28/01/24

Sobre aborto

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.Mateus 16.27

      Em minha opinião fazer aborto, quando a vida da mãe não está em risco, é assassinato! Há exceções? Em caso de estupro, já que fazer uma mulher conviver por nove meses com algo que ela não quis e teve uma origem tão terrível não é humano. Eu não abro mão desse ponto de vista, e se a mulher engravidar e não desejar gerar o filho, bem, penso que ela terá que viver com isso, poderá até dar a criança para adoção, mas de forma alguma se tornar assassina. Não penso assim porque minha religião manda, aliás, não são só cristãos que possuem essa opinião. Mas temos um segundo ponto nesse assunto: o que fazer numa sociedade democrática, que respeita direitos individuais, com quem pensa diferente disso? 
      Não vou falar novamente que cristão deveria se envolver minimamente com política, que políticos dirigem a sociedade, não igrejas cristãs, a sociedade inclui pessoas de outras religiões, sem religiões e que não acham que aborto é assassinato. Mas muitos cristãos acham que políticos devem agir como pastores, e pior, que pastores podem ser políticos, impondo para a sociedade algo que nem Deus impõe, que todos pensem como cristãos. Muitos cristãos lutam contra uma lei que aprove o aborto como se estivessem lutando contra uma imposição feita a eles dentro de igreja. Eu não concordo com aborto, mas se há pessoas que desejam sua legalização ele deve ser legalizado, cada um que faça o que quer com sua vida. 
      O argumento que aborto não é problema moral, mas de saúde, que sua legalização acabaria com clínicas clandestinas, é burro. Se querem melhorar a saúde das mulheres façam campanhas de informação nas escolas para que se evite gravidez indesejada, resolvam o problema na raiz, ao invés de liberarem vida sexual para quem não está preparado para assumir as consequências dela. Patéticas são mulheres maduras, de bom nível financeiro e intelectual, apoiando legalidade do aborto, que maluca irresponsabilidade. Mas se Deus dá livre arbítrio a loucos, quem somos nós para não dar? Como cristãos devemos dar exemplo, orientar jovens e aceitar que o reino de Deus não é aqui, no final cada um responderá por si. 

27/01/24

Loucos desprezam a sabedoria

      “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.Provérbios 1.7

      Muitos dizem que Deus é uma criação humana, materialistas e ateus pensam assim, mas os chamados pelos cristãos de “satanistas” também dizem isso. Algo precisa ficar claro para muitos que acham que no meio dos crentes, e com crente me refiro a quem exerce fé numa divindade espiritual, só há gente ignorante e alienada, nem todo crente alia tradição religiosa a Deus e a Jesus. Assim, ainda que participando de igrejas e sabendo que Deus usa religiões limitadas, muitos de nós crentes, e eu me incluo nesses, sabem que religião e mesmo o cânone bíblico podem ser construções humanas. Mas cremos que Deus existe, que Jesus foi um ser único enviado por esse Deus à humanidade e esses não são criações de mentes fracas e doentes. 
      O cético pode responder a isso com uma pergunta: “como você sabe que o Deus que você diz existir não é criação de sua cabeça?” A resposta é: eu não sei, mas creio, e crendo já tive provas incontestáveis que Deus é bom, existe, se relaciona comigo e me abençoa. Se eu sou maluco por ver as coisas assim, quero morrer maluco, essa maluquice só me faz bem. Ouço “vozes”? Todos ouvem, mas a que sigo só me diz coisas boas, me orienta a ser humilde, paciente, santo, a perdoar, deixa no meu coração uma paz e um prazer que nada deixa, e seguindo essa voz as coisas dão certo para mim, para minha esposa e filhas, para todos que Deus me orienta a orar. Se isso é coisa da minha mente, então tenho uma mente louca, mas feliz.
      Reconhecemos o bom plantio pelos bons frutos colhidos dele, mas muitos podem dizer, “não preciso crer em fantasia religiosa para ser feliz”. Mas será mesmo que alguém consegue ser feliz sem crer em Deus, ainda que através de uma religião construída pelos homens? Será que conseguimos ser limpos moralmente e amorosos, em palavras a obras, só confiando em nós mesmos e na ciência? E mais uma vez deixo claro que nós crentes precisamos ouvir a ciência, muito e mais, mesmo que seja instrumentalizada por céticos, a ciência é bênção de Deus. Mas ela não cura, nem consola o espírito, esse tem sede da eternidade, quer voltar para ela, a melhor eternidade só temos crendo no Deus verdadeiro. Louco é quem não crê em Deus. 

26/01/24

Doce amargura

      “E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.Apocalipse 10.8-11

      O tempo muda muitas coisas, com o seu passar até nossa amargura fica doce, mas isso se a decantarmos com Deus. Muitos podem não entender, não ainda, mas é filtrando nossos erros e fraquezas que o Senhor tira o melhor de nós. Amargura é necessária, prova que vivemos, quem vive, erra, mas também pode provar, após errar, arrependimento. O perdão não faz com que todas as consequências de nossos erros simplesmente desapareçam, há resto de remorço, de culpa, que mesmo o perdão de Deus não anula, que gera um gosto amargo dentro de nós. É essa amargura que nos lembrará que certas coisas que fizemos nos magoaram e a outros, por não esquecermos, não desejaremos cometer o mesmo erro de novo. 
      Com o tempo aquilo que era amargo adocica-se, nos confere identidade, maturidade, uma boa malícia, mas é mais que isso, é sabedoria. O tempo nos deixa no final meio capengas, ninguém que viveu chega no fim com dois pés, duas mãos, dois olhos, dois ouvidos, temos que perder algo no caminho. Isso não é prejuízo, é medalha de honra, que recebem soldados que participaram de guerras importantes, foram gravemente feridos e sobreviveram. Desconfie de quem diz ter chegado no fim e estar inteiro, quase igual ao que era no início, esse na verdade não viveu, não lutou, não se machucou, não perdeu e também não ganhou e não mudou para melhor. Temos que chegar vivos, mas com cicatrizes de feridas fechadas. 
      Uma doce amargura, contudo, muitos podem conter, mas quem se humilha diante de Deus e o obedece verá todo amargor adocicar-se no final, o Espírito Santo faz isso em nós. Haverá memórias, aquele olhar profundo que sempre procura algo mais nas coisas e nas pessoas, um calar que sabe a resposta, mas não a diz, não para qualquer um, mas haverá vida eterna. Eis o processo da existência, começa doce e ingênua, amarga-se até que as ilusões morram, então fica insuportável, mas lentamente a amargura vai sendo decantada, filtrada, e do pior veneno surge o licor mais doce, puro, raro. A destilaria de Deus é o tempo, mas o trabalho que faz funcionar essa destilaria é a humildade, os humildes serão doces no final. 

25/01/24

É só o carro, o motorista está bem

      “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.17-18

      Quando estamos bem financeiramente, adquirimos veículos novos, de preferência zero quilômetro, e quando passa algum tempo o trocamos por um mais novo, nem dá tempo do carro envelhecer e dar problemas mais sérios de manutenção. Quando a situação está mais difícil, ficamos por anos com o mesmo carro, teremos que gastar com consertos e ainda que em ordem nunca será como novo. Nosso corpo físico é o carro que Deus nos dá para passarmos um tempo no mundo, o motorista dele é nosso espírito. Na juventude, enquanto o corpo se renova, nem nos preocupamos com problemas de saúde, mas por volta dos quarenta anos a renovação cessa, o envelhecimento começa, doenças vêm e podem ser fatais. 
      Quanto ao nosso espírito, esse não envelhece, mas precisa se adequar a um corpo envelhecido e doente, dirigir “carro ruim” eis nosso maior desafio espiritual. Ainda que tomando todos os cuidados que a ciência oferece, é preciso aceitar que a morte é certa, nosso corpo não funcionará perfeitamente para sempre, mas isso não é só aceitar doenças e limitações que nos farão dependentes de muitos remédios. Além do corpo físico, nosso emocional também fica debilitado, assim sofremos tristezas e desânimos que não experimentávamos antes. Se um problema não pode ser resolvido, ele também não deve ser aumentado, e aceitar com humildade e em paz limites é o que não transforma um problema em mais de um. 
      O motorista está bem, e pode estar ainda melhor que quando o carro era novo, se nós envelhecemos amadurecendo em Deus, aceitemos isso. Infelizmente é no final da vida que o universo faz as cobranças mais duras, justamente quando o carro mal consegue ir ao supermercado nos levar às compras semanais. Deus autoriza isso para que ainda neste mundo possamos aprender coisas que não poderemos aprender na eternidade, lá haverá avaliação e recompensa, mas só do que levarmos daqui para lá. Desânimos e tristezas podem ser superados com descanso, um passeio, com uma conversa positiva com quem nos ama, com um bom livro, um bom filme, e é claro com vida de oração e disposição humilde e temente a Deus.

24/01/24

Paz e luz aos idosos

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.II Coríntios 4.16

      Quem tem parentes próximos e queridos idosos, sabe o que é levar boas palavras a eles, de esperança, de ânimo, de paz, principalmente em se tratando de pais, que muitos de nós têm questões não resolvidas, ou não bem resolvidas. Mas quando pais chegam em certa idade, não é mais momento de tentarmos resolver problemas com eles, como mais jovens devemos nos resolver sozinhos e com Deus. Aos idosos precisamos levar palavras de vida, não de morte, de perdão, de amizade, de afeto, nunca de acusação, cobrança ou condenação. Idosos estão no limite de suas forças físicas, e em quase igual instância nas forças emocionais, isso se já não estiverem de fato com  alguma degeneração mental severa. 
      Mas e o espírito, aquela essência humana eterna que resistirá à morte do corpo e que será confrontado com a luz do Altíssimo? Esse não morre e não envelhece, ainda que possa estar enfermo e necessitado de tratamento. Cura para o espírito humano é proximidade de Deus, simples assim, e isso não é necessariamente religião. Muitos passam a vida perto de religião, mas distantes de Deus. Deus emana luz onde há trevas, chama para a vida onde há morte, permite consolo onde há tormento. Deus é força para o desanimado, companhia para o solitário, água fresca e pura para o cansado pelo deserto do mundo dos homens. Aos velhos devemos levar sempre bem, iluminação, serenidade.
      O espírito nunca se cansa, assim pode aprender mesmo no envelhecimento do corpo, e creiam, ele aprende, mesmo que muitas pessoas disfarcem isso ou não admitam. Por isso a melhor oportunidade para as pessoas se aproximarem de Deus é na velhice, cabe aos mais jovens, com paciência e muito respeito, principalmente com os costumes religiosos que muitos passaram a vida mantendo, falar de Deus, mas falar do Deus de amor e do céu, não “outro”. Com o tempo, todos adquirem consciência de quem são e das escolhas erradas que fizeram, assim não adianta falar de juízo e condenação a velhos, mas de oportunidade para escolher o caminho da humildade e de conciliação com a justiça. 

23/01/24

Fé vence água e fogo

      “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.Isaías 43.1-2

      O capítulo quarenta e três de Isaías é conhecido, um daqueles textos que amamos ouvir quando estamos numa grande luta, onde nosso emocional acha-se fragilizado e confuso. Há as promessas de Deus, se ele chamou, ele protege, somos queridos por Deus, essa é a parte que gostamos de ouvir. Mas também há duas situações extremas descritas pelo Espírito Santo, que podem exigir de nós mais que nos consolarmos com palavras positivas. Podem ser interpretadas ao pé da letra, principalmente para o homem do tempo de Isaías, mas podemos entender metaforicamente, nesse caso a passagem ganha mais atemporalidade e relevância. Nem água e nem fogo prejudicarão o Israel de Deus, assim diz Isaías.
      Água, o primeiro elemento, não fere necessariamente o lado de fora do corpo físico, mas pode penetrar o interior do ser humano e rapidamente matá-lo por afogamento, ainda que não deixe marcas externas no corpo. Outro elemento, o fogo, lesa rápida e severamente, e ainda que só o lado de fora do corpo, causa sofrimento mesmo que não se aprofunde e não leve à morte, quem sobrevive a ele fica marcado pelo resto da vida. No mundo podemos passar por dores assim, ambas são terríveis, tanto água como fogo podem ser símbolos de lutas emocionais que nos fazem perder o chão, dominam o ambiente, roubam-nos referências e certezas, nos invadem. Só pela fé superamos a morte e a dor por água e por fogo.
      Como ter fé se falta-nos ar para respirar e permanecermos vivos? Como mantermos a confiança em Deus se algo leva dor a todo o nosso ser, enfraquecendo-nos e marcando-nos? Pela fé. O que é fé? É ver o invisível, ouvir o intocável, acreditar no que ainda não aconteceu. Essa fé vem de dentro para fora, assim não baseia-se no que nossas emoções percebem, mas numa convicção que não precisa ter explicação ou embasamento intelectual, só foco no Altíssimo, esperando em paz, independente de qualquer coisa. Por que fé é tão exigida de nós por Deus? Porque não sabemos de tudo e não temos poder sobre tudo, assim fé leva-nos ver a existência além da matéria e de nós, mas como vida espiritual e eterna.

22/01/24

Estreito é o caminho

      “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.Mateus 7.13-14

      Estreito é o caminho que conduz ao Altíssimo e fica mais estreito à medida que andamos nele. Contudo, o caminho e a maneira como Deus estreita um caminho varia de pessoa para pessoa, não são coisas iguais para todos. Como Deus tem estreitado teu caminho? Você tem aceitado isso em paz? Ou o caminho até estreitou-se num momento, mas depois você não gostou do modo como Deus fazia as coisas e voltou para um caminho mais confortável para você? Podemos experimentar caminhos largos de várias maneiras, nos apetites do corpo, na imoralidade, mas também nas lúcidas orientações da ciência e mesmo em religião. Esses caminhos podem até parecer bons, mas de um jeito ou de outro não conduzem ao melhor de Deus. 
      Ninguém se engane achando que sendo fiel a uma religião, principalmente se for cristã, estará no estreito caminho da salvação. Ainda que Deus use as religiões, o estreitamento do caminho sempre pede de nós um relacionamento pessoal, íntimo e direto com ele. Andar num caminho largo não é perder-se em devassidões, sensualidades e vícios, não necessariamente, é simplesmente dizer não a uma nova prova de Deus, e seremos provados até nosso último instante neste mundo. Para uns o estreitamento que Deus permite pode ser ter que trabalhar mais, para outros ter que viver materialmente com menos, ainda que trabalhando mais, para outros pode ser enfrentar uma enfermidade, física ou psicológica, sem cura.  
      Para outros pode ser o isolamento, onde não se tem mais aprovação e companhia de pares. Por que é diferente? Porque uns precisam aprender a priorizar virtudes morais e conexão espiritual com Deus ainda que mais pobres, outros ainda que sem os holofotes dos palcos, outros sem a pujança que lhes fazia célebres no meio dos homens. Enfim, o Senhor diminui a força e a glória do homem para que esse dependa da força de Deus e dê glórias só a ele. Os arrogantes inventarão desculpas para permanecerem num caminho mais confortável, afinal, não querem abrir mão de tudo que adquiriram diante de homens. Já os humildes sofrerão com o estreitamento do caminho, mas se submeterão à vontade de Deus e acharão paz.