04/08/12

Lidando com inconveniências

        “Então os discípulos de João vieram, levaram o corpo e o sepultaram. Depois, foram contar essas coisas a Jesus. Ouvindo isso, Jesus retirou-se dali num barco e foi para um lugar deserto, à parte; e quando as multidões souberam disso, seguiram-no a pé desde as cidades. Ao desembarcar, ele viu uma grande multidão, teve compaixão dela e curou os enfermos. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora já está avançada; manda embora as multidões, para que possam ir aos povoados comprar algo para comer. Jesus, porém, lhes disse: Eles não precisam ir embora; vós mesmos dai-lhes de comer.
(Mateus 14.12-16)

Sabe a hora errada, aquela hora que você não está preparado para ser social, aquela hora que você quer ficar sozinho, no máximo com esposa e filhos? Sei lá se você acordou torto, estressado, confuso, mas o que você mais precisa é de um descanso, de algum tempo de reflexão, de ficar somente na sua presença e na de Deus.
O texto diz que Jesus retirou-se para um lugar deserto, pode até ser que ele tenha feito isso ciente de que as pessoas, muitas pessoas, se aproximariam dele e esse seria o melhor local para recebê-las, pode ser que tenha sido isso. Mas vamos tentar refletir em cima da possibilidade de que ele se afastou para orar, precisando mesmo de um momento sozinho. Essa possibilidade pode ter sido a real, já que ele tinha acabado de receber a notícia de que João, o que batizava, tinha morrido.
Sim, isso com certeza deve ter apertado seu coração, já que ele sabia que seu fim seria semelhante. Que se diga novamente, que Jesus, mesmo sendo Deus encarnado, naquele momento era carne. Jesus sofria sim, com o medo do futuro, de seus inimigos, tudo que eu e você poderíamos sentir num situação semelhante a dele, ele sentiu. A diferença é que ele não pecou quando sentia isso (na verdade nenhum homem vivenciou o sofrimento que Cristo experimentou, nenhum homem carregou sobre si o pecado da humanidade inteira).
 Mas num momento de dor, de apreensão, de necessidade de estar só, a multidão o procurou, primeiramente para obter cura e ensinamentos e depois para obter alimento. Na segunda necessidade, Jesus até tentou delegar aos discípulos a solução, mas eles não tiveram fé para isso. Então, novamente, Jesus teve que agir pessoalmente em prol das pessoas.
O ponto dessa reflexão é o seguinte: que paciência, que amor, que diligência Jesus demonstrava num momento que para ele poderia ser um grande inconveniente dar atenção às pessoas. E digo mais, num momento tão dolorido, foi quando Jesus realizou um de seus maiores milagres, a multiplicação dos pães e peixes. Novamente Deus se mostra grande na fragilidade.
Se Deus deixar você ser incomodado em um momento de fragilidade, se essa “inconveniência” for permitida por Deus, não vire as costas, faça sua parte, Deus poderá estar querendo realizar através de sua vida um feito espetacular.
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03/08/12

Não impressione, obedeça

        “E, chegando à sua cidade, passou a ensinar o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: De onde lhe vêm essa sabedoria e esses poderes miraculosos?
Não é este o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?
E não estão entre nós todas as suas irmãs? Então, de onde lhe vem tudo isso?
E escandalizavam-se por causa dele. Jesus, porém, lhes disse: É somente em sua terra e em sua casa que um profeta não é honrado.
E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles.” 
Mateus 13.54-58

Sim, é bem mais difícil testemunhar aos parentes, de que para outras pessoas, por dois motivos: primeiro porque eles nos conhecem melhor, sabem de nossos pontos fracos, e no meio de parentes sempre existe uma competitividade; segundo porque nós erramos na dose, pelos mesmos motivos que eles desacreditam em nós, queremos sempre mostrar mais do que somos, queremos impressioná-los.
(Abrindo aspas, ao contrário de que muitos pensam, Maria, mãe de Jesus encarnado, teve mais filhos além dele, gerados em seu matrimônio com José, diferente de Jesus que foi gerado pelo Espírito Santo, Maria foi uma mulher escolhida por Deus, mas uma mulher comum, como tantas outras, sem qualquer capacidade mediadora, capacidade essa propriedade somente de Jesus Cristo, fechando aspas).
Voltando ao tema, Jesus fez o contrário do que nós geralmente fazemos, ao invés de insistir, tentando convencer as pessoas de sua cidade natal de que ele era o unigênito filho de Deus, salvador da humanidade, ele se calou, não realizou muitos milagres no lugar. Essa lição não serve apenas para os parentes, mas para todos aqueles que teimam em não acreditar em nosso ministério.
Não, não insista, o Evangelho não deve ser vendido barato, custou um preço alto demais. Entregue nas mãos de Deus e siga, não alie sua paz à aprovação das pessoas, sejam parentes, sejam quem forem, alie sua paz àquilo que Deus pensa de você. Deus conhece sua sinceridade, para Ele você não tem que provar nada, apenas obedecer.
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02/08/12

Amigo certo para a hora certa

    Amigos são como uma roupa que cai bem, cabem exatamente em nós, não em nosso corpo, mas em nossa alma, num determinado momento. Servem para nos proteger de um frio ou nos ambientar com o calor, e fazem isso de forma absolutamente correta, como uma roupa com o material e o número certo.
Outros, não tão amigos, sempre parecem sobrar ou apertar, nos deixam com frio ou desconfortavelmente quentes, não é que eles não tentam, mas eles não conseguem, não conseguem porque não podem, não podem porque são diferentes demais da gente. Amigos cabem certinho, e nem são todos para todos os momentos, cada um tem seu jeito certo de servir para determinado momento de nossa alma.
Mas um amigo especial é aquele que serve para a maior parte de nossos momentos, são como uma calça jeans velha, combinam com um tênis e uma camiseta em dia de verão, com um sapato social e um blazer numa noite de inverno, até com pés descalços e sem camisa, dentro de casa, vendo televisão. Eu tenho a sorte de ter amigos assim, não são muitos, são certos para a hora certa, a hora que só minha alma sabe do que precisa. Meu mais especial amigo é Jesus.
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01/08/12

Vá com calma

É simples, caminhe com Jesus e compartilhe esse caminho com os outros, sem pressa, sem máscaras, sem se achar melhor que os outros por isso, quando leio os evangelhos fico imaginando como era o andar de Jesus encarnado entre os homens, onde ele ia, com quem ia, como ia, o que falava, como tomava suas refeições, onde dormia, como reagia, como orava, mesmo sabendo o fim que teria, era simples, sem pressa, somente ia, ia com Deus.
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31/07/12

Curando-se do "complexo de super-homem"

      O fato de ser cristão não torna você um super-herói, mesmo tendo como Senhor o Todo Poderoso, se existem coisas que precisam ser mudadas, se tem coisas erradas acontecendo ao seu redor e alguém tem que fazer algo para que a situação seja resolvida, não é você necessariamente que tem que fazer isso, que tem que tomar a frente para efetuar essa mudança, não quando você faz perdendo sua paz, se descontrolando, fazendo inimigos desnecessariamente, se for esse o seu caso, espere em Deus, entregue sua causa pra Ele, deixa que ele lute por você, e não perca a sua paz.
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30/07/12

R-E-S-P-E-I-T-O

    Muita gente tem radicalizado, de uma forma burra e preguiçosa, a defesa do politicamente correto e o combate ao preconceito, de forma que não se pode mais nem ter uma opinião diferente sobre alguns assuntos. A simples diferença é julgada, pelos radicais, como radicalidade. Diga-se de passagem que esses que tentam definir o que é politicamente correto e o que é preconceito nem são a maioria, mas são aqueles que detêm o poder, defendido por uma mídia parcial, manipuladora e comprada (não, não é toda a mídia que é assim, mas infelizmente algumas, e justamente as mais fortes, são assim, e há muito tempo). É essa disposição que tem perseguido evangélicos que lutam, não contra os homossexuais, mas pela liberdade de terem uma posição diferente, a de que homossexualidade pode ser curada. Novamente, citando esse assunto, não vou entrar no mérito dessa cura, isso fica para cada um de nós, diante de Deus, ter uma postura e lutar por ela.
Contudo, esse falso senso de justiça só revela como as pessoas são exageradamente sensíveis com os seus problemas e indiferente com os problemas dos outros. Muitas condições causam dor e vergonha às pessoas, não somente aquela de sexualidade “diferente”, e isso principalmente nas pessoas que se converteram ao cristianismo, que se apresentaram, diante de Deus, arrependidas, e que mediante perdão seguiram numa vida diferente. (Essas sofrem porque sabe que mudaram, que têm outro presente, mas que ainda são perseguidas por seus passados por pessoas insensíveis com a dor alheia). Muitas condições ainda são estigmatizadas numa sociedade contemporânea, só quem vive essas condições sabe dessa angústia.
Dizendo o que não precisava ser dito, mas que muitas pessoas ainda teimam em não entender, ter uma opinião diferente, e lutar por ela, e tê-la em amor, não se impondo seja lá por qualquer espécie de violência física ou mesmo por qualquer tipo de constrangimento emocional. Esse cuidado deve ter principalmente os evangélicos que creem em cura para a homossexualidade, já que em ser evangélico está embutido o amor de Cristo pelo pecador, mesmo que o pecado seja combatido, seja o conceito de pecado o que for. Veja que pode ser considerada violência e constrangimento simples chacotas que se fazem com as pessoas em condição de dor.
Todos, sem exceção, têm suas peculiaridades em termos de dor e fraqueza, mas muitas vezes não entendemos a dimensão dessa dor e dessa fraqueza. Você não sabe a batalha que uma pessoa sincera e munida de caráter tem quando precisou enfrentar desde a sua infância uma condição de homossexualidade, portanto não faça piadinhas sobre gays, cuidado com termos como “bicha” e “sapata” (se alguém se escandalizou, desculpe-me, podemos não gostar de ler, e de ouvir esses termos em um púlpito, mas como os usamos nas rodinhas, como rimos deles nos programas televisivos humorísticos, quanta hipocrisia a nossa...).
Você também não sabe a batalha que pessoas que experimentaram casamentos quebrados tiveram e têm, portanto, e isso digo principalmente aos evangélicos, cuidado ao declarar do alto dos púlpitos que essa condição e de gente promíscua, que se o casamento não durou foi culpa desse ou daquele. Sim, creio num casamento para sempre, mas creio agora, que minha vida está no centro da vontade de Deus, o Senhor sabe as lutas que enfrentei sozinho, nessa área, da tristeza que já vivi quando não via esperança para a minha condição (desculpe-me novamente, agora por abrir o coração).
Pouca gente entende também a agonia que passa aqueles com problemas psiquiátricos, seja uma depressão comum até transtornos mais sérios de personalidade. Esses, até pouco tempo, eram trancafiados em manicômios, locais desumanos, sem afeto, sem higiene, visitei um lugar desses, nos anos 1980, aqui no Brasil, nunca vi nada mais degradante, nem em presídios, quando fazia evangelismo. Até os homossexuais, atualmente, são tratados com mais respeito que esquizofrênicos e maníacos depressivos (usei esse termo ao invés de bipolares, que é a maneira mais atual de chamar essas pessoas, pra chocar mesmo, já que muitos não sabem o que isso significa). Como dói para alguém com essas doenças ser chamado de louco, ser desprezado por ser considerado sem consciência, sem inteligência, mesmo sem sensibilidade espiritual, afinal “são loucos mesmo, quem dá bola para o que eles dizem?”. Preconceito, preconceito, falta de informação, desrespeito, falta de amor, hipocrisia.
Sim, tudo se resume a falta de amor, mas a tal da projeção, que a psicologia se refere, é o que mais acontece, projetamos em outros, o que vemos em nós. Se não nos respeitamos de fato, não podemos respeitar os outros. Quando medimos o tamanho da nossa dor e da nossa vergonha, nós começamos a entender a dimensão da dor e da vergonha do outro. Falta de conhecimento do próximo e falta de conhecimento de si mesmo, nada mais é que outra maneira de chamar falta humildade.
E aí vai, quem sabe a luta que passa um fumante, um alcoólatra? Não, não estou diminuindo o poder do Evangelho, tenho aprendido a crer, mais e mais a cada dia, e meus cinquenta e poucos anos de muita desilusão e equívocos não conseguiram mudar isso, que há poder sim em Jesus, há poder na oração, há muito poder na adoração, que junto do amor é o que durará por toda a eternidade. Há poder que médicos e filósofos não entendem, não provam, há poder, por meio da fé.
Para ter cuidado com os outros é preciso cuidado consigo mesmo, para ter compaixão pela dor alheia e necessária noção da amplitude da própria dor. O cristão maduro pensa antes de falar, nivela-se por igual, nunca maior (e nem menor) que o próximo, sabe que o seu problema é tão importante quanto o problema do outro, que sua causa é tão prioridade quanto a causa do outro. Isso se aprende com o tempo, já desconsiderei muito o meu próximo, já fui insensível com ele, já zombei e menosprezei o problema alheio, mas fiz isso tudo porque desconsiderava a mim mesmo, era insensível comigo mesmo, no meu coração, eu tratava com sarcasmo minha batalha pessoal. Por quê? Eram maneiras de poder viver com o problema, de sofrer menos, maneiras fáceis. Hoje sei que os problemas precisam ser enfrentados de frente, com respeito, mas acima de tudo crendo no ilimitado poder de Deus.
Infelizmente tenho aprendido a não tratar o problema do outro de forma irresponsável, depreciando-o, depois de viver em minha própria carne problemas sérios, de risco moral, psicológico e físico, não, não é exagero meu. Que você não precise passar por tudo isso para simplesmente demostrar pelo outro o amor daquele que deu a própria vida por você, Jesus.
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29/07/12

Deus é o centro

        Nesse humanismo pós-moderno que vivemos nos tornamos egocêntricos, tudo passa a girar em volta de nosso próprio umbigo, é tempo de acordar, de colocar Deus no centro. Profeta de verdade, fala de Deus, não de si mesmo, esse foi tema da pregação de ontem, no congresso de jovens de minha igreja. Anexo a isso um princípio compartilhado a mim por um pastor amigo: não temos que nos preocupar tanto assim com a logística do inimigo, com suas habilidades, mas devemos ter consciência do tamanho do poder de Deus, sua eficácia em desmantelar qualquer força que possa vir a se mover contra os filhos de Deus. Essa é a palavra dessa reflexão, fale de Deus, compartilhe Deus, conheça a Deus, confie em Deus, Deus deve ser o centro de nossa vida, de nosso discurso, de nossa missão, Deus é que importa sempre.
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