21/02/14

A adaptabilidade humana: bênção e maldição

O que precisa ser mudado para que o caráter de Cristo apareça em nós? Tudo, mas tudo mesmo. O homem é um ser altamente qualificado para se adaptar, isso em todas as esferas. A biologia e a antropologia vão dizer que é consequência da necessidade. Tudo o que o homem passou fez com que essa característica, a adaptabilidade, se desenvolvesse. Nós que cremos em Deus e num Deus que se revelou através da Bíblia, sabemos que o Senhor acompanhou, permitiu e abençoou essa capacidade, para que o homem sobrevivesse.
Você sabe por que Deus quer que o homem sobreviva? Alguns podem achar que é para que ele se desenvolva, como indivíduo e como civilização, para que ele domine sobre a natureza, sobre a terra, sobre o universo. Outros vão dizer que é para que ele adquira poder, independência, prosperidade, outros ainda vão dizer que é para que ele seja um ser vitorioso nos conflitos militares, sim, porque o homem vencedor nesse mundo, ainda é aquele que vence as guerras, que está melhor preparado para elas, que fabrica e usa as melhores armas.
Bem, no mundo atual os confrontos belicosos podem até serem substituídos pelos políticos, pelos financeiros, pelos comerciais, pelos culturais. Países conquistam os outros não empunhando armas, mas oferecendo melhores produtos no comércio, com preço e qualidade superiores. Outros conquistam viciando as pessoas em seus valores culturais, em sua música, em seu cinema, em sua moda. Os países anglo-saxônicos têm feito isso com produtos como os Beatles e Michael Jackson, na música, com Hollywood, no cinema, com o jeans na moda.
Mas o motivo que Deus tem para que o homem sobreviva não é esse. O motivo é que Deus quer salvá-lo. Deus faz o possível e o impossível para salvar o homem, oferece a ele todas as chances, todos os meios, em todas as situações, em todos os momentos, seja pela abastança, seja pela falta, seja na juventude, seja na velhice, seja nas religiões, seja fora delas, e isso para todos, todos os homens, pois Deus ama igualmente a todos os homens.
Todos os homens, com suas habilidades e talentos variados, em suas culturas diversas, com sonhos e anseios distintos, grandes e pequenos, pobres e ricos, cultos e simples, todos são amados ardentemente por Deus. Jesus veio por todos esses, e para Deus não existem homens melhores ou piores, mas apenas diferentes, todos especiais de alguma maneira. Bem, todos esses homens podem provar a mudança que o Senhor quer fazer em suas vidas, todos podem se parecer com Cristo.
Começamos essa linha de pensamento falando sobre a adaptabilidade do homem e como isso o levou a sobreviver nesse mundo. Essa adaptabilidade é ao mesmo tempo bênção e maldição. É maldição à medida que leva o homem a sobreviver e ter uma falsa ideia de vitória sem Deus. Mas se não fosse assim o homem teria falecido e sumido do planeta no momento que deu o primeiro passo sem a comunhão de seu criador, logo depois que pecou no Éden. Contudo, o que o homem fez foi se adaptar, ele percebeu que estava em pecado, sentiu vergonha e fez para ele roupas. Ele não caiu em pranto, entrou em depressão e se matou, como muitas vezes queremos fazer, mas ele o homem, como civilização, se adaptou para que mesmo tendo morrido espiritualmente, pudesse viver fisicamente. Para quê? Para ter uma chance de ter novamente comunhão com Deus. Ele não tinha consciência disso, mas Deus agiu com providência colocando esse instinto de preservação nele para que a raça humana não acabasse.
Mas Deus também teve que se adaptar, vamos dizer assim, o homem, aquele mecanismo sofisticado, sensível, puro, agora se transformara quase que num animal. Se antes Deus caminhava com liberdade pelo jardim do Éden e falava com Adão, agora haveria necessidade de morte para que o pecado fosse expiado e alguma interação entre Deus e o homem pudesse ser feita. Não, não seria mais aquela interação plena e direta, o homem com o pecado perdera sua maior capacidade, o discernimento espiritual.
Aquilo que deveria ser normal, fácil, comum, agora só seria conseguido por meio da fé, seria chamado de subjetivo, de metafísico, seria tido como uma qualidade especial e muitos duvidariam mesmo que poderia existir, outros chamariam de crendice, de misticismo, de mentira. Mas Deus seguiu com o homem, com um homem agora limitado. Como pai, que a Bíblia diz que Deus é, quanta tristeza ele deve ter sentido por ver algo tão precioso como aquele ser que ele colocou no jardim do Éden estar agora sujo, enganado, distante. Essa natureza decaída do homem se revelou logo no início, quando Caím matou seu irmão Abel.
Deus nunca desistiu de sua criatura, aquela criada a sua imagem e semelhança. Primeiro foram somente sacrifícios de animais, e isso deve ter existido até Moisés. Mas quando Deus fez promessas a Abraão, que só começaram a ser realizadas totalmente nos últimos dias que Israel passou no Egito, o Senhor já tinha revelado ao homem seu primeiro pacto oficial com a humanidade. Chamaria uma nação para que desse ao mundo testemunho do Deus único e verdadeiro. Bem, o pacto maior com o homem Deus já tinha prometido lá no Éden, quando disse em Gênesis 3.15 “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”. Israel foi uma maneira de Deus escolher um povo, desse uma tribo, Judá, desse uma família, a de Davi, e desse rei um descendente, Jesus. Jesus ofereceria o sacrifício único e eficaz para levar o homem novamente à comunhão com Deus.
Contudo, mesmo que espiritualmente isso seja possível, a alma e o corpo do homem já estavam adaptados, e mal adaptados. A velha natureza instalada se oporia à obra do Espírito Santo até que a transformação completa do homem pudesse ser realizada para aqueles que nasceram de novo em Cristo após o arrebatamento ou a morte física. Fizemos toda essa reflexão para chegar a seguinte conclusão: a adaptabilidade do homem a esse mundo é a principal barreira para que a alma e o corpo do homem mudem e se tornem parecidos com Jesus. É essa adaptabilidade, que leva o homem sempre a se colocar sozinho contra aquilo que lhe opõe, é essa adaptabilidade que deve ser mudada para que o caráter do homem seja semelhante com o de Jesus, adaptabilidade que cria falsas religiões, que vicia psicologicamente e fisicamente o ser humano a tantos subterfúgios. 

20/02/14

Devoção diária

          "Portanto, irmãos, tendo coragem para entrar no lugar santíssimo por meio do sangue de Jesus, pelo novo e vivo acesso que ele nos abriu através do véu, isto é, do seu corpo. Tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com coração sincero, com a plena certeza da fé, com o coração purificado da má consciência e tendo o corpo lavado com água limpa. Sem vacilar, mantenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, pois quem fez a promessa é fiel. Pensemos em como nos estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima." Hebreus 10.19-25

19/02/14

Sobre jejum

Na plenitude do Espírito Santo, Jesus voltou do Jordão; e foi levado pelo Espírito para o deserto, tendo sido tentado pelo Diabo durante quarenta dias. Sem ter comido nada nesses dias, teve fome ao fim deles.”
Lucas 4.1-2

Acredito que a maioria de nós já achou necessidade dessa prática quando passou por uma situação difícil, algo que parecia que todas as tentativas de solução já haviam sido tentadas, mas não tinham surtido efeito. Bem, Jesus disse que algumas castas de demônios só sairiam dos homens com muita oração e jejum.

E alguém dentre a multidão lhe respondeu: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo. Onde quer que o apanhe, provoca-lhe convulsões, de modo que ele espuma pela boca, range os dentes e começa a se enrijecer. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram. E Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportá-los? Tragam-me o menino. Então eles o trouxeram. Ao ver Jesus, o espírito imediatamente provocou-lhe uma convulsão, e o endemoninhado, caindo ao chão, rolava, espumando pela boca.
Vendo que a multidão, correndo, aglomerava-se, Jesus repreendeu o espírito impuro, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele e nunca mais entres nele. Então o espírito saiu, gritando e agitando-o muito. O menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam: Ele morreu. Mas Jesus, tomando-o pela mão, levantou-o, e ele ficou em pé. Quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não conseguimos expulsá-lo? Ele lhes respondeu: Essa espécie não sai a não ser pela oração e jejum.
Marcos 9.17-20, 25-29

É incrível como só o fato do demônio ter visto Jesus já fez com que ele convulsionasse o menino, enquanto que os discípulos tentaram com toda a sorte de palavras e atitudes e não conseguiram expulsar o mal.
Contudo, um erro que muitos cometem é achar que consagração, através de oração e jejum, pode de alguma maneira conquistar créditos com Deus e que é só através desses créditos que adquirimos pontos para ter privilégios espirituais. A primeira coisa que precisamos saber é que com Deus não se faz barganhas, trocas ou negócio. Só temos alguma coisa através do nome de Jesus, só a intermediação de Cristo é que nos dá acesso a Deus e a toda e qualquer espécie de bênção real. Então para que serve o jejum?
Jejum não muda o coração de quem dá, mas transforma o coração de quem pede, não é Deus que precisa ser convencido, mas nós, os homens, para que quando a bênção for alcançada a glória seja apenas do Senhor. Não era o demônio que não queria sair do menino, não era ele que não queria sair com a palavra dos discípulos, mas eram os discípulos que não estavam totalmente convencidos daquilo que diziam acreditar. Muita oração e jejum é o que poderia convencê-los, mudar seus corações, deixar-lhes realmente mais próximos de Deus para que pudessem receber a manifestação do Senhor.
Sim, jejum é necessário, contudo o verdadeiro jejum é movido pelo Espírito Santo, para glorificar a Deus, não é iniciativa humana. Jesus foi movido ao deserto pelo Espírito Santo que o inclinou a fazer um jejum de quarenta dias porque sabia que ele passaria por uma prova muito grande, ser tentado diretamente por Lúcifer. Não, não foi vitória sobre o confronto de algum demônio menor, mesmo de uma legião, mas a do próprio Satanás.
Contudo, é preciso entender que nos dias atuais, jejum pode ir muito além de simples privação de alimento e água, isso para uma geração que acha moda controlar o que come para ter um corpo de acordo com as regras estúpidas de estética exterior do mundo moderno. Para essa gente jejum não representa necessariamente aproximação de Deus ou acesso espiritual, de alguma forma, lembro também que religiões orientais, esotéricas e espíritas também utilizam a prática do jejum, não para se aproximar do Deus único, mas de seus egos e de entidades espirituais do mal (anjos caídos).
O verdadeiro jejum deve ser uma consagração, uma entrega, daquilo que é mais precioso para nós, para alguns pode até ser comida e água, mas talvez a essência do jejum seja controlar a ansiedade, que é a que leva ao consumo exagerado de comida e bebida, o que nos deixa mais presos à matéria, e longe do Deus espiritual. Deixar de ingerir cafeína pode ser um jejum, para mim, que amo um cafezinho, é. Deixar de ver televisão, ou mesmo de usar a internet e o celular, pode ser um jejum para muitos outros. Calar-se, aquietar-se, manter-se introspectivos e em estado de meditação, também pode ser, ausentar-se um pouco do convívio social e concentrar-se em Deus. De maneira geral o jejum deve conduzir-nos a uma intimidade com Deus, a uma sensibilidade maior para ouvir, entender a vontade do Senhor. O verdadeiro jejum muda nossas vidas para sempre, na verdade, se ele for genuíno, teremos vontade e forças para permanecer nele por mais tempo. O jejum real transforma nossa maneira de ver e viver, nos liberta e nos dá um crescimento único, talvez aquele que buscamos por anos.
Nesse espírito, o jejum genuíno exige de nós privacidade, segredo, já que intimidade é algo que não dividimos com qualquer um. O verdadeiro jejum constrange-nos a um momento reservado, entre nós e nosso Senhor, se isso não acontecer, se houver necessidade de alguma maneira de exposição vaidosa do momento, então não é jejum. O jejum não engrandece o que faz o sacrifício, na verdade jejum de verdade não constitui sacrifício, o jejum verdadeiro permite que Deus cresça e que o homem diminua.

Clama bem alto e não te detenhas; levanta a voz como a trombeta; anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à linhagem de Jacó, os seus pecados. Ainda assim eles me procuram todo dia; têm prazer em conhecer os meus caminhos, como se fossem um povo que pratica a justiça e que não abandonou a ordenança do seu Deus. Pedem-me juízos corretos, têm prazer em se chegar a Deus!
Por que jejuamos, dizem eles, e não atentas para isso? Por que nos humilhamos, e tu não o sabes? No dia em que jejuais, cuidais dos vossos negócios e exigis que se façam todos os vossos trabalhos. Jejuais para brigas e rixas, para ferirdes com punho pecador! Se quiserdes que a vossa voz se faça ouvir no alto, não jejueis como fazeis hoje.
Seria esse o jejum que escolhi? Um dia para que o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e deite-se em pano de saco e cinza? Chamarias isso jejum e de dia aceitável ao SENHOR? Por acaso não é este o jejum que escolhi? Que soltes as cordas da maldade, que desfaças as ataduras da opressão, ponhas em liberdade os oprimidos e despedaces todo jugo? Não é também que repartas o pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desamparados? Não é que vistas o nu, o cubras e não deixes de socorrer o próximo?
Então a tua luz romperá como a alva, e a tua cura logo chegará; a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Aqui estou. Se tirares o jugo, o dedo acusador e o falar com falsidade do meio de ti; e se abrires a alma ao faminto, e fartares o aflito, a tua luz nascerá nas trevas e a tua escuridão será como o meio-dia.”
Isaías 58.1-10

O verdadeiro jejum não é egoísta, não pensa só em si, mas nos outros, nos amados, nos próximos, nos amigos, nos familiares, na igreja, e acima de tudo, em Deus. É esse o jejum que agrada o Senhor e que ele ouve.

18/02/14

Porque o Senhor conhece meu coração

        "Senhor, meu coração não é arrogante, nem meus olhos são altivos; não busco coisas grandiosas e maravilhosas demais para mim. Na verdade, acalmo e sossego minha alma; como uma criança desmamada nos braços da mãe, assim é minha alma, como essa criança. Ó Israel, põe tua esperança no Senhor, desde agora e para sempre." Salmos 131

17/02/14

Ofício de músico

As pessoas se abrem por um momento fugaz, como um eclipse, por isso é difícil, pra quem se propõe a ser músico, desviar-se da privação de entendimento, mesmo de consentimento, de uma existência que terá valor no momento em que a emoção é compartilhada, mas que será menosprezada minutos depois, quando os holofotes se apagarem, contudo, o músico tem um holofote em seu coração, esse sim, uma luz que nunca se apaga, uma luz acesa por alguém muito maior que ele, é para esse que ele realmente faz música, por isso é que ele não desiste.

Quem mais eu tenho no céu, senão a ti? E na terra não desejo outra coisa além de ti. Meu corpo e meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza da minha vida e minha herança para sempre. Os que se afastam de ti perecerão; tu exterminas todos os que se desviam de ti. Mas, para mim, bom é estar junto a Deus; ponho minha confiança no Senhor Deus, para proclamar todas as suas obras.” (Salmos 73.25-28).

16/02/14

O Senhor responderá ao seu clamor

          "Ai daquele que diz à madeira: Acorda; e à pedra muda: Desperta! Por acaso pode o ídolo ensinar? Está coberto de ouro e de prata, mas não há espírito algum dentro dele. Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra." Habacuque 2.19-20

15/02/14

O justo viverá pela fé

          "Eu me colocarei sobre a minha torre de vigia; ficarei sobre a fortaleza e vigiarei, para ver o que ele me dirá e o que terei como resposta à minha queixa. Então o Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão em tábuas, de forma bem legível, para que até quem passe correndo possa lê-la. Pois a visão é ainda para o tempo determinado e se apressa para o fim. Ainda que demore, espera-a; porque certamente virá, não tardará. Vede o arrogante! A sua alma não é correta; mas o justo viverá por sua fé." Habacuque 2.1-4