Uma reflexão realista sobre o amor

      "Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios." Salmos 37:16

      Algumas pessoas amamos do fundo de nossos corações, um amor intenso e suficiente para falar com elas uma vez por ano, durante alguns minutos, desejando um feliz natal, blá-blá-blá, blá-blá-blá. É amor? É, mas com limite, o nosso limite, aceitar isso é ser feliz. 

      Agora reclamar, dizer que é muito pouco, fazer e fazer exigências de uma situação ideal que sabemos que é impossível de ser vivida em algumas situações, é jogar fora a única oportunidade de amar, uma oportunidade realista, de respeito, curta, mas sincera e positiva. 

      Sei que os puristas e mais crédulos que eu, assim como os hipócritas e políticos, não concordam com isso, eu entendo, e gostaria que fosse diferente, contudo, em alguns casos, essa é toda a prova de amor que consigo dar, pelo menos até o presente momento. 

      Talvez você tenha pensado, depois de ler essa reflexão, que isso não é espiritual, não é o que o evangelho ensina, eu sei, mas pessoas maduras, que já tiraram conclusões lúcidas de como somos e de como Deus trabalha, entenderão, se você ainda não entendeu, tudo bem, deixe o tempo passar e enquanto isso procure outras páginas cristãs da internet que dizem aquilo que você quer ouvir hoje. 

      Contudo, eu já aprendi que Deus é muito mais glorificado na nossa humanidade, na nossa impotência e principalmente na nossa assunção disso tudo, que em nos transformar, através de um milagre instantâneo, em seres perfeitamente espirituais. Sei também que a vida tem problemas insolúveis, como o espinho na carne do apóstolo Paulo, que nunca se revolverão totalmente e com os quais precisamos aprender a conviver, da maneira mais sadia possível para podermos continuar em paz.

Velhos, mas legais

      "Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia." II Coríntios 4:16

      Algumas pessoas não são chatas porque envelhecem, elas já eram chatas quando jovens, aí envelhecem, ficam doentes e com dores, e usam isso como desculpas para continuarem chatas. Que venham dor nas costas, nas juntas, nos fios de cabelos, mas que fiquemos mais bem-humorados, esperançosos, legais, senão as únicas variáveis na velhice serão as doenças, e sendo assim o centro das atenções e de nossas identidades. 

Ou não?

As coisas precisam fazer sentido

      Como insistimos em coisas que absolutamente não fazem o menor sentido em nossas vidas e isso há muito tempo, sabemos lá em nome de quem ou do quê,
      talvez por algum senso equivocado de responsabilidade que nossa criação imprimiu em nossas mentes, talvez na eterna busca de aprovação de uma maioria que nem é maioria assim, muito menos certa, então, e só então, quando a vida nos chacoalha com um terremoto, quando tudo cai por terra, é que entendemos que se estivéssemos em outro lugar, nossa sorte seria diferente,
      contudo, não precisamos de muita coisa para mudar radicalmente nossas vidas, às vezes basta um passo, um único passo, pequeno, mas que nos fará sair fora de uma zona, a tal zona de conforto, ele fará com que tudo mude para melhor,
      só um passo pode ser necessário para que saiamos debaixo de uma nuvem escura, e então vejamos novamente o sol, esquentando nossas peles, animando nossas almas, mostrando que a vida pode continuar através de um caminho que está logo a nossa frente e que não víamos simplesmente porque insistíamos por viver com pessoas e em lugares os quais não faziam o menor sentido para aquilo que realmente somos e queremos desta existência.

        Deus quer ti mover para algo novo, quer te surpreender, mas você precisa dar o primeiro passo, contudo, existem coisas que precisam e podem fazer sentido em sua essência, as duas principais são nosso relacionamento com Deus e com o cônjuge, dessas coisas não abra mão, é claro que muita coisa muda na vida, nós mudamos e muito, mas isso não é motivo para deixar a Deus ou uma aliança feita com uma pessoa amada,
         as igrejas mudam, nós mudamos de igrejas, os ministérios se revelam, os púlpitos se enganam e se desviam, mas Deus permanece o mesmo, nossa aliança com ele só faz ter mais sentido, quando tudo o mais perde o sentido,
      a mesma coisa com o casamento, não deve ser descartado, e se insistirmos em vencer egoísmos e diferenças, ele só faz melhorar e adquirir ainda mais sentido, desde que haja vontade e perdão dos dois lados, e mesmo que só haja de um lado, convém ainda assim lutar mais um pouco, insistir, buscar em Deus um milagre, para que as coisas façam sentido,
      porém, não espere sentido na humanidade, no mundo, mesmo nas instituições religiosas ou denominações cristãs, não espere, não dependa e nem se sinta na obrigação de fazer uma aliança eterna, essas certezas, repito, só com Deus e com uma pessoa amada, especial, diferente, nossa companhia nessa existência.

A heresia dos santos e beatos romanistas

      Cada santificação ou beatificação que a igreja romana faz é uma ação herege que tira de Jesus Cristo o papel de cordeiro de Deus que se deu pelo pecado do mundo, como o único e suficiente intercessor e mediador entre a humanidade e o senhor.

"Somos aquilo que adoramos"

      "Somos aquilo que adoramos", essa frase não é original, e como é verdade, somos mais parecidos com aquilo que mais gostamos de fato. Então, me vem à cabeça uma questão: por que pessoas, que aparentemente para muitas outras, parecem ser espirituais, não faltam a cultos, conhecem a Bíblia de cabo a rabo (principalmente no meio tradicional), falam em línguas e caem em êxtases em todo culto (nos meios pentecostais), mas ainda assim têm vidas na prática tão estranhas? 

      Não são humildes, não amam, não perdoam, não são honestas com dinheiro e bens, agem como se tivessem direitos especiais para serem arrogantes e deslocados simplesmente pelo fato de terem status espiritual dentro dos templos durante os cultos? Essas pessoas realmente não se parecem com o Deus que dizem servir e adorar, e são elas as que mais querem mostrar para todos que servem e adoram a Deus, com fervor, que sobem a montes para orar, que fazem jejuns intermináveis, ou que estudam meticulosamente textos bíblicos e teologia (os meios variam, mas existem equívocos em todos eles).

      Com menos rigor serão tratados aqueles que adoram o mundo e se parecem com o mundo, neles existe coerência, verdade, enquanto que aqueles que se dizem parecidos com Deus e não o são, porque adoram falsos deuses, uma grande mentira construída de partes da verdade, fora do contexto e do centro da palavra de Deus, serão tratados como hereges, enganadores, que diziam que Deus estava presente, quando não estava, esses não só tropeçam como fazem tropeçar a outros.
      Sei que na caminhada cristã passamos por várias fases, e no início, na infância, podemos nos enganar, nos iludir, exagerar, Deus entende isso, sua graça protege as crianças, tanto físicas quanto espirituais, contudo, as exigências aumentam conforme o tempo passa. 

      Em primeiro lugar são julgados, por Deus, os que se colocam no papel de mestres, de líderes, de ensinadores, esses têm que oferecer as condições para crescimento. Se o tempo passa e as ovelhas não amadurecem, por falta de alimento sólido dos pastores, esses correm um risco muito sério de serem disciplinados por Deus. Mas se o alimento está sendo dado, e ainda assim as ovelhas se negam a recebê-lo, se negam a crescer, se mantêm preguiçosamente em disposições imaturas, de forma insana continuam agindo como crianças espirituais, então elas também serão disciplinadas.
      O ponto dessa reflexão não é a imaturidade de permanecer na carne, ensinamento que pastores acomodados gostam de dar, pra esses basta que os novos convertidos se livrem dos vícios elementares, como álcool, tabaco, drogas e adultério, para estarem prontos. Não, a imaturidade pior é a falsa espiritualidade, essa não usa a carne, mas adora demônios, à medida que cultua um falso deus, uma mentira construída de pedaços de verdade fora do contexto e do centro da Bíblia, como foi dito acima. 

      Esse é o maior dos pecados, mas que os que possuem intimidade com Deus discernem, quando veem a verdadeira face daqueles que dizem adorar a Deus, mas vivem uma vida prática sem frutos espirituais. Esses desviados que não perdem cultos, parados na fé que lideram ministérios, hereges que parecem ter experiências e dons espirituais legítimos e altos, cometem o maior dos pecados, pior que a devassidão e a violência, cometem a idolatria, não de ídolos feitos de material sólido, mas subjetivos, feitos de ideias, de sentimentos, de falsa espiritualidade, esses não se parecem com Deus, mas com o diabo (lembremos que o diabo não é um ser carnal, mas espiritual...).

As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja

      "E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz. Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz." Lucas 8:16,17

      Uma bobagem que ouvi em púlpito, é que evangélicos só devem ter amigos evangélicos, nada mais incoerente, pra não dizer egoísta. Que vantagem há em alguém que achou a maior das virtudes, compartilhar isso somente com quem já as tem? Se foi tão importante assim o que foi achado, aí então é que as pessoas devem se sentir mais na obrigação de compartilhar isso com outros que ainda não acharam. 

      Eu entendo que novos convertidos que vem de vidas mais radicalmente presas ao pecado, a vícios de droga ou álcool, por exemplo, para a manutenção de sua saúde física, emocional e espiritual, podem necessitar de um distanciamento do mundo para se manterem "limpas", mas isso deve ser exceção, não regra. O evangelho deve gerar homens fortes, que fazem parte de uma igreja para a qual o o inferno não prevalecerá, e uma Igreja que caminha e destrói o inferno, não pessoas que se mantêm presas dentro de templos, com as portas fechadas, para o inferno não entrar. 

      Mas o pior é o que está por trás desse ensinamento às avessas, os manipuladores têm medo que um contato mais próximo com pessoas diferentes possa colocar em risco aquilo que os manipulados aprenderam e que é usado como objeto de manipulação. Não, essa religião eu não quero pra mim, nem pra minha família e muito menos pros meus amigos, uma fé frágil numa verdade equivocada que não faz nenhuma diferença positiva na sociedade. Contudo, quando muitos púlpitos começarem a ensinar um evangelho mais maduro, a alimentar as pessoas com alimental sólido, os cristãos terão maturidade para influenciarem o mundo, e não o contrário.

      "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." Mateus 16:18,19