunidade para abençoar. Deus chama-nos para sermos instrumentos de luz e paz nas vidas das pessoas, para ganharmos amigos, não combatermos inimigos. Assim mesmo que não possamos nos aproximar muito de alguns, por limites que muitas vezes os outros põem, não nós, podemos orar, do fundo do coração, com fé e amor, iluminando as pessoas. Pessoas que acabamos de conhecer e que podem nos passar um desconforto, não são opositores para odiarmos, mas oportunidades de sermos instrumentos de bênção, eis a chamada daqueles que se colocam como genuínos cristãos, nos moldes do Cristo homem, paciente pacificador e amoroso sempre. 

Vocação diferente (4/5)

      “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” João 18.36

      “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Pedro 1.10-11

      Por que, como cristão, devo ser diferente? Porque sou chamado para a eternidade. O verdadeiro cristão é diferente porque não é deste mundo, não prioriza a matéria, mas o espírito, assim prova vida eterna, não a morte. A morte, assim como as trevas, tem várias facetas, cego o ser não vê, só imagina, e pode basear sua fé em sandices e teorias de conspiração, achando até que está agradando a Deus. Mas aquele que se deixa enganar pela própria arrogância, que gera “diabos” e constrói “infernos”, ainda que se diga defensor do conservadorismo cristão, luta pelo mundo, não pelo céu, portanto, pela morte, não pela vida eterna e espiritual. Esses já recebem aqui a glória que desejam, não a terão lá. 

Conexão diferente (3/5)

      “Eu não recebo glória dos homens; mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” João 5.41-44

      “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.” Romanos 8.31-33

      Por que, como cristão, devo ser diferente? Porque é Deus quem me sustenta. Quem conhece a boa intenção de nossos corações é Deus, quem vê nosso trabalho para pôr em prática, não religião ou ideologia, mas o verdadeiro evangelho de Jesus é Deus, a glória e a aprovação que nos dão paz e satisfação vem de Deus, portanto, se temos uma experiência moral e espiritual veiculada no Santo Espírito devemos ser diferentes para Deus, não para o homem. Os que têm coragem para se postarem assim, calam e não falam, dão a outra face e não reagem a provocações, se veem muitas vezes sozinhos, acompanhados só dos simples e sinceros, mas estão protegidos contra todo o mal e o engano dos mundos. 

Evangelho é diferente (2/5)

      “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” João 1.1-5

      “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” Efésios 1.20-21

      Por que, como cristão, devo ser diferente? Porque o Cristo entregou uma religião diferente. Não pensem que é fácil entender a religião de Jesus, muitos se baseiam no cânone bíblico e seguem mais o judaísmo, o catolicismo e o protestantismo que de fato o cristianismo original e puro do Cristo. Não que as religiões católica e evangélicas não conduzam a Deus, conduzem, principalmente por pregarem o nome singular de Jesus. Mas a pureza do evangelho do Cristo, disponível hoje quando invoca-se o Altíssimo pelo elevado nome do Cristo, verdadeiramente só conhece e experimenta quem quer, quem se liberta da tradição e da aprovação de homens e tem uma experiência íntima no Espírito Santo com Deus.

Jesus é diferente (1/5)

      “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus …os que choram, porque eles serão consolados …os mansos, porque eles herdarão a terra …os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos …os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia …os limpos de coração, porque eles verão a Deus …os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” Mateus 5.3-9

      Por que, como cristão, devo ser diferente? Porque Jesus foi um homem diferente. Que tipo de cristão, que espécie de evangélico, que qualidade de religioso devemos ser? Se queremos saber, olhemos para Jesus, mais até que para a Bíblia como um todo ou para muitos personagens bíblicos. Noé, Abraão, Jacó, José, Moisés, Samuel, Davi, Elias, Daniel, Pedro, Paulo e João, todos são exemplos de seres humanos que viveram perto de Deus, mas eles foram limitados por seus contextos históricos, sociais e religiosos. Jesus, contudo, é atemporal, referência sempre, exemplo a ser seguido, destino a ser alcançado. O amor, a humildade, a paz e a sabedoria de Jesus sempre serão nosso objetivo maior. 

Como chegaremos ao fim?

      “Esquentou-se-me o coração dentro de mim; enquanto eu meditava se acendeu um fogo; então falei com a minha língua: faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil.” Salmos 39.3-4

      Penso que de um jeito ou de outro todos os seres humanos entendem o sentido de suas vidas no final, Deus é justo, concede a todos tempo suficiente para entenderem porque são colocados aqui. Mas isso não significa que todos alcancem a paz devido a esse entendimento, compreender não é aceitar o que se entendeu, muito menos praticar com a melhor intenção. Só com humildade e temor a Deus aceitamos a verdade sobre nós, nossa chamada espiritual, nossa missão existencial, o que podemos ser de melhor e que anexa o céu em nossos homens interiores ainda aqui. Todavia o fim é só o grande efeito de causas que construímos no processo, quem escolheu a humildade perseverantemente achará facilmente a paz no final. 

E se um desejo te fosse concedido?

      “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” João 14.13-14 

      Uma fábula oriental diz que Aladin teve direito a alguns desejos realizados por ter libertado um gênio da lâmpada. Se Deus te concedesse um desejo, o que você pediria? Salomão recebeu de Deus esse direito (II Crônicas 1.7-12), ele não pediu bens mas sabedoria, por isso recebeu também bens. Será que teríamos a sabedoria de Salomão? Sim, pois quem pede sabedoria antes de outras coisas, é porque já a tem, penso que Deus sabia disso, por isso lhe fez uma pergunta tão séria. Será que nós estamos prontos para receber de Deus o que mais achamos importante, temos sabedoria para isso? Talvez nossa passagem neste mundo seja só para isso, entendermos o que é mais importante, quando entendemos podemos partir em paz para o céu. 

Não basta coragem

      “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” Salmos 40.1

      Hoje em dia, com redes sociais e aparelhos celulares com câmeras e acesso a internet disponíveis a todos, muitos acham que basta coragem para serem e fazerem qualquer coisa. Não basta coragem, tem que se ter talento, não basta coragem, tem que se ter a melhor intenção, não basta coragem tem que se ter noção do momento. Aos religiosos podemos tirar lição semelhante, não basta fé, tem que haver vontade de Deus, na origem e no fim. Ouso dizer que o mundo precisa de menos coragem e de fé, contrariando palestrantes motivacionais, autores de livros de autoajuda, assim como pastores e líderes espiritualistas. O ser humano precisa de uma conexão íntima com o verdadeiro Deus, nela ele fará menos, mas de fato o que importa. 

“Siga o dinheiro”

      “Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará. Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.” Salmos 39.6-7

      Para se descobrir a verdadeira intenção de empreendimentos no mundo basta que se siga o que mais importa no mundo, dinheiro. As coisas têm custo, assim precisam ser financiadas, por outro lado as coisas precisam dar lucro, portanto têm objetivo, origem e fim do dinheiro revelarão quem de fato controla o planeta. Não são os políticos que mandam no Brasil, eles trabalham para que um grupo pequeno de ricos, aos quais não importa de que lado sejam os políticos, enriqueçam. Para que alguns recebam, políticos precisam ser eleitos por muitos, na maioria de classe média e baixa, usando o meio ideológico que lhes convêm. Glória espiritual, contudo, só pertence a Deus, dele vem, a ele volta, siga-a e achará o Altíssimo. 

Palavra de vida vive

      “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” João 5.24-25

      É simples, palavra de vida vive, palavra de morte morre. Palavra de vida vem do Altíssimo e produz vida eterna, palavra de morte, ainda que seja religiosa, que use a Bíblia, que defenda o conservadorismo, pode até convencer por um tempo, mas um dia morre levando os que confiaram nela à morte espiritual. Em que palavra temos crido, que palavra temos compartilhado, de vida ou de morte? O obreiro se conhece pela obra que produz, o fruto se colhe pela semente que se plantou. Temos tido coragem de verificar isso no tempo de nossas existências aqui? Ou nosso orgulho, nossa vaidade, nossa covardia, nos têm levado ao engano de nos acharmos vivos, donos da verdade, enquanto estamos mortos por palavra de morte? 

Respeito com escolhas

      “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” Deuteronômio 30.19

      Princípio que Deus respeita é o livre arbítrio, o “diabo”, seja quem for, o “universo”, os “deuses”, as outras pessoas, não têm poder sobre a escolha que um indivíduo faz. Uma decisão que tomamos com vontade, assumida ou não, esclarecida ou não pelo consciente mental, não pode ser modificada a não ser que queiramos. Se Deus respeita livre arbítrio, pessoal e coletivo, muito mais nós devemos respeitar, e não sofrer com escolhas que os outros fazem e sobre as quais não temos poder de mudança. Pode não ser fácil, principalmente quando amamos muito alguém, mas até a escolha de alguém de não nos querer próximos deve ser respeitada em paz, ainda que aguardando que a pessoa mude e nos permita amá-la mais de perto. 

Deus nunca nos desampara

      “Não escondas de mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha salvação. Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá.” Salmos 27.9-10

      Nossa vergonha nos isola, nossa culpa nos lança na solidão, nosso pecado nos põe em trevas, mas ainda que nosso emocional perca a esperança e nossa mente não ache o rumo, Deus nunca nos desampara. Ah, se de fato entendêssemos isso, saberíamos a verdade atrás das crenças no inferno e no diabo, que esses só existem quando os mantemos vivos dentro de nós. Deus é sempre paz, luz e céu, basta que creiamos com humildade. Isso não é, como muitos cristãos alegam, amor divino irresponsável, que “passa pano” em pecador, isso é o maior poder do universo atraindo o ser, o amor do Altíssimo. Quando o amor é respondido o ser deseja ser santo e acha forças para isso, essa experiência nunca acha em Deus impedimento, nunca!

Angústia proporcional à bênção

      “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” Jeremias 29.12-13 

      A angústia, a dor que sentimos, é diretamente proporcional à alegria, à satisfação que sentiremos com a bênção que o Senhor quer nos dar. A dor só revela o tamanho do vazio, e se é grande, grande é o espaço dentro de nós para caber uma bênção. Não nos desesperemos com a angústia, mas busquemos a Deus, muito, profundamente, com todo o nosso coração e a nossa mente, ela é o incentivo que a providência divina usa para que preenchamos nosso interior com uma experiência, com um conhecimento, com um mistério, que o Altíssimo quer nos entregar. Se a fraqueza é imensa é porque estamos tentando manter em nós um imenso espaço sem o Espírito Santo, o único que nos fortalece e nos põe no caminho melhor. 

Só na eternidade saberemos

      “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva seródia que rega a terra.” Oseias 6.3

      Muitos dizem que são espirituais e não são, já os que de fato são, não dizem. Só saberemos quem é espiritual de verdade na eternidade. E você, como se considera, espiritual ou não? Sob um ponto de vista sejamos humildes e não pensemos de nós mais do que somos, por outro lado, sob a luz mais alta de Deus, em nossa intimidade com o Santo Espírito, sabemos o que somos. Já nas trevas nos equivocamos sobre nós, sobre Deus e consequentemente sobre as outras pessoas. Sábio é saber que até nosso último instante neste mundo temos que nos esforçar para sermos melhores, tendo consciência que o objetivo é alto. Mas quem começa a ver a verdade cala-se, tem coração quebrantado, assim como paciente amor com o próximo. 

Não explique, pratique

      “Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.” Filipenses 4.5

      As pessoas não precisam de explicações, de justificativas, de argumentações, elas só precisam de tuas ações, de vida prática. É isso que elas de fato guardarão na mente e no coração por mais tempo, que as fará pensar na vida e que poderá mudar, de alguma maneira, suas existências. Concordo que não é fácil resistir a tentar convencer os outros com palavras, principalmente quando somos carentes, inseguros, ansiosos, mesmo injustiçados, mas esse é o caminho para sermos mais parecidos com Jesus homem, para sermos espirituais. Se esse for nosso objetivo maior, receber glória de Deus, não de homens, acharemos forças para calarmos a boca, amarmos mais e sermos santos e humildes. Isso, contudo, se nos dermos ao trabalho de fazer a coisa certa…

Um novo dia para escolher certo

      “Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.” Salmos 30.5, 5.3

      Neste mundo, habitando a matéria e tendo que administrá-la para sobreviver, evoluir e ajudar os outros, somos confrontados com limites, isso é conveniente à providência divina para que mantenhamos virtudes morais de forma perseverante, não basta ser bom e fazer algumas boas escolhas, temos que insistir nisso até a morte do corpo físico. Mas nisso temos auxílio, o tempo é dividido em noites e dias, em estações, em anos, e nisso nossas emoções são renováveis, desse modo o momento de desesperança e angústia muda para outro onde o Sol nasce e temos a chance de mudar nossas vidas para melhor. Aproveite o início de uma fase e fortaleça-se, noites e invernos seguirão dias e verões, mas que esses te peguem preparado. 

Semeemos no Espírito

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gálatas 6.7-8

      O texto inicial é o que mais me amedronta na Bíblia, lembra-me que Deus e suas leis eternas não podem ser ludibriados, para uma causa ruim há um efeito igualmente ruim. Confesso, contudo, que antes eu tinha uma interpretação mais radical desse texto, baseada em minha personalidade que sente muita culpa, muitas vezes injustificada, mas também no cristianismo tradicional, extremista em tantos aspectos. Ceifar morte não significa, pelo menos não necessariamente, ceifar uma longa condenação, mas significa ceifar ausência imediata de paz quando estamos desconectados de Deus. Isso sempre pode ser revertido, desde que tenhamos vontade, com fé e humildade a vida eterna pode ser experimentada, e assim, paz de espírito.

Glória de Deus

      “Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” João 12.42-43

      Coragem para se satisfazer totalmente só com a glória de Deus. Entenda como glória o reconhecimento intelectual, a honra afetiva, a aprovação social, e muitos até consideram Deus na grande equação do universo e da existência humana, mas não têm coragem para admitir isso. Temem ser interpretados como muitos religiosos são, limitados intelectuais, carentes afetivos, marginais sociais, que acham na ilusão religiosa de pares satisfação maior, desconsiderando lucidez e ciência. Por isso Paulo diz que Deus chama mais fracos e loucos que sãos e normais (I Coríntios 1.26-27), não por serem escravos de vícios e doentes, mas por acharem prazer maior naquilo que Deus, não religiões e religiosos, pensa deles e deseja para eles. 

Fazer o bem com bom coração

      “O Espírito de Deus me fez, a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.” Jó 33:4 

      Os fins não justificam os meios, para que evoluamos não basta fazermos boas obras, temos que fazê-las com a intenção certa. Muitos fazem boas coisas, mas com o coração amargo, rancoroso, frio, outros até possuem bons corações, mas ficam parados, nada fazendo. Fazer o bem até pode ser usado pela providência divina para ajudar os outros, mas se a intenção for errada não ajudará quem faz o bem. Um resumo de qual é a religião de Deus é isso, fazer o bem com um bom coração, e isso só se consegue sendo amigo íntimo de um Deus que sempre é bondoso. Quanto ao resto, tradições, rituais, doutrinas, sacramentos, dogmas etc, são só o resto, para nada servem se não fizermos o bem mais puro com corações profundamente bons. 

Feliz aquele que Deus repreende

      “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.” Jó 5.17-18

      Não é fácil sofrer do jeito certo o momento de disciplina de Deus, primeiro é preciso ter uma conexão real com Deus, depois aceitar que a repreensão é necessária. O que não anda com Deus já está em constante disciplina, mas nem sofre com isso, não quer obedecer o Senhor, andar com ele e para ele e satisfaz-se com as ilusões da matéria, do ego, do mundo. A disciplina de Deus é uma coisa só, desligamento espiritual da luz do Altíssimo, o resto é só consequência de andar em trevas, onde não se sabe onde está nem para onde se vai. Mas mesmo o que ama a luz do Senhor pode sofrer momentos de desligamento, e esse sofre mais que o que anda constantemente em trevas, pois sabe da iluminação que há na luz e da falta que ela faz.

      Deus só disciplina aquele que autoriza ser disciplinado. Autorizamos a disciplina quando dizemos a Deus que queremos fazer sua vontade acima de tudo, assim, se por algum motivo não fazemos, Deus nos dá “um toque” para que nos lembremos da aliança que fizemos com ele. Aceitemos, se nos sentimos longe de Deus, se nos falta luz para fazer as melhores escolhas, quando sabemos o que fazer e temos força para isso, é porque estamos sendo repreendidos. Se passarmos pela repreensão com humildade, vigiando em santidade e amor, sairemos da disciplina mais fortes e amadurecidos. Sei que é difícil, mas devemos nos sentir felizes na disciplina de Deus, prova que ele nos ama, nos respeita e tem algo muito bom para nós.

Em Deus sempre há paz

      “Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra.” Salmos 85.8-9

      Deus tenha misericórdia de nós? Deus sempre tem, no exato momento que acreditamos no seu perdão temos paz, seja qual for nosso erro, na verdade somos nós que temos que ter misericórdia de nós. Isso não significa que não enfrentamos as consequências do erro, mas significa que teremos forças para trabalhar, anulando efeitos ruins através de novas e boas causas. A força para o trabalho é a paz que temos com Deus, sabermos que Deus não acusa-nos e não condena-nos basta para que sejamos fortes para trabalhar. 

      Fé não transporta-nos para o objetivo, só nos permite ver o objetivo melhor, a luz do Altíssimo. O que nos conduz ao objetivo são boas obras, só podemos praticar de fato boas obras fortalecidos pela paz com Deus. Em Deus nunca há inferno, inferno é o que levamos conosco quando queremos fazer qualquer coisa, mesmo boa, sem estarmos em paz com Deus. Paz com Deus acessamos na humildade que admite que não podemos fazer nada de bom sem confiarmos em Deus e tendo como objetivo sua luz mais elevada.

É bom ser bom

      “A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus. Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fruto.” Salmos 85.11-12

      Como é bom agir e falar com bondade, compartilhar gratidão e misericórdia, ser instrumento de paz. Ser bom nos dá forças para sermos mais bom, ainda que o passo inicial para isso exija de nós coragem e fé. Coragem para vencer o medo, as imaginações fantasiosas de nossas cabeças que muitas vezes pensam que as pessoas não valem a pena nosso esforço, que mantém e empodera mágoas que para nada servem. Fé para acreditar no que não se vê e no poder que há na bondade, água limpa que caindo na terra seca faz crescer a flor. Flor que é a alegria nos olhos daqueles que recebem de nós um ato de bondade, flor que é a alegria em nosso coração por ter sido bom. Compensa ser bom, o humilde que teme a Deus experimenta isso. 

Maior é o que serve

      “Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: — Vocês sabem que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Mas entre vocês não será assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vocês, que se coloque a serviço dos outros; e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que seja servo de vocês; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mateus 20.25-28

      No mundo material, o ser humano se esforça, estuda, trabalha e empreende para que um dia possa usufruir prazeres com mais tempo. Dessa forma, se trabalha muito para um dia ter que no mínimo trabalhar menos, para que sobre tempo para aproveitar lazer, divertimento e outros gozos em sua vida pessoal e, no máximo, com seus familiares mais próximos. No plano espiritual, na vocação maior que a eternidade nos revela, serve-se primeiro a si mesmo, crescendo moralmente, limpando-se espiritualmente, para depois servir o outro. O objetivo maior de Deus em nossas vidas é nos formar como servos dos outros, como conselheiros que refletem nas outras vidas a qualidade da iluminação que recebemos de sua luz. 

Só Jesus liberta

      “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8:36 

      João 8.32, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, tem sido usado atualmente por um político como lema, esse texto bíblico mais outras interpretações equivocadas sobre esse político têm levado muitos cristãos a pensar que estão fazendo a vontade de Deus manifestando-se politicamente no Brasil a favor de uma ideologia. A verdade liberta, mas o que é a verdade? Pode ser relativa, diferente de pessoa para pessoa, e em se tratando de verdade religiosa põe cristãos como donos exclusivos da verdade divina e os outros como enganados pela mentira do diabo. João 8.36 esclarece, a verdade que liberta é Jesus, não homens, religiões ou políticos. Só podemos ser livres se libertos por Cristo, por mais ninguém. 

Não andará em trevas

      “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8.12

      Fé! Materialistas, céticos e rebeldes não entendem e se entendem não praticam, mas fé é a chave para a vida eterna, que é espiritual, não material, portanto necessitada de algo que vá além dos sentidos físicos. Experimentarmos momentos de medo e angústia, quando se tem um problema e não se vê solução, é viver, viver é administrar dificuldades e dores. Contudo, achar em Deus a virtude que aperfeiçoa nossos homens interiores que habitarão a eternidade, é escolha que começa na fé. Trevas não desaparecem com a fé inicial, mas nos manda seguir mesmo sem vermos algo, depois Deus ilumina as trevas e nos dá a solução melhor que desconhecíamos. Creia e espere, a luz, que vem de cima para baixo, te esclarecerá e você terá paz. 

Buscai-me e vivei

      “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.” Amós 5.4

      Ter vida de oração não é só prestar relatório do dia a dia a Deus, pedir por necessidades e agradecer por dádivas, isso é certo e bom, mas é mais que isso. Ter vida de oração e de adoração nos conecta a Deus e permiti-nos aprender coisas novas, esse conhecimento vivo e direto do Espírito Santo é a Palavra de Deus que a Bíblia cita. Tal Palavra é mais que versículos bíblicos, é alimento para nossas almas, buscar a Deus é adquirir e manter vida eterna em nossos homens interiores. Muitos estão com a realidade material de suas vidas sob controle, e até possuem vida religiosa e moral em ordem, mas ainda assim estão mortos, porque não se ligam ao Altíssimo pelo Santo Espírito e não recebem diretamente de Jesus palavras de vida eterna. 

Suave palavra

      “Porventura fazes pouco caso das consolações de Deus, e da suave palavra que te dirigimos?” Jó 15.11

      Deus sempre nos dá consolo, entrega-nos paz, ainda que não resolva de pronto uma questão que está preocupando-nos. Se não experimentamos essa providência é porque estamos teimosos e endurecidos, se formos humildes e crentes ouviremos, lá no fundo de nossas almas, uma voz mansa nos dando palavras suaves de consolação. Tenhamos cuidado, não desprezemos essa voz, ela é mais importante que a solução explícita do problema, ela calibra nossa intimidade com o Altíssimo e molda nossas almas no caráter de Jesus, manso e humilde. Deus pode estar esperando que aprendamos a esperar em paz, confiando nele, abrindo mão de qualquer outra glória, para então nos dar a vitória sobre algo que está nos fazendo sofrer.

Grandeza cabe na pequenez

      “Levanta-te, Senhor. O Deus, levanta a tua mão; não te esqueças dos humildes.” Salmos 10.12

      Parece paradoxo para a ótica materialista ou atéia da existência, grandeza só cabe na pequenez, quanto menor o espaço, maior a grandeza, mas refiro-me à grandeza espiritual e portanto moral, e a espaços físicos ou humanos. Quanto maior o ego, a personalidade que busca honra para si e independência de Deus, menor as virtudes morais, a alta espiritualidade, a intimidade com o Altíssimo. Quanto mais humilde o ser, quanto menos honrado por homens, pelo menos no momento presente, quanto menos fama no mundo, mais poderá conter o Espírito Santo e praticar a vontade do Senhor. Grandeza de Deus só cabe nos que se admitem doentes, mesmo loucos, nos pobres, que abrem mão de iluminar para refletir a luz mais alta de Deus. 

Bons argumentos não bastam

      “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.” “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.” Gênesis 6.5, 8

      Nossos argumentos, por melhores que achemos que são, não abrem as portas das cabeças das pessoas. Quem abrem são ações em amor e intenções puras, após abertas as pessoas podem receber em suas mentes nossos argumentos e talvez serem influenciadas por eles. Fins não justificam meios e meios não legitimam fins, não basta ter argumentos esclarecidos com atitudes arrogantes, nem basta agir com educação com objetivos maliciosos, não se queremos fazer e compartilhar a vontade do verdadeiro Deus. Paciência pelo Santo Espírito de Deus, plantando no silêncio e no tempo, é preciso se de fato queremos levar alguém não ao nosso ego, convencendo com o nosso ponto de vista, mais para convencer a nós mesmos, mas conduzir a Deus.