De doentes a médicos

      “onde o pecado abundou, superabundou a graça” Romanos 5.20b

      Não fazemos ideia de como Deus gerencia nossas vidas de forma inteligente. Nossas maiores fraquezas ou nossos lutas mais duras são na verdade nossas melhores oportunidades para nos aperfeiçoarmos. Para isso Deus nos confronta com problemas e pessoas que expõem nossa doença, os humildes assumirão a doença, buscarão cura do jeito correto e terminarão suas trajetórias melhores que quando iniciaram. Mas no que mais fomos provados somos mais experientes, assim, enquanto no mundo saem-se melhor numa área profissional os que têm mais aptidão para a área, na faculdade de Deus forma-se para professor o que a princípio foi o mais deficiente na área. Que honra Deus nos concede, de doentes nos tornarmos médicos.

Viva teu todo

      “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas. Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.” Salmos 34.19-20

      Jogarmos todas as cartas num objetivo pode nos conduzir ao sucesso e à fama, mas pode nos afastar da mais alta vontade de Deus. Providencialmente Deus permite que nos confrontemos com várias e diferentes relevâncias, para que não sejamos totalmente vitoriosos e plenamente satisfeitos. Deus quer que sejamos infelizes? Não, quer que nos conheçamos, isso só é possível quando todo nosso ser, e não só parte dele conveniente a nós, é confrontado com a luz. Quem quer vida profissional vitoriosa pode conseguir, mas sacrificando vida afetiva, mas ao se focar em relação afetiva pode-se abrir mão de ascensão financeira. Pode-se ser bem sucedido em tudo? Não, mas é administrando isso do jeito certo que se alcança humildade.  

De dentro para fora

      “Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo. O homem bom se compadece, e empresta; disporá as suas coisas com juízo; porque nunca será abalado; o justo estará em memória eterna. Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor.” Salmos 112.4-7

      Trevas são interiores, luz é interior para, então, exteriorizarem-se. Quando se gera, mantém e se carrega escuridão na alma, tudo o mais será sombrio, mas havendo claridade no espírito a iluminação exterior será vista. Quem não se enxerga nada mais vê, ainda que a mente esteja munida de toda ciência deste mundo. Havendo trevas espirituais interiores o ser titubeia cego, não sabendo de onde veio, para onde vai e nem em que abismos cai. Quando o ser se põe em humildade, a luz se mostra, não porque se escondia, luz nunca se esconde, mas porque quem era antes só e arrogante abre os olhos para a verdade além de sua verdade menor e egoísta. Olhos abertos veem, assim pode-se caminhar em Deus e ser iluminado pela luz mais alta.

Deus não precisa gritar

      “A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.” Lamentações 3.24-26

      Não é porque a recepção de internet está fraca que a música que o celular toca por ela é ruim. Quando jovens, nos apaixonamos facilmente, tudo tem carga emocional forte e quente, quando envelhecemos, a fraqueza do corpo nos deixa mais frios. O lado bom é que somos menos afoitos para pecar, pensamos mais para que apetites do corpo não nos controlem, mas também sentimos experiências espirituais mais distantes, o Espírito Santo que parecia estar tão perto de nós e falando tão alto, parece falar baixinho. Não nos iludamos com a qualidade com que ouvimos, Deus está sempre perto, aos espirituais nem precisa gritar. O som baixo pede atenção, paciência, sensibilidade, isso nos amadurece e nos prepara para a eternidade.

Gatilhos

      “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.” Romanos 8.26-27

      Gatilhos são palavras, situações ou pessoas que disparam reações intensas e imediatas em nós. Paixão, ira, sensualidade, culpa, ansiedade, fobia, quando surgem aparentemente do nada, podem ser desencadeamentos de gatilhos. Gatilhos da carne, ainda que para disposições positivas, são frutos de nossa história, de nossa criação ou formação, mesmo de características físicas natas. Mas gatilhos também podem ser gerados por influência espiritual, se pelo livre arbítrio dermos autorização para isso. O Espírito Santo pode disparar virtudes e manifestar conhecimentos se estivermos sensíveis a ele, consolando-nos, fortalecendo-nos, revelando uma solução. Que gatilhos nos influenciam mais, da carne ou do Espírito?

Grana ou virtude?

      “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mateus 6.19-21

      Algumas pessoas, ainda que disfarçadas de instruídas e inteligentes, bem informadas e competentes profissionalmente, olham gente e coisas e só procuram preços. Elas priorizam o mundo, a matéria, o que pode ser visto e comprado, assim valorizam alto custo das coisas, em contas de bancos, em bens, em propriedades, em terras. Não são avarentas e gananciosas do tipo que enganam e roubam para se exibirem e adquirirem no mundo, são trabalhadoras honestas, mas seus corações medem os seres humanos pelos preços das coisas físicas que esses possuem. Serão surpreendidas na eternidade, quando forem olhadas pelos olhos de luz do Altíssimo, procurando nelas, não dinheiro, mas virtudes, humildade, santidade, amor.

Nem menos, nem mais

      “— Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” Mateus 6.34

      Quem tem alguma sanidade e afeto pelas pessoas, se preocupa, preocupação não é um mal, contudo, o que vem depois pode ser ou não bom. Se nos cansamos de nos preocupar, não reagindo de forma correta à preocupação, podemos tomar uma atitude extrema, nos tornarmos insensíveis, nos negarmos a sofrer preocupando-nos. Isso é uma escolha cínica e irresponsável, e para conviver com ela podemos inventar desculpas, como dizer a nós mesmos que alguém não é digno de nossa preocupação. Mas também podemos viver preocupados e nunca estarmos em paz, isso não é virtude, nos enfraquece e é porta para muitos males. Melhor é entregar a preocupação a Deus e ficar em paz, confiante que ele vai nos ajudar a solucionar algo.