I. Introdução
Ocorre
na sociedade atual um surto de autossuficiência, em última instância isso é estratégia
do diabo para fazer com que as pessoas achem que não precisam de Deus.
Mas
vivemos um momento antagônico, por um lado se faz necessário cada vez mais
aperfeiçoamento técnico para que profissionais capacitados desempenhem funções
variadas e sofisticadas em tantas áreas do mundo moderno. Por outro lado,
principalmente nas classes média baixa e baixa brasileiras, famílias têm
ensinado aos filhos que não é preciso tanto esforço para se ter as coisas.
Enquanto
mudanças na estética física são tão buscadas, com cirurgias plásticas,
tratamentos de cabelo e academias, a área intelectual é relegada. Ensino
superior ficou algo banal, faculdades fáceis que aceitam alunos despreparados,
dão a ilusão de que todos podem tudo com pouco. Isso é um aspecto nacional,
talvez consequência daquilo que é apoiado de maneira interesseira pelos
partidos políticos que estão no poder há vinte anos. Gente mal informada é fácil
de administrar e de seduzir eleitoralmente.
Como
disse Edmund Burke, filósofo e político irlandês do século XVIII, "para que o mal triunfe, basta que os homens
de bem se calem", a consequência é que a cultura bandida, tão
propagada pela música de má qualidade atual, ganha adeptos valorizando o
criminoso, aquele que adquire bens à força, não por trabalho honesto. Isso sem
falar nos políticos que roubam milhões dos cofres públicos e não são
penalizados. Mas hoje parece que ser feio é bonito, tantos jovens vestindo-se,
falando e agindo como os bandidos.
O
principal, contudo, é a falta de relevância de mudança na área espiritual, que
vai afetar todas as outras áreas do homem. Estamos tão mal acostumados a não
mudar, isso está tão intrinsecamente ligado a nós, que nem percebemos. Apesar
de ouvirmos dos púlpitos, o tempo todo, que Jesus salva e transforma, na
prática achamos que isso é só para os novos convertidos. Basta que passemos
alguns anos dentro das igrejas para acharmos que já estamos prontos e não
precisamos mais de transformação.
Parece
que o fato de acertarmos nossa vida conjugal, casando-se no civil, deixarmos os
vícios do álcool e da nicotina e aprendermos o “evangeliquês”, já nos torna
espiritualmente prontos (“evangeliquês” são os costumes e cultura dos crentes, como
dar “a paz do Senhor”, chamar os membros das igrejas de irmãos, saber alguns
hinos tradicionais e ouvir música gospel, tomar a ceia uma vez por mês, vestir
determinadas roupas e fazer certos cortes de cabelo).
Você
acha que isso não é verdade? Então responda essa pergunta: qual foi a última
vez que você pediu perdão a alguém? Sim, porque perdão é a ferramenta principal
da mudança, para haver perdão tem que haver reconhecimento de pecado e se há
pecado reincidente é porque nós precisamos mudar. Perdão é o termômetro de uma
vida realmente espiritual, muito mais que falar em línguas estranhas e cantar
louvores.
II. O que é essa mudança?
O
capítulo 4 de Efésios mostra as características do homem espiritual que somos
chamados a ser:
1º A chamada: versículos
1 a 7 e 11 a 13
“Portanto, eu, prisioneiro
no Senhor, peço-vos que andeis de modo
digno para com o chamado que recebestes, com toda humildade e mansidão, com
paciência, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando cuidadosamente
manter a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só
Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança do vosso chamado; há
um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que é sobre
todos, por todos e está em todos. Mas a graça foi concedida a cada um de nós
conforme a medida do dom de Cristo.
E ele designou uns como
apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas, e ainda outros como
pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do
ministério e para a edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de
Cristo;
2º Diferença madura que os chamados
devem ter: versículos 14 a 24
para que não sejamos mais
inconstantes como crianças, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela
mentira dos homens, pela sua astúcia na invenção do erro; pelo contrário,
seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Nele
o corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo
a correta atuação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si
mesmo no amor.
Portanto, digo e dou
testemunho no Senhor que não andeis mais como andam os gentios, em pensamentos
fúteis, obscurecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância
e dureza do coração. Havendo se tornado insensíveis, entregaram-se à
devassidão, para cometer com avidez todo tipo de impureza. Mas vós não
aprendestes assim de Cristo. Se é que de fato o ouvistes, nele fostes instruídos,
conforme a verdade que está em Jesus, a vos despir do velho homem, do vosso
procedimento anterior, que se corrompe pelos desejos maus e enganadores, e a
vos renovar no espírito da vossa mente, e a vos revestir do novo homem, criado segundo Deus em verdadeira justiça e
santidade.
3º Frutos práticos dessa mudança: versículos
25 a 32
Por isso, abandonai a
mentira, e cada um fale a verdade com seu próximo, pois somos membros uns dos
outros. Quando sentirdes raiva, não pequeis; e não conserveis a vossa raiva até
o pôr do sol; nem deis lugar ao Diabo. Aquele que roubava, não roube mais; pelo
contrário, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que
repartir com quem está passando necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma
palavra que cause destruição, mas só a que seja boa para a necessária
edificação, a fim de que transmita graça aos que a ouvem.
E não entristeçais o
Espírito Santo de Deus, com o qual fostes selados para o dia da redenção. Toda
amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam eliminadas do meio de vós,
bem como toda maldade. Pelo contrário, sede bondosos e tende compaixão uns para
com os outros, perdoando uns aos outros, assim como Deus vos perdoou em Cristo.”
III. Somos chamados para mudar
1º Esse “trigger” está em nossa
conversão
É
um gatilho colocado pelo Espírito Santo em nós, se temos uma experiência real
com Deus nos tornamos inconformados com o mundo, com a carne, com o diabo, com
nós mesmos, e queremos mudança. O cristão é um revolucionário por natureza, mas
a revolução que ele experimenta é no seu interior, é essa que pode mudar família,
igreja e nação, de dentro para fora.
2º Mudança é a vontade de Deus para
nós
O
objetivo de Deus é que sejamos iguais a Cristo vivendo neste mundo como quando Jesus
se manifestou em carne. A vinda de Jesus teve duas missões, a primeira, e
principal, foi a de morrer e ressuscitar, sem pecado, para se tornar o salvador
do mundo. A segunda, nem foi a de pregar essa mensagem ao seu mundo
contemporâneo, isso os apóstolos e discípulos que andaram com ele deveriam
fazer, para isso Jesus os preparou, mas foi a de deixar o exemplo de que é
possível ser uma pessoa agradável a Deus, vivendo nesse mundo corrupto, através
da aceitação da primeira missão, de Jesus como o único salvador. A vida de
Jesus homem descrita nos evangelhos nos mostra como devemos viver, transformados
por Deus, como isso é possível e necessário.
IV. O que nos impede de mudar
1º Nossa natureza carnal
Quando
o mal entrou na natureza humana através do pecado original de Adão, tudo entrou
num processo de degeneração. O plano ideal de Deus foi destruído, corpo, alma e
espírito do homem perderam a pureza, o contado direto e simples com Deus. A
visão do mundo que Deus queria criar através do homem original foi destruída, o
homem não mais construiria na terra uma civilização de acordo com a vontade de
Deus.
Você
já parou pra pensar como seria o mundo se o pecado não tivesse entrado? Em que
grau de desenvolvimento e progresso social e científico nós estaríamos? Talvez
povoando outros planetas, com veículos voadores e mantendo um planeta terra com
a mesma qualidade de vida que havia no Jardim do Éden. Mas todo o universo
sofreu com a entrada do pecado, a natureza, os animais, a terra, os mares, o
céu, os planetas.
Com
a entrada do pecado o diabo se tornou o senhor do mundo, temporário e falso,
mas um senhor. Por isso religiões e filosofias baseadas num homem caído não
podem gerar vida, por isso o cristianismo não propõe uma religião ou uma
filosofia para melhorar o homem e o planeta, o cristianismo vai diretamente à
fonte do problema, muda o coração do homem, onde está a raiz de todos os males.
Mesmo
convertidos, essa natureza ainda está em nós e nos oporá para fazer a vontade
de Deus até que sejamos transformados pela morte física ou pelo arrebatamento.
A natureza caída instalada na alma do homem é o nosso maior inimigo já que é
ela que dá legalidade para o diabo agir e ser vitorioso.
2º O diabo
O
inimigo estava desde o início no mundo e mesmo que o homem não cedesse a ele, o
ser humano deveria conviver com o inimigo sempre. Os anjos rebeldes caíram no
mundo e habitam o segundo céu, isso é algo que Deus não livrou o homem. Por
quê? Deus sabe o porquê, isso é parte dos mistérios de Deus, dar ao diabo a
permissão de tentar e ao homem o livre arbítrio para ceder ou não a essa
tentação.
Mas
parece que o homem pecou logo no início das coisas. Deus não sabia disso? Sim, sabia,
e aí também está outro mistério de Deus, talvez o plano do Senhor sempre tenha
sido sempre o de mostrar sua grandeza através, não de um homem forte e
obediente, mas de um ser humano fraco e limitado pelo pecado, que tem, contudo,
a coragem de confiar num Deus todo poderoso.
Lembre-se
que a principal arma que o diabo usa para nos impedir de mudar é vituperar de
alguma forma a única maneira do homem mudar: Jesus. Sempre que alguma alteração
é feita, por menor e mais sutil que pareça, na mensagem principal do evangelho
e da Bíblia, Cristo como o único salvador, o diabo está tendo êxito em impedir
o homem que mude.
Por
isso tantas religiões, tantos desvios doutrinários, tantos deuses, entidades e
“santos”. Cada vez que um “santo” é aprovado pela Igreja Romanista, um inimigo
cria mais uma maneira de desviar o olhar do homem de Jesus, o único salvador,
para outra coisa.
3º As pessoas
No
orgulho, no egoísmo, todos nós usamos de uma artimanha para esconder o próprio
erro, para não assumir a própria culpa: jogar a culpa nos outros, assim dizemos
que nós não precisamos mudar, mas sim o outro. Esconder-se atrás dos erros dos
outros é estratégia que todos usamos, por isso a mídia, jornais, telejornais,
etc, que divulgam crueldades, violências, facínoras, dão tanto ibope. Por um
lado nos sentimos tão bons por sofrer com a dor da vítima, mas por outro lado
nos sentimos melhores ainda, por não sermos tão ruins quanto os agressores.
Grandes
erros dos outros, escondem grandes erros nossos, quanto maiores os nossos erros,
maiores erros nós procuraremos nos outros, divulgaremos isso e sentiremos mesmo
uma satisfação interior pelos erros que os outros cometeram. Parece muita
maldade isso? Mas a nossa natureza é assim, ou não é? A maneira certa de dizer
a coisa é esta: não são as pessoas que não querem que a gente mude, somos nós,
eu, que muitas vezes não permitimos que os outros mudem.
Isso
é fato, se alguém toma uma atitude que achamos errada, nós condenamos essa
pessoa a ser desse jeito para sempre, dizemos: “se aquela pessoa fez isso é porque ela é assim, então eu não me
aproximarei mais dela, pra que, pra levar outro coice?”. Julgamos e
condenamos, e depois não queremos que os outros façam a mesma coisa com a
gente.
Um
cristão que busca mudança em Deus deve deseja-la para ele e estar pronto para
esperar isso dos outros também, com misericórdia e com paciência.
4º O mundo contemporâneo
As
ideologias do positivismo e da inclusão, tão faladas no mundo atual, apesar de
parecerem legítimas, são álibis para transformar o pecado em só uma característica,
o erro em uma necessidade para o crescimento, e a fraqueza, em uma opção que
deve ser respeitada. O pecado não é mais chamado de pecado, aliás, as pessoas
têm um preconceito terrível com esse termo. As filosofias mundanas colocam o
homem no centro das coisas: o homem pode tudo e sozinho, na verdade Deus e a
religião são apenas ferramentas que podem (ou não) serem usadas pelo homem, é o
homem quem usa Deus e não o contrário.
O
incentivo exagerado que se faz à motivação também é uma desculpa para tirar das
pessoas a referência de seus limites, de suas fraquezas, da verdade bíblica, da
chamada de cada um, querendo tornar todos super-homens, que podem tudo e devem
conquistar tudo com as próprias forças. Não que o homem com Deus deva esperar
sentado que as coisas caiam do céu, isso não é verdade, mas também não é
verdade que tudo se pode com Deus.
O
que a Bíblia ensina é que Deus pode todas as coisas, mas tudo é em vão sem Deus
e em Deus, mesmo o pouco, pode vir a se tornar muito. O pouco é relativo, é de
cada um, nem todos devem possuir tudo igual e sempre.
(Quando
puder leia a matéria “Cuidado com os burros motivados” de Roberto Shinyashiki, que foi publicada na revista “Isto
é”).
V. Mas para mudar é preciso conhecer algumas coisas:
1º Aceitar que mudar dói
Jeremias
18.1-6: “Palavra do Senhor que veio a
Jeremias: Levanta-te e desce à oficina do oleiro. Lá te farei ouvir as minhas
palavras. Desci à oficina do oleiro, e ele estava ocupado com a sua obra sobre
a roda. Como o vaso que o oleiro fazia do barro se estragou nas suas mãos,
então fez do barro outro vaso, conforme melhor lhe pareceu. Então veio a mim a
palavra do Senhor: Por acaso não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro,
ó casa de Israel?, declara o Senhor. Como o barro na mão do oleiro, assim sois
vós na minha mão, ó casa de Israel.”.
Essa
parábola explica a dor que existe na mudança de maneira definitiva, o vaso
velho quebrando, o novo sendo moldado, sim, é um processo dolorido, o vaso é o
nosso coração.
Mudar
algo assim tão intrínseco do ser humano, ligado à essência da alma caída do homem,
forjado através de anos de convivência com outros homens também distantes do
Senhor, e baseado num “DNA” espiritual desviado do criador, não é fácil. (Por
isso Jesus foi concebido do Espírito Santo, para não receber de José um “DNA”
espiritual impuro o que contaminaria o sacrifício perfeito que Deus ofereceu
por toda a humanidade logo no início).
Mas
não são apenas aqueles de educação errada, criados de forma cruel pela família
e pela sociedade, sem pais, ou com pais violentos ou ausentes, marginalizados,
criminalizados, não é só isso que nos separa de Deus e que endurece nossos corações.
Boa educação, harmoniosa, equilibrada, religiosa, também forma no homem um
coração, que até respeita Deus, mas que não confia em Deus de forma verdadeira.
Mudar isso dói, quem não quer sentir essa dor foge da mudança, inventa
desculpas para não mudar, para permanecer onde e como está.
Aí
reside a maior dificuldade para que o Espírito Santo atue na vida de uma pessoa,
barreira muito maior que a criada por uma educação ruim. Filhos de religiosos,
de crentes, têm muitas vezes muita mais dificuldade para experimentar uma vida
real com Deus do que ex-viciados e bandidos.
A
Bíblia não diz que é difícil para um rico entrar no reino dos céus? A “riqueza”
intelectual talvez seja a mais enganadora delas, a que mais enche o coração do
homem de jactância.
2º Saber que é um processo demorado
Isso
porque a transformação desencadeada por Deus em nossos corações processa uma
mudança não somente em nossos espíritos, a parte do homem que tem uma ligação
direta com Deus, mas em nossas almas e em nossos corpos. A mudança do espírito
é rápida e total no ato da conversão, a do corpo e da alma podem não ser.
Alguns
até experimentam essa mudança em todas as áreas no momento da conversão, mas é
que Deus já estava trabalhando em suas vidas por muito tempo, e isso porque
eles mesmos permitiram. Outros, contudo, passam por um processo que demora anos,
até se verem transformados.
A
cura psicológica é a mais difícil, demônios são expulsos com uma palavra de autoridade,
mas as consequências, os vícios de comportamento, físicos e psicológicos que adquiriu
aquele que deu ouvidos por anos a esses demônios precisam de tempo para serem
curados. Aquele que passou anos dependente de cigarro e de cachaça para ter seu
equilíbrio “calibrado” e livre desses artifícios, sentirá um desconforto muito
grande quando parar de fumar e de beber. Só muita oração e o batismo no Espírito
Santo para ajudar um coração a seguir no processo de reeducação de corpo, da alma
e do espírito. Na verdade, novas doenças poderão até aparecer, tira-se o tabaco
e o álcool, que prejudicava pulmões e fígado diretamente, e aparecem
ansiedades, refluxos, depressões. Mas tudo isso pode ser vencido pelo que
persiste em seguir a Jesus com fé.
3º Mas isso é que é cristianismo!
É
difícil? Dói? Mas se não for isso será apenas religião, como tantas outras. Por
que dói? Dói porque é difícil abrir mão de uma maneira de interpretar a vida,
maneira que se construiu para conseguir sobreviver, interagir com o sistema
desse mundo. Mas em Deus é possível essa mudança, num projeto de associação entre
o coração sincero e seu Senhor. É um andar junto, dia a dia, passo a passo,
anos a fio, um caminhar para a vida eterna.
VI. Ferramentas para a mudança
1ª Referências
Sozinho
você não vai conseguir mudar, é preciso referências. O que são referências? São
fontes, algo para olhar enquanto caminhamos, algo que nos guie, para sabermos
as dimensões do que é para ser feito. Olhar só para si mesmo, não é referência
de mudança, o que só contempla o espelho acabará adorando a imagem que vê, como
Narciso da lenda grega, achando-se perfeito, um deus. É preciso olhar para fora
do ego.
a. Em primeiro lugar para Deus, através da Bíblia, da oração e da igreja.
Bem,
isso todo crente sabe desde o nascimento espiritual, que tem que ler a Bíblia,
orar e ir à igreja para crescer espiritualmente. Não vou falar disso nesse
estudo, já que mesmo sabendo disso tudo, sem a atuação do Espírito Santo e de um
confronto social, isso poderá levar a lugar algum. Sim, porque as maiores
heresias nascem tendo a Bíblia, interpretada de forma equivocada, como
fundamento. Muito tiveram experiências com anjos caídos e fundaram religião,
dizendo que estavam em oração e jejum. Outros queriam só poder nesse mundo
administrando igrejas grandiosas.
“Cuidado com os falsos profetas, que vêm a
vós disfarçados em pele de ovelha, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos frutos os conhecereis. Por acaso
colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos de plantas com espinhos? Assim, toda
árvore boa produz bons frutos; porém, a árvore má produz frutos maus. Uma
árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má dar frutos bons. Toda
árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada no fogo. Portanto, vós os
conhecereis pelos frutos.” (Mateus 7.15-20).
Infelizmente
estamos tão lotados de conceitos espirituais e acostumamos tanto a
espiritualizar e legalizar as coisas que acabamos perdendo a referência de
realidade. Realidade se mede com frutos, e não com intenções ou palavras. O que
são frutos? É aquilo que muda o modo de agir das pessoas, tanto de quem executa
o fruto quanto de quem é impactado por aqueles que têm esses frutos em suas
vidas, e muda de acordo com a vontade de Deus.
Se
perguntarmos às pessoas se elas leem a Bíblia, oram e frequentam assiduamente
uma igreja, muitas dirão que sim, contudo, mesmo assim muitas ainda não estarão
tendo uma vida de mudança espiritual. Desde o início, minha intenção com este
estudo não foi a de falar o óbvio, aquilo que tantos já sabem, mas chamar a
atenção sobre o que está escondido, camuflado por uma aparente vida cristã
normal que de normal nada tem, não para Deus.
b. Pessoas: hierarquias, família e amigos.
Nossos
frutos são medidas por Deus, sim, mas devem ser provados pelas pessoas que
convivem com a gente. Essas pessoas representam nossa realidade social, visto
que somos seres racionais e sociais, e não animais irracionais, solitários em
cavernas.
O
livro de Provérbios nos dá sábias orientações sobre a necessidade de
referências humanas e corretas para que possamos decidir certo e agir bem: “Não havendo sábios conselhos, o povo cai,
mas na multidão de conselhos há segurança.” (11.14). “Quando não há conselhos os planos se dispersam, mas havendo muitos conselheiros
eles se firmam.” (15.22). “Com
conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos
conselheiros.” (24.6).
Uma
orientação crucial da Bíblia sobre termos as pessoas como referência é dada
pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 11.1: “Sede
meus imitadores, como também eu sou de Cristo.”. Isso é bem diferente do
ditado que tanto usamos que diz, “não
olhe para mim, mas para Deus”, contudo é preciso ter vida para dizer o que
Paulo disse.
A
solidão enlouquece, mesmo vivendo aparentemente em sociedade muitos se colocam
sozinhos, não se abrem com ninguém, não confiam em ninguém. Têm uma posição
espiritualizada, mas só de cima para baixo, para com os que consideram menores,
com menos experiência na vida crista ou liderados. Contudo, não convivem bem
com os iguais, e mesmo com os superiores, fazem por medo ou por conveniência, e
não como discípulos de mestres, como alunos, alunos que todos de alguma maneira
somos e sempre seremos.
A
solidão é causada por timidez, timidez, que como muitos acham, não é algo “bonitinho”,
quase sinônimo de humildade. Se não concorda veja o que a Bíblia fala sobre os
tímidos em Apocalipse 21.8. Timidez é orgulho, o orgulho deixa as pessoas
solitárias e sozinhas podemos perder a sanidade, psicológica e mesmo espiritual.
Não estou falando aqui do jeito mais quieto de alguns, mas de uma timidez crônica,
que isola a pessoa de forma radical.
O
louco tem sua própria visão de realidade, distorcida, egocêntrica. Ele não quer
mudar, não precisa, para ele o mundo está errado e ele certo. Para o louco, se o
mundo deve ser modificado é ele que deve ser o exemplo de mudança, não Cristo,
para muitos loucos eles são o próprio “Cristo”. Você acha isso exagero? Pois
existem mais malucos no nosso meio que imaginamos, a igreja e a liderança
precisam abrir os olhos para isso, principalmente no meio dos levitas, já que é
comum em insanos quererem trabalhar de forma obsessiva para provar algo às
pessoas.
2ª Perdão
Diante
de todas essas referências só existe uma ferramenta para a mudança, o perdão, perdão
em três instâncias:
- perdão
que se pede e recebe de Deus,
- perdão
que se dá a si mesmo e
- perdão
que se pede e recebe dos outros.
Os
dois primeiros perdões só dependem de nós, Deus está sempre pronto a perdoar e nós
somos os únicos que podem perdoar a nós mesmos. Com relação às outras pessoas,
contudo, nem sempre é possível receber e mesmo se aproximar e pedir perdão. É
preciso haver em nós toda a disposição e iniciativa para isso, mas o perdão que
Deus e nós mesmos nos damos, precisam ser mais importante que o perdão das
pessoas.
Nossa
paz deve estar atrelada ao que Deus pensa de nós em primeiro lugar, e quando
for possível, naquilo que as pessoas pensam de nós. Contudo, perdão não pode
ser visto como uma atitude de exceção na vida cristã, mas como uma regra, como
o ato de respirar, uma respiração espiritual que conduz a uma mudança
constante.
VII. Conclusão:
“E não sede conformados com este mundo, mas
sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2).
Para
terminar eis um versículo muito conhecido sobre vida em transformação e não
conformidade com o mal, mas nada disso será colocado em prática em nossas vidas
se não quisermos pagar o preço, de sentir a dor, de se desapegar das vaidades,
e buscar o interesse de Jesus, e não os nossos. Quando o interesse de Jesus é
buscado, todos os interesses, nossos e dos outros, são alcançados, com amor e
em justiça, de alguma maneira, e todos, somos mudados pela graça de Deus.