07/11/12

Um caminho

  Algumas pessoas passam a vida apaixonando-se por teorias, querem se casar, mas não se arriscam em um relacionamento até as últimas consequências, querem uma religião, mas só leem livros de autoajuda e tratados teológicos, filosóficos ou espiritualistas, nunca experimentam a prática das teorias. Gente assim não acha a felicidade, seja nas relações humanas ou nas religiões, seja qual for a religião, seja qual for a relação... Gente assim, não admite, mas acha que já sabe o suficiente, gente assim não se expõe a maior aventura do homem: errar e aprender com o erro. Quer achar a verdade? Escolha um caminho e vá até o fim dele, qualquer um. Se você se decepcionar, saberá que esse caminho não é o melhor, então escolha outro e faça a mesma coisa. Essa maneira, a maneira de provar pra saber, é científica, é cansativa, é demorada, mas pode levá-lo a um lugar. Contudo, muito mais feliz é o que crê sem ver, sem saber, bem, esse é o caminho do Evangelho...

E Jesus lhe disse: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20.29)

Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim.” (João 14.6).
                                             
Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando ampliares minha compreensão.” (Salmos 119.32).
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TEMPO = PECADO

     O tempo é uma referência que existe por causa do pecado. (Pecado é um termo meio complexo para se definir, mas entenda-se como sendo qualquer erro de percurso que o homem comete, que lhe causa culpa, seja um erro consequente de uma fraqueza da carne ou de qualquer outra opção que ele fizer, que o desvia, de alguma maneira, do ideal de vida que Deus tem pra ele. Qual o nosso ideal de vida? Jesus Cristo, esse é o ideal.)
O homem passou a envelhecer porque passou a morrer, e passou a morrer porque pecou. Consequentemente com o pecado, passou-se a sentir o tempo passar, passou-se a contá-lo. Com o tempo inventamos a comparação e a valoração das coisas, em muitos sentidos e é claro, de forma equivocada: “os mais jovens têm mais saúde, já que viveram menos”, “os mais velhos são mais sábios, porque viveram mais tempo”, “eu vivi com aquela pessoa há alguns anos, eu a conheço bem”, “acabei de conhecer tal pessoa, acho que ela sempre foi assim”. Como nos equivocamos com o tempo quando nossas emoções estão excitadas, na angústia, o tempo parece não passar, é assim na saudade, na espera. Quando estamos vivendo uma experiência prazerosa, pra nós, o tempo parece parar, mas quando olhamos o relógio, vimos que o tempo passou rapidinho. Quem já não experimentou um momento único no tempo, quando tudo parece ficar congelado, eternizar-se? Momentos assim ficam marcados em nossas memórias para sempre. Na infância o tempo parece passar lentamente, mas à medida que envelhecemos, o tempo corre.
Como não existe tempo para Deus, os conceitos que o Espírito Santo compartilha com o nosso espírito muitas vezes não são entendidos por nós. Nós, seres humanos encarnados, estamos intrinsecamente amarrados ao tempo (e ao pecado). Mas é preciso buscar em Deus um esclarecimento para que entendamos as coisas espirituais, ensinadas a nós por um criador eterno, atemporal e que é sempre o mesmo.
      A primeira coisa que muda em nós, quando entendemos isso, e a interpretação que fazemos dos textos bíblicos. É óbvio que registrada por homens, mesmo que inspirada pelo Espírito Santo, a Bíblia relata eventos históricos, ligados à moral e aos costumes de tempos diferentes, relativos aos fatos. Mas se olharmos com os olhos espirituais, veremos que isso não é relevante. Percebemos isso quando a Bíblia fala, por exemplo, do papel da mulher nas sociedades, assim como dos escravos, assuntos tão temporais. Não, os textos bíblicos não orientam qualquer tipo de revolução contra essas arbitrariedades (nem orienta que não se faça tais revoluções, a Bíblia na verdade não trata de política, de sociologia ou de qualquer outra ciência). A Bíblia ensina, porém, que em qualquer sociedade, mesmo que pareçam injustos aos nossos olhos modernos, os costumes podem ser vividos e ainda assim termos uma experiência com Deus, sermos abençoados por ele, protegidos contra qualquer espécie de injustiça. É indiferente, Deus que sempre tem um conhecimento de tudo de cima, além do presente, além do pecado, além do tempo, sempre sabe o que importa, e também o que não importa. A rebeldia, a incredulidade, o pecado, depois da queda do homem, sempre existiu, e existirá até o momento final dessa criação. O remédio para tudo isso é o nome de Jesus, o cordeiro de Deus que foi sacrificado por toda a humanidade.
Mas essa referência temporal confunde muitos fundamentos importantes para a nossa saúde espiritual, vou citar alguns exemplos. Pecado não tem tamanho e nem duração, ele pode ser perdoado de maneira que as consequências emocionais e espirituais dele sejam apagadas, não sendo mais empecilho para qualquer atitude positiva de Deus em nossas vidas. Contudo, isso não significa que não haverá consequências no mundo material, parece óbvio, um erro que diz respeito à matéria só pode mesmo causar problemas à própria matéria. Mas Deus, em sua graça, ameniza mesmo as consequências ruins de nossos erros nesse mundo material.
     Se não errar é um dever, também temos o direito às bênçãos de Deus, quando agimos de maneira correta (mesmo quando erramos, as misericórdias de Deus nos guardam até o ponto que isso não nos torna irresponsáveis). Esse direito também não é relativo à extensão do tempo que andamos corretamente. Lembremos-nos da parábola do filho pródigo, o filho que se rebelou e passou algum tempo gastando-se nas fraquezas e sujeiras da carne, mereceu tanta alegria do pai, é claro que depois dele se arrepender e voltar para a casa, quanto o filho que nunca tinha deixado o lar. Ao contrário, nesse exemplo, o tempo revelou aquilo que estava no coração do filho que aparentemente era obediente, ele era vaidoso, fez o que fez, no tempo que fez, com as intenções erradas, e teve muita inveja do irmão que voltou arrependido. É triste quando uma pessoa está cega de uma maneira, que não consegue se alegrar com a alegria de quem se arrepende e volta à casa do pai, é triste quando a inveja escraviza o coração do homem com rancor, que só faz mal a quem sente, e que acaba anulando toda uma vida de suposta fidelidade.
O tempo também pode ser usado para acorrentar o homem, encarcerando-o a uma disposição do passado, a alguém que ele foi e não é mais. Quantas vezes nós encontramos alguém, que conhecemos há muito tempo e que cometeu um erro em sua vida. Nós não queremos saber se esse alguém mudou, como está a vida dele agora, no presente, mas olhamos essa pessoa com olhos do passado. Vemos tal pessoa da maneira como ela era há tantos anos atrás, nós a condenamos a uma eterna disposição de erro (o que é mais próximo ao inferno que ser condenado por toda a vida por um erro que já reconhecemos e deixamos de cometer?). Essa pessoa pode estar mudada, ter se arrependido, pago um preço alto pelo erro que cometeu, e depois disso tudo ser, agora, outra pessoa, diferente, melhor. Mas os nossos olhos, como são olhos do passado, como são olhos injustos, como padecem da ótica espiritual, da ótica de Deus, da misericórdia, da esperança de que algo pode mudar com o tempo, e para melhor.
     Acredito que o melhor que se tem a dizer sobre o tempo, para quem se posiciona como cristão, é: não dê atenção a ele, enxergue a vida com os olhos espirituais, disponha-se em Deus, através do Espírito Santo, e esteja sempre pronto para entender e receber as coisas e as pessoas com benignidade, com misericórdia, com fé, esperando sempre o melhor, desejando a paz. Passe o sangue de Jesus no tempo e apague os erros, seus e dos outros.
As pessoas estão tão ocupadas, nos dias atuais, com estética, com beleza, do corpo, dos cabelos, com saúde, pagam altos preços nas cirurgias plásticas, nas academias e nos salões de beleza, mas mesmo assim envelhecerão e ficarão menos belas. Quer ser jovem para sempre, belo para sempre? Não deixe que o tempo passe, mas isso não pode acontecer no corpo, somente no espírito. Tenha certeza, porém, de que seu espírito for jovem, for gracioso, estiver limpo pelo sangue de Jesus, e se ele enxergar as pessoas com a mesma graça, sua alma e seu corpo receberão as bênçãos decorrentes, o tempo não parará, isso é impossível de acontecer, mas ele será mais lento, você começará a viver a eternidade aqui, nesse mundo material.

"E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste.João 17.3
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06/11/12

Alegrai-vos com os que estão alegres

        ‎"Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram." Romanos 12.15

        Algo está muito errado com a nossa vida quando começamos a ficar "desconfortável" com a alegria do outro. Não deixemos que inveja se transforme em rancor, clamemos a Deus e peçamos em nome de Jesus que nosso coração seja liberto, chamemos o pecado pelo nome e nos livremos dele.

Ministro: não perca o foco

Caminhar com Jesus nos leva a um crescimento, esse crescimento acontece à medida que esquecemos-nos de nós, que nos colocamos em segundo plano e nos preocupamos com os outros. Atingir a maturidade é perceber que o que importa não são os ministérios da igreja, mas as pessoas, e todas elas, sem esquecermos-nos de nenhuma. O ministro maduro perde, mesmo em qualidade de seu ministério, na aparência desse, para ganhar o coração das pessoas. O ministro maduro tem paciência, espera, não porque ele precise de tempo, mas porque as pessoas precisam, as ovelhas necessitam disso. Precisam de tempo para se decidir, para crescer, pois o ministro maduro exerce antes de tudo o discipulado, para que todos cheguem aonde ele chegou e continuem crescendo.
Alguns ministros perdem o foco, e com isso até pecam, porque começar a achar que seus ministérios, que seus objetivos pessoais, importam mais que as pessoas. Começa-se a ver coletivo, e não o indivíduo, e isso só ocorre quando, mesmo que não se admita, se olha somente para si mesmo. Quando o ego é agradado, as outras pessoas perdem suas identidades, suas preferências, suas necessidades. O ideal seria que todos pensassem nos outros, dessa forma todos teriam relevância para todos e ninguém seria esquecido, desprezado, injustiçado. O chamado por Deus para desempenhar um ministério na igreja precisa ter essa ótica, se é que sua chamada realmente vem de Deus.
Aplico essa reflexão ao ministério musical, que é a minha área principal de atuação na igreja. Às vezes, sinceramente preocupado com a apresentação de uma música de qualidade, começo a exigir do grupo algo que vai agradar à minha referência de qualidade. Com isso me esqueço do indivíduo, de cada componente da banda, da orquestra ou do coro, me esqueço das pessoas, seres de carne e osso, de seus melindres. Quando perco o foco, começo a perder as pessoas, sendo assim é claro que a qualidade musical cai. Muitas vezes é necessário que a qualidade da música seja diminuída para que as pessoas sejam abraçadas, cuidadas, abençoadas.  Depois que isso acontecem, que os corações são recuperados, a música naturalmente chega à excelência, sem que se precise tanto esforço.
Ministro, não perca o foco, a prioridade é o indivíduo, aja assim e verá que naturalmente seu ministério alcançará a qualidade que seu coração tanto deseja em Deus.
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05/11/12

Perdão: uma dose basta

        "Eu te peço perdão por isso", por que esse pedido é tão difícil de ser feito? Sem sinônimos, sem desculpas, sem rodeios, eu peço desculpa e pronto. Da mesma maneira a dádiva do perdão, "eu te perdoo por isso", objetivamente. Perdão é remédio que se toma em uma única dose, de uma vez, diluído em um copo de água de puro amor.

Não desista, Deus ainda pode mudar sua vida

        Colocamos-nos como vítimas quando achamos que nossa dor é maior, que somos mais injustiçados que os outros. Mas eu vejo o mundo ao meu redor e contemplo tantas dores diante de problemas difíceis de serem resolvidos.
Que dor a de um viciado em drogas e a de sua família? Mesmo um comum viciado em nicotina, vê total impossibilidade em sua libertação do vício.
Que dor a de pessoas com doenças terminais, tomando remédios fortes e caros para que sua aflição seja pelo menos um pouco diminuída?
Que dor a de quem perde um parente, num acidente ou num crime? Maior ainda a dor, quando é um ser amado jovem que se vai...
Que dor a de um pai que não pode dar o melhor a seus filhos ou a de uma mulher que não pode ser mãe?
Que dor a do solitário, que dor a do acompanhado?

Eu poderia listar muitos outros casos, mas diante da dor do mundo, por que nos colocamos no direito de achar que nossa dor é maior, ou que ela não pode ser amenizada? Que direito temos de desistir ou de achar que no nosso caso não existe solução, que temos que aceitar as coisas do jeito que são e pronto?
Toda comparação é injusta e dor não se compara, mas é preciso dizer que a luta é de todos e que tem gente no mundo com problemas sérios, problemas que atingem a vida desses e de quem convive com esses de forma bem cruel, talvez muito mais cruel do que os que atingem a sua vida, debilitando muito mais. Mas a todos está disponível um Deus poderoso, um perdão ilimitado de Jesus, um Espírito Santo que consola e fortalece sempre. A todos está disponível a esperança e um milagre.
Isso é Evangelho e ele será pregado enquanto houver vida nesse mundo, enquanto for da vontade de Deus, mas cuidado, quem sabe qual será sua última oportunidade? Portanto não desista, Deus ainda pode mudar sua vida, Ele mudou a minha e a de muitas outras pessoas.
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04/11/12

Mais que músico, adorador!

         O enchimento do Espírito Santo é uma necessidade para os cristãos, sem Deus em sua plenitude dentro do coração, não se pode caminhar com Deus. Contudo, para os músicos, que experimentam uma vida emocional em seus limites, que são capazes de expressar as impressões da vida através da arte, para esses cujas almas podem ser manipuladas por suas próprias sensibilidades, a unção do Espírito Santo é uma obrigação. Na verdade, sem ela, em toda a sua plenitude, é impossível a músicos que querem ministrar adoração para o povo de Deus, executar essa tarefa.
Sem um batismo poderoso do Espírito Santo eles poderão tocar com excelência, apresentar uma realização musical de qualidade, mesmo tocar o coração das pessoas, Deus, todavia, não pode ser ministrado somente com talento e trabalho. O óleo do Espírito Santo precisa ser derramado com abundância sobre as mãos, as bocas, as mentes, os corpos, os corações, as almas e os espíritos, de maneira que o homem, mesmo o mais competente, desapareça, e Deus tome o seu lugar.
Como sabemos que estamos cheios do Espírito Santo? Quando entendemos que adorar a Deus é melhor que tocar e cantar, eu sei, por experiência própria, que executar música, para o músico, é a maior das experiências humanas, enche o coração de um prazer indescritível. Mas a maior experiência de um ser humano convertido é sentir a poderosa presença de Deus através do Santo Espírito, quando isso acontece tudo o mais é esquecido, deseja-se somente adorar o Senhor. Essa experiência não toca somente os sentimentos, muda também o caráter do homem, faz com que ele queira ser santo, e mais do que dar um desejo, entrega ao homem forças para vencer o pecado.
Músicos, precisamos entender isso, querer isso, viver isso, sem isso só seremos músicos, e não adoradores.
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