Ferramentas de amor (4/5)

            “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá” “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” I Coríntios 13.8, 13 

      Dons espirituais, pelo menos depois dos primeiros momentos, após passar o encanto com o êxtase emocional que eles entregam, não são para uso egoísta, vaidoso ou manipulador, mas para servir os outros em amor. Interessante como Paulo conduz I Coríntios 13, nos primeiros 8 versículos discorre sobre o amor, depois fala possivelmente do Espírito Santo e de dons quando diz “em parte conhecemos e em parte profetizamos” no versículo 9, seguindo o raciocínio nos versículos 10 ao 12, e finalmente volta ao tema amor no versículo 13. No meu entender fica claro que a relação intrínseca entre amor e dons, portanto, dons como serviço ao outro, não só a si mesmo. Dons espirituais genuínos têm o amor de Deus na origem, no aperfeiçoamento e nos fins, se não for assim não serão de fato dons do Espírito Santo, mas só simulações. 

Um trabalho espiritual (3/5)

      “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios 13.12 

      Trabalho fortalece para que possamos trabalhar mais, e aqui não me refiro a trabalho físico e intelectual que nos cansa, mas ao espiritual. Só fortalecidos pelo trabalho espiritual teremos forças para vencer o egoísmo, a vaidade e o uso errado dos prazeres do corpo físico. Quem vive caído no pecado é ocioso espiritual, que ainda que seja um esforçado trabalhador físico e intelectual não se esforça na área moral e espiritual. Iniciei está 3ª parte de uma reflexão sobre dons espirituais falando de trabalho pois creio que é sobre isso que os versículos 9 ao 12 de I Coríntios 13 se referem. Em parte conhecemos e em parte profetizamos, diz o versículo 9, uma parte sabemos pela Bíblia, mas a outra parte podemos saber pelos dons espirituais. Eis o trabalho que Deus nos chama a fazer, que nos permite conhecer como somos conhecidos. 

Em parte profetizamos (2/5)

      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” I Coríntios 13.9-10

      Jesus homem foi, mas mandou o Espírito Santo, a obra do Cristo inaugurou uma nova era para a humanidade, onde os seres humanos podem ter conexão com o plano espiritual de maneira mais plena e direta. Mas se ainda hoje muitos não entendem o evangelho de amor de Jesus, menos ainda entendem os dons espirituais. Paulo refere-se ao Espírito Santo no versículo 10, quando diz “quando vier o que é perfeito”? No momento em que Paulo escreveu I Coríntios 13 a descida inaugural do Espírito Santo já havia ocorrido. Mas será que o que é perfeito, no sentido de permitir ao homem experiência espiritual mais completa, não teve só um início em Pentecostes? Será que a chegada do que é perfeito não é experiência pessoal, diferente para cada ser? O que Deus tem para nos revelar é muito mais do que já foi revelado.

Tempo de crescer (1/5)

      “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Coríntios 13.11

      Os primeiros oito versículos de I Coríntios 13 é a conhecida passagem sobre o amor, contudo, ainda que concluindo o capítulo no versículo 13 falando do mesmo tema, os versículos 9 ao 12 são, digamos assim, misteriosos. Eu, pelo menos, penso que falam mistério para a maioria dos cristãos, mesmo para os que se dizem pentecostais, carismáticos ou renovados, que possuem mais intimidade com os dons espirituais. Dons espirituais é assunto que divide o povo evangélico em extremos, uns os mistificam demais, outros os ignoram. Deus, contudo, só deseja que todos tenham experiências simples e constantes com os dons para que possam conhecê-lo mais, serem fortalecidos e consolados, tendo existências mais úteis. Já estamos no tempo de deixar de sermos meninos espirituais para sermos homens, só depende de trabalharmos por isso. 

Sem amor há engano (7/7)

      “Não sejam envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Deus dos Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus de Israel. Porque por amor de ti tenho suportado afrontas; a confusão cobriu o meu rosto. Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe.” Salmos 69.6-8

      Tenhamos muito cuidado, se há qualquer espécie de ódio em nossos corações, há medo, não há amor, assim há distanciamento de Deus, alguma instância de trevas, e consequentemente, de ilusão e engano. Na ilusão vemos coisas boas onde não há, no engano trocamos valores, vemos o bem no mal e o mal no bem. Iludem-se os imaturos, os infantis, mas esses na maioria dos casos só prejudicam a si mesmos. Imaturos e infantis também enganam-se, mas os casos piores são os experientes, que achando-se sábios, enganam-se, e pior, tentam ser líderes e enganarem os outros. O amor de Deus é algo mais poderoso que muitos acham, quem o prova de verdade, vê tudo de forma diferente, tem sentidos humildes, de fato teme a Deus.

Quem não é enganado (6/7)

      “Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos. Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias. O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” Salmos 34.5-8

      Quem anda nos passos do Cristo homem não é enganado, quem está ungido com o amor do Espírito de Deus, não com o medo das seitas cristãs. Esse esclarecimento, contudo, não confere direito de falar mais alto e convencer as pessoas, como se acham no direito os que, cegos pela arrogância, estão em trevas. O iluminado sente-se mais ainda no dever de calar, respeitando os desviados em amor, como fez Jesus, e podendo provar por causa disso fim semelhante ao que Jesus teve neste mundo, incompreendido não pelos de fora, mas pelos de sua religião. Bem-aventurados os que adoram a Deus em Espírito e em verdade, que focam as coisas do alto, não nas do mundo, esses experimentam o amor de Deus em sua plenitude.

O amor vencerá (5/7)

      “E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele. E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.” Apocalipse 5.2-5

      Inferno e diabo não vencerão no final, não resistirão à luz e ao amor de Deus! A humanidade evolui científica, social e moralmente, isso abre portas para a evolução espiritual, que nada mais é que conhecer Deus mais de perto. Mas antes do final de luz uma fase de trevas haverá, é a que estamos vendo iniciar-se nos últimos anos. Nessa, ao invés do cristão abrir para o céu ele fecha para o mundo, baseando-se equivocadamente na Bíblia e em falsos profetas, ao invés do amor ser provado, seitas cristãs, que limitam para poder caber em conveniências de alguns e controlar muitos, fecham o entendimento humano. Dos que têm olhos e ouvidos realmente espirituais o amor de Deus pede prudência e paciência nesse momento. 

E se não houver inferno? (4/7)

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.” Romanos 15.1-3

      Só imagine: se não houvesse inferno, como seria tua vida? Você seria cristão, e ainda que frequentasse cultos e gostasse de ouvir a Bíblia, perseverantemente buscaria vida moral nos moldes da vida do Cristo? Quem ama a Deus quer ouví-lo e agradá-lo sem nenhum segundo interesse, seja para receber o céu ou se livrar do inferno. Farei uma afirmação que pode escandalizar muitos: aos de fato cristãos diabo e inferno não fazem a menor diferença. Foi necessário a Deus usar diabo e inferno na infância espiritual do homem, mas já há algum tempo não é mais. Contudo, os que acham alguma conveniência no cristianismo infantil, não abrem mão do conservadorismo, insistem em manter medos perto e o Espírito de amor longe. 

Deus é amor (3/7)

      “Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras. Ai de vós, fariseus, que amais os primeiros assentos nas sinagogas, e as saudações nas praças.” Lucas 11.42-43

      Medo construiu o catolicismo, o protestantismo simplificou as coisas, mas manteve cristãos ligados a Deus por medo. Nem é o caso de negar o inferno ou de avaliar sua infinitude, isso não faz diferença. Infelizmente muitos só são pastoreados pelo medo, e quem obedece um por medo, terá medo de quem desobedece, ainda que não admita. Distância de Deus separa do amor, gera medo, cria o inferno, empodera o diabo. O que é mais forte em muitos cristãos, a fé no amor de Deus ou o medo do inferno e do diabo? A verdade é que medo gera falsos moralistas, hipócritas, intolerantes, onde há medo não há amor, portanto, a presença íntima de Deus, limitada pelo medroso, não por Deus. Sem amor não há perdão nem paz.

Duas faces do medo (2/7)

      “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” I João 4.18

      Há duas faces no medo, distancia-nos de quem achamos que não merece respeito e nos faz obedecer quem achamos que merece, nos dois casos nos leva a uma visão equivocada de alguém. Só o amor encara a verdade e a administra certo. Temenos quem achamos que põe em risco algo que somos ou temos, materialmente isso é possível, podemos ser onerados ou agredidos de alguma forma. Espiritualmente, contudo, se estamos seguros em Deus, nada nos prejudica, entende isso quem se refugia no amor de Deus. Por outro lado, se tentamos obedecer a Deus só por medo da punição que sofreremos caso desobedeçamos, pomo-nos numa conexão errada com Deus, distante, inviáveis de recebermos as virtudes do Altíssimo.