Vida: conhecimento elevado

      “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste.” João 17.3

      Muitos fazem um raciocínio simples quando questionados sobre o que é a vida. A vida é o que Deus diz que é, Deus fala através da Bíblia, assim a vida é o que a Bíblia diz que é. Esses não aceitam que Deus não desceu do céu e escreveu a Bíblia, a Bíblia é, na melhor das hipóteses, registros históricos de homens, israelitas na maior parte, do passado, de pelo menos 1.900 anos atrás, que tiveram experiências com Deus. 

      Quem chancelou a Bíblia foi, em sua parte quase que totalitária, a Igreja Católica, dessa forma, para muitos, a vida é o que uma instituição milenar, que mentiu, assassinou, manipulou e roubou, principalmente a civilização ocidental, diz que é. Isso tudo ainda que sendo o nome de Jesus pregado, haja frutos de vida eterna, já que o nome de Cristo tem poder em si mesmo, indiferente de quem o use ou a intenção que tenha.

      O texto bíblico inicial, que João o evangelista atribuiu como palavras diretas do Cristo, diz que vida é conhecer a Deus e a Jesus, conhecimento que se pode obter com comunhão direta com o Senhor pelo Espírito Santo. Quando João escreveu isso não havia Bíblia, nem igreja católica, nem qualquer outra igreja cristã, assim, quem quiser saber o que é a vida pergunte a Deus, com santidade, fé e perseverança, e saberá.

Herança: sem acusação

      “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor.” Isaías 54.17

      Isaías diz algo interessante sobre o que é a herança dos servos do Senhor, ela é a impossibilidade de alguém ser acusado justamente em juízo. Essa herança não se obtém acumulando riquezas e fama, mas perdão, santidade, misericórdia, amor, paciência e paz. Novamente o único que pode dar essa herança é Deus, que sabe se existe ou não dentro do ser humano um espírito humilde. 

      O que adianta termos bens e usufruído luxos, até sermos honrados por importantes e poderosos, quando não perdoamos o irmão, não agimos com misericórdia com o fraco, não tivemos paciência para ouvir o aflito? Reputação se constrói com assunção de erros, pedido de perdão e perseverança em não errar mais, esse é o trabalho que Deus nos chama a fazer em Cristo para sermos justos. 

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8.1). Tenham paz os que ainda que tenham errado perseveram no Espírito em mudar de vida, vocês têm o perdão no céu de Jesus Deus, e a orientação na Terra do Cristo homem, que lhes mostra como serem melhores, sob vocês não pesa acusação. 

Reputação: Deus sabe

      “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher. A sua alma pousará no bem, e a sua semente herdará a terra. O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança.” Salmos 25.12-14

      É simples, reputação é algo que se constrói no tempo, pode ser boa, pode ser má. Se se viveu algum tempo fazendo escolhas ruins, adquire-se má reputação, isso pode ser mudado? Sim. Mas não se sinta a pior das criaturas por isso, existem dois tipos de pessoas no mundo, as que tentam e as que erram por nunca terem tentado, só erra quem tenta, mas quem tenta um dia acabará acertando. 

      Quem sabe o tempo de cada ser humano neste mundo? Só Deus, assim, só Deus sabe que reputação cada um de nós poderá construir, ainda que no presente não tenha construído. Como julgamos mal, amarramos as pessoas a erros do passado, assim as impedimos de construírem boas reputações pelo menos dentro de nós. Isso é olhar os outros como os demônios olham, não como Deus.

      É certo que alguns não conseguem construir boas reputações, e outros só entendem a relevância delas no momento da morte. O mais certo, contudo, é que o único que pode julgar a qualidade de uma reputação é Deus, a melhor reputação não se constrói para homens, mas para o Senhor. As reputações mais excelentes são morais e espirituais, essas só Deus e pessoas de boa reputação valorizam. 

Identidade: humildade

      “Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.” Sofonias 3.12-13

      Se a coerência firma nossos pés físicos no chão, nossa identidade deve alçar nosso espírito para o céu. Mas atenção, só vivemos para a eternidade morrendo para o mundo, isso só é possível com humildade, virtude que é porta para todas as outras. O que nos confere identidade como amigos de Deus é a humildade, entretanto, para que a vivamos Deus pode ter que nos submeter a sérios tratamentos. 

      Só se aprende a viver sem nada quando se perde tudo, e muitos, para não perderem nada, perderão o principal, suas almas. Deus é sempre amor e sempre sabe o que é melhor para nós, assim, se forem necessárias grandes quedas, de lugares altos, para entendermos o que é mais importante, Deus autorizará isso, e se permitirmos, ainda em tempo de termos alegria e dignidade neste mundo. 

      Muitos não entendem que humildade não é castigo, nem humilhante, é espiritualidade mais alta, que glorifica a Deus e entende os mistérios mais elevados. Humildade não é opção, ainda que muitos a posterguem, mas num momento, aqui ou na eternidade, todo ser dobrará seus joelhos a Jesus e terá que ser humilde. Quem entrará no céu e terá a paz? Quem tiver identidade certa, a humilde. 

Coerência: equilíbrio

      “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.” Tiago 1.22-24

      No trabalho de segurar virtudes com os princípios, coerência nos dá lucidez, casa teoria com prática, nos livra da hipocrisia. Ser coerentes também nos ensina a ser humildes, nos dá clareza para sabermos quem somos, o que podemos e o que não podemos fazer. Coerência nos livra da insanidade de nos acharmos deuses, mantém nossos pés no chão físico deste mundo. 

      Quem despreza a coerência que avalia nossa identidade no tempo, esquece quem é, pode se iludir com os momentos bons ou se amargurar com os momentos ruins. A coerência nos conduz a um equilíbrio humilde, nos protege de nos acharmos vilões ou heróis, mas só humanos, como tantos outros, e se nos vemos corretamente também olhamos certo o outro, com generosidade. 

      Incoerência gera diabos, prepotentes, egocêntricos, toda espécie de extremistas que se acham mais divinos que Deus, assim no direito de explorarem e serem venerados. Incoerência produz ídolos e idólatras, ainda que sejamos nós mesmos os únicos a nos adorarmos como aquilo que achamos que somos. Mas cuidado, quem não é humilde precisará ser humilhado para ser coerente.

Princípios: vaso certo

      “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração. Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo.” Salmos 15.1-3

      Podemos até ter noção da relevância de virtudes, mas se não tivermos princípios corretos seremos como folha seca ao vento, nos moveremos para frente, mas logo depois as forças do mundo nos jogarão para trás, ficaremos assim, joguetes das paixões humanas e de vaidades do mundo. Princípios devem ser segurados com firmeza, nos mostram mais que o que somos, o que podemos ser.

      Um primeiro princípio é a verdade, que não se rende à mentira, ainda que com dano próprio. Um segundo princípio é a paz, que luta por vitória pessoal sem fazer guerra com os outros, consciente de que nós somos nosso real inimigo. Um terceiro princípio é o amor, que faz alianças e não as quebra, que serve antes de ser servido, que tem paciência com fraquezas próprias e com alheias.

      Virtudes são o óleo precioso, mas são os princípios que constróem o vaso que manterá as virtudes. Esse vaso não deve ser tão grande, que permita vaidade, nem tão pequeno, que dê lugar à ociosidade, mas na medida certa, para que exista humildade e temor a Deus. Poderemos lutar por anos para acharmos e praticarmos virtudes, mas os princípios devem ser mantidos, com pura fé. 

Virtudes: óleo santo

      “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” Colossenses 3.12-14

      Qualquer ser humano, se desejar encontrar a Deus, seja pela religião que for, mas com o objetivo de ser alguém melhor, desejando vida prática de virtudes, fazendo isso com todo o coração e com fé, não se satisfazendo com as fraquezas do corpo, com os prazeres passageiros do mundo, nem com as vaidades dos homens, achará ao verdadeiro Deus. 

      Poderá não encontrar isso imediatamente, na primeira igreja ou na primeira religião que participar, anos poderão passar, nisso errará, terá muitas decepções, mas insistirá, incentivado pelo Espírito do Deus vivo, e num momento terá um encontro com Jesus, o salvador da humanidade. Vocação moral divina não se falsifica, se for assumida o homem a exercerá.

      Misericórdia com os opositores, intenção benigna, humildade discreta, mansidão que espera e faz a melhor escolha, longanimidade que trata todos com respeito, num estilo de vida em que o perdão é fácil de dar e de pedir, ungido com um amor fiel que nada pede em troca, por essas virtudes o sincero do bem lutará até o fim de sua existência e as viverá.