02/02/23

Ficai parados e vede

      “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.17

      A palavra profética de Jaaziel ao rei Jeosafá de Judá no texto acima, sempre nos faz refletir sobre um posicionamento que às vezes temos que tomar diante de um tipo de problema: ficarmos parados. Numa situação assim somos provados não para fazermos algo, e como nos sentimos valorizados fazendo as coisas, principalmente para aparecermos diante de homens, mas para nada fazermos e ainda assim descansarmos em paz. 
      Algumas situações podem pedir de nós essa atitude, uma delas é estarmos diante de uma pessoa a qual nada mais pode ser dito ou feito para que ela mude de posição, assim, qualquer esforço que fizermos será inútil e Deus sabe disso. Temos que ouvir, não nos envolvermos com a maneira como a pessoa reage, cientes de que o problema dela é dela, não nosso, e que o nosso problema, ainda que a envolva, está bem entregue nas mãos de Deus. 
      Sim, podemos até interceder a Deus pela pessoa, mas sem sofrermos demais, sem perdermos a paz, em situações assim o Espírito Santo nos orienta distância porque ele já sabe que a pessoa exerceu um livre arbítrio e nós não poderemos mudá-lo. Não é uma experiência fácil, segurar a paz será difícil sem reagirmos ou agirmos, mas é nessas situações que o nome de Deus é engrandecido de maneira excepcional, e que milagres são provados. 
      O Senhor diz, não temais, nem vos assusteis, ainda que a face do que se põe como nosso inimigo pareça terrível, que sua voz zombe, gritando promessas de vingança e de acusação, se Deus fala que nos dá a vitória, ele dá. Não é sempre que Deus dá orientação para nos portarmos assim, é preciso orar com todo o coração para nos certificarmos dessa palavra, mas se Deus a der, confiemos, calados e parados, assistindo Deus vencer por nós.

01/02/23

Sejam fortes e corajosos

      “Amem o Senhor, todos vocês que lhe são fiéis, pois o Senhor protege quem nele confia, mas castiga severamente o arrogante. Portanto, sejam fortes e corajosos, todos vocês que põem sua esperança no Senhor!Salmos 31.23-24 (Nova Versão Transformadora)

      Quando está tudo bem, quando o caminho está livre e visível, quando não temos que ultrapassar nenhum obstáculo, quando tudo está sob controle e não existem perigos ou coisas desconhecidas para enfrentarmos, não precisamos ser corajosos. Bastam-nos as forças que temos no momento para seguirmos tranquilos, contudo, essa normalidade não nos permite crescer, melhorarmos, conhecermos mais de Deus e de nós mesmos. 
      É no avistar de algo novo, maior que nós, misterioso, que não temos mesmo ideia do que seja direito, que nos é exigido força e coragem. Quem sabe não precisa de coragem, mas ser corajoso é exercer fé e na fé vamos sem saber, confiamos na vitória sem ver direito o que estamos enfrentando, ser corajoso é olhar para o alto, para Deus, e não para o que temos que superar. Contudo, não se pode ter essa coragem sem amarmos antes. 
      Não é impossível, visto que Deus nos ama mesmo que não o amemos, mas é mais difícil termos vitória sem estarmos caminhando em amor com Deus, já que aí teremos duas dificuldades, nos acertarmos com o Senhor e depois lidarmos com uma dificuldade. Sábio é sermos fiéis e colocarmos só em Deus nossa esperança o tempo todo, fazermos as coisas certas porque queremos agradar alguém que amamos e que também nos ama. 
      O que nos dá coragem não é a confiança em nós mesmos, em nossas obras, em nossas capacidades, também não é sermos bons cidadãos ou bons religiosos, mas é um amor, puro e constante pelo Senhor, que se revela em vigilância moral e em oração profunda no Espírito Santo. Coragem não é algo que se imita ou se inventa em cima da hora, é fruto de vida diária com Deus, quem ama, confia em Deus, e quem confia Deus protege. 

31/01/23

Não escondi a tua verdade

      “Faze-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas. Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia.Salmos 25.4-5

      O cristianismo errado do mundo atraiu dois tipos de equivocados: os que idolatram a Deus porque creem que ele pode fazer tudo, e os que desprezam a Deus porque também creem que ele pode fazer tudo mas não faz. Dois tipos diferentes de pessoas se enganam e não se gostam, mas ambos creem da mesma maneira, um esperando o que não acontece e outro achando que não acontece e por isso vivendo sem esperança. 
      Uns esperam que Deus faça a parte que é deles, não de Deus, ajudar os que sofrem e são injustiçados, outros se revoltam contra um Deus que permite dor e injustiça e nada faz para ajudar, mas que também não entendem que essa ajuda eles devem dar, não Deus. Deus é espírito e não desce ao mundo para resolver problemas que os próprios homens criaram, fez isso uma vez em Cristo, são os homens que devem resolver suas questões.
      O primeiro tipo, apesar de infantil, de conhecer o verdadeiro Deus tanto quanto o segundo de certa maneira, tem fé, por isso em alguns momentos prova respostas de Deus, agradece por isso e tenta obedecer sua vontade. O segundo tipo, apesar de rancoroso, tem uma visão mais lúcida do Deus verdadeiro, mas não respeita sua maneira de agir, nem obedece esse Deus, foi até metade do caminho, mas não por fé, só por desconfiança. 
      Crentes e ateus, na verdade são ambos crédulos, já que só se revolta pelo que Deus não faz quem crê que ele possa fazer. Num falta luz, no outro humildade, mas mesmo o crente, se não crescer, poderá se transformar em ateu, quando constatar que Deus não faz tudo que ele acha que faz. Deus faz tudo, mas não do jeito que achamos olhando o universo só com olhos físicos, vendo só este mundo e esta vida. Onde está a verdade? 
      Está basicamente em Jesus pelo protestantismo, que tenta reviver o evangelho original, está também muito no pentecostalismo, que dá liberdade aos dons do Espírito, mas também está no catolicismo, que se debruçou por séculos na teologia cristã, e não se escandalizem agora cristãos, também está no espiritualismo, que vê a existência como mais de uma vida aqui e não aceita penas eternas lá, assim como está em tantas outras religiões. 

      “Preguei a justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios, Senhor, tu o sabes. Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação. Não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade.Salmos 40.9-10

30/01/23

Vida, maravilhosa oportunidade

       “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.II Timóteo 4.5-7 

     Quem não tem sede não prova da água fresca e limpa e dá valor a ela. Quem não se sente vazio não valoriza a presença do Espírito Santo. Só o faminto dará valor ao alimento, agradecerá por tê-lo recebido, honrará quem o deu. Neste mundo somos assim, limitados, inviáveis para reter muitas coisas. Deus, contudo, nos colocou aqui com essas especificações, não para sofrermos, mas para aprendermos o que de fato conduz a uma existência sem sofrimento. Se não fosse assim nos iludiríamos com os vãos prazeres do corpo, seríamos enganados por espíritos das trevas, perderíamos tempo e sofreríamos muito e sempre. 
      O versículo II Timóteo 4.7 está presente em muitas lápides em cemitérios, pergunto se de fato entendemos esse texto, e se temos direito de usá-lo quando partimos deste mundo. Paulo, pelo que sabemos dele, tinha, mas para Paulo a chamada de Paulo, ao Zé a sua chamada, não necessariamente a de Paulo, olhemos para Deus, não para os homens. Quem vê problemas como oportunidades, buscará em Deus uma solução e crescerá, quem vê só problemas não entenderá a existência no mundo, jogará culpa nos outros, será cético, ou pior, não será amigo de Deus. Não estou dizendo que isso seja fácil, mas esse é o jeito certo. 
      Não viva para os outros, mas ame os outros. Não faça sacrifícios por quem não teme a Deus, mas esforce-se pelos humildes. Não leve religião tão a sério, mas leve Deus muito, mas muito a sério. Paulo aconselha Timóteo no texto inicial, a vocação desse era evangelista em tempo integral, esse era seu ministério. Contudo, não temos todos essa chamada e nem precisamos ter, nosso bom combate e nossa carreira são pessoais, assim como nossa fé, ainda que tenhamos Jesus como mestre em comum. Só você e Deus sabem a luta que você precisa combater para ser alguém melhor, nunca abra mão desse entendimento.
      A vida é uma maravilhosa oportunidade, aproveitemo-la bem. Sim, há momentos para desfrutes, para comer, beber, namorar, viajar, ser honrado pelos pares, mas isso não é o mais importante. O que seria o inferno, um lugar de fogo onde espíritos são queimados para sempre? Ou uma situação moral onde somos torturados pela culpa de não termos aproveitado oportunidades para sermos melhores? Espíritos não têm corpo com substâncias corruptíveis, não podem ser machucados e sentirem dor, mas na eternidade eles são nossas essências morais puras confrontadas com a luz de Deus. Nesse confronto pode haver dor ou alegria.
      Vergonha é dor infernal, envergonha-se quem é pego errando ou escondendo algo errado que fez, persiste nisso orgulhos e incrédulos, que não querem enfrentar problemas, nem sentir a dor inicial do quebrantamento. Sempre teremos que sofrer alguma dor, mas sua duração e seu objetivo são o que definem céu e inferno. Humildes terão dores menores, que os conduzirá à aprovação do Senhor, esses desfrutam o céu ainda neste mundo. Quando seus corpos físicos morrerem e eles enfrentarem a eternidade, a luz mais alta de Deus não os envergonhará, mas os consolará, então, poderão dizer o que Paulo diz em II Timóteo 4.7.

José Osório de Souza, 8/11/2021

29/01/23

O que buscamos, encontramos

      “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e ao que bate, se abre.Mateus 7:7-8 

      O que de fato você procura nesta vida? O que te deixaria mais satisfeito se você conseguisse? Seja honesto e responda isso a você, ninguém precisa ficar sabendo. De um jeito ou de outro, saiba que num momento você encontrará nesta vida o que você busca, nem mais, nem menos. Todos nós queremos prosperidade material, se não luxo, não o lixo, ao menos vida digna para nós e para nossas famílias. Mas isso são as outras coisas, não é o reino de Deus orientando em Mateus 6.33, “mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. 
      O mais correto para quem quer fazer a vontade de Deus e ser espiritual, seria estar tão ocupado em praticar virtudes morais, que não tivesse tempo para se preocupar com o que vai comer, beber, vestir e onde vai morar, ainda que trabalhasse para isso, mas a maioria está longe desse ideal. Deus ainda tem que usar necessidades materiais para nos atrair a ele e às coisas do espírito, assim, com medo de faltar algo neste mundo buscamos mais ao Senhor e recebemos aquilo que poderemos levar para o outro mundo. “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem” (Mateus 6.20a).
      Em algum momento de nossas vidas precisamos nos preparar melhor para a morte, buscarmos o que precisamos encontrar para aperfeiçoarmos nossos espíritos, não nossos bens materiais. Para isso é preciso mudança de mente, de alvos, libertação de medos e vaidades, nos prontificarmos com todo o nosso ser a melhorarmos na santidade, na humildade e no amor, o tripé da espiritualidade. Essas três virtudes devem ser vividas para Deus, para os outros e para nós, mas humildade é especial, é algo que podemos falsificar, os outros acharem que a temos por fora, quando não a temos dentro de nós. 
      Humildade é mais que mansidão, que domínio próprio, que sabedoria, podemos mostrar tudo isso e ainda assim sermos orgulhosos. Humildade é algo que existe em nossas entranhas emocionais e intelectuais, que arrancamos lá do fundo como algo conquistado e plantado com muita dor, a dor da perda da nossa arrogância. Mas quando existe há temor a Deus, respeito profundo pelos outros e uma santidade plena, que sabe que devemos ser servos, que não podemos nos impor nem fazer cobranças, que deixa nosso espírito leve e livre para subir em direção ao Altíssimo, aqui e na eternidade. 
      Sem demagogia ou falsidade, algo que tenho repetido a mim mesmo quando saio de casa para me relacionar com as pessoas no mundo físico é, “seja humilde”. Precisamos buscar isso para sermos motoristas melhores, clientes melhore, profissionais melhores, ovelhas melhores, alunos melhores, filhos melhores, cunhados melhores, genros melhores, pais melhores, esposos melhores. Quando o fruto do Espírito de Gálatas 5.22, “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”, for nossa prioridade, o resto virá, pois entenderemos para que estamos nesta vida. 
      Agora aqueles que mesmo que teimem em manter aparências de moralidade, de religiosidade, de espiritualidade, buscam riquezas materiais e aprovação de homens importantes no mundo, até poderão achar o que procuram, mas dentro deles só haverá as obras da carne de Gálatas 5.19b-21a, “adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas”. Esses não se preparam para a morte e para o juízo, querem viver eternamente a ilusão da matéria. 
      Se eu não tivesse problema com dinheiro, nem digo ser milionário, mas ter o suficiente para viver com segurança todos os meses ainda que trabalhando, se pudesse ir a um restaurante uma vez por semana e comer algo diferente, trocar de carro de tempos em tempos, ter todas as quinquilharias eletrônicas modernas em casa, não pagar aluguel, ter um plano de saúde, ter férias decentes com a família uma vez por ano, enfim, se pudesse pôr a cabeça no travesseiro todas as noites sem ter que me preocupar se a grana do mês é suficiente: será que eu buscaria a Deus como eu busco hoje? 
      Se a resposta for não, significa que o Senhor tem que continuar me mantendo com rédeas curtas, sob às aflições do mundo, pois ainda dou mais valor para as coisas erradas que para as certas, para os prazeres da matéria que para as eternas virtudes morais. Sei que é assim com a maioria de nós, mesmo cristãos, e muitos só assumem isso, deixando de ser hipócritas, quando o universo surpreende-os com o inesperado, tirando-lhes mesmo privilégios materiais simples, ou confrontando-os com problemas sérios de saúde. Pois é, meus caros, o ser humano não é para amadores, só Deus na causa. 

28/01/23

“Nunca me disse eu te amo”

      “Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo.Apocalipse 3.9

      Ele, ou ela, nunca disse que me amava, essa constatação talvez seja um dos motivos que mais faz as pessoas sofrerem. Ela é verdadeira? Sim, e para quase todos nós, para não dizer para todos, cada um de nós sente-se lesado pelo amor de alguém, principalmente daqueles que mais influenciaram nossas formações como seres humanos, pais e irmãos. Mas existe um lei inexorável, ainda que absurda, procuramos na vida estar próximos de pessoas parecidas com aquelas que nos fizeram sofrer. Por que é assim?
      Se muitas vezes são nossos pais que nos causaram dor, achando que eles não fizeram o trabalho direito, buscaremos substitutos semelhantes, na esperança que façam certo desta vez. Infelizmente o mais provável é nos associarmos a pessoas parecidas com as que nos machucaram e que também nos machucarão, assim, patrões errados, pastores errados, amigos errados, e principalmente, esposos e esposas errados. Esses farão o mesmo que nos fizeram outros em nossos passados, não nos amarão do jeito que queremos.
      Vamos agora à realidade, que todo ser humano que quer amadurecer precisa aceitar, quem não aceitá-la terá uma fatídica missão neste mundo, ser cobrador de amor dos outros, e assim nunca terá condições de fazer alianças afetivas sadias e duradouras. Nunca acharemos neste mundo quem nos ame como queremos. Pais que não criam filhos do jeito certo também seremos, e nossos filhos terão que conviver com a mesma realidade, que nós temos que conviver, aceitar que as pessoas não dizem “eu te amo”. 
      Eu, com mais de sessenta anos e como esposo e pai, que fui filho que demorou a amadurecer e parar de cobrar amor, falo até demais para esposa e filhas que as amo, e nestes últimos tempos tenho conseguido dizer isso também à minha mãezinha que ainda vive, com mais de oitenta anos. Infelizmente meu pai já partiu deste mundo, sem que pudéssemos nos acertar em muitos assuntos, mas resolvi essa questão com Deus e aguardo a eternidade, quando poderei ter uma comunhão plena e amorosa com ele.
      Sei que não sou excessão, seres humanos da minha idade tiveram criações com outras prioridades, hoje sei que meu pai procurou dar a mim o melhor que podia, não deixar que eu sofresse o que ele sofreu, ainda que tenha tido dificuldade para me dizer, ao menos uma vez, “eu te amo”. Por outro lado pais das gerações mais recentes até têm facilidade nas palavras, mas na prática estão distantes dos filhos, muitos não assumem casamentos e responsabilidades como os pais mais antigos, ainda que duros, assumiam. 
      Muitos de gerações mais recentes fazem sexo com facilidade, mas não dizem eu te amo com a mesma desenvoltura, e os que dizem muitas vezes é num tom carente, inseguro e possessivo. Desejo é fácil sentir, basta que órgãos e hormônios estejam funcionando, mas amor verdadeiro, que não mendiga atenção, nem domina com violência, só pode ser exercido com coração puro. Ore a Deus e diga eu te amo a quem importa, não sabemos por quanto tempo ainda teremos neste mundo a proximidade de alguns. 

27/01/23

Pecado não terá domínio sobre vós

      “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.Romanos 6.14

      Demorei muito tempo para entender o versículo acima, em grande parte de minha vida o pecado corria atrás de mim e me alcançava, por mais que eu corresse. Foi só quando parei de tentar vencer o pecado e obedecer a Deus com minhas forças, e me deixei conduzir pelo Espírito Santo, que a história mudou, então, eu não corria mais do pecado, mas corria com Deus, nas asas do Espírito o pecado só nos alcança se deixamos. 
      Quando queremos fazer a coisa certa, mas do jeito errado, temos uma comunhão superficial com Deus, até sentimos e raciocinamos espiritualmente, mas sem profundidade, o Espírito de Deus nos fala, ele sempre fala com todos, mas fica limitado por nós mesmos para nos libertar do pecado. Ainda que queiramos as virtudes, o pecado continua dentro de nós, por isso sempre nos alcança, não podemos fugir do que nos habita.
      Muitos vivem em igrejas cristãs assim, são bons religiosos, mas lutando sozinhos, o pecado ainda está dentro deles, é senhor deles, podem até parecerem santos, mas são só na aparência, não no espírito. Deixar que o Espírito de Deus nos habite de maneira profunda pode exigir de nós um preço caro, sermos humilhados e envergonhados publicamente, para abrirmos mãos do ego, das vaidades, das verdades e sonhos pessoais. 
      A existência neste mundo é uma jornada enfrentando o perigo, esse perigo é bem real, contudo, o medo dele é só uma escolha se nos movemos no Espírito de Deus. Em Deus temos certeza de quem somos, onde estamos e onde podemos chegar, assim o medo é injustificável porque em Deus o perigo já está vencido. Só precisamos obedecer, passo a passo, com paciência e santidade, sem o medo o pecado não tem domínio sobre nós.
      Pecado é alimento do medroso, até confere vigor, mas envenena por dentro. Contra quem está no caminho da graça a única arma que o mal tem é a mentira do medo, mentira morre sendo ignorada. A graça de Deus mostra-nos o caminho e capacita-nos para andarmos nele, nada é cobrado de nós a não ser seguirmos em direção ao Altíssimo, levemos o tempo que for preciso. Seguirmos ou cedermos ao medo é questão de escolha. 
      A jornada que me refiro aqui não é nossa sobrevivência no mundo material, estudos, profissões, mesmo relacionamentos afetivos. A jornada é aquisição e manutenção de virtudes morais, portanto, bens eternos que levaremos para a eternidade. Nossas responsabilidades aqui não podem esperar, mas nossa evolução espiritual, essa sim, é escolha e acontece enquanto andamos no mundo a administramos as obrigações físicas.