07/02/20

Se Deus chama, não cansa

      “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?Salmos 42.1-2

      “Eu tento orar, mas me dá um sono, fico sem assunto, não consigo orar por muito tempo”, muita gente alega isso sobre oração, principalmente jovens atuais, mas como já dissemos aqui, boa oração não é quantidade, mas qualidade. Precisamos entender que vida com Deus, desde o recebimento da salvação até todo o processo de crescimento e maturidade espiritual, é sempre vertical e de cima para baixo, é Deus chamando o homem, e não o contrário. Isso não significa que devemos ficar esperando “Deus chamar” para que oremos e o conheçamos, andando de qualquer jeito e sem vigilância, o homem deve querer, e com convicção, mas sempre obedecendo a voz suave do Espírito Santo. 
      O que vive com temor a Deus, que está sempre sensível à voz de Jesus, sentirá de maneira maravilhosa o Espírito Santo chamando-o a orar, para confessar, para adorar, para conhecer a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor. Penso que atingimos um grau de maturidade espiritual quando oração se torna como a respiração física, natural, na medida certa, sem que precisemos forçar nada, apenas provar da presença do Espírito Santo nos chamando e nos ensinando, fazemos simplesmente porque queremos viver bem. Se Deus chama, não cansa, mas vivifica nosso espírito, ainda que nossos corpos e almas estejam tão sobrecarregados de existir neste mundo. Se Deus chama, orar é como respirar e a presença de Deus, “como o ar que respiro”, simples mas vital. 

06/02/20

Fale em línguas espirituais estranhas

      “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.” I Coríntios 14.39-40

      Uma prova de experiência profunda em oração com Deus é falar em línguas espirituais estranhas, aqui preciso deixar algo bem claro: não estou dizendo que os que não falam em línguas não estão tendo experiência profunda com Deus, nem que todos devem falar em línguas espirituais estranhas. Mas segue um conselho de um cristão com alguma experiência em vários ministérios, tanto protestantes tradicionais como pentecostais, se você não tiver esse dom, busque-o! Nem precisa ser para usá-lo em público, aliás em muitos casos é mais espiritual e sábio não usar dom espiritual em público que usar, vaidade espiritual também é vaidade, e pior que as outras (porque usa o nome de Deus). 
      Assim que use o dom de línguas espirituais estranhas só em teus momentos privados de oração, isso entrega uma experiência profunda com o Senhor, espiritual e emocional, que nos fortalece e nos ensina. Mas se já tiver o dom, suba mais um degrau, peça a Deus o dom de interpretação de línguas estranhas, e repito, que se também for usado em momentos pessoais de oração nos cura e consola sobremaneira. Ore, fortaleça-se no Senhor para enfrentar a vida, mas não enfrente as batalhas que Deus nos manda lutar com armas inadequadas, carnais e mesmo intelectuais, mas com as armas espirituais. Oremos, mas oremos mesmo, e se possível, revestidos dos dons espirituais.

05/02/20

Nos ocupemos com o bem

      “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coraçãoEfésios  5.18-19

      Não ocupe tua alma com coisas vãs e de pouca validade para o bem maior, que o vaidoso se iluda com com os falsos aplausos, que o mentiroso se vicie nas mentiras sobre si mesmo, que o ganancioso use e manipule para ganhar rápido o que não merece, o tempo dará sua resposta. Quanto ao verdadeiro filho de Deus siga fazendo o melhor e a tempo, trabalhando quando preciso, descansando quando necessário, mas nunca dependendo de si mesmo, mas de Deus. Não invejemos o mal intencionado que faz e acontece, e que ainda assim parece não ser apanhado e ser honrado pelos homens, a inveja congela a vida numa referência de homem, impede crescimento em Deus e amarga a alma. Fujamos de qualquer sombra de contenda, é melhor está com poucos na luz que com muitos nas trevas.
      Olhemos para frente e para o alto, nada passa desapercebido a Deus, nada fica sem medida e sem recompensa, nenhuma causa fica sem efeito, assim, não percamos tempo e energia com o que não resistirá aos anos, às provas, à luz do altíssimo. Purifiquemos nossos espíritos com o sangue do cordeiro que é Jesus, consolemo-nos com os dons do Espírito Santo, sejamos fiéis a Deus, aos nossos cônjuges, aos nossos filhos e aos nossos patrões, o resto administremos com equilíbrio nunca dando mais valor que realmente merece. Deus é com o justificado, com o misericordioso, com o verdadeiro homem de bem, com aqueles que sabem que nada são sem ele e que não fitam seus olhos na efêmera glória humana. 
      Enchei-vos do Espírito e não vos embriagueis com vinho, e vinho não é só bebida fermentada de uva, é qualquer alegria que não se baseia na justiça, na misericórdia e na paz, é qualquer obsessão que leva ao vício, que nos domina e sobre o qual não temos controle, e como vício é idolatria que tenta substituir o vivo Espírito de Deus. Religião de homens é vinho, legalismo doutrinário é vinho, fé na fé é vinho, assiduidade em cultos pode ser vinho à medida que o simples fato de não faltar a um culto se torna mais importante que praticar o que se aprende no culto. O Espírito de Deus é vida e liberdade, para obedecer a Deus sem se importar com reconhecimento humano. 
     Nos ocupemos com o bem e o maior bem é adorar a Deus, em espírito e em verdade, em palavra e na prática, diante dos homens e na intimidade. Saibamos, contudo, que a verdadeira adoração só presta um coração realmente puro, sincero do bem, quebrantado diante de Deus. O melhor louvor vem dos inocentes, crianças são inocentes, alguns tipos de limitados mentais são inocentes (e não qualquer espécie de maluco), mas os lavados com o sangue de Cristo se tornam inocentes à medida que caminham com Jesus e limpam intenções e ações. Louvor liberta, abre portas, mas o verdadeiro louvor é o que revela de fato quem somos, já que ele não vem de boca e corpo, mas do coração que se aproximou de Deus com todas as suas forças e de fato tocou o santo altar do altíssimo.

04/02/20

Orai sem cessar

      “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias.I Tessalonicenses 5.17-20

       Eis uma tentação que na maior parte das vezes sofre, não o cristão novo e menos atuante na igreja, mas o mais velho de igreja, o mais maduro e mesmo aquele com mais atuação em cargos e lideranças ministeriais. Às vezes entramos numa integração tão intensa com a roda viva da vida que simplesmente paramos de orar como se deve, até oramos nos cultos, pensamos em Deus, pedimos sua orientação durante situações de decisões e de seriedade, mas orar mesmo, isso não fazemos. Esse mecanismo pode se instalar de tal forma em nossas mentes que acabamos acreditando que somos espirituais, mesmo orando pouco ou errado. 
      Bem, o que é “orar mesmo”, qual a maneira certa de orar? É ter uma interação direta, profunda e a sós com Deus, envolvendo razão, emoção, fé e espírito, isso nem precisa acontecer em períodos longos, oração não é quantidade mas qualidade. Numa experiência assim confessamos todos os pecados, assumimos um desejo firme de não comete-los mais e depois adoramos a Deus, com todo o coração, com todo o pensamento e no Espírito Santo. Santidade e adoração são as provas que estamos tendo de fato vidas de oração verdadeira, já se os pecados se acumulam e se a adoração mais emocional é difícil, podemos até estar trabalhando muito na obra, mas não estamos em comunhão com Deus em oração.

03/02/20

Tranquilo mas vigilante

       “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.Mateus 26.41

      Ande tranquilo e descansado, mas só depois de ter orado e entregado tua vida nas mãos de Deus. Essa entrega deve ser constante, assim que não se passe muito tempo entre um período de oração sério na presença do Senhor e outro, nem precisa ser longo, mas tem que ser profundo, almejando sempre a santidade e a adoração. Não enfrente o dia a dia, o mundo, o trabalho e o estudo secular, e mesmo as relações sociais dentro de igreja e família, de qualquer jeito, e é claro muito menos compromissos com o ministério, compartilhamento de palavra, ministração de louvor ou direção de oração. 
      O espírito está pronto, mas a carne não, e ela pode conter a unção espiritual de forma limitada, é um vaso pequeno, assim deve ser constantemente cheio com o Espírito Santo. É importante, contudo, que se entenda uma coisa, tranquilo não significa displicente ou passivo, aquele que descansa em Deus não se enfraquece, mas fortalece-se, pois está calmo não por confiar nas ilusões do mundo, da carne e do diabo, mas por firmar-se no altíssimo. Assim, o segredo da força esta em confiar plenamente, pela fé em Deus, e crer não é fazer força, mas descansar, Deus é a nossa força.

02/02/20

Simples ou bipolar?

      “Quisera eu me suportásseis um pouco na minha loucura! Suportai-me, porém, ainda. Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Coríntios 11.1-3

      Às vezes refletimos tanto, pensamos tanto, raciocinamos tanto, que nos esquecemos da simplicidade de agradecer ao Senhor por tudo, sem filosofar demais, sem se preocupar em basear-se demais na teologia, e desculpe-me se este texto se refere somente a mim, se é pessoal demais, quem me acompanha aqui entenderá minha sinceridade. Não, ser profundo, ser sério, analizar a fé, o cristianismo, a prática do evangelho com coerência, pesando teoria com prática, não é costume da maioria, aliás, uma das ênfases do “Como o ar...” é justamente sobre a ociosidade intelectual de muitos cristãos atuais, ociosidade que leva tantos a serem presas de heresias e hipocrisias. É preciso crer mas com sabedoria, com crítica, sempre!
     Contudo, só às vezes, arrogantes como eu, que se acham melhores por serem mais informados (ou se acharem mais informados), descobrem na simplicidade do primeiro amor do evangelho uma satisfação maior. Mas o que de fato é ser profundo no evangelho? O cristianismo oferece um acesso a Deus diferenciado justamente por ser descomplicado, e por isso pode ser provado por todos, de todos os tempos e lugares, de níveis intelectuais e financeiros distintos, o cristianismo é simples. Glória a Deus por isso, e por mais que precisamos ser íntegros, conhecer a Deus não só com fé e emoção mas também com razão e trabalho, não podemos nos esquecer disso. 
      Se analisarmos a história da igreja cristã no mundo, a primitiva, a católica, a protestante, a pentecostal, a neo-pentecostal e a atual (misturada e sem identidade), veremos um jogo de queda de braço. Entre quem, entre o homem e Deus? Não, isso é desnecessário tanto quanto impossível, mas entre polos de visões do que seja o cristianismo. Por um lado está a liberdade emocional no Espírito Santo e por outro lado o legalismo racional dos textos bíblicos. Mas esse jogo na verdade é do homem contra o próprio homem, que se perde na liberdade emocional e se abriga nos grilhões do racional, depois desfalece nas cadeias do legalismo doutrinário e deseja de novo a liberalidade passional do que acha que é o Espírito. 
      Os extremos ficam interessantes quando o homem deixa a simplicidade do evangelho, da fé e obras, do crer e praticar, do sentir mas avaliar racionalmente, isso dá trabalho, exige tanto conhecimento bíblico quanto vida de oração, isso exige cérebro e intuição espiritual, inteligência e dons do Espírito. Quem não quer se dar a esse trabalho considera melhor simplesmente repousar num extremo e ou não pensar mais ou não sentir mais. Equilíbrio dá trabalho, mas cansa, por isso às vezes, basta sermos simples, talvez Deus conte com o nosso cansaço, não para que estacionemos num polo, mas para que descansemos realmente nele, para que achemos o ponto de equilíbrio.
      A verdade é que o equilíbrio é uma quimera, desejado mas poucas vezes provado, somos seres bipolares, passamos a vida num jogo de queda de braço que nos leva de um lado para outro. Todavia, às vezes ser simples basta, e é nesses momentos que provamos Deus de maneira mais pura e direta, que ouvimos sua voz com clareza, que entendemos a vontade de Deus para nossas vidas e que vemos que tudo faz sentido e que somos felizes. À medida que envelhecemos no corpo e amadurecemos no espírito esses momentos aumentam, mas só quando vencemos a desesperança, que também podem ser tentação forte à medida que o tempo passa. Desculpe-me novamente se essa reflexão só serviu a mim...

01/02/20

Filosofar no Espírito

      “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” I Coríntios 2.7-11

      “Filosofia (do grego Φιλοσοφία, philosophia, literalmente «amor pela sabedoria» é o estudo de questões gerais e fundamentais sobre a existência, conhecimento, valores, razão, mente, e linguagem; frequentemente colocadas como problemas a se resolver. O termo provavelmente foi cunhado por Pitágoras (c. 570 – 495 BCE). Os métodos filosóficos incluem o questionamento, a discussão crítica, o argumento racional e a apresentação sistemática. As questões filosóficas clássicas incluem: É possível saber qualquer coisa e provar que se sabe? O que é mais real? Os filósofos também colocam questões mais práticas e concretas, como: Existe uma maneira melhor de se viver? É melhor ser justo ou injusto (se haver como se safar)? Os seres humanos têm livre arbítrio?“ Fonte: Wikipedia 

      Quem acompanha o “Como o ar...” já entendeu que a “pegada” aqui é filosofia, e não tem nada errado em cristão filosofar, isso usa outras partes importantes do nosso ser, filosofia é uma ferramenta, não uma religião, usada pelo nosso intelecto. Analizar aquilo que nos toca, que impressionou em nós fortes sentimentos, que mudou de alguma maneira nossas vidas, entender o que somos, porque nos tornamos assim, e o que nos leva tanto a sofrer quanto a sermos felizes, é importante. A diferença entre filósofo e cristão filósofo e que o cristão não encerra o processo na reflexão, nem está sozinho para praticar as conclusões obtidas, mas ele tem Deus morando nele numa íntima ligação.
     O cristão tem o privilégio de filosofar no Espírito Santo, que tanto o conduz às melhores conclusões quanto o fortalece para viver de fato o que concluiu, pensar é preciso, ainda que conquistemos os mistérios espirituais por fé que é o primeiro passo, depois temos que refletir sobre o mistério e chegar mais perto da mente de Deus. Quem crê e vive abençoa a si mesmo, mas quem crê, vive e pensa a respeito (filosofa), consegue verbalizar e então ensinar o que aprendeu, isso abençoa os outros. Por outro lado o motivo da humanidade ser joguete nas mãos de maus líderes religiosos é justamente porque muitas vezes deixou que outros pensassem por ela. 
     Paulo não só acreditava, tinha experiências com o Espírito Santo, praticava o evangelho e o pregava, ele também escreveu os textos maiores e mais importantes do novo testamento, que têm ensinado a igreja desde o início. Por que Deus escolheu Paulo para escrever esses textos e não outros, como João e Pedro? Porque Paulo tinha inteligência, tinha cultura, pensava e escrevia com profundidade e verdade, Paulo era também um filósofo cristão, mais do que qualquer outro escritor bíblico, refletiu profundamente sobre o reino de Deus estabelecido por Cristo, argumentou com os judeus que insistiam em permanecer debaixo da lei, mesmo depois de convertidos. 
      Salomão é outro escritor bíblico que também foi útil nos planos de Deus porque era um profundo pensador além de temente a Deus, Eclesiastes prova isso. Moisés, criado como príncipe no Egito, com a melhor educação, foi incumbido por Deus de escrever o pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia. Podemos citar também Daniel, um dos “jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus” (Daniel 1.4), outro selecionado pelo Espírito Santo para registrar profecias sobre o fim dos tempos no nível de Apocalipse de João.
      Moisés, Salomão, Daniel, Paulo, são homens que escreviam bem porque pensavam bem, eles, e não outros, foram as ferramentas usadas por Deus para registrar mais que crônicas históricas e políticas ou biografias, mas pensamentos profundos sobre Deus, o homem e a vida, isso nos ensina que pensar, sim, é preciso, obviamente depois de crer e buscar a Deus. Eu pessoalmente creio que mais do que nunca, nesses tempos de tanta manipulação ideológica, de tanta heresia, de tantas vozes virtuais, o cristão precisa pensar mais, avaliar mais as coisas, buscar coerência entre palavras e vida. Contudo, tudo isso para voltar à simplicidade do evangelho de Jesus e de fato vivê-lo, não para se perder nos extremos.