segunda-feira, julho 30, 2012

R-E-S-P-E-I-T-O

    Muita gente tem radicalizado, de uma forma burra e preguiçosa, a defesa do politicamente correto e o combate ao preconceito, de forma que não se pode mais nem ter uma opinião diferente sobre alguns assuntos. A simples diferença é julgada, pelos radicais, como radicalidade. Diga-se de passagem que esses que tentam definir o que é politicamente correto e o que é preconceito nem são a maioria, mas são aqueles que detêm o poder, defendido por uma mídia parcial, manipuladora e comprada (não, não é toda a mídia que é assim, mas infelizmente algumas, e justamente as mais fortes, são assim, e há muito tempo). É essa disposição que tem perseguido evangélicos que lutam, não contra os homossexuais, mas pela liberdade de terem uma posição diferente, a de que homossexualidade pode ser curada. Novamente, citando esse assunto, não vou entrar no mérito dessa cura, isso fica para cada um de nós, diante de Deus, ter uma postura e lutar por ela.
Contudo, esse falso senso de justiça só revela como as pessoas são exageradamente sensíveis com os seus problemas e indiferente com os problemas dos outros. Muitas condições causam dor e vergonha às pessoas, não somente aquela de sexualidade “diferente”, e isso principalmente nas pessoas que se converteram ao cristianismo, que se apresentaram, diante de Deus, arrependidas, e que mediante perdão seguiram numa vida diferente. (Essas sofrem porque sabe que mudaram, que têm outro presente, mas que ainda são perseguidas por seus passados por pessoas insensíveis com a dor alheia). Muitas condições ainda são estigmatizadas numa sociedade contemporânea, só quem vive essas condições sabe dessa angústia.
Dizendo o que não precisava ser dito, mas que muitas pessoas ainda teimam em não entender, ter uma opinião diferente, e lutar por ela, e tê-la em amor, não se impondo seja lá por qualquer espécie de violência física ou mesmo por qualquer tipo de constrangimento emocional. Esse cuidado deve ter principalmente os evangélicos que creem em cura para a homossexualidade, já que em ser evangélico está embutido o amor de Cristo pelo pecador, mesmo que o pecado seja combatido, seja o conceito de pecado o que for. Veja que pode ser considerada violência e constrangimento simples chacotas que se fazem com as pessoas em condição de dor.
Todos, sem exceção, têm suas peculiaridades em termos de dor e fraqueza, mas muitas vezes não entendemos a dimensão dessa dor e dessa fraqueza. Você não sabe a batalha que uma pessoa sincera e munida de caráter tem quando precisou enfrentar desde a sua infância uma condição de homossexualidade, portanto não faça piadinhas sobre gays, cuidado com termos como “bicha” e “sapata” (se alguém se escandalizou, desculpe-me, podemos não gostar de ler, e de ouvir esses termos em um púlpito, mas como os usamos nas rodinhas, como rimos deles nos programas televisivos humorísticos, quanta hipocrisia a nossa...).
Você também não sabe a batalha que pessoas que experimentaram casamentos quebrados tiveram e têm, portanto, e isso digo principalmente aos evangélicos, cuidado ao declarar do alto dos púlpitos que essa condição e de gente promíscua, que se o casamento não durou foi culpa desse ou daquele. Sim, creio num casamento para sempre, mas creio agora, que minha vida está no centro da vontade de Deus, o Senhor sabe as lutas que enfrentei sozinho, nessa área, da tristeza que já vivi quando não via esperança para a minha condição (desculpe-me novamente, agora por abrir o coração).
Pouca gente entende também a agonia que passa aqueles com problemas psiquiátricos, seja uma depressão comum até transtornos mais sérios de personalidade. Esses, até pouco tempo, eram trancafiados em manicômios, locais desumanos, sem afeto, sem higiene, visitei um lugar desses, nos anos 1980, aqui no Brasil, nunca vi nada mais degradante, nem em presídios, quando fazia evangelismo. Até os homossexuais, atualmente, são tratados com mais respeito que esquizofrênicos e maníacos depressivos (usei esse termo ao invés de bipolares, que é a maneira mais atual de chamar essas pessoas, pra chocar mesmo, já que muitos não sabem o que isso significa). Como dói para alguém com essas doenças ser chamado de louco, ser desprezado por ser considerado sem consciência, sem inteligência, mesmo sem sensibilidade espiritual, afinal “são loucos mesmo, quem dá bola para o que eles dizem?”. Preconceito, preconceito, falta de informação, desrespeito, falta de amor, hipocrisia.
Sim, tudo se resume a falta de amor, mas a tal da projeção, que a psicologia se refere, é o que mais acontece, projetamos em outros, o que vemos em nós. Se não nos respeitamos de fato, não podemos respeitar os outros. Quando medimos o tamanho da nossa dor e da nossa vergonha, nós começamos a entender a dimensão da dor e da vergonha do outro. Falta de conhecimento do próximo e falta de conhecimento de si mesmo, nada mais é que outra maneira de chamar falta humildade.
E aí vai, quem sabe a luta que passa um fumante, um alcoólatra? Não, não estou diminuindo o poder do Evangelho, tenho aprendido a crer, mais e mais a cada dia, e meus cinquenta e poucos anos de muita desilusão e equívocos não conseguiram mudar isso, que há poder sim em Jesus, há poder na oração, há muito poder na adoração, que junto do amor é o que durará por toda a eternidade. Há poder que médicos e filósofos não entendem, não provam, há poder, por meio da fé.
Para ter cuidado com os outros é preciso cuidado consigo mesmo, para ter compaixão pela dor alheia e necessária noção da amplitude da própria dor. O cristão maduro pensa antes de falar, nivela-se por igual, nunca maior (e nem menor) que o próximo, sabe que o seu problema é tão importante quanto o problema do outro, que sua causa é tão prioridade quanto a causa do outro. Isso se aprende com o tempo, já desconsiderei muito o meu próximo, já fui insensível com ele, já zombei e menosprezei o problema alheio, mas fiz isso tudo porque desconsiderava a mim mesmo, era insensível comigo mesmo, no meu coração, eu tratava com sarcasmo minha batalha pessoal. Por quê? Eram maneiras de poder viver com o problema, de sofrer menos, maneiras fáceis. Hoje sei que os problemas precisam ser enfrentados de frente, com respeito, mas acima de tudo crendo no ilimitado poder de Deus.
Infelizmente tenho aprendido a não tratar o problema do outro de forma irresponsável, depreciando-o, depois de viver em minha própria carne problemas sérios, de risco moral, psicológico e físico, não, não é exagero meu. Que você não precise passar por tudo isso para simplesmente demostrar pelo outro o amor daquele que deu a própria vida por você, Jesus.
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