18/10/12

Secularismos

A palavra secular significa mundano, profano, temporal, secularismos são coisas, costumes, disposições mundanas, profanas, relativas ao tempo desse mundo (a esse século, por isso secularismo). Um secularismo não é necessariamente algo ligado aos desejos carnais, aos apetites do corpo, às obras da carne, citadas em Gálatas 5.19-21: 

        “As obras da carne são evidentes, a saber: imoralidade, impureza e indecência; idolatria e feitiçaria; inimizades, rivalidades e ciúmes; ira, ambição egoísta, discórdias, partidarismo e inveja; bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a essas, contra as quais vos previno, como já vos preveni antes: Os que as praticam não herdarão o reino de Deus.”.

Podemos encontrar pessoas diluídas em secularismos vivendo uma vida aparentemente “santa”, limpa, livre, mas isso só acontece a princípio, se não tem Deus, certamente perderá o controle, será sujo pelo pecado, se afastará das coisas boas e certas. Isso porque essas obras são consequências de uma disposição pecaminosa para a qual Deus mesmo entrega aqueles que se afastam dele. Secularismos seriam causas, não consequências, como diz-nos Romanos 1.28: “Assim, por haver rejeitado o conhecimento de Deus, foram entregues pelo próprio Deus a uma mentalidade condenável para fazerem coisas que não convêm”.
O grande perigo dos secularismos é que eles vêm disfarçados de valores religiosos, e como tais, invadem de maneira sutil a igreja. Como já foi dito em outra reflexão (“Jesus, o único intercessor”), quando Deus é afastado da comunhão, quando ele morre nos corações dos homens, são enfatizados o culto às coisas, às pessoas e aos lugares. A devoção cega a qualquer princípio, e não à pessoa de Deus, mesmo que esse princípio tenha vindo originalmente de Deus, mesmo que seja religioso, pode ser um secularismo, que se preserva quando é transformado em tradição. Como tal, não traz vida, libertação, transformação, mas apenas esconde a morte. O que é morrer? É afastar-se de Deus, mesmo estando vive o corpo, já que viver é conhecer a Deus: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste.” (João 17.3).
Vida espiritual não é fazer parte de uma igreja, obedecer princípios éticos de uma religião dita cristã (ou outra qualquer), não é ser bom e praticar o bem, não é só isso. Viver espiritualmente é caminhar com Jesus conhecendo-o, tendo comunhão com ele, diálogo, ouvindo-o e falando com ele, numa amizade eterna. Essa comunhão pessoal com Deus tem como consequência uma comunhão, em amor e humildade, com as outras pessoas, e uma ligação santa e frutífera com uma igreja verdadeira de Jesus.
Como também já dissemos na outra reflexão citada acima, os secularismos entram na igreja de maneira sutil porque parecem coisas espirituais. O que é mais próximo das coisas espirituais que as artes e a filosofia? Elas parecem estar num nível mais alto que as coisas tradicionalmente entendidas como carnais. Verbalizar uma reflexão profunda sobre a existência, mesmo que ela pouco tenha a ver com os ensinamentos de Jesus, parece muito mais espiritual que se embriagar com vinho. Apreciar a sofisticação de uma sinfonia, o virtuosismo de um violinista, parece muito mais espiritual que fazer uma orgia. Repetindo, por parecerem espirituais, os secularismos podem invadir a igreja de maneira sutil.
Os secularismos são maneiras enganosamente elevadas e mesmo puras, de afastarem-se de Deus aqueles que arrogantemente se acham superiores, refinados, cultos. Mas na prática levarão o homem para o mesmo lugar, para as obras da carne descritas em Gálatas 5.19-21 já que é Deus quem entrega tais homens a tais obras, como diz Romanos 1.28-32.
Entristeço-me ao ver que muitos, afastados de Deus e sem coragem de assumir isso, tornam reuniões sociais e clubes fechados, em igrejas, fazem de filosofias e literatura, sua Bíblia, e encontram nas bebidas e nos banquetes, “unção” e alegria. Esses nem louvam mais o Senhor, não oram mais pedindo milagres, já que em suas jactâncias, se acham superiores, experientes, melhores, em posição de a tudo julgar e por ninguém serem julgados.
O secularismo não é mal que sofre aquele que nunca conheceu o Evangelho, o não convertido, mas ele aflige o desviado, aquele que experimentou Jesus como salvador, mas se afastou dele porque não quis abrir mão dos valores humanos, da religião do ego. Mas se os secularismos podem se confundir com os valores espirituais, como podemos discerni-los? Bem, nada resiste ao tempo, o que é mal, falso, que não é de Deus, sempre é revelado e revelado mostra a vida perdida que o desviado realmente tem. Contudo, mesmo que a máscara fique sobre a vida do desviado por algum tempo, esse não pode dar frutos, já que sem Deus não existe frutos espirituais. O secularizado pode falar e falar, e falar bem, mesmo conhecer a Bíblia, toda ela, mas ele não pode viver os ensinamentos de Deus, já que seu coração está inchado com o seu próprio orgulho e não cheio do Espírito Santo.
Contudo, mesmo aquele que está longe de Deus e não admite, pode provar uma vida de prosperidade material, de proeminência nesse mundo, e isso por muito tempo. O sol paira sobre justos e injustos, como diz o livro de Eclesiastes, com trabalho, seja ele honesto ou mesmo não tão honesto assim, o homem terá sua honra nessa vida. Mas isso não significa que ele esteja fazendo a vontade de Deus, provando a vida realmente abundante que o Senhor planejou para o homem no calvário. Não nos enganemos com as coisas externas, visíveis, os secularismos fornecem maneiras bem sofisticadas de maquilar a vida das pessoas de maneira que o errado pareça certo, que a perdição pareça vitória.
Prefira o bom e velho Evangelho, que por ser bom, tornou-se velho, mas que ainda pode renovar os homens, lhes dar novidade de vida, nascer de novo todos os dias dentro daqueles que preferem a palavra pura e quente que é a verdade, ao invés dos ensinamentos mornos e fermentados do secularismo, que não trazem nenhum proveito. Mesmo que possamos aprender muito com a literatura desse mundo, com as filosofias, com as artes, elas não podem e não devem substituir a unção que Deus nos dá através do Espírito Santo, quando lavados pelo sangue do cordeiro, nos colocamos totalmente disponíveis aos pés do Senhor.
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17/10/12

Antes de falar, purifique seu coração

Então os fariseus e os escribas lhe perguntaram: Por que os teus discípulos não vivem segundo a tradição dos anciãos, mas comem pão sem lavar as mãos? Jesus lhes respondeu: Hipócritas, bem profetizou Isaías acerca de vós, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Abandonais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.” (Marcos 7.5-8).

“Hipócritas!”, você teria coragem de dizer isso na cara de alguém e em sã consciência ainda se sentir espiritual, em paz? Evitamos dizer a verdade, muitas vezes, porque não sabemos dizê-la com amor e com autoridade do Espírito Santo. Pior ainda, muitos acham que verdades assim não devem ser ditas, que não é “espiritual” fazer esse tipo de confronto, que isso é coisa da “carne”.
Pois bem, Jesus dizia essas verdades na cara de seus opositores, sem medo, sem indiretas, mas ele sabia e podia dizer isso, pois o fazia cheio de temor a Deus, munido de autoridade espiritual, e acima de tudo abundando em amor. Por que ele conseguia dizer coisas assim do jeito certo? Porque ele não dizia com o coração cheio de ira, de ódio, de revolta humana, por se sentir desprezado ou ofendido.
O mesmo texto de Marcos 7 nos mostra porque era legítima a autoridade de Jesus, nos versículos 21 ao 23: “Pois é de dentro do coração dos homens que procedem maus pensamentos, imoralidade sexual, furtos, homicídios, adultérios, cobiça, maldade, engano, libertinagem, inveja, blasfêmia, arrogância e insensatez. Todas essas coisas más procedem de dentro do homem e o tornam impuro.”.
Dentro do coração de Jesus não havia motivações erradas, justiças equivocados, rancores encobertos, mas a genuína vontade de Deus que lhe permitia ter sabedoria para ficar calado, quando era necessário, e repreender na cara, sem meias palavras, quando era preciso.
Quer ter essa coragem? Antes de colocar palavras na boca, purifique seu coração, com perdão, oração e adoração, autoridade espiritual não é pra qualquer um, se não a tiver, é melhor que fique calado. Jesus não lutava por interesses pessoais, egoístas, mas lutava pelo cumprimento da vontade de Deus, por isso podia dizer o que era preciso.
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16/10/12

"Senhor, livra-nos da ingratidão"

        “Onde quer que Jesus entrasse, nos povoados, nas cidades ou nos campos, levavam os doentes para as praças. E rogavam-lhe que ao menos lhes permitisse tocar a borda do seu manto; e todos os que a tocavam eram curados.” Marcos 6.56

Como temos fé fácil para receber aquilo que nos convém, principalmente se tratando de bênçãos materiais, cura de enfermidades, recebimento de bens. Onde estava todo esse povo que foi curado quando Jesus foi crucificado?
Então Pilatos, querendo agradar a multidão, soltou Barrabás. E, tendo mandado espancar Jesus, entregou-o para ser crucificado.” (Marcos 15.15).
No meio dessa multidão que pediu a crucificação de Jesus, dificilmente não estariam pessoas que sabiam dos milagres que Jesus tinha feito, que ao menos conheciam alguém que tinha sido curado por Jesus, mesmo que tivessem recebido na própria carne uma atuação poderosa de Cristo. Mas se existiam essas pessoas, elas não se lembraram do bem que tinham recebido naquele momento e aprovaram a morte de um inocente.
“Jesus, novamente te peço, livra-me da ingratidão.”

15/10/12

Compaixão e gratidão

        O texto de Marcos 6.30-44 relata a primeira multiplicação de pães e peixes, não, eu não farei um estudo detalhado sobre essa passagem dando ênfase ao milagre, contudo, gostaria de salientar duas lições desse texto.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.” (Marcos 6.34).
A 1ª lição tem a ver com a compaixão de Jesus, Jesus sentia dor pela dor dos outros, ele sofria ao constatar a perdição, a angústia das pessoas. Essa compaixão era maior que seu cansaço físico, que sua fome, que o estresse que seu ministério com certeza lhe causava. Num momento em que ele e os apóstolos deveriam estar descansando, ele teve sensibilidade e forças para sentir a dor das pessoas e ajudá-las. Não há limite para o amor de Jesus, mesmo num tempo em que ele estava encarnado e como carne poderia ter seus limites.
E, tomando os cinco pães e os dois peixes, Jesus ergueu os olhos ao céu, abençoou os pães e os partiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem; e também repartiu os dois peixes para todos.” (Marcos 6.41).
A 2ª lição é que Jesus, diante de um problema insolúvel humanamente falando, não clamou por um milagre, ele só agradeceu e abençoou o que tinha nas mãos, o milagre simplesmente aconteceu, de maneira natural. Que fé. Ajudamos as pessoas, mas elas que não venham nos atrapalhar em nossos momentos de descanso, nossa compaixão tem limites. Pedimos um milagre, mas como é menor nossa intensidade emocional depois que recebemos a bênção e temos que agradecer por ele, como é menor nossa gratidão, muitos vezes negligenciada.
Compaixão e gratidão, que às vezes esquecemos de exercer, eram abundantes naquele que deu a própria vida por milhões de pecadores insensíveis e ingratos como nós, que Deus tenha misericórdia de nós.
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14/10/12

Eu gosto de você e ponto!

‎"Eu gosto de você, mas...", quando amamos não existe "mas", quando amamos perdoamos, esquecemos, não nos lembramos mais daquilo que nos magoou.

Não damos perdão condicional, "só se for pedido com descrição detalhada do mal que nos fizeram", na verdade arredondamos a dor e magnificamos o carinho facilitando a reaproximação.

Quando amamos não existe "do meu jeito", mas do jeito da pessoa amada, abraçamos o que a pessoa tem de melhor e nos esquecemos, apaixonadamente, do resto.

"Eu gosto de você" e ponto, sem "mas", se não for assim é mais sincero assumirmos que não queremos mesmo é perdoar, que não podemos amar...
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13/10/12

Sobre coerência

‎"No entanto, pouco me importa se sou julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo. Pois, embora eu esteja consciente de que não há nada contra mim, nem por isso me justifico, pois quem me julga é o Senhor.
Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os motivos dos corações. Então cada um receberá seu reconhecimento da parte de Deus." (I Coríntios 4.3-5).

Não espere reconhecer coerência em você, aquele que não tem coerência em si mesmo, quem se olha errado, vê tudo errado. Muitos, não cristãos de "carteirinha", que não estão debaixo do padrão que os cristãos acham que sejam cristãos, possuem mais coerência que os próprios cristãos, contudo, ser coerente não é necessariamente seguir a Jesus, mas é sentir, falar e viver a mesma coisa.
Mas quem de nós pode ser assim, humanos como somos, quem pode realmente ser coerente em tudo, sempre? Talvez incoerência seja a maior característica do homem, sintoma da luta interior que ele carrega, a luta entre o que ele é e o que ele pode ser. Mesmo quem acha que pode simplesmente ser, livre de qualquer obrigatoriedade, encontra dificuldades nisso, caso contrário a paz seria possível sem Deus.
Quanto a mim luto para ser o que Deus quer que eu seja, nessa luta não estou só, tenho o Espírito Santo ao meu lado.
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12/10/12

Jesus: o único intercessor

        “Paulo, chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça e paz sejam convosco, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” (I Coríntios 1.1-3).
Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. Ele se entregou em resgate por todos, para servir de testemunho a seu próprio tempo. Digo a verdade, não minto, para isso fui constituído pregador e apóstolo, mestre dos gentios na fé e na verdade.” (I Timóteo 2.5-7).

O assunto que vou tratar nessa reflexão é um assunto polêmico, você que é um católico sincero, saiba que não estou julgando seu coração, isso compete a Deus. Contudo, você precisa saber que o que será falado está na Bíblia, milhares de cristãos, de todas as épocas, em todo o mundo, acreditam nisso. Peço-te, por favor, tente ler o texto até o fim. Entenda, não insistimos nesse ponto para criar qualquer tipo de rixa, isso não é pessoal, mas o fazemos por sabermos da seriedade do assunto, já que o posicionamento errado divide o poder, que é somente de Jesus, com homens, mulheres, coisas e lugares.

A palavra “kadosh”, que aparece no Antigo Testamento em hebraico, significa santo, sagrado, separado, puro. Ela é utilizada para designar Deus assim como um indivíduo consagrado para uma determinada finalidade religiosa. No Novo Testamento a palavra aparece em grego, “hágios”, e se refere também a aquele que se converte ao caminho de Jesus, logo, todos os que decidem ser filhos de Deus, que optam por Jesus, são santos. Essa é a doutrina bíblica.
Santo sou eu, é você, que é filho de Deus, não temos, seja em vida ou em morte, qualquer poder para interceder pelos homens, e isso ocorre com todos os que viveram, morreram, viverão e morrerão em Cristo. Mesmo tendo escrito textos bíblicos fundamentais para o cristianismo, Paulo, Pedro, João e outros, em nada diferem de mim e de você, que caminhamos com Jesus. Isso também é válido para Francisco de Assis, Maria Madalena ou Maria mãe de Jesus. Repetindo, essa é a doutrina bíblica, se você se der ao trabalho de ler a Bíblia e estudá-la, fará essa constatação. O homem tem duas tendências, elas facilitam a vida daqueles que não querem ter uma experiência espiritual diretamente com Deus através de Jesus. A primeira delas é acreditar naquilo que se pode ver, delegar poder a um deus visível, tocável, controlável. 
A outra tendência nem precisa que esse falso deus seja visível, em uma imagem, etc, basta que seja alguém proeminente, que se torna, após sua morte, um ídolo. Se isso ocorre com Elvis Presley e com John Lennon, ídolos mundanos da área musical, porque não ocorreria com ícones cristãos e principalmente com a própria mãe carnal de Jesus? Seja “são” Elvis, “são” José ou qualquer entidade dita espiritual, esses não têm qualquer capacidade para intercederem, diante de Deus, pelos homens, essa capacidade somente Jesus tem. Mesmo que Deus conheça a sinceridade de cada coração, a intenção, na prática, quando se levanta um clamor a um dito “santo”, se está rezando para uma entidade espiritual do mal, porque a pessoa que o tal santo está ligado, não pode ouvir tal oração. Os vivos não podem se comunicar com os mortos, seja o morto quem for. 
Não, a questão não é nem a figura no papel, que muitos dizem que é apenas uma lembrança de alguém que se ama, assim como uma fotografia que se guarda na carteira da mãe e do pai. A questão é o valor que se dá no coração. Quem lê o antigo testamente, sabe quanto o povo de Israel sofreu por ter colocado deuses pagãos no lugar de Deus. Quem estuda história universal também sabe do sincretismo, de interesse político, que houve quando a religião romanista passou a ser a religião oficial do império, sincretismo entre uma deusa pagã da fertilidade e uma figura feminina importante do cristianismo. O texto abaixo foi retirado da página “A adoração da Mãe e do Filho” (se puder, leia o texto na íntegra no link):

Um dos melhores exemplos de tal transferência do paganismo, pode ser visto na maneira como a igreja professa permitiu que o culto da grande mãe continuasse – somente um pouquinho diferente na forma e com um novo nome. Veja você, muitos pagãos tinham sido trazidos para o cristianismo, mas tão forte era sua adoração pela deusa-mãe, que não a queriam esquecer. Líderes da igreja comprometidos viram que, se pudessem encontrar alguma semelhança no cristianismo com a adoração da deusa-mãe, poderiam aumentar consideravelmente o seu número. Mas, quem substituiria a grande mãe do paganismo? E claro que Maria, a mãe de Jesus, pois era a pessoa mais lógica para eles escolherem. Ora, não podiam eles permitir que as pessoas continuassem suas orações e devoções a uma deusa-mãe, apenas chamando-a pelo nome de Maria, em lugar dos nomes anteriores pelos quais era conhecida? Aparentemente foi este o raciocínio empregado, pois foi exatamente o que aconteceu. Pouco a pouco, a adoração que tinha sido associada à mãe pagã foi transferida para Maria.
Mas a adoração a Maria não fazia parte da fé cristã original. É evidente que Maria, a mãe de Jesus, foi uma mulher excelente, dedicada e piedosa – especialmente escolhida para levar em seu ventre o corpo de nosso Salvador – mesmo assim nenhum dos apóstolos nem mesmo o próprio Jesus jamais insinuaram a ideia da adoração a Maria. Como afirma a Enciclopédia Britânica, durante os primeiros séculos da igreja, nenhuma ênfase, fosse qual fosse, era colocada sobre Maria. Este ponto é admitido pela “The Catholic Encyclopedia” também: “A devoção a Nossa Bendita Senhora, em última análise, deve ser olhada como uma aplicação prática da doutrina da Comunhão dos Santos. Vendo que esta doutrina não está contida, pelo menos explicitamente, nas formas primitivas do Credo dos Apóstolos, não há talvez qualquer campo para surpresa de não descobrirmos quaisquer traços do culto da Bendita Virgem nos primeiros séculos cristãos”, sendo o culto de Maria um desenvolvimento posterior.”

Na verdade, quando se admite a possibilidade de que se pode rezar para um “santo”, autoriza-se as práticas espíritas, kardecistas ou afros, que dizem poder entrar em contato com os mortos através dos médiuns, é tudo a mesma coisa (lembre-se de todo o sincretismo religioso que existe entre os “santos” romanistas e as entidades afro-espíritas, Santa Bárbara e “Inhansã”, por exemplo).
Infelizmente existe um caminho que vai para o abismo espiritual, e que é consequência de quem se afasta do Deus vivo, se afasta e não tem a coragem de negar totalmente os valores da “religião” de Deus. (Qual é a religião de Deus? Jesus é a religião de Deus). Quando deixa de se respeitar, adorar e celebrar a Deus, passa a se respeitar, adorar e celebrar as coisas e os lugares, cria-se ritos e rituais. Que coisa é mais significativa no cristianismo que a cruz? Ela representa todo o sacrifício que o filho de Deus teve que fazer para se tornar o salvador da humanidade.
Mas não somente a cruz é reverenciada como objeto de poder, também o copo que Jesus usou na última ceia, chamado de “santo graal”, o manto que cobriu Cristo em seus últimos momentos, o “santo sudário”, e aí vai. A reaquisição de muitos desses objetos, foi motivo das guerras chamadas “santas” ou cruzadas, que os europeus fizeram contra os turcos muçulmanos que controlavam a Palestina entre os séculos XI e XIII. Mas não somente os objetos, mas os lugares por onde Jesus passou durante sua vida encarnada ganharam alguma capacidade propiciatória de intercessão e de evolução na vida daqueles que não querem se aproximar única e exclusivamente de Deus através de Jesus.
 Quando Deus “morre” para uma religião, não resta outro caminho senão o de delegar poder às coisas, aos objetos e aos lugares, isso também tem acontecido com supostas igrejas evangélicas dos tempos atuais, que chegam ao cúmulo de usar ícones de religiões espíritas africanas, como a vela, o sal grosso, o copo d´água, como símbolos de poder para ser obter algo. Quando o sacrifício de Jesus perde sua capacidade de purificação, novos sacrifícios têm de ser feitos, novos altares têm de ser construídos, seja de supostos “cristos”, de animais, ou de sei lá o que.

Se você não concorda com essa reflexão, por favor, não se sinta ofendido, Deus conhece seu coração, Ele é o único que pode julgar a todos com justiça, contudo, você precisa saber que tudo isso está na Bíblia, isso é a vontade primeira e pura de Deus. Jesus, só ele, mas nada e nem ninguém, nem novas encarnações, nem qualquer outro tipo de intercessão ou evolução, de reza ou de magia, podem fornecer ao homem o perdão dos pecados e o direito de morar com Deus na eternidade.
Mesmo que você tenha consciência de que sua igreja tem suas imperfeições, não use isso como desculpa para ficar por lá para sempre, porque seus pais são assim e você também tem que ser. Não que exista uma igreja perfeita, mas existem muitas igrejas cristãs nesse mundo, e pode ter certeza que existem igrejas bem próximas da real vontade de Deus para sua vida. Sim, o que importa é o seu coração, mas talvez você esteja fraco e desanimado porque está lutando sozinho numa batalha que você pode lutar junto com outras pessoas, que como você, querem servir a Deus em sinceridade e em verdade.
A filosofia tem ganhado algumas batalhas intelectuais contra o cristianismo, justamente porque muitos cristãos insistem num cristianismo equivocado, que interfere nos poderes políticos e financeiros do mundo, assim como despreza, de maneira irracional, as descobertas científicas. A Bíblia nunca se propôs a ser um livro científico, é um texto atemporal para orientar o homem na busca e no conhecimento espiritual de Deus. O cristão precisa ter crítica, não se deixar levar pelos poderes desse mundo, e que poder mundano é pior que aquele que se coloca dentro da igreja, de forma secreta e tendenciosa, tendo como objetivo ter supremacia nesse mundo, nada tendo a ver com o reino dos céus.
Se isso te incomodou de alguma maneira, pense no assunto e fale com Deus a respeito, mas esteja pronto para mudanças reais, acredite, Deus tem o melhor pra você.
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