02/08/19

Deus nos fortalece

      “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Isaías 40.27-29

      E quando estivermos sem forças Deus nos ajudará para que achemos forças para fortalecer quem está mais fraco que nós. O misericordioso acha forças para exercer misericórdia, ainda que fraco e triste tem uma palavra de esperança e consolo para o que precisa, por causa disso encontra em Deus a misericórdia que necessita para seguir em frente. Não desistamos, mas perseveremos, Deus que tudo vê nos recompensa no tempo certo, faz chover no deserto, ilumina o caminho ao longo do precipício, mantém em pé o que está abatido mas persiste em confiar nele. 

01/08/19

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”

      “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” I Timóteo 4.13-16

      Às vezes nos perguntamos, “o que fazer? no que achar sentido?”, sim, a vida pode nos levar a um grande vazio, mesmo que estejamos no centro do plano do Senhor, ninguém estranhe isso, é só a realidade se desvendando diante de nossos olhos. No texto acima o apóstolo-teólogo dá conselhos ao jovem Timóteo, mas que são válidos para todos, em qualquer idade. São orientações para que mente e coração estejam cheios e ocupados da maneira correta, com as coisas certas. 
      Muitas vezes na vida, e mais à medida que envelhecemos, vencer o tédio do caminho e a tristeza de se estar só mesmo com uma boa família e amigos leais por perto, não é questão de sentir algo bom, de estar apaixonado por algo, e paixão sempre enche a alma, entrega prazer. Felicidade pode não ser troca de dor por paixão, a paixão, mesmo por coisas boas, acaba, então o que resta? 
      No final, paz será resultado de fazer as coisas certas, não haverá mais lugar para ilusões. A vida se despe com o tempo, as mentiras caem por terra, a verdade aparece crua e nua. Chega um momento em que Deus não nos mima mais, nem nos ensina com indiretas, as parábolas são reveladas e o Senhor mostra-nos tudo como realmente é. 
      Uma frase do texto inicial resume tudo, “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”, duas coisas que têm que importar e que precisam seguir em equilíbrio, uma não pode prevalecer sobre a outra. Quem se ocupa só consigo prioriza uma existência que é mera passagem, e despreza a eternidade que é o fim maior de todos. Quem se ocupa só consigo serve à morte e nunca conhece de fato a vida abundante. 
      Por outro lado quem cuida só da doutrina, só da letra, e com doutrina me refiro a orientações morais sobre certo e errado e explicações sobre o mundo espiritual, é um eterno apaixonado por teorias, pensa servir a Deus, mas acaba servindo a homens e ao diabo, que ama as religiões. Quem cuida só da doutrina enclausura-se nas salas de aulas e nos mosteiros e perde a prática da realidade. 
      Jesus encarnado era perseguido pelos líderes religiosos da época porque tinha equilíbrio, não se ocupava de uma guarda cega das letras, de leis, como se a doutrina fosse um fim em si mesma. Jesus vivia a realidade, vivia perto da pessoas, conhecia as pessoas, amava as pessoas, e assim se conhecia também e praticava a palavra de Deus com sabedoria. Jesus encarnado era um homem da realidade, não da teoria. 
      É preciso as duas coisas, ser feliz em Deus para fazer os outros felizes e ainda assim praticar o que lê, ensina e crê. Quem consegue isso conhece a si mesmo e a Deus e não enlouquece com os excessos dos extremos, mas mais que isso, sempre acha o que fazer para que a vida tenha sentido. Nos guardemos dos excessos, guardemos a nós mesmos e a genuína doutrina de Jesus ensinada a nós diretamente em nossos corações pelo Espírito Santo. 

31/07/19

Você está pronto para a eternidade?

      Qual o propósito da vida neste mundo? Só um, abrirmos mãos dela. Se alguém andou por este mundo, viveu, e só foi se apegando mais e mais a ele e aos seus valores, aos seus prazeres, às suas referências, não aproveitou um segundo de existência, que é o que é essa vida em relação à outra, para se preparar para a eternidade. Então eu pergunto, eu estou preparado para a eternidade? Você está? Nesse raciocínio o velho deve estar muito mais preparado que o jovem, pois teve muito mais oportunidades de entender como as coisas funcionam, o que é passageiro e o que é para sempre, o que é carne e o que é espírito. Contudo, antes de tudo, é preciso aceitar que ainda que a eternidade seja espírito, nesta vida precisamos conviver com ambos, carne e espírito.
      Se não fosse assim, se não fosse esse o propósito desta vida, abrir mão dela, ficaríamos mais fortes fisicamente, à medida que os anos passassem, não mais fracos. Essa vida foi feita para dar errado, entendemos o início disso lendo os primeiros capítulos do livro de Gênesis. Isso não significa que não podemos usufruir do plano físico, podemos e devemos, ninguém pense que nesse corpo material seja possível um ideal espiritual, isso é utopia, os que buscaram isso só se afastaram da realidade e encenaram um personagem de espiritualidade que na verdade é pura insanidade. Se não conseguimos ser felizes nesse um segundo de existência, quanto mais na eternidade.
       A humildade está justamente em entender e aceitar os limites da carne, fazer o possível, mas deixar pra lá o imponderável, buscar o espírito enquanto se funciona num sistema físico, mundano, vemos isso com clareza quando comparamos a vida de Jesus encarnado com a vida de fundadores de outras religiões, principalmente das orientais. Sim, Jesus vivia em oração e jejum, fazia sacrifícios para estar vigilante e atento às maldades humanas e astutas ciladas do diabo, mas Cristo também festejava com os amigos, ceava com famílias. Jesus encarnado era um homem feliz, de maneira alguma fazia marketing de espiritual, Jesus era livre mesmo da vaidade de querer ser e parecer ser espiritual para provar alguma coisa a alguém, Jesus era leve, era equilibrado.
      Com equilíbrio, assim se prepara para a eternidade, porque a carne em si, e com o termo “carne” me refiro à vida física, a comer, beber, trabalhar, se divertir, namorar, dormir etc, a cane só tem o estigma do pecado porque morre (e a morte veio à humanidade com o pecado original). Dessa forma, alguns podem até buscar espiritualidade em mosteiros, numa privação extrema das necessidades carnais, quem sou eu para dizer que Deus não contempla e recompensa quem vive assim. Mas os que vivem assim também não devem julgar como menos espirituais os que fazem parte efetiva do mundo, que estudam, constituem famílias, e usufruem dos bens materiais. No equilíbrio se descobre a mais genuína das espiritualidades. Equilíbrio, contudo, só se experimenta numa vida em plena comunhão com Deus através de Jesus. 
      O grande desafio da vida é justamente isso, ser bom, moralmente, espiritualmente, e ainda assim respeitar o corpo, a carne, esse é o maior exercício de humildade que existe, respeitar a própria humanidade, e por incrível que pareça ser um humano feliz é o que mais nos aproxima de Deus, um ser que imaginamos como puramente espiritual e sem qualquer limite físico. Lembremos que seres puramente espirituais e com poderes extremos, como os grandes anjos, arcanjos ou querubins, os diabos (Lúcifer, Belial, Satanás, Leviatã ou qual sejam os nomes que eles tenham), são os seres mais carnais do universo, e eles não têm corpos físicos. Assim, preparar-se para a eternidade é ser espiritual no corpo, vivendo entre as pessoas, sendo comum ainda que achando em Jesus uma identidade especial que existirá na eternidade perto de Deus. 

30/07/19

Não tenhamos pressa com filhos

      Alguns querem que os filhos cheguem aos dezoito anos, terminem o ensino médio e se casem, para outros basta acrescentar a isso uma graduação superior, mesmo que seja numa faculdade particular barata e rápida. Outros até querem algo mais para os filhos, que se preparem bem até os dezoito para cursarem universidades realmente boas, dificeis de entrar e difíceis de sair, mas ainda assim cobram deles uma definição que muitas vezes ainda não têm. 
      Sem fazer juízo de valor com nenhuma dessas escolhas, não colocando uma como melhor que a outra, sabendo que Deus tem planos diferentes para pessoas diferentes, e entendendo que cada um tem suas habilidades e oportunidades de acordo com suas condições intelectuais, afetivas e financeiras, eu faço nesta reflexão uma afirmação: não tenhamos pressa em criar nossos filhos, não achemos, antes do melhor tempo, que eles já estão preparados para serem independentes. 
      Muitos pais, pensando com pressa, tiveram de volta às suas dependências, financeira e afetiva, jovens mais velhos na idade, mas ainda imaturos no caráter, muitos com casamentos desfeitos, desempregados e com filhos para os avós criarem. Sim, não podemos também cair no outro extremo, muito comum nos dias atuais, principalmente nas camadas de maior poder aquisitivo, de querer filhos dentro de casa para sempre, ainda que eles tenham bons empregos e até relações afetivas estáveis. 
      Nesse casos criamos adultos mimados só porque, como país, não queremos confronta-los com a vida ou desejamos mantê-los debaixo de nossos controles. O ideal é, em primeiro lugar, querermos de fato que nossso filhos se preparem bem para o mundo, com o melhor estudo que permitirá melhores empregos dentro de uma área que eles se realizem como seres humanos. Depois de prontos profissionalmente então podem pensar em casamentos e filhos, essa é a orientação mais sábia. 
      Pais evangélicos, contudo, erram justamente por quererem acertar, impedir que os filhos pequem com vidas sexuais antes do casamento, ou pior, que façam filhos antes de uma união oficial. Assim para que um erro não seja cometido, lançam jovens despreparados emocional e financeiramente em uniões apressadas. Pastores, para não terem seus ministérios escandalizados e muitas vezes pela vaidade de mostrar para os outros que já fizeram um bom trabalho com seus filhos, caem mais no pecado da pressa de se livrarem de filhos cedo demais. 
      Pais cristãos, para que criamos filhos? Só para serem modelos dentro de templos? Na realidade da vida, ser religioso assíduo em cultos e envolvido com a obra de Deus, não fará muita diferença, não paga dívidas, não compra independência. Por outro lado, um filho melhor preparado académica e profissionalmente terá condições de dar um testemunho muito mais abrangente no mundo, mundo muito maior que comunidades que frequentam igrejas. 
      Crie seu filho para enfrentar o mundo, dê a ele conhecimento bíblico e acima de tudo testemunho seu dentro de casa, mas dê mais prioridade aos estudos e profissão. Vivemos tempos difíceis, principalmente na área econômica, nós cristãos precisamos entender e respeitar isso, e não nos escondermos no princípio muitas vezes superficial mas irresponsável que Deus cuidará de tudo. Sim, Deus cuida, mas se fizermos nossa parte melhor teremos condições de não só testemunharmos de milagres em nossas vidas mas de sermos nós mesmos o milagre de Deus nas vidas de outras pessoas. 

29/07/19

Não me arrependo do evangelho

      “E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado. E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.Lucas 12.8-12

      Esta palavra não é para os evangélicos, para os novos nascidos em Cristo, é para os outros, é uma afirmação: não me arrependo de ter olhado o evangelho como a única verdade de Deus, de ter entrado no cristianismo por Jesus, de começar a frequentar igrejas protestantes evangélicas. O caminho não foi fácil, e quem segue a Cristo com lucidez, que quer de fato a Deus e a mais nada, tem como início um processo de desconstrução de tudo o que achamos ser religiosidade. O que querem só mais uma religião, ainda que a considere a melhor, não deixarão que Deus desconstrua isso, serão salvos? Muitos serão, mas terão uma vida cristã superficial, aquém daquilo que o Senhor pode de fato ensinar e se dar a conhecer aos que mais que servos se dispõem como amigos dele. 
      O texto inicial diz que os que confessarem a Cristo diante dos homens, mesmo nas sinagogas, os templos da religião judaica que oficialmente era a aliança de Deus com os homens até aquele momento, a esses Cristo aprovaria e defenderia diante de Deus e dos poderes, assim, repito, precisamos separar igrejas, religião, de Deus. Mas alguém pode argumentar, “mas as igrejas cristãs são agora a igreja do evangelho, a oficial de Deus”, a esse eu respondo, não, não são, talvez fossem no primeiro século logo após a partida de Jesus, a chegada do Espírito Santo e da inauguração dos primeiros grupos cristãos pelos apóstolos, mas a história já nos ensinou onde tudo isso deu.
      Já falei muito sobre esse assunto aqui, não vou repetir, o surgimento e desenvolvimento da Igreja Católica, o protestantismo, o pentecostalismo e todos essas divisões hereges atuais nos mostram com clareza que Deus usa as igrejas cristãs apesar delas serem imperfeitas, porque tem misericórdia do homem, mas elas não são representantes oficiais de Deus na Terra, nunca foram e nem nunca serão, nenhuma delas. Mas voltando ao ponto desta reflexão, os que buscarem a Deus de todo o coração, serão libertos de religião e igrejas e ainda assim continuarão humildemente dentro de religião e igrejas, com qual finalidade? Para servirem a Deus e abençoarem as pessoas, com todos os defeitos, igrejas cristãs ainda são os melhores lugares para isso, principalmente para ensinarmos novos convertidos, crianças e jovens sobre a maravilhosa sabedoria da Bíblia quando lida com os olhos do Espírito Santo. 
      Eu não me arrependo de ter dito sim a Jesus um dia através do apelo de um evangelista, foi início de um trajeto difícil, longo, mas nele fui libertado, curado, perdoado, e mesmo quando entendi a verdade sobre homens no mundo dentro do cristianismo e das igrejas cristãs eu não desisti, subi mais um degrau e conheci um Deus maior, melhor, mais sábio, mais profundo. “Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele. Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva seródia que rega a terra.” (Oséias 6.1-3). 
      Não neguemos aquele que ama sempre e abençoa quando escolhemos segui-lo, que espera que enquanto neste mundo todos se acheguem a ele para terem status de filhos. Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor, persistamos nessa intenção, com todo o coração. As religiões são limitdas pela vaidade e egoísmo dos homens, mesmo o cristianismo no mundo é menor, mas Deus é maravilhosamente sábio e profundo, feliz o que o busca e nele confia. A vida não é fácil, nem curta, não se apresse em concluir e julgar, mas ande mais um passo que Jesus andará um quilômetro por você e te dará a honra que você tanto busca, se arrependa de seus pecados, não daquele que perdoa pecados. 

28/07/19

O Espírito Santo orienta sempre

      “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

João 14.16-17, 26-27


      “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

Joel 2.28-29


      Sabemos disso, mas não usufruímos da segurança que isso nos dá, e portanto, temos dificuldades para retermos a paz. O Espírito Santo nos habita, ele é vivo, ciente, nos fala, e pode nos responder pronta e diretamente quando pedimos a ele orientação sobre algum assunto específico, ainda que seja algo simples e corriqueiro do dia a dia. Essa é a palavra de Deus que deve ter prioridade em nossas vidas, a palavra viva, renovada, atualizada e sempre verdadeira que Jesus mandou para nos ajudar, ensinar e consolar em nossas caminhadas neste mundo. Contudo, usufruir de fato desse privilégio implica em: 
  • vencermos a ociosidade espiritual, 
  • nos desvencilharmos da aprovação humana, 
  • nos libertarmos da tradição religiosa e 
  • equilibrarmos o controle intelectual que muitos de nós querem ter sobre a vida.
      Para termos intimidade com alguém precisamos conhecer bem esse alguém, sem vida de oração, de diálogo com Deus, não podemos ter intimidade com ele, assim, para aprender a ouvir e discernir a voz do Espírito Santo é preciso se dar ao trabalho de ouvir não só o ensino de outras pessoas, de não só assistir cultos, e mesmo de não só louvar, é preciso deixar a ociosidade espiritual e nos relacionarmos pessoal e profundamente com Deus. 

      A busca de aprovação humana também pode nos impedir de ouvir mais a voz do Espírito Santo, já que se confiarmos mais nos homens que em Deus, se acharmos mais importante sermos apoiados no plano físico, por pessoas que são vistas por pessoas, e não pela fé no Deus invisível, acabaremos deixando o Espírito Santo que nos habita em segundo plano. 

      A tradição religiosa protestante também pode extinguir o Espírito Santo, à medida que coloca os textos bíblicos como prioritários para nos mostrar a vontade de Deus para nossas vidas de maneira fria, como uma simples lista de mandamentos, atemporais e fora do contexto histórico. Neste momento é importante que eu deixe bem claro uma coisa, eu amo a Bíblia, a considero como sendo o livro mais importante do mundo para a humanidade de qualquer tempo, mas afirmo que seu real entendimento só pode ser adquirido debaixo da interpretação do Espírito Santo. O Espírito Santo é a palavra do Senhor no reino de Deus estabelecido pelo evangelho, acima de qualquer outra revelação ou registro escrito.
      Não existe na própria Bíblia um texto sequer que diga que nos últimos séculos teríamos um cânone de 66 livros que seriam a palavra final de Deus para o homem, o cânone foi reunido e selecionado por judeus, católicos e protestantes, por seres humanos, ainda que debaixo de um temor a Deus. Contudo, existe sim a promessa do Espírito Santo, veja os textos iniciais. Repetindo o que já disse outras vezes aqui, o termo “palavra de Deus” que mais existe na Bíblia se refere a um conceito que a nação de Israel tinha no antigo testamento, que se referia à Torá (relacionada principalmente ao pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia cristã), e na caso da velha aliança, onde a obra redentora de Cristo ainda não havia sido realizada e nem o Espírito Santo havia iniciado seu ministério permanente na Igreja, a palavra de Deus era, sim, um grupo de textos escritos.

      Por fim, outra coisa que nos impede de ter uma experiência mais direta com o Espírito Santo é o egocêntrico e humano controle puramente intelectual que muitos querem ter sobre si mesmos e sobre a religião, mas isso acaba sendo uma faca de dois gumes. Não há dúvida que, via de regra (e não generalizando), os melhores estudos teológicos são feitos pelos protestantes tradicionais não pentecostais. Por quê? Porque esses sabem usar uma área humana com inteligência, conhecem história, geografia, línguas antigas, religião, da Bíblia com profundidade e analisam tudo isso de maneira puramente científica, isentos dentro do possível de subjetividades. 
      É bom que seja assim, mas o que mais desvia o homem do pleno conhecimento de Deus é o extremismo, focar-se numa área e desconsiderar, ou mesmo demonizar, outra, isso nunca nos levará ao conhecimento de toda a verdade. Assim os mesmos intelectuais científicos que tão bem apresentam a Bíblia fecham-se em si mesmos, no intelecto humano, e perdem revelações espirituais só acessadas pelo fé e no Espírito Santo. (Mas ainda assim, eu, pessoalmente, prefiro as Bíblias comentadas por protestantes tradicionais que as de editoras pentecostais, via de regra e também não generalizando). 
      Essa disposição também impede muitos de terem a maravilhosa experiência da manifestação dos dons espirituais, ainda que os recebam na salvação e não saibam disso. Manifestação de dons espirituais é muito mais uma questão de libertação emocional que de atingir um nível espiritual mais elevado, eu creio assim, todos somos plenamente habilitados espiritualmente quando nascemos de novo e fomos selados com o Espírito Santo, alguns, contudo, por travas psicológicas que necessitam de cura, têm mais dificuldade para exteriorizar isso fazendo interagir Espírito Santo no espírito humano com alma e corpo humanos. Contudo, na maturidade existe não extinção do Espírito Santo, mas controle dele, de suas manifestações emocionais, principalmente em público.
      Os pentecostais, usando o termo mesmo de maneira estereotipada, ainda que buscando o melhor dele, buscam uma experiência direta com o Espírito Santo, e isso também pode ser uma faca de dois gumes. Eles têm acesso direto à ótica de Deus, contudo, na subjetividade da leitura, podem se confundir entre o que é voz do Espírito Santo e o que é só alma humana falando, e o coração humano pode ser bem enganoso, por isso tantas heresias nascem nesse meio. O ideal é o equilíbrio, saber usar a palavra registrada nos textos bíblicos, mas se ter uma intimidade com o Espírito Santo para que ele dê a palavra final, coragem espiritual com inteligência intelectual mais emocional e corpo sadios, eis a vontade do Senhor para todos.

      Prestemos muita atenção ao texto inicial do evangelho de João, Jesus encarnado dá a importância suprema e real ao Espírito Santo que ele enviaria para habitar sua Igreja de modo perene, assim, não diminuamos nunca essa importância. Ouvindo e obedecendo o Espírito Santo nunca damos “bola fora”, nunca agimos com estupidez ou com covardia, nunca falamos demais ou de menos, nem nos apressamos ou nos fazemos de irreverentes. O Espírito Santo sempre dá o tom adequado para que vivamos afinados com Deus, e sintonizados nele sempre estamos sincronizados com o mundo, com a vida, com o universo, para fazer e falar a coisa certa no momento certo.

27/07/19

Depressão: mais sobre...

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      E eis-me aqui falando novamente sobre um assunto que muitos atualmente têm conhecido de perto, infelizmente, a depressão. Esse assunto é muito sério, assim se você acha que tem essa enfermidade ou se tem alguém próximo que acha que a tem, procure ou indique um bom profissional da área médica, psiquiatra ou psicólogo, e por favor, não se oriente unicamente por este texto ou por qualquer outro material da internet. Leve o assunto a sério. 
      O que é depressão? É uma tristeza que não passa, que tira a vontade de fazermos as coisas básicas do dia a dia e que por enfraquecer nossa vontade de viver pode baixar nossa imunidade e ser porta para outras doenças, repito, não sou profissional da área médica, não use esse texto como referência final para concluir qualquer coisa, contudo, sou um ser humano como você, que já viveu um pouco e já teve varias experiências de dor na vida. 
      Alguns podem alegar que têm depressão quando não têm, experimentam apenas uma tristeza emocional ou uma enfermidade física que afeta seu humor. Outros se colocam propositalmente numa situação de desânimo, escolhem o buraco e nele ficam. Contudo, seja qual for a causa, legítima ou não, efeito de trauma, de violência real, de repressão externa, de impotência diante de problemas que não se resolvem, seja ela nascida de uma verdade ou de uma mentira, na insistência pode gerar um estado real de depressão.
       Tristeza pode ser um vício que ajuda-nos a construir uma identidade, doentia, mas identidade. Na dificuldade de se ter uma identidade, a doentia pode servir. Viciamos em algo porque ele nos dá prazer, pelo menos porque pode nos dar uma dor menor que a que temos sem ele, infelizmente o ser humano em suas complexidades pode se alimentar de prazeres estranhos que iludem enquanto matam. 
      A tristeza pode, sim, ser bebida aos poucos, como uma cachaça, com a finalidade de obtermos uma satisfação com a autopiedade, por quê? Porque isso nos coloca na posição de vítimas, vítimas não têm culpa, a culpa é dos que as fizeram sofrer e serem vítimas. A tristeza nos aprisiona ao mal porque nos oferece desculpas para permanecermos como estamos, essa disposição é o ninho da depressão. 
      Muitas vezes podemos deter o início de uma disposição errada de tristeza e impotência, mas depois que se instala a tristeza, teremos mais dificuldade para curar a depressão, assim o segredo é nem deixar começar. Mas quem tem essa força, esse controle? Os deprimíveis que parece já nascerem ou serem formados com essa característica, a sofrerão um dia, alguns até sem terem motivo direto para isso, a depressão simplesmente vem e fica. 
      Pastores e pregadores precisam ter mais conhecimento sobre o assunto para assim poderem falar com mais responsabilidade sobre depressão, respeitando o doente e a gravidade da doença, depressão não é demônio que se expulsa com uma oração, ainda que demônios possam oprimir o deprimido se aproveitando de sua situação já fragilizada. Que se expulse o demônio mas que se dê atenção com tempo e amor ao deprimido, aos que não querem exercer evangelho com paciência é melhor nem sem aproximarem de deprimidos (que não se toque em ferida que não se pode curar).
      Algo que aprendi sobre depressão é que na maioria das vezes ela é consequência, não causa, ainda que possa ser desencadeadora de outras doenças, assim, a princípio, é preciso descobrir e tratar antes o que levou a pessoa à depressão e não a depressão em si. É certo que depois que ela se instala a pessoa pode experimentar um terrível loop onde o efeito se torna causa que cria outro efeito num laço difícil de se encerrar. Mas se a pessoa está desanimada pode não adiantar só dar a ela remédios para que ela fique mais animada, não se ela não tiver uma enfermidade que objetivamente alterou seu humor.
      Todavia uma das causas da depressão pode ser falta de algum hormônio, assim não é só um problema psicológico, mas químico, físico. Dessa forma a depressão pode também ser um mal em si, sem causa emocional, obviamente isso também levará a pessoa a um desânimo, a uma tristeza muito grande, onde o psicológico também será afetado. Ainda que seja ausência de um hormônio, a auto-imagem, a auto-confiança, podem ser afetadas levando o doente a princípio físico se tornar também emocional.
      Se doenças físicas podem levar à depressão, transtornos psiquiátricos levam mais ainda, já que a pessoa já está debilitada psicologicamente. Alguém com transtorno bipolar ou com esquizofrenia pode ter sérias crises depressivas, e nesses casos a causa da depressão é ainda mais difícil de identificar. Com tudo isso entendemos que depressão é algo muito complexo, tenhamos portanto muito cuidado, repito, respeitemos o doente e a doença, tristeza que vem e fica não é simplesmente demônio ou mera frescura.
      Longe de mim aconselhar deprimidos, longe de mim, contudo eu creio num Deus que a todos entende, ama e pode ajudar. Via de regra o que mais deprime é nos sentirmos impotentes diante de um problema sem solução, assim só existe duas ações práticas, ou resolvemos o problema ou assumimos que a falta de solução não é problema nosso. Isso é fácil de fazer? Não! Se fosse não existiria tantas pessoas deprimidas, mas podemos caminhar para agir assim, resolvendo o problema ou nos desligando dele.
      Contudo, quem está numa crise depressiva não tem forças para nada, assim não se exija dele nada, depois de orientado por um médico da área e medicado que o deprimido tenha uma situação tranquila para melhorar enquanto é ouvido por um bom terapeuta. Ao doente convém não exigir nada de si mesmo, apenas descansar, relaxar, vencer a impotência é acima de tudo um exercício de humildade e mansidão, aliás, humildes e mansos sempre achamos cura, paz e saída, mesmo para a depressão.