10/11/18

Êxodo 14

      Uma das passagens mais épicas do cânone bíblico, se não o maior milagre realizado, o mais famoso. Havia necessidade de tanto alarde? Sim, havia, foi a libertação de um povo, que agora, mais que uma família, era uma nação, partindo para a terra prometida por Deus. Esse acontecimento, da maneira que Deus fez, marcou a história de uma nação escolhida pelo Senhor para mostrar ao mundo, seja pela antiga aliança, seja pela nova e eterna em Cristo, a salvação. O que podemos aprender sobre as nossas vidas, nossas lutas, e a maneira como Deus age, com o capítulo 14 do livro de Êxodo?

- A estratégia de Deus:

      “Então falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar. Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.” (versos 1-4)


      Diante de um problema em nossas vidas, Deus tem um plano para resolvê-lo, um plano que glorificará seu nome e deixará bem claro diante de todos, que ele é real, vivo, poderoso e age em prol daqueles que nele confiam. Tenhamos certeza disso, quando diante de um problema e perante o Deus que chamamos de Senhor e pai. Para realizar esse plano, Deus usa de estratégia, manobras inteligentes e que às vezes, à primeira vista, não parece a nós, seres humanos limitadíssimos, simples. Deus é complicado? Não, ele é complexo, e sobre algo que nos parece ser só um problema presente nosso, ele pode atingir objetivos bem mais abrangentes, no espaço e no tempo. Assim, algo que pode nos parecer um retrocesso, uma volta atrás no caminho, pode ser uma estratégia do Senhor, para confundir os que se colocam como nossos inimigos. Veja que o coração do faraó estava duro porque o próprio Deus o endureceu, quem não anda com Deus com certeza não consegue entender isso e talvez até se revolte contra o Senhor num visão espiritual mais curta.


- O que se coloca como inimigo do povo de Deus é enganado pela própria arrogância:


      “Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, mudou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva? E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; E tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão. E os egípcios perseguiram-nos, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e o seu exército, e alcançaram-nos acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom.” (versos 5-9)


      O faraó, que depois das pragas enviadas por Deus, tinha autorizado Israel a partir do Egito, arrepende-se. O mal é assim, sem palavra, traiçoeiro, os que se colocam como nossos inimigos, e que deixam que o mal domine seus corações, se tornam iguais, neles não devemos confiar nunca. Mas Deus não estava provando somente a fé de Israel, Deus também provaria o Egito. Se eles tivessem sido humildes e deixado Israel ir, a perda que eles tiveram com as pragas já teriam sido suficientes, mas como insistiram em perseguir o povo de Deus provariam uma derrota ainda maior e mais humilhante. 


- A nossa incredulidade e dureza de coração:


      “E aproximando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.” (versos 10-12)


      Mas se os inimigos são provados para serem ainda mais derrotados, os filhos são provados para que amadureçam e cresçam na fé. Mesmo depois de tudo que Deus tinha feito no Egito para libertar Israel, ainda assim o povo enfraqueceu e desacreditou. Que criancice a de Israel falando o que falou a Moisés, culpando-o, e achando melhor viver trabalhando em escravidão que ser livre pela fé. Assim somos nós, nunca aprendemos, por mais que o Senhor nos abençoe, quando um novo problema surge nós esquecemos o passado e só vemos um futuro ruim.


- No meio da batalha convém acreditar e obedecer:


      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros. E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pós atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.” (versos 13-20)


      O Senhor pelegerá por vós e vós vos calareis, uma das frases mais poderosas da Bíblia. Naquele episódio, a batalha seria vencida só por Deus, ao povo bastaria apenas crer e obedecer. Não era algo que o homem poderia fazer, algo mais ativo, e em algumas ocasiões de nossas vidas nós estamos totalmente impotentes. Eu disse algumas, porque na maior parte das vezes Deus, em sua graça, faz uma sociedade conosco, ele faz a parte dele à medida que nós fazemos a nossa. Mas nessa experiência de Israel, bastaria a eles ter fé. A solução da questão seria através de uma ação extraordinária do Senhor? Sim. Sobrenatural? Não sei, e nem importa, se algum fenômeno geológico ocorreu coincidentemente no momento que Israel precisou atravessar o mar, Israel não sabia disso, mas quem disse que coincidência não é milagre? Eu quero mais é experimentar coincidências assim quando orar a Deus pedindo solução de um problema. Acho muito bonito o antagonismo da nuvem, para os egípcios era trevas, para Israel era luz, que metáfora maravilhosa da ação de Deus. A libertação do Senhor confunde os incrédulos, mas alegra e conduz os crentes à vitória.


- O milagroso livramento do Senhor:


      “Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios. E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e dificultosamente os governavam. Então disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.

      E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou a sua força ao amanhecer, e os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar, Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. Assim o Senhor salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo.” (versos 21-31)


      Qual milagre Deus fará para livrar você? Não importa, mas acredite, se isso for preciso e só isso for o suficiente, o Senhor fará. Dessa forma não se preocupe com a aproximação dos inimigos, se você está obedecendo uma ordem de Deus continue firme. As águas se levantam nos teus lados, como paredes sobrenaturais? Isso parece terrível, te assusta? Não tema, é Deus agindo, e elas continuarão assim enquanto for necessário, depois que você passar elas voltarão ao seu curso natural. Então, aquilo que foi livramento para você será o castigo dos que te perseguem, a vingança do Senhor contra aqueles que desejam, de alguma maneira, oprimir e aprisionar os filhos legítimos de Deus. Mas depois dessa grande libertação, ao filho obediente, só resta entrar em Canaã e ser feliz. 

09/11/18

Querer e poder

      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.Eclesiastes 9.10-11

      Alguns, nas igrejas, nos ministérios, querem trabalhar na obra, fazer as coisas, coisas boas, mas coisas que não estão preparados para fazer. Por quais motivos? Alguns por vaidade, para mostrarem que são isso ou aquilo, mas muitos por falta de conhecimento mesmo, por uma ingênua e equivocada interpretação de suas capacidades, até tomam a iniciativa, mas sem preparo. Outros, contudo, possuem as capacidades, a inteligência, mesmo, a chamada de Deus, já estão preparados e há muito tempo, mas não fazem o que poderiam fazer, simplesmente porque não querem. Isso por qual motivo? Por acharem que é muito pouco para eles, que fazer tais cosas é desprestigia-lós, nesses também existe a vaidade, mas também pode existir a descrença, a desesperança, de quem pensa que não vale a pena fazer porque não vai dar em nada. 
      Querer e poder, uns querem, mas não podem, outros podem, mas não querem, é muito triste quando o necessitado do auxílio desses somos nós, vermos quem devia estar servindo a Deus e ao próximo, servindo a si mesmos ou a ninguém. Os primeiros nos dão falsas esperanças, prometem e não cumprem, até começam a caminhar conosco, mas no meio do caminho desistem. Desistem porque não estão preparados para servir. Os segundos nos enganam pela aparência, de cara nós os reconhecemos como capacitados para nos auxiliar, assim a iniciativa é nossa, nos prontificamos a estar com eles, mas eles nos desprezam, podem, mas nada fazem. Esse estão ocupados em aprofundarem-se na teoria, no conhecimento intelectual da Bíblia, mas não em viver, de maneira simples e objetiva, o evangelho.
      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”, a primeira parte do texto de Eclesiastes responde à questão com sabedoria e equilíbrio, façamos tudo conforme as nossas forças, isso não estabelece o limite mínimo, mas o máximo, e o máximo relativo a cada um. Cada um tem um limite pessoal máximo de forças e é esse limite que nos será cobrado, não o do outro, mas o nosso. Esse limite será suficiente para que Deus nos use para abençoar aqueles que Deus manda para que abençoemos. Que Deus nos ache assim, voluntários, mas pelo Espírito Santo, capazes, mas com um coração de servo humilde, trabalhando, mas em Deus e para Deus, abençoando os pequeninos do Senhor, tão carentes de quem os pastoreie em amor e os ajude com misericórdia.

08/11/18

Que morte veremos?

      “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” João 8.51

      Que morte veremos? Que morte queremos? Que morte merecemos? Não existe só uma morte, existem várias, seres humanos diferentes provarão mortes diferentes, uns menos mortes que outros. A morte física, nela o coração para, o cérebro não funciona, pode haver a falência generalizada de órgãos, precisamos aceitar que ninguém morre por estar bem, algo ruim acontece ao corpo para que ele deixe de funcionar e haja a morte. Junto dessa realidade vem a dor, o que deixa de funcionar dói, um enfarte causa uma dor terrível, mas se ele for fulminante e ocorrer enquanto dormimos, talvez seja a morte menos doída. 
      A morte emocional, um suicídio lento, que nasce de uma profunda tristeza, causada por muita frustração ou trauma, que leva a uma crise depressiva que finalmente desligada a pessoa de qualquer desejo de prazer, de felicidade, de querer continuar existindo como indivíduo produtivo e positivo. Essa talves seja a pior morte, que trará consequências ao corpo, e que poderá levar a um fim lento e agonizante, senão a um suicídio de fato, rápido, a pior violência que alguém pode cometer.
      A morte espiritual, essa não é escolhida, não é futura, mas é o caminho do ser humano adulto e lúcido que ainda não escolheu ser filho de Deus. Crianças e deficientes intelectuais, assim como inocentes, em vários lugares do mundo, mesmo alguns indígenas, eu acredito que não precisarão fazer a escolha, enquanto permanecerem assim, não provarão morte espiritual. Mas essa é a única morte que as pessoas podem evitar, e que em alguns casos, na geração dos que provarem o arreabatamento, a escolha livrará os homens também da morte física.
      A morte que Jesus se refere no texto incial é, a princípio, a morte espiritual, mas confesso que o que me levou a refletir sobre o tema, foi a morte física. Vivi recentemente a morte de um parente próximo que sofreu por dez meses na u.t.i. antes de partir, foi muito dolorido, para ele e para a família. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas principalmente o medo de ter uma experiência semelhante, longa e dolorida. Assim, perguntei ao Senhor por que alguns têm que sofrer tanto assim para “desencarnar”, a resposta que Deus me deu foi o texto de João 8.51.
      Se Deus tem um propósito com tudo que acontece com todos os seres humanos, nos momentos que antecedem a morte física esse propósito é ainda mais urgente, é a última oportunidade para a pessoa acertar a vida. Quem teimou em não acertar no “dia normal de trabalho” pode precisar de “horas extras” para isso, dessa forma, infelizmente, muitos têm partidas complicadas por conta de toda uma vida complicada que escolheram ter. Se queremos ter uma morte física minimamente dolorosa, tenhamos uma vida correta, dentro do possível que podemos ter. 
      As pendências que levam a “horas extras” dizem respeito a como nos relacionamos com Deus e com nós mesmos, mas muito a como agimos com os outros. Dar e pedir perdão é a única maneira de nos acertarmos com todos, “horas extras” sempre existirão para que exerçamos o perdão que ainda falta. Dessa forma, peçamos e concedamos perdão, e até onde nos for possível, pessoalmente, mas se não assim, ao menos, em nossos corações.
      Eu acredito que todos que fizeram o possível para acertar, que naquilo que podiam, tomaram iniciativa, mas que acima de tudo confiaram no perdão de Deus e obedeceram a voz do Espírito Santo, não provarão mortes físicas complicadas, e mesmo se alguma complicação ocorrer, terão do Senhor o consolo e a força para partirem deste mundo de maneira honrosa, sem humilhação ou solidão. Sejamos humildes antes que a morte nos quebre de vez.

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.18

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hebreus 9.27-28

07/11/18

Confessando o pecado

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      Das bases da nossa fé, um dos fundamentos do evangelho, a porta de entrada para a comunhão com o Deus verdadeiro: assunção do pecado pessoal, confissão dele diante de Deus e posse do perdão por meio do nome de Jesus, para só então seguir em paz. Nunca tente viver sem isso, se o ímpio não pode achar em nada desse mundo ou do outro algo que lhe dê satisfação maior que estar em paz com Deus, aquele que já nasceu de novo e já provou essa purificação, não conseguirá viver sem se acertar com seu Senhor. Confessemos, com todo o coração, com todo o entendimento, sintamos o quanto o pecado desagrada o Espírito Santo que habita-nos, e então creiamos, com fé, que Deus perdoa e esquece, e que nada e nem ninguém pode nos condenar ou culpar depois. Glória a Deus que é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça!

06/11/18

Só ouvimos a sabedoria quando a catarse termina

      “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.I Reis 19.11-12

      Passamos grande parte de nossas vidas falando a nós mesmos, tentando nos convencer de algo que no fundo não aceitamos, não acreditamos, mas que achamos que é o melhor pra nós por isso insistimos em dizer. Não temos consciência disso, e para continuarmos com essa obsessão podemos dizer que é a vontade de Deus para as outras pessoas, ou que é uma ideologia qualquer que oferece a melhor solução para a vida alheia. Assim, nos achamos profetas, pastores, oradores, filósofos, líderes, políticos, terapeutas, enfim, com um chamado especial e exterior para falar ao exterior. Nos convencemos  que algo maior, divino, nos leva a mostrar para os outros seres humanos algo que eles precisam e não sabem. Mas na verdade, na maioria das vezes e na maior parte do tempo, somos somente nós, falando algo que nasceu dentro de nós, a nós mesmos. Um dia, porém, se existe em nós alguma lucidez, alguma maturidade, nos cansamos, a mentira sempre cansa, a ilusão sempre entedia, o engano cria um loop que desgasta a alma e leva à lugar algum.
      Deus nos usa enquanto estamos exercendo essa catarse egocêntrica? Sim, com certeza, muitos homens ilustres, brilhantes, famosos e que ajudaram muita gente se encontravam nesse processo, mesmo escritores bíblicos como Moisés, Davi, Elias e Paulo, pra citar alguns. Se não fosse assim Deus não poderia usar ninguém, chamar nenhum pastor, levantar nenhum pregador, para alimentar seus filhos, os pequeninos do Senhor tão carentes de alimento espiritual. Dessa forma, o esclarecimento mínimo que um profeta de Deus precisa ter é que a princípio ele fala a si mesmo. Orando, estudando a Bíblia, ouvindo outros púlpitos e observando a vida real, ele percebe seus limites, suas fraquezas, suas necessidades, é influenciado pelo Espírito Santo, e se ensina. Sim, influenciado pelo Espírito Santo, porque Deus na sua graça vê a necessidade e atende, mesmo ao cego e fraco, mas que o busca com todo o seu coração e entendimento. 
      A verdade é que a catarse só acaba mesmo na morte do corpo, enquanto isso um fogo intenso alimentado por uma necessidade de atenção, de valorização, de aprovação, necessidade que adquirimos sendo injustiçados pelos homens, dentre eles nós mesmos, queima e nos faz falar e falar. Tentamos nos convencer que não precisamos provar nada a ninguém, mas isso já é querer provar alguma coisa. Tentamos nos convencer que não dependemos de ninguém, mas se há a necessidade de provar isso é porque na verdade nos sentimos extremamente dependentes dos outros. Tentamos convencer a todos que somos fortes, bonitos, originais, importantes, enfim, singulares, enquanto fazemos as mesmas coisas que os outros fazem, somos plural para sermos reconhecidos por outros que também são. Entenda que esse discurso não é necessariamente verbalizado ou convertido em texto, muitos são calados, tímidos, pouco falam de si mesmos, mas suas atitudes mostram que são pessoas que estão sempre tentando convencerem-se de algo que não são.
      Só ouvimos verdadeiramente a voz do Espírito Santo no silêncio, todavia, calar a alma talvez seja a coisa mais difícil que um ser humano possa fazer. É muito mais que parar de falar (ou de escrever...), de silenciar a boca diante dos homens, é não achar mais legitimidade em qualquer argumento, em qualquer explicação, em qualquer discurso, em qualquer emoção ou razão, é não buscar mais justificativas, desculpas, culpas ou créditos. É entender a pequenez do homem, sua impotência, sua insignificância, abrindo mão de todo orgulho próprio que faça-nos achar que temos algum direito. Veja que isso vai no caminho contrário de uma das bandeiras mais fortes da agenda do diabo atualmente, quando ele empodera o indivíduo e dá a ele todos os direitos só por ser indivíduo. Deus ama o homem, mas não o mima, Deus sabe do valor que cada ser humano tem, é quer fazê-lo feliz dando a ele liberdade para ser seu melhor, contudo, o empoderamento que Deus dá é através de Jesus. 
      Jesus deve ser empoderado em cada indivíduo para que o homem seja forte. Todavia, o indivíduo só experimenta a fortaleza de um Cristo todo poderoso vivendo nele, quando assume sua fraqueza e dependência total de Deus. Calar, dar um fim, talvez a todo um discurso, que por anos nos motivou e nos fez ser importantes, nos acharmos especiais, mas que na verdade era só catarse, nosso ego falando e falando, mas nunca parando para ouvir, seja os outros ou Deus. Nesse equívoco muitos se acham mestres, sábios, dignos de respeito e com direito de não respeitarem outros, mas tudo sempre foi só catarse, que Deus até usou, por pura misericórdia, mas que ainda assim era só um esboço grotesco da verdadeira palavra de Deus. Talvez eu e você tenhamos chegado a lugares altos, falando a nós mesmos sobre nós mesmos, mas o Senhor tem algo muito maior para nós, Deus quer nos ensinar sobre ele mesmo, sobre suas virtudes, sobre sua santidade, sobre sua divindade.
      Abramos mão daquilo que pensamos sobre isso ou aquilo, sobre o que achamos disso ou daquilo, abramos mão da nossa intelectualidade e espiritualidade, no fundo só somos entregadores de palavra humana, nisso, muitos querendo liberdade e serem donos de um conhecimento especial, acabam sendo manipulados e usados. Silenciemos nossas almas, as tantas vozes que falam dentro de nós para nós mesmos, deixemos que a voz preciosa e única do Espírito Santo se revele, uma voz mansa e educada que só fala quando as outras se calam. Eu, você, o mundo, temos ouvido vozes demais, tantas soluções, religiões, ideologias, na TV, na internet, nas redes sociais, elas não podem salvar, curar, libertar, colocar o homem no lugar melhor. O melhor lugar é nas mãos de Deus e esse lugar só achamos quando nos calamos e obedecemos a voz do Espírito Santo. A catarse, no máximo, nos esclarece sobre o problema, a solução, contudo, só a voz de Jesus pode revelar.

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catarse
substantivo feminino
  1. 1. 
    na religião, medicina e filosofia da Antiguidade grega, libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe.
  2. 2. 
    ESTÉTICATEATRO
    purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.
  3. 3. 
    MEDICINA
    evacuação dos intestinos.
  4. 4. 
    PSICANÁLISE
    operação de trazer à consciência estados afetivos e lembranças recalcadas no inconsciente, liberando o paciente de sintomas e neuroses associadas a este bloqueio.
  5. 5. 
    PSICOLOGIA
    liberação de emoções ou tensões reprimidas, comparável a uma ab-reação.
  6. 6. 
    PSICOLOGIA
    efeito liberador produzido pela encenação de certas ações, esp. as que fazem apelo ao medo e à raiva.
Origem
⊙ ETIM gr. kátharsis,eōs 'purificação, purgação; mênstruo; alívio da alma pela satisfação de uma necessidade moral'
Fonte: “catarse significado” dicionário Google

05/11/18

A cultura do fácil e gratuito

      Infelizmente, uma geração mal educada prefere o fácil e o gratuito, isso nas várias áreas da vida. Não me entenda errado, não estou sendo insensível com o desemprego e a diminuição de poder aquisitivo da grande maioria de brasileiros, atualmente. Em minha área profissional, sou um promotor da tecnologia musical acessível que gere trabalho, nas mãos de quem quer trabalhar, e que não custe caro. Ter o caro só por status, é vaidade burra e só promove mais vaidade. Contudo, acessível não significa de graça, é inteligente procurarmos o melhor por menos, mas conscientes que as coisas têm um preço, porque custou algo para alguém fazê-las. 
      É claro que governos, políticos e ideologias mal intencionados, têm interesse nessa cultura do fácil e gratuito, quem não paga, não pode exigir e tem que se submeter a quem dá sem cobrar. Sim, o cidadão paga impostos, e no Brasil não são pequenos, isso lhe dá direito de receber do governo certos serviços, como infraestrutura, água, luz, saneamento, vias públicas, etc. Mas precisamos entender que o melhor direito que um governo deveria dar aos cidadãos é a possibilidade deles trabalharem e receberem um justo retorno financeiro, de posse disso pode-se pagar pelo que se precisa.
      Assim, que se valorize o mérito de cada um de se esforçar, estudar e trabalhar, para então adquirir direitos, independentemente de raça, cor de pele, sexualidade, credo, etc. Receber só por ser vítima, sem ter que dar nada em troca, deveria ser um direito restrito a exceções. Os mal intencionados, todavia, atualmente inventam vitimizações, aparentemente para empoderar o indivíduo, mas na prática para enfraquecê-lo e poder manipula-lo. Uma geração é mimada pelo estado e pelos pais, recebendo muita coisa de graça, assim não aprende a pagar preços. Quando enfim precisa ter independência e pagar pela vida, sente-se injustiçada e falta com respeito com o profissionalismo alheio.
      Se achando mais do que são e achando os outros menos do que são, muitos apelam para a criminalidade, roubar é o jeito de se ter sem pagar. Essa reflexão é um chamado de atenção, em primeiro lugar a outros como eu, pais. Criemos nossos filhos de perto, não deleguemos isso a ninguém, também não os mimemos, ensinemos que a vida tem preços. Em segundo lugar é um chamado de atenção aos jovens, cuidado com o que vem de graça, no mundo físico é preciso trabalho para se conquistar as coisas com honestidade, mas isso nos confere uma honra e uma felicidade sem preços. A vida não é fácil, pra ninguém, assim não julguemos ninguém, todos pagamos nossos preços como adultos e livres. De graça só a vida eterna e o perdão, que Deus nos dá pelo nome de seu filho Jesus Cristo.

04/11/18

Uma palavra de Deus

      “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.” Salmos 119.9-12

      Em maio de 2011 senti de Deus, de maneira bem clara e confirmada, de começar a compartilhar reflexões cristãs diárias num espaço virtual, assim nasceu o blog “Como o ar que respiro”. Em quase oito anos de existência, já postei aqui quase 3.000 reflexões, já foram feitos mais de 225.000 acessos a elas, uma média de 100 por dia, a grande maioria, como você, leitores discretos e silenciosos, mas que de alguma forma têm achado neste espaço uma palavra legítima.
      Até o ano passado, chegava a programar até 60 postagens, textos que escrevia até 60 dias antes de serem disponibilizados no blog, mas no final de 2017 quase que me decidi por não fazer mais posts diários, mas só três por semana. Com o tempo todo pregador, e me permitam me colocar assim, por favor, se torna repetitivo. O Espírito Santo, todavia, agiu de forma diferente daquilo que eu pensava, e me fez depender mais ainda dele na administração do blog.
      Desde o começo deste ano, 2018, via de regra, tenho escrito uma reflexão por dia, programando num dia o que sairá no dia seguinte. Depois de escrever tanta coisa, constatei algo maravilhoso neste ano, registrei os melhores textos já postados aqui, em minha opinião. Dessa forma, já no final do ano, registrando a 309a. reflexão de 2018, quero agradecer a Deus. Não, os textos compartilhados aqui não são ficção humana, invenção de homem, doutrinamento ou religiosidade, são experiências de um ser humano tentando caminhar mais perto de Jesus. 
      Olho pra dentro de mim, acho Deus e meu ego, olho para o alto, vejo o universo e Deus, olho para fora e para os lados, vejo o mundo, o homem, o diabo e Deus, assim, não posso deixar de dar prioridade ao Senhor, ele é onipresente e onipotente, eterno e absolutamente justo e amoroso. Não pense que o cânone bíblico está isento de humanidade, não está, e é bom que seja assim, desse jeito dependemos do Espírito Santo, não de obedecer cegamente regras escritas. Assim, as palavras de todos os púlpitos, físicos ou virtuais, pentecostais ou tradicionais, a nós cabe analiza-las e reter delas o que é bom.
      Mas o cristão, temente, sincero, humilde, sempre achará uma palavra de Deus para alimentar sua alma e seu espírito, achará o consolo que lhe dê esperança, o alimento que lhe forneça forças, a verdadeira unção do Espírito Santo que faz dele não só mais um mero religioso, mas um filho legítimo do único e verdadeiro Deus. Que esse Deus alimente a todos nós, a mim e a você, com a sua palavra, sem ela nada somos, uma palavra viva, renovadora, sábia, que enche o nosso interior de um bom espanto, de uma surpresa especial, quando constatamos que Deus existe e está sempre perto daqueles que nele confiam.

      "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10.17