24/08/19

40 anos de solidão

      “E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras. E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio. E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam. E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos; por que vos agravais um ao outro? E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós? Queres tu matar-me, como ontem mataste o egípcio? E a esta palavra fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou dois filhos. E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.” 
Atos 7.22-30

      O texto de Atos capítulo 7 resume o relato de Êxodo capítulos 2 e 3, Moisés passou quarenta anos no Egito como príncipe, então percebeu o sofrimento de seu povo, tentou fazer justiça com as próprias mãos, foi rejeitado por seu povo e se refugiou no deserto por mais quarenta anos. (A travessia do deserto conduzindo Moisés o povo de Deus até Canaã, também durou quarenta anos, isso nos faz pensar nos números de Deus, nas fases da vida, na repetição de certos números). Mas a pergunta dessa reflexão é: de quanto tempo e o que precisamos passar para entendermos o propósito de Deus para nossas vidas e para que então possamos cumprir esse propósito debaixo da ordem, força e estratégia de Deus, não nossas? Não basta fazer a vontade de Deus, é preciso fazer do jeito de Deus, no tempo e no lugar que ele mandar.
      Que diferença houve na vida de Moisés entre os quarenta e os oitenta anos, da vida que ele teve antes, como nobre, com luxo, com boa educação, com boa comida, roupas e tantos privilégios de alguém criado dentro da família do faraó. Em sua segunda fase Moisés era só um pastor de ovelhas, um homem do campo, as multidões da capital foram substituídas por uma vida simples no ceio de uma família, quantas coisas devem ter passado na cabeça de Moisés quando parado no deserto, olhando a criação, as montanhas, saudades? Sim, mas também muito sentimento de solidão e rejeição. Aqueles que o criaram agora o perseguiam como assassino, aqueles que tentou defender não viram nele legitimidade de defensor. Ele precisou perder tudo, se esquecer e ser esquecido para entender como as coisas funcionam no plano do Senhor.
      Uma nova vida só começa depois que a velha acaba e para acabar tem que morrer, morte nunca é algo agradável, dói e dói muito. Mas só morre quem está vivo, se o ego de Moisés já estivesse morto ele não precisaria passar por um processo de quarenta anos no deserto pastoreando ovelhas que nem dele eram. Cuidando das ovelhas de Jetro, seu sogro, Moisés entendeu como deveria cuidar de Israel, povo de Deus, não seu, se o Senhor tivesse permitido que Moisés livrasse Israel do Egito com quarenta anos ele teria dominado sobre o povo, e talvez, com tempo, se tornado tão repressor como o faraó. Mas com oitenta anos o coração de Moisés tinha se tornado manso, “era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Números 12.3), o velho Moisés tinha morrido para um novo nascer, pronto, enfim, para cumprir o propósito de Deus. 
      Não pense que Deus se esqueceu de você, das promessas que fez a você no início de tua caminhada, nem ache que tempo demais já passou, que agora não há mais tempo, que você está velho. Quanto aos jovens, cuidado, não se achem prontos antes da hora, a vida é longa, talvez muitas coisas que vocês vejam hoje em vocês como virtudes, como forças, são na verdade fraquezas, limites, defeitos, que não fazem de vocês melhores e mais fortes, mas piores, mais frágeis. Deus trabalha no tempo, e tempo na verdade não faz diferença pra Deus, ele pode fazer calar o jovem e levantar o velho, o Senhor pode cumprir num único momento, talvez no final de uma vida, o propósito maior de uma existência, aquele para o qual alguém foi preparado por anos, na solidão, na intempérie, na simplicidade de alguém que aprende a ser fiel com ovelhas que não são suas e nunca serão, de alguém que aprende a ser servo, não senhor. 
   

23/08/19

Sou só um peregrino

      “Faze bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra. Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei. Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. A minha alma está quebrantada de desejar os teus juízos em todo o tempo. Tu repreendeste asperamente os soberbos que são amaldiçoados, que se desviam dos teus mandamentos. Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos. Príncipes também se assentaram, e falaram contra mim, mas o teu servo meditou nos teus estatutos. Também os teus testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros.” 
Salmos 119.17-24 (Guímel)

      Faze-me bem, teu bem é que melhor bem? Não, o único, que me satisfaz por inteiro, que permanece, que vence toda mágoa, rancor e insegurança de minha alma tão machucada. 

      Abre meus olhos, sem ti estou em trevas e facilmente sou abatido, pelos outros? Por mim mesmo, sou eu quem me venço, me perco, para ser depois motivo de riso dos falsos.

      Sou peregrino, não sou deste mundo, não tenho nada meu, tudo é teu, não tenho terra, mas minha casa é debaixo de tuas asas, meu abrigo é teu sorriso de pai que me olha e me levanta.

      Sofro por querer praticar tua vontade, sofro por ver meu corpo, minha vontade, meus sentimentos, meus pensamentos, serem tão difíceis de se dobrarem diante de ti, sofro por ser homem. 

      Os soberbos são amaldiçoados, não por ti, mas pelo universo, o Senhor só se afasta dos maus, e isso basta para que eles caiam destruídos, mas ainda assim, se eles se converterem a ti, o Senhor os abençoará. 

      Livra-me do desprezo, que é pior que o ódio declarado, que é pior que uma bofetada, o silêncio arrogante dos que tentam me aprisionar com a distância, com as portas fechadas de seus corações.

      Pessoas importantes me caluniam, príncipes de seus castelos, achando que por terem construído lindos castelos estão protegidos, mas basta um sopro teu para castelos ruírem, e as calúnias dos príncipes serem desmascaradas à luz do dia. 

      Tenho prazer em ti, essa é a minha melhor verdade, e em mais ninguém, aceite meu louvor pequeno, limitado, ainda que de vaso de barro, tu sabes o quanto te amo. 

22/08/19

Altíssimo Deus

      “Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” Isaías 14.12-15

      De todos os atributos de Deus, altíssimo é o que mais me toca, isso não é porque remete-nos a ver Deus como inascível ou intocável, o poder único do evangelho está justamente em nos dar acesso por meio de Jesus Cristo a esse Deus altíssimo. Contudo, é preciso entender que o verdadeiro Deus é superior, a tudo e todos, na Terra e nos céus, em todos os céus. Por outro lado, querer de alguma maneira essa posição exclusiva é estratégia do mal desde o início. Há vários textos que falam de Deus como o altíssimo, mas o texto inicial desta reflexão, que a princípio se refere ao rei da Babilônia, pode ser interpretado também como uma descrição da queda de um poderoso diabo, de um príncipe das trevas. 
      Esse caiu justamente porque ousou subir onde não podia, na posição de Deus, querendo ser altíssimo acabou sendo derrubado no mais profundo abismo. O diabo não caiu porque fez cair o homem, nem porque amou o homem e quis dar a ele o conhecimento que Deus não quis, como relata o mito grego do Prometeu, mito que é base do ocultismo, da alta magia e dos santanismos mais baixos. O diabo já era Lúcifer quando se apossou da serpente e fez a tentação original, antes do início dos tempos já havia ocorrido a inssurreição cósmica no mundo espiritual que separou anjos, arcanjos, querubins, serafins e outros seres espirituais do mal de demônios, diabos e seus príncipes de legiões das trevas. 
      Todos nós conhecemos e experimentamos as investidas do mal contra nossas vidas, e os que nascem de novo têm o privilégio de usarem a autoridade do nome de Jesus para repreender, anular e destruir as obras de diabos e demônios. Poucos, contudo, conhecem as investidas do mal, não contra os seres humanos comuns, mas contra líderes importantes, políticos, influenciadores de opinião, presidentes de empresas, responsáveis pelas mídias, pela internet, filósofos, pedagogos e professores (principalmente esses, que influenciam na criação de crianças e jovens). Com esses o mal não joga com valores menores, baixos, não troca almas por prazeres materiais, com esses o mal revela mesmo verdades espirituais ocultas.
      Com certos escolhidos o mal usa um conhecimento secreto para fazer com que pessoas influentes do mundo olhem para o alto, bem alto, acima dos vícios mundanos e das legiões. Esse conhecimento revela os grandes e antigos diabos, que estão acima do mal que a maioria das pessoas se ocupam em suas vidas diárias. O mal faz isso com tanta elaboração, com tanta informação, com tanta sofisticação, que muitos pensam estarem de fato se envolvendo com o mais alto dos conhecimentos. Muitos pensam estarem de fato fitando o altíssimo, quando na verdade olham para o abismo espiritual, para a mais poderosa das trevas.
       Metafísica oriental, hermetismo, alta magia, cabala, conhecimentos ocultos que não estão abertos para todos, ferramentas especiais do mal que revelam que ele tem selecionados (e nem pense alguém em querer entrar nesses “círculos” sem ser pré-selecionado), que ele tem estratégia, que ele tem inteligência, para preparar em ordens secretas (que atualmente nem são assim tão secretas, pelo menos no marketing) não peões, mas líderes, reis e rainhas para reinarão no final dos tempos, no último e pior dos golpes do mal contra Deus. 
      Muitos não têm ideia do que é alta magia, acham que é só um “pai de santo” com mais demônios, mas os envolvidos com ela se guardam e influenciam muito mais as pessoas do que elas acham, incluindo crentes dentro de igrejas. De muitas pessoas, o mal se serve, escraviza, mas algumas, ele serve e pode mesmo ser “controlado” por elas. A maioria dos cristãos não está preparada para combater esses soldados especiais das trevas, ainda que em sua ignorância seja protegida pelo nome de Jesus.
     O Deus Altíssimo foi, é e sempre será superior, mais alto, e por isso, mais poderoso, como conhecê-lo e ter sua proteção? Por Jesus e no Espírito Santo, na simplicidade do conhecimento mostrado na Bíblia, uma coleção de textos escritos por homens de seus tempos, mas ainda assim o que Deus usa de melhor para mostrar sua vontade maior. Entendamos, contudo, que as piores e mais eficientes estratégias do mal estão escondidas, atrás de ideologias de tolerância e proteção do planeta, e têm nos sistemas de ensino e nas tecnologias seus principais meios de atuação. 
      Quando orar, pense no Altíssimo, em sua mente, em seu coração, foque em Deus, no Deus de Abraão, Jacó, José, Moisés, Davi, Salomão, Jeremias, Isaías, Elias, Daniel, João Batista, Pedro, Lucas, João Evangelista, Paulo e de Jesus, o Cristo. Clame perdão e purificação pelo nome de Jesus e autorize o Espírito Santo de Deus, e nenhum outro, a ter comunhão com você. Não mentalize ou evoque diabos, não perca tempo com as Sephiroth (quem sabe entenda), são só anjos caídos, são perda de tempo, são morte, estão abaixo do Altíssimo. Desfrute, antes, do livre acesso que temos ao Deus Altíssimo através de Jesus, no qual temos perdão dos pecados e paz na eternidade.

21/08/19

A providência de Deus

      “O Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas. Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes. Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar. Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno. Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó. Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

Salmos 104.24-30


      Experimentam a providência de Deus, têm do Senhor o sustento, aqueles que andam com Deus, aqueles que sincronizam suas vidas com a vontade do Senhor. A natureza faz isso de forma natural, simplesmente existe na vontade de Deus e recebe dele o sustento. O pecado do homem, contudo, desequilibra essa existência natural e pode privar não só ele, mas também todo o planeta Terra da providência divina. O elemento caótico que transformou o universo é o pecado do homem, o que é pecado? É tentar existir sem Deus.

      Isso não significa necessariamente que se quer fazer o mal ou que se vive viciado nos prazeres materiais, ainda que o homem seja civilizado, moral e se preocupe com o equilíbrio do planeta Terra e com justiça para com a humanidade, se Deus, o Deus do verdadeiro cristianismo, estiver fora do centro da vida do homem, o universo, físico e espiritual, está em caos e tende a um colapso eminente. 

      Por que a agenda anti-Cristo se preocupa tanto com ecologia, com sustentabilidade, com as florestas, com os animais e com o sofrimento principalmente das minorias? Porque sabe disso, mas insiste, na cegueira inenrente a todo arrogante, que pode fazer tudo funcionar de maneira equilibrada, mas sem Jesus. Tarefa impossível de ser realizada, só Cristo salva, só Deus sustenta, só o Espírito Santo fala em nome do evangelho, fora disso é perdição e faltará a providência de Deus em algum momento.

      A humanidade não terá o sustento mínimo para continuar existindo quando mais necessitar. Contudo, no final, em meio a um caos generalizado, muitos buscarão ajuda naquele que representar o anti-cristianismo no planeta, e os que ainda quiserem salvação, ainda que tardia, pagarão com a própria vida por isso. Muitos, contudo, complicam algo que é simples, andar com Deus nos livra do mal, e isso não é ser perfeito, mas assumir pecados e confiar no perdão exclusivo de Jesus. 

      Muitos buscam milagres como se isso fosse a maneira natural de Deus agir e privilégio especial de cristãos super espirituais. Milagres, como a palavra significa, são eventos extraordinários, que acontecem de vez em quando, em situações onde outro tipo de solução não é possível. Mas será que é isso o plano original de Deus para o homem, que em Cristo pode ser, ao menos em parte, restaurado neste mundo? O segredo está na palavra sincronismo, o que anda com Deus está sincronizado com sua vontade. 

      Nesse sincronismo a providência é natural, nada é extraordinário, e ainda assim aquele que prova isso adora a Deus o tempo todo, por ter ar para respirar como se fosse o maior dos milagres. O melhor seria não buscarmos milagres, mas vivermos no milagre e sermos um milagre nas vidas dos outros, assim a providência de Deus nunca faltaria e todos e tudo poderiam ser naturalmente sustentados por Deus. 

      A ciência pode explicar tudo? Sim, eu creio assim, e se houvesse tempo a humanidade entenderia cientificamente, de maneira empírica, o mundo espiritual e saberia de fato como Deus sincroniza tudo com aqueles que estão sintonizados nele, que existem na mesma “frequência harmônica “ do Altíssimo. Nunca houve e nem nunca haverá conflito entre a verdadeira ciência e os conhecimentos que temos por fé, já que a verdadeira fé é inteligente não nega fatos provados cientificamente, nem a verdadeira ciência nega aquilo que ela ainda não provou se é uma verdade científica. O não explicado é possível, mesmo que ainda improvável, mas o explicável deve ser avaliado pela fé e acurado, não demonizado. 

      Começamos refletindo sobre a providência de Deus e acabamos pensando sobre fé e ciência, sobre coisas naturais e coisas extraordinárias, mas o assunto é o mesmo. Para aquele que teme a Deus de fato, contudo, não importa, Deus provê, mesmo que seja através de um médico, o milagre da cura física é feito, e o Senhor, acima de tudo, é louvado por isso. O que teme a Deus de verdade sempre vê o Senhor na história, por isso ele é santificado e viverá na eternidade com o Santíssimo. 

20/08/19

Salvos pela graça

      “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2.4-9

      Até que ponto de fato entendemos a graça de Deus? Até que ponto entendemos que somos salvos por ela, não por mérito próprio? Na maior parte das vezes somos seres orgulhosos que precisam ser frequentes em cultos só por acharmos que isso paga de alguma maneira o que Deus nos dá. Por que sentimos paz depois de participar de um culto, porque tivemos comunhão com o Senhor junto de semelhantes ou porque cumprimos uma obrigação religiosa? Por que nos sentimos mal quando deixamos de ir um dia a um culto? Deus não vai nos recriminar por isso, mas nossas consciências nos recriminam porque achamos que ficaremos em débito com Deus, ou que os homens vão pensar que somos menos cristãos por termos faltado em um culto. 
      Só a graça de Deus pode nos libertar dessa barganha que mesmo inconscientemente queremos fazer com Deus. Muitas vezes podemos até dizer que somos salvos pela graça, mas quantas vezes nos postamos na prática como merecedores de bençãos por créditos pessoais acumulados em nossas vidas. Quando entendermos de fato a graça do Senhor administraremos religião, igreja, dízimos, e tantas e tantas obras materiais, externas, de maneira diferente da maneira que normalmente administramos. Entender e aceitar a graça de Deus deixa a vida mais leve e permite que estabeleçamos uma aliança espiritual de fato com Deus, não com os homens. Por outro lado entenderemos que temos responsabilidades com a administração material dos ministérios, no auxílio aos necessitados, mas isso como postura social de seres humanos civilizados, não como favores espirituais para ter retornos espirituais. 
      Entender a graça de Deus nos dá discernimento para dar a Deus o que é dele, e a “César” o que é de “César”, simples assim. Salvação não se compra, proteção de Deus não se troca, o amor de Deus não se explica, não pelos pequenos e limitados valores humanos. Contudo, aquele que fizer sua parte neste mundo terá o retorno justo neste mundo também, e nesse mundo nada é de graça ou fica sem “feedback”, para toda causa sempre haverá um efeito. Com Deus, todavia, não funciona assim, com Deus basta fé, Deus de graça dá e nada exige em troca, a não ser a nossa gratidão, e isso não porque Deus precise de gratidão, de adoração, Deus não precisa que lhe adicione ou lhe subtraia nada, Deus é imutável, incorruptível, completo e perfeito sempre. Quem precisa ser grato, contudo somos nós, todo o nosso ser precisa adorar a Deus e louva-lo por sua imensa graça. 

19/08/19

O inverso do que muitos pensam

      “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” I Pedro 1.15-16

      Quanto mais nos aproximamos de Deus mais pecadores nos sentimos, mais fracos nos achamos e a paz, mais difícil fica de ser mantida em nossos corações. Por que é assim? Porque aproximarmo-nos de Deus nos aproxima da nossa humanidade, que nos revela que somos homens falhos, imperfeitos, vasos de barro limitados para reter a presença de Deus. Os que acham que a intimidade de Deus concederá alguma impermeabilidade, que um dia, neste mundo, acharemos um abrigo definitivo contra o pecado, que alcançaremos uma posição de poder, acima do mal, enganam-se. 
      A vida existe para confrontar a impotência humana com a perfeição divina, e o caminho do evangelhos só ensina uma coisa, que temos que ser mais e mais humildes e dependentes do altíssimo. Assim, ainda que o pecado insista, que a liberalidade do mundo fale alto, que nosso corpo, alma e espírito se sintam insuficientes para agradarem a Deus, persistamos na perfeição, e pelo perdão que há no sangue de Cristo, nunca desistamos de olhar e nos dirigir para o alvo maior e melhor, o caráter de Deus plenamente revelado em Jesus encarnado.

      “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5.48

18/08/19

Que seja no tempo melhor

      “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.Filipenses 2.9-11

      Quem não chora no início, chorará no fim, todo mundo é quebrado um dia. Um quebrantamento no início de nossa caminhada, aos pés de Jesus, alcançará a misericórdia de Deus, então seremos salvos, curados, abraçados e cuidados. Mas quem endurece o coração será quebrado no pior tempo, no final, se ainda estiver neste plano físico de vida, passará vergonha, sofrerá uma grande dor e poderá ter perdas terríveis, irreversíveis, mas ainda assim poderá ser salvo e perdoado. 
      Muitos, contudo, chorarão só no juízo final, lá não haverá mais tempo, só terá direito à justiça de Deus, que cobrará as dívidas, que pesará cada palavra, cada sentimento, cada atitude, que foram vivenciados longe do Senhor, desprezando o Evangelho, mesmo odiando, ainda que secretamente, Cristo e os cristãos. Esses terão um direito, um “inferno”, um choro eterno que não é ouvido, nem consolado. 

      “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.Hebreus 12.16-17

      Muitos dizem, principalmente homens, “eu não choro, não em público, isso é passar vergonha”, esses não choram a tempo, mesmo que façam a tantos chorar, mesmo que a tantos machuquem, e que ainda digam, “eu não tenho nada a ver com isso, esses que choram são fracos”. Esses veem suas vidas caindo aos pedaços, mas resistem, pousam de fortes, tentam se proteger com mentiras, mas não enganam a ninguém, nem a si mesmos. Seus corpos e suas mentes estão doentes, enfraquecidos de tanto terem que esconder calados as verdades que os orgulhosos não querem admitir. 
      Deus, todavia, em seu grandioso amor, dará oportunidades para que os duros se dobrem até final, ainda que a troco de muito sofrimento, ninguém se engane com relação a isso, em todos os eventos que antecedem o juízo final ou a morte física, haverá chances. Mas que possamos ser sábios e humildes para chorarmos no tempo melhor, e o melhor tempo é o quanto antes possível, para que estejamos com os de vestes brancas que João Evangelista viu em sua visão no Apocalipse. 

      “E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.” Apocalipse 7.13-17