02/09/11

Milagre, se tu não o fizeste, por que eu te buscaria?

      Se tu fosses um Deus de realidade, de possibilidade, de entendimento humano, por que eu te buscaria? Te busco porque tu és um Deus de milagre, do impossível, do maravilhoso, sem limites, que assombras os homens com seus feitos espetaculares. Desculpem-me vocês, para os quais basta um Deus que cabe dentro da racionalidade humana, que permite exceções porque a regra é impossível de ser vivida, eu os respeito, mas quanto a mim, eu preciso de um Deus de milagre.
      Necessito de um Deus que faz nascer em terra seca, que faz chover no deserto, que aplaina os montes e deles faz um grande vale, verde, com rios caudalosos de água doce, com árvores frutíferas e animais gordos e mansos. Um vale no qual eu trabalharei e viverei dos frutos desse meu trabalho. Um vale com uma família feliz, com uma mulher atenciosa e sábia, com filhos agradecidos e voluntários, que crescerão e também crerão num Deus que faz milagre.
      Esse Deus será louvado por todos aqueles que duvidavam, que em silêncio pensavam, “pobre deste homem, sua oração não será respondida, sua vida não mudará jamais”, esses saberão que Deus não abandona o que nele crê, que Deus tem um coração sensível ao clamar de seu filho fiel. A esse Deus de milagre, toda a honra, toda a glória e todo o louvor, hoje e eternamente.

       (Leia também a postagem "De onde vem a tua salvação").

01/09/11

Do fundo do coração

Eles não clamam a mim do fundo do coração 
quando gemem orando em suas camas. 
Ajuntam-se por causa do trigo e do vinho, 
mas se afastam de mim.
Oseias 7:14

Vocês me procurarão e me acharão 
quando me procurarem de todo o coração.
Jeremias 29:13

Dá a mão, não empurra não

      Muitas vezes a pessoa está se equilibrando, tentando ficar em pé, está fazendo todo o esforço para seguir o caminho do Senhor. O esforço faz com que seu rosto se feche, já que ela está cansada. Ela está reunindo a pouca força que lhe restou para manter alguma dignidade e fidelidade, diante de Deus.
      Então nós passamos do lado, nós estamos bem, a família vai bem, o emprego está legal, estamos vivendo uma boa fase da vida com o Senhor. Nessa posição, nós ficamos um pouco altivos, nos achamos no direito de julgar. Olhamos para a pessoa e pensamos, “esse cara deve estar em pecado, só isso explica a luta tão difícil que ele está atravessando”.
      A situação da pessoa é tão frágil que nós não precisamos nem tocá-la, só o ar deslocado com a nossa passagem arrogante, a perturba. Então, ao invés de ajuda-la nós a prejudicamos, ao invés de estender a mão, nós a empurramos.
      Não julguemos ninguém pela expressão do rosto, pelo pouco falar, pela dificuldade com que segue o caminho. Que possamos enxergar o coração, ver que apesar de fraco a intenção é de permanecer em pé, diante de Deus, e seguir o caminho do Senhor.
      Que ao invés da gente empurrar, que estendamos a mão, num gesto de misericórdia, o mesmo gesto que Deus teve com a gente um dia, ou irá ter. “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos Oseias 6:6

31/08/11

Vida de equilíbrio

Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa,
não me dês nem a pobreza nem a riqueza,
mantém-me do pão da minha porção de costume,
para que, porventura, estando farto não te negue,
e venha a dizer: Quem é o Senhor?
ou que, empobrecendo, não venha a furtar,
e tome o nome de Deus em vão.

Provérbios 30:8-9
    
Só a palavra de Deus para conter um ensinamento tão equilibrado sobre a vida.

Abba, pai

Somente uma vez eu saí de um culto no meio de uma pregação, isso faz algum tempo, foi a vinte e cinco anos atrás, por aí. Eu estava numa pregação para jovens, em um grupo ligado a uma grande e tradicional convenção de igrejas protestantes. Quem pregava era um pastor líder dos jovens da região. Eu me “revoltei” quando ouvi o pregador dizendo que chamar Deus de paizinho era uma falta de respeito. Julgar o pastor, tentando identificar o motivo que o levou a pensar dessa maneira, não convém. Mas eu posso pensar diferente e deixar registrado isso.
      A palavra “ab”, usada no tempo do antigo testamento, se transliterou para “abba”, usada no novo testamento, e significa pai em hebraico. Para os israelitas do antigo testamento, Deus era pai apenas deles, mesmo que a palavra “ab” fosse usada para outros fins, além de pai (os escravos chamavam seus senhores de “ab” também). No novo testamento a palavra começou a ser usada como pai de adoção, já que Deus foi apresentado como “abba”, pai, de todos os homens da terra que o aceitassem assim mediante o evangelho.
      O diminutivo paizinho denota uma intimidade com esse Deus pai, uma forma carinhosa de chamar aquele que cuida dos homens paternalmente. Essa forma de tratamento traduz a ótica neotestamentária de Deus, não mais o juiz da lei, do olho por olho, dente por dente, mas o pai misericordioso, cheio de graça, que se aproxima de todos os homens, de uma forma bem mais íntima, dando a eles a porção de seu Santo Espírito (a palavra em hebraico aparece três vezes no novo testamento, em Romanos 8:15, em Gálatas 4:6 e em Marcos 14:36, as outras citações estão em outra língua). Lembre-se que no antigo testamento não eram todos que tinham o Espírito Santo e nem durante todo o tempo. Existiam exceções, gente como Davi tinha bastante proximidade de Deus, assim como intimidade com a unção do Espírito.
      Não há nada de errado em se usar o termo paizinho, desde que essa intimidade seja margeada por outro princípio que rege nossa comunhão com Deus, o temor. É preciso entender temor não como medo, um sentimento de amedrontamento, que faz-nos distanciar de algo por acharmos que a proximidade pode nos trazer dano, nos fazer mal. O que nos dá o entendimento correto de o que é esse temor é o conceito de santidade. Deus é santo e para que nos aproximemos dele precisamos também estar em santidade. Nesse aspecto o novo testamento nos dá um privilégio que as pessoas do antigo testamento não tinham. Somos santificados mediante confissão de pecados e fé na propiciação plena de perdão através de Jesus, diferente do perdão através do sacrifício imperfeito de animais, que se fazia debaixo da lei. Confiança de que podemos nos aproximar de Deus com toda a intimidade mediante um coração limpo é o que define o caminho de nosso relacionamento com o Senhor.
      Porém, o motivo que me levou a escrever este texto não foi me justificar diante da opinião diferente do tal pastor. O propósito foi alertar sobre o perigo que corremos quando começamos a nos distanciar de Deus, seja lá por qual motivo for. O inimigo de nossas almas tem muito interesse que isso aconteça. Algumas religiões, dentre elas a instituição cristã mais antiga, tem interesse neste distanciamento, se bem que já permitiu que essa distância fosse maior quando fazia a liturgia do culto em uma língua morta que ninguém praticamente entendia. Esse distanciamento interessa para quem quer manter o controle sobre a doutrina, impede os religiosos de esboçarem opinião e fazerem crítica.
      A relação com Deus é estabelecida através de diálogo, Deus fala, nós ouvimos, nós falamos, Deus ouve. Não é um monólogo do homem abrindo seu coração para um deus distante e implacável, e nem um monólogo de um deus que fala e tem que ser ouvido e obedecido, em silêncio total. Contudo esse diálogo é concedido através da misericórdia de Deus. Facilmente nós endurecemos o coração e paramos de buscar o Senhor. Essa pessoalidade, que foi revelada aos homens pelo evangelho, difere bastante do deus distante e sem forma que o esoterismo e os meio ateus concordam em existir.
      Não deixe de conversar com Deus, de senti-lo como pessoal e como um Deus que se manifesta com formas humanas, com olhos, ouvidos, boca, braços e mãos, e acima de tudo, com um coração. A nossa alma precisa desse entendimento e Deus não nos proibiu de tê-lo. A Bíblia se refere a Deus assim, com antropomorfismos, ela também diz que fomos criados à semelhança de Deus. É perigoso ver Deus diferente, isso só nos afasta dele. Mas o melhor de tudo é saber que Deus é pai daqueles que o seguem, não de todos. Como pai, ele nos ama e aceita-nos como somos, mas como um pai melhor do que são nossos pais carnais, deseja que nós cresçamos, sendo cada dia mais e mais parecidos com ele.

30/08/11

...ainda assim permaneceremos fiéis

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: 
"Ó Nabucodonosor, não precisamos defender-nos diante de ti. 
Se formos atirados na fornalha em chamas, 
o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, 
e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. 
Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, 
que não prestaremos culto aos seus deuses 
nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer"

Daniel 3:16-18

Repetindo parte do texto da postagem "Atrevidos?", podemos dizer isso?
Se Deus não nos livrar, ainda assim permaneceremos fiéis? Realmente?

Molhem o altar

      Foram reunidos os profetas de Baal e Elias. A proposta de Elias era a seguinte: preparem dois altares, ponham lenha e novilhos sobre eles. Então cada um clamará a seu deus para que mande fogo do céu e queime o altar. Os profetas de Baal clamaram ao seu deus por algum tempo, e nada de cair fogo do céu. Então chegou a vez de Elias. Contudo antes de clamar, ele pediu que jogassem água no altar reconstruído do Senhor.
      “Depois arrumou a lenha, cortou o novilho em pedaços e o pôs sobre a lenha. Então lhes disse: "Encham de água quatro jarras grandes e derramem-na sobre o holocausto e sobre a lenha". "Façam-no novamente", disse, e eles o fizeram de novo. "Façam-no pela terceira vez", ordenou, e eles o fizeram pela terceira vez. A água escorria do altar, chegando a encher a valeta”, I Reis 18:33-35.
      Como assim, então ao invés de facilitar a situação, ou mesmo deixa-la do jeito que estava, para que o pedido fosse respondido, Elias mandou que jogassem água sobre o altar de Deus? Quer dizer, ele pediu para que deixassem seu altar ainda mais difícil de ser queimado?
      “À hora do sacrifício, o profeta Elias colocou-se à frente e orou: "Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti"”, I Reis 18 36-37. Então Elias clamou e Deus enviou fogo do céu e queimou o altar até secar toda a água.
      O assunto do fogo sobre o altar foi apenas para provar a legitimidade do Deus de Elias. Depois disso ele fez o pedido a Deus, que responderia a verdadeira necessidade do rei Acabe e do povo, chuvas. A terra enfrentava um período grave de seca. Elias orou a Deus e a chuva veio. Deus demonstrou duas coisas: primeiro que ele tem poder para mudar o clima, segundo, que Elias era seu profeta. Deus não somente testemunhou sobre o seu poder como também honrou ao seu profeta Elias.
      Mas e a coisa de jogar água e mais água sobre o altar? Para que foi aquilo? Para que dificultar a intervenção divina? A resposta é para que fosse comprovado o poder de Deus sobre tudo. O coração de Acabe estava muito endurecido, somente um milagre legítimo de Deus, sobre o qual não restasse qualquer dúvida sobre quem o fez, convenceria o coração incrédulo do rei.
      Muitas vezes Deus aumenta a nossa tribulação e nós não entendemos. A coisa ao invés de melhorar piora ainda mais. Infelizmente isso pode ser necessário, devido à incredulidade daqueles que nos cercam, e que conhecerão o poder de Deus através do que ele operar em nossas vidas. As tribulações são somente teatros que Deus monta para que o seu poder seja manifestado em nós. Leia todo o capítulo 18 de I Reis para entender todo o contexto do fogo sobre o altar, da dureza de Acabe e sua idolatria, e da perseguição aos profetas de Deus. Algo muito sério precisou ser feito para que toda essa situação mudasse.