O homem passou a envelhecer porque passou a morrer, e passou a
morrer porque pecou. Consequentemente com o pecado, passou-se a sentir o tempo passar,
passou-se a contá-lo. Com o tempo inventamos a comparação e a valoração das
coisas, em muitos sentidos e é claro, de forma equivocada: “os mais jovens têm
mais saúde, já que viveram menos”, “os mais velhos são mais sábios, porque viveram
mais tempo”, “eu vivi com aquela pessoa há alguns anos, eu a conheço bem”,
“acabei de conhecer tal pessoa, acho que ela sempre foi assim”. Como nos
equivocamos com o tempo quando nossas emoções estão excitadas, na angústia, o
tempo parece não passar, é assim na saudade, na espera. Quando estamos vivendo
uma experiência prazerosa, pra nós, o tempo parece parar, mas quando olhamos o
relógio, vimos que o tempo passou rapidinho. Quem já não experimentou um
momento único no tempo, quando tudo parece ficar congelado, eternizar-se? Momentos
assim ficam marcados em nossas memórias para sempre. Na infância o tempo parece
passar lentamente, mas à medida que envelhecemos, o tempo corre.
Como não existe tempo para Deus, os conceitos que o Espírito Santo
compartilha com o nosso espírito muitas vezes não são entendidos por nós. Nós,
seres humanos encarnados, estamos intrinsecamente amarrados ao tempo (e ao
pecado). Mas é preciso buscar em Deus um esclarecimento para que entendamos as
coisas espirituais, ensinadas a nós por um criador eterno, atemporal e que é
sempre o mesmo.
Mas essa referência temporal confunde muitos fundamentos
importantes para a nossa saúde espiritual, vou citar alguns exemplos. Pecado não
tem tamanho e nem duração, ele pode ser perdoado de maneira que as consequências
emocionais e espirituais dele sejam apagadas, não sendo mais empecilho para
qualquer atitude positiva de Deus em nossas vidas. Contudo, isso não significa
que não haverá consequências no mundo material, parece óbvio, um erro que diz
respeito à matéria só pode mesmo causar problemas à própria matéria. Mas Deus,
em sua graça, ameniza mesmo as consequências ruins de nossos erros nesse mundo
material.
O tempo também pode ser usado para acorrentar o homem,
encarcerando-o a uma disposição do passado, a alguém que ele foi e não é mais. Quantas
vezes nós encontramos alguém, que conhecemos há muito tempo e que cometeu um
erro em sua vida. Nós não queremos saber se esse alguém mudou, como está a vida
dele agora, no presente, mas olhamos essa pessoa com olhos do passado. Vemos tal
pessoa da maneira como ela era há tantos anos atrás, nós a condenamos a uma
eterna disposição de erro (o que é mais próximo ao inferno que ser condenado
por toda a vida por um erro que já reconhecemos e deixamos de cometer?). Essa
pessoa pode estar mudada, ter se arrependido, pago um preço alto pelo erro que
cometeu, e depois disso tudo ser, agora, outra pessoa, diferente, melhor. Mas
os nossos olhos, como são olhos do passado, como são olhos injustos, como
padecem da ótica espiritual, da ótica de Deus, da misericórdia, da esperança de
que algo pode mudar com o tempo, e para melhor.
As pessoas estão tão ocupadas, nos dias atuais, com estética, com
beleza, do corpo, dos cabelos, com saúde, pagam altos preços nas cirurgias plásticas,
nas academias e nos salões de beleza, mas mesmo assim envelhecerão e ficarão
menos belas. Quer ser jovem para sempre, belo para sempre? Não deixe que o
tempo passe, mas isso não pode acontecer no corpo, somente no espírito. Tenha
certeza, porém, de que seu espírito for jovem, for gracioso, estiver limpo pelo
sangue de Jesus, e se ele enxergar as pessoas com a mesma graça, sua alma e seu
corpo receberão as bênçãos decorrentes, o tempo não parará, isso é impossível
de acontecer, mas ele será mais lento, você começará a viver a eternidade aqui,
nesse mundo material.
"E a vida eterna é
esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que
enviaste." João 17.3
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