27/02/20

“Não li e não gostei”??

     “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.Mateus 7.1-2

      O evangelho que liberta o espírito e abre a alma não tem feito esse efeito em muitos cristãos, que acham que por crerem numa verdade maior têm o direito de julgar muitas coisas sem que se darem ao trabalho de conhecerem essas coisas. Esse é só mais um dos maus efeitos de uma interpretação legalista da Bíblia. Esse julgamento se faz principalmente com as outras religiões, muitos evangélicos, e principalmente pastores e pregadores, dizem sobre textos espiritualistas que não são bíblicos, “são coisas do diabo, nem devem ser consideradas”. Principalmente os líderes, deveriam dar-se ao trabalho de conhecer um pouco mais sobre textos budistas, muçulmanos, ocultistas, e mesmo sobre livros considerados apócrifos pelos protestantes. 
      Muitos, se forem honestos e se esforçarem um pouco, surpreenderiam-se com a sabedoria que textos como o Baghavad Gita ou os livros de H. P. Blavastky possuem, e eu não estou dizendo aqui que isso é de Deus e que aquilo é do diabo, mas só que deveríamos ser maia livres e abertos, virtudes que o evangelho pode dar àqueles que realmente o vivem. Muitos evangélicos afirmam, “mas eu posso julgar religiões e textos porque possuo a verdade, enquanto que os outros possuem mentiras” (que arrogância sem noção e muito comum). Bem, do que é melhor se exige mais, e não menos, do que experimenta a verdade de Deus se exige amor, paciência, sabedoria e respeito, e não ao contrário, se é que de fato vivem tudo isso. 
      Se nós evangélicos julgamos os outros sem conhecer mais profundamente, demonizando e maldizendo, que direito temos nós de reclamar quando os outros dizem que somos tapados, extremistas, ignorantes, quando nos julgam injustamente? O igual não pode julgar o igual, é preciso ter uma referência mais alta para ter uma visão melhor e poder analizar com justiça, só Deus tem essa visão de tudo e todos, mais ninguém. Mas o que julga mal se coloca no máximo no mesmo nível de quem julga, assim “evangélicos” que demonizam sem conhecer se colocam no nível de demônios acusadores. A verdade é que ninguém deveria fazer qualquer julgamento, com relação à religião diferente da sua, e muito menos os cristãos.
      O que está num nível espiritual mais elevado não tem o direito de excluir, mas o dever de agregar, não tem o direito de julgar mal, mas o dever de respeitar, não tem o direito de falar, mas o dever de ouvir. Agregar, respeitar e ouvir é melhor que excluir, julgar mal e falar. Não estou dizendo que devemos sair lendo textos sagrados de outras religiões, isso não é para todos, a Bíblia deve ter prioridade para a maioria, conhecê-la e vivê-la, e muitos não têm tempo nem para isso. Mas aqueles que têm tempo e são chamados (por Deus e não por mera curiosidade) conheçam mais outras religiões e ensinem isso aos outros. Isso fará a eternidade melhor (menos surpreendente), assim como poderemos viver mais dela ainda aqui.
      A verdade revela, mas a mentira pode revelar ainda mais, pois ela revela, nas entrelinhas, aquilo que se quer esconder, e o que se quer esconder é verdade mais profunda sobre as coisas. Uma frase ficou famosa na mídia, “não li e não gostei”, como alguém pode dizer que não gosta de algo que não conheça? Tratando-se de espiritualidade esse assunto vai bem além do que aquilo que muitos cristãos entendem, lendo de maneira superficial a Bíblia. Mas esses na verdade não estão prontos para muitas verdades, é melhor que permaneçam na ignorância, Deus, em sua graça, os ama e cuida deles mesmo assim. O mundo, todavia, seria muito melhor se fizéssemos mais que o mínimo para receber o favor do altíssimo. 
      Jesus, ele é o mais importante, ele é imprescindível, ele é único, e não só como um exemplo de prática e mestre da melhor forma de se viver em comunhão com Deus, com nós mesmos e com as pessoas, mas como o salvador singular e suficiente. Se há necessidade de um salvador é porque existem pessoas que precisam ser salvas, e essa é a mensagem da Bíblia, na velha e temporária aliança mosáica, mas principalmente na nova e eterna aliança do evangelho. Essa é a relevância que muitas religiões, ainda que respeitem e compartilhem os ensinos de Cristo, não mostram, Jesus salva e com ele temos acesso direto ao altíssimo, santo, verdadeiro e único Deus. Nenhum outro texto sagrado, além da Bíblia, revela isso!

26/02/20

Problemas que vêm e que não se vão, por quê?

       “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva seródia que rega a terra.” Oseias 6.3
 
     Todos nós já vimos pessoas que possuem problemas que nunca se resolvem, talvez eu e você sejamos uma delas. Por que isso ocorre? Podemos listar três motivos. O primeiro é que ainda que a pessoa esteja sofrendo, ou exagerando o sofrimento, pensando que vive um dilema insolúvel, o problema na verdade é passageiro, logo será resolvido, ela louvará a Deus e será feliz. O segundo motivo pode ser porque a pessoa definidamente não está dando ouvidos à voz de Deus, que está mostrando a solução mas a pessoa não quer obedecer. O terceiro motivo pode ser porque só com um problema sem solução a pessoa consegue andar no caminho estreito da vontade de Deus para ela, se determinado problema for resolvido de forma definitiva a pessoa simplesmente se perderá e se afastará do melhor caminho para sua vida.
      Reflitamos mais no terceiro motivo, bem, nele o problema não é um problema, mas o tal “espinho na carne”, descrito por Paulo em II Coríntios 12 e tantas vezes já citado aqui neste espaço. Sim, Deus não resolve certos problemas não porque não possa, mas porque nós não podemos conviver com eles solucionados, assim, ou aprendemos a viver com certos limites ou alcancemos um nível de humildade mais alto que nos possibilite certas liberdades sem que nos percamos na vida. Sim, libertações, soluções de problemas nos deixam mais livres, mas será que podemos conviver com a liberdade, somos espirituais o suficiente para isso? A maioria de nós não é, eu não sou, eu admito, por isso tenho problemas insolúveis, suas existência me fazem depender mais de Deus. Nesse ponto da reflexão é importante que nos façamos uma pergunta: qual é nosso maior objetivo de vida? Ter problemas resolvidos ou conhecer a Deus?
      Muitos só buscam religiões, igrejas, vida “espiritual”, “Deus”, para terem problemas resolvidos, e na maior parte das vezes, problemas materiais. Muitos querem emprego, casamento, dinheiro no bolso, mas não conhecimento íntimo do altíssimo. Isso está certo, está errado, é o melhor, o pior? Nem farei juízo de valor, cada um que faça suas escolhas, só saiba que essa vida é curta, a eternidade no espírito (que é eterna), cobrará de nós as melhores escolhas. O verdadeiramente espiritual, contudo, não se preocupa com recompensas, com soluções, antes age corretamente, se esforça e faz seu melhor, mas só para adorar a Deus. Para ele problemas de verdade não existem, apenas oportunidades de conhecer mais a Deus para depois poder louva-lo pela sua maravilhosa providência. 
      O ponto é que o sim de Deus nos permite um crescimento na fé, mas um não nos permite um crescimento maior ainda, muitos, infelizmente, acham que só alcançam o máximo quando recebem um sim, e que se receberem um não é prova de que precisam, não aceitar uma realidade em humildade, mas de mais fé. Todavia, quando Deus diz não, nem a maior fé do mundo pode mudar isso, isso não é razão pra desistir, mas motivo para alcançar um novo nível de intimidade com o Senhor. Sim, alguns problemas não se resolvem porque não são para serem resolvidos, mas para que cresçamos, deixemos de ser filhos infantis e mimados e então confiemos mais em Deus, em humildade e fidelidade. Se eu ou você ainda não entendemos isso, é melhor entendermos e aceitarmos o quanto antes, senão nossas vidas ficarão empacadas numa infelicidade que na insistência pode nos levar mesmo a negar o evangelho. 

25/02/20

Não tenha medo de recomeçar

      “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.Isaías 59.1-2

      A vida se vive vivendo, nessa experiência muitas vezes erramos, fazemos escolhas ruins, contudo, ter a humildade de pedir perdão, a Deus, às pessoas e a nós mesmos, e então seguir em frente, é condição importante de quem quer aprender com seus erros e acertar. Em alguns casos, todavia, cometemos erros grandes, que nos levam a quebrar alianças com grupos sociais, com família, com igrejas, erros que poderão nos estigmatizar para sempre diante de muitas pessoas. Erros assim, maiores que deveriam ser, têm consequências, algumas bem duras, com as quis teremos que conviver para sempre, e algumas pessoas, mesmo dentro de igrejas cristãs, não nos perdoarão, sim, por incrível que pareça, aqueles que mais pregam perdão são os que mais podem nega-lo a nós. 
      Mas ainda assim não culpemos as pessoas, algumas simplesmente têm limites, antes reconheçamos que se isso aconteceu foi porque nós pisamos muito na bola, não podemos mudar as pessoas, nem precisamos, não daremos satisfação a Deus por elas, mas podemos mudar a nós mesmos e isso basta. Assim, se esse for teu caso, se cometeu um erro muito significativo, assuma o erro, em primeiro lugar diante de si mesmo e depois diante de Deus, perdoe-se e tome posse do perdão do Senhor, mas esteja consciente das consequências e não fuja delas. Contudo, em algumas circunstâncias, quando o copo de leite já foi derramado de maneira irremediável, o melhor a se fazer é nos afastarmos do grupo social em que vivemos, mesmo da igreja, e algumas vezes até da cidade em que moramos.
      Precisamos nos dar ao direito de recomeçar, de construir uma nova vida em outro lugar, não guardemos mágoa dos que não nos perdoaram, mas nos afastemos deles. Para isso muitas vezes teremos que abrir mãos de direitos que tínhamos, de posições sociais que tínhamos, de importâncias que gozávamos e que algumas vezes nunca mais teremos de volta. Alguns, não querendo abrir mão de honra, preferem mentir para a sociedade, para a igreja, ou então, ainda que assumam o pecado, teimam em permanecer perto de algumas pessoas, isso pode só dificultar um restabelecimento, a retomada de uma nova vida. Contudo, afastar-se pode ser a melhor solução, assim se você está passando por uma situação ou se conhece alguém que está, tome essa decisão ou aconselhe alguém a decidir assim. 
      Interessante como muitas vezes somos cheios de coragem para errar, mas medrosos para acertar. Em tantos anos seguindo a Jesus já vi muita hipocrisia dentro de igrejas, principalmente com aqueles que cometem o erro taxado de adultério, vi irmãos e pastores, antes, próximos, se afastarem, condenando o caído para sempre no pecado e nada fazendo para recupera-lo. Muitas vezes reconciliação com os excônjuge é inviável, sim, a vontade ideal da doutrina baseada na Bíblia é um casamento e para sempre, mas a realidade é bem mais complicada. Assim, precisamos aprender a andar com as pessoas em amor, parar de acreditar em mágicas, ainda que chamemos de milagres, e entender que crescer como cristão é processo que leva tempo, toda uma vida, ninguém condene ninguém a um inferno eterno.
      Contudo, vai um conselho, tome cuidado com julgamento precipitado, com preconceito, o tempo é senhor, a experiência amarga que alguém teve hoje amanhã pode ser a tua, “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia“ (I Coríntios 10.12). Mas a verdade é que a vida é longa, não condenemos  alguém ou a nós mesmos, nem antes do tempo e nem depois, sempre há tempo para recomeçar. Se o erro foi no casamento, você fez tudo o que podia para restabelecê-lo e não conseguiu, recomece, usando a experiência ruim como aprendizado. Se o erro foi na área profissional, às vezes é até o caso de fazer uma nova faculdade, de mudar de área, e seja qual for o erro, pode ser o caso de mudar de ares, de cidade, de estado, às vezes até de país, isso pode nos dar a chance, não de fugir de nós mesmos, mas de nos encontrarmos com o nosso melhor.

24/02/20

Em Babilônia, orai por sua paz

      “E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29.7

      O texto inicial não fala historicamente da melhor situação para o povo de Israel, relata a orientação que Deus deu a seu povo no antigo testamento para uma experiência de cativeiro, cativeiro que não teria como o povo sair antes que setenta anos tivessem passado (leia todo o capítulo para maior entendimento). A Bíblia, contudo, sob a ótica do Espírito Santo e com algum entendimento de texto e histórico mais lúcido, pode nos ensinar várias coisas e sob diversas camadas de interpretações. 
      Aplicando o texto para nossas vidas, não vendo Babilônia como volta a uma vida de pecado (a metáfora “volta ao Egito” e mais adequada para isso, Babilônia pode se aplicar melhor a um período de disciplina), mas entendendo que ainda que sejamos filhos de Deus, neste mundo nunca teremos uma vida perfeita, mesmo não estando em períodos de disciplina, a vida ideal só existirá na eternidade, podemos aprender com a passagem que certas coisas aqui não vão mudar, coisas, por exemplo, como a política. Assim, o melhor que temos a fazer é aceitar certas situações e pessoas e orar, não por mudanças radicais, mas para que dentro do sistema mundano as coisas não prejudiquem tanto o povo de Deus. 

      “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.II Pedro 3.13-14

      O povo de Deus precisa entender a tênue linha que separa uma vida de fé e de confiança num Deus que pode tudo e que a todos governa, com a vontade de Deus de usar esse mundo, diabos e demônios, para dar às pessoas oportunidades de escolherem viver com Deus, ainda que por “70 anos” (é isso não é um período cronológico real mas uma metáfora, um mistério) Babilônia e seu rei dominem, de alguma maneira, sobre o povo de Deus. Muitos achando-se espirituais são na verdade imaturos e rebeldes, que querem mudar “em nome de Deus” algo que Deus não vai mudar por enquanto, não pelo menos em “70 anos de cativeiro”. 
      A verdade, que até se reforça na história real de Israel e que entrega uma metáfora muita mais realista e reveladora, já que até o fim da história relatada na Bíblia, Israel (ou a tribo restante de Judá) nunca teve novamente o tempo de glória que teve no tempo de Davi e Salomão, é que o povo de Deus debaixo da nova aliança de Cristo neste mundo nunca deixará de viver numa Babilônia, nossa Canaã real é na eternidade, é espiritual. Quem ora, por exemplo, para que o Brasil se torne uma Canaã perde tempo. O que podemos fazer é seguir a orientação dada no livro de Jeremias, isso enquanto aguardamos novos céus e nova terra prometidos na segunda carta de Pedro.

23/02/20

Sistemas de alarme, não os ignoremos

      “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.I Pedro 5.8-9

      A dor é um sistema de alarme, se não existisse não seríamos avisados que algo de errado ocorre com o nosso corpo para então tomarmos uma atitude de busca de ajuda, de cura e de medicação. Como ocorre com nosso corpo físico também ocorre com nossa mente, depressão e outros desconfortos mentais nos indicam que nosso psicológico precisa de ajuda, mostram que algo de errado ocorre com nossas faculdades mentais e que precisamos urgentemente arrumar algo que não está certo. Se problemas físicos podem ser mais fáceis de serem diagnosticados e tratados, os mentais não são, tanto são de cura mais complicada como podemos ser mais morosos para resolvê-los.
      Contudo, somos dotados também de sensibilidade espiritual que quando nos infringe algum desconforto indica que algo errado ocorre com nosso espírito, com os espaços espirituais em que vivemos ou com as vidas espirituais das pessoas com as quais nos relacionamos. Nesse plano, medo pode não constituir uma fraqueza, mas pode ser um sistema de proteção que foi ativado, veja que nesse caso nosso corpo e nossa mente podem não estar necessariamente sendo prejudicados, não imediatamente, mas mesmo eles poderão ser, caso não tomemos a atitude, que espiritualmente estamos sendo avisados para tomar, através do medo. Contudo, se com relação à mente há de se ter cuidado, com o espírito mais ainda.
      Nem todo medo é espiritual, nem todo medo é legítimo, nem todo arrepio é reação a demônios, isso pode ser só algum equívoco criado pelas complexidades emocionais de nossas almas, psicose é doença, não é habilidade, assim não generalizemos. Medo, contudo, pode ser, sim, o Espírito Santo em nosso espírito nos mostrando que algo está errado e que nós precisamos tomar algum tipo de atitude. A atitude pode ser orar especificamente sobre um assunto, pode ser fazer algum tipo de repreensão espiritual sobre nossas vidas, sobre lugares ou sobre vidas de outras pessoas, assim como pode ser evitar algum tipo de situação, sair de algum lugar, não ir a um, ou mesmo não se encontrar ou se encontrar com alguém.
      A verdade é que se estamos com as vidas certas com Deus e se certo medo é insistente e claro, aparecendo em certos lugares ou com certas pessoas, não devemos desprezar sua sensação, a presença de atuações demoníacas causa medo, mesmo terror, o cristão maduro saberá discerni-la. Assim, se for o caso, o medo não é para que nos sintamos enfraquecidos, nem para que saiamos fugindo ou que enfrentemos algo de qualquer maneira, mas ele pode estar nos avisando de que algo está ocorrendo no plano espiritual e que devemos e podemos agir. O mais importante é usar o sentimento como sistema de alarme, não nos prendermos a ele, ainda que ele seja muito intenso, o justo viverá pela fé e fé no nome de Jesus.
      Mas cuidado, nem todo medo espiritual deve ser enfrentado sozinho, assim como certas dores físicas e emocionais podem não ser vencidas com remédios comprados sem receita ou com simples descanso, antes precisam de ajuda de profissionais da área médica adequados, alguns problemas espirituais podem requerer ajuda de pastores e de outros irmãos em Cristo para serem resolvidos. Dessa forma, na dúvida, não enfrente a opressão espiritual sozinho, procure ajuda de cristãos sérios e de confiança, mas não ignore certos medos terríveis que muitas vezes sentimos, ainda que pareçam sem explicação racional. O Espírito Santo que habita os filhos de Deus os ajuda, os orienta, os ensina e os livra, sejamos então obedientes a ele. 
      Alguns, irmãos sinceros e sérios, mas que tentam viver um bom cristianismo de maneira mais intelectual, materialista (ainda que não carnal), podem não acreditar tanto no mundo espiritual como na sensibilidade que o Espírito Santo nos dá sobre ele, mas vejam o que diz o texto inicial. Se a presença espiritual do diabo ao nosso redor é tão forte assim, como o Espírito Santo não nos daria auxílio contra ele, sensibilidade de sua presença a tempo de tomarmos uma decisão de retaliação? Uma sensação de medo pode ser, sim, Deus nos avisando, mesmo arrepios muito fortes, não zombem disso, também, repito, não generalizem, mas creiam, o diabo pode ser sentido para ser então repreendido no poder do nome de Cristo!

22/02/20

Quão frágeis somos nós neste mundo...

      “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito.” Provérbios 16.1-2

      Como fazemos planos, sonhamos, adquirimos certezas, andamos no caminho certos de onde queremos chegar, seja para o bem, seja para mal. Com o tempo, quando nos envolvemos por completo na roda viva da vida, nos sistemas do mundo, seja em nossa profissão, ou mesmo nas igrejas e nos lares, nos acostumamos a olhar horizontalmente, ainda que oremos e acreditemos em Deus, e nessa ótica um planeta de homens passa a ser nossa ocupação, num plano basicamente físico. Nossos inimigos são os seres humanos, assim como nossos amigos, nossos obstáculos estão fora de nós, e ainda que usamos o diabo e seus demônios como adversários, adquirindo uma visão mais espiritualizada da existência, não pensamos na morte. 
      Isso não está errado, faz parte de nosso instinto, é o que nos leva a seguir em frente e vencermos obstáculos, contudo, o indicador do nosso equilíbrio entre corpo e espírito, está no quanto somos surpreendidos pelas verdades eternas, aquelas, que seja qual for nossa posição social, financeira, cultural ou religiosa, afetam a todos indiscriminadamente. Isso nos faz pensar numa frase que os mais antigos costumavam usar, “se Deus quiser”, concordando que algo só se realizaria se Deus quisesse, frase dita quando um compromisso era combinado, “amanhã então eu estarei aí, se Deus quiser”. Atualmente  muitos perderam esse temor, essa sabedoria, por isso tantos se veem surpreendidos pela vida, caem em tanto desespero e recorrem a tantos meios de consolo que não é a confiança de que Deus sabe o que faz, por maior que seja a dor e a surpresa.

      Em 26 de janeiro de 2020, em Calabasas na Califórnia/EUA, por volta das dez horas da manhã, horário local (dezesseis horas de Brasília), num desastre de helicóptero, morre Kobe Bryant, jogador de basquete norte-americano, aos anos 41 anos, junto dele morrem mais oito pessoas  entre as quais sua filha, Gianna Bryant de 13 anos. Testemunha disse que a aeronave pareceu perder o controle e quase que imediatamente explodiu no ar numa bola de fogo, sem chances de escape ou sobrevivência. 
      O pai de Kobe, Joe Bryant, também tinha sido jogador de basquete, mas Kobe era considerado um dos melhores de todos os tempos com cinco títulos de campeão na NBA, dois olímpicos e com dois números de camisas “aposentadas” num time, a 8 e a 24 no Lakers de Los Angeles (no basquete dos EUA, quando um jogador é muito bom, o número de camisa que ele usava não é usado mais como forma de homenagem). Além disso, sua filha também falecida, era jogadora de basquete, considerada prodígio, promessa de ser grande. 

      Acontecimento muito triste, para o homem e para o profissional, para sua família e para os fãs de basquete em todo o mundo, ele nos faz refletir profundamente na vida (e na morte). O homem vislumbra a história, contempla seus louros, toma posse de suas virtudes, olha para trás e para frente, mede o tempo, e se acha livre, sim, com as melhores das intenções e de forma legítima, baseado em muito trabalho honesto. Contudo, vem a morte e cessa tudo, põe um final nos planos, retira do mundo dos vivos alguém que em seu auge parecia um semi-deus, eterno e glorioso, leva-nos a encarar nossa fragilidade e a inexorável vontade de um ser espiritual maior, eterno, alto, que muitos chamam de Deus. 
      Por mais triste e frustrante que seja um acontecimento assim precisamos aprender com ele algo bom, algo que faça com que sigamos vivendo aqui mais preparados para a vida lá, na eternidade. A vida é uma ilusão? Para nós, sim, alguns dizem que a existência material é só um sonho de Deus, e como sonho não é eterno nem de fato real, um dia se acorda dele e tem-se que enfrentar a realidade, lembrando que o sonho nunca é nosso, mas do divino superior. Assim, vivamos não como donos, mas como quem só tomou coisas emprestadas por um tempo, e quem emprestou não cobra nada por isso a não ser a noção de sabermos que alguém muito maior que nós nos fez esse empréstimo para que aprendêssemos algumas coisas. 
      Se é melhor não darmos à vida encarnada tanta importância, também não é sábio desprezarmos todas as manifestações materiais, a melhor das espiritualidades se prova no equilíbrio. O equilibrado não baseia-se no mundo, não constrói aqui, ainda que o melhor e do melhor jeito, esperando recompensa aqui. Por outro lado o equilibrado também não se liberta dos desejos carnais e vive uma vida humilde e de ajuda ao próximo esperando recompensa na outra vida. O equilibrado vive na matéria, de forma satisfatória e com muito trabalho buscando prosperidade, assim como ama as virtudes espirituais e pratica a caridade, mas sempre sem esperar recompensa, seja no mundo ou na eternidade.
      O equilibrado cumpre seu dever sem esperar recompensa alguma, mas apenas para adorar a Deus, esse é o mistério espiritual mais alto e mais difícil de se entender e muitos passam a vida como religiosos fiéis e ainda assim não entendem isso. Ser livre é estar liberto de tudo, mas isso não significa fazer ou deixar de fazer alguma coisa, mas só não esperar ser honrado, seja pelos homens ou por Deus, seja nessa vida ou na outra, por ter feito algo. Só esse desprendimento conduz à mais eterna paz e à adoração mais pura ao Altíssimo Senhor. Esse aprendizado fará toda a diferença na consciência que levaremos para a eternidade, ele é adquirido por Jesus e no Santo Espírito, com uma vida de fato em comunhão com Deus. 

21/02/20

Bíblia, o início, não o fim

      “Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem discernimento os traz à tona.” Provérbios 20.5

         Hoje uma reflexão sobre a chamada do espaço “Como o ar que respiro”, que como já dissemos não é principalmente para estudos bíblicos ou palavras de triunfalismo espiritual, mas de filosofia. Quem acompanha o blog já entendeu isso e é alimentado por essa chamada, quem lê uma postagem aqui e a acha estranha, bem, procure outro espaço, que diga aquilo que você deseja ouvir. Quanto a mim, o Espírito Santo fala e me leva a pensar sobre coisas dos homens, da vida e de Deus, coisas que muitas vezes não começam especificamente num texto bíblico, nas histórias de personagens da Bíblia, e coisas que muitas vezes tenho dificuldade para achar uma passagem bíblica que complete o pensamento (às vezes não é fácil, mas Deus sempre me dá um texto apropriado, ainda que eu não faça um estudo profundo nele, principalmente do contexto histórico).
      Muitos podem criticar isso e usar um ditado “evangeliquês” que diz que alguns leem o texto, até o explicam mas não o aplicam de forma correta, bem, eu acredito que a Bíblia não é o fim, mas o início. Não devemos lê-la e nos limitar às suas aplicações tradicionais muitas vezes ligadas a um contexto social e cultural que não diz respeito à nossa realidade. Nesse aspecto a letra é morta, mas o Espírito Santo é vivo, e é ele quem a própria Bíblia se refere como sendo a palavra de Deus. Não devemos confundir o termo “palavra de Deus” com aquele usado principalmente no Antigo Testamento, esse se refere às leis mosáicas, ao Torá, ao Pentateuco, que constituíam as únicas orientações que a nação de Israel tinha na velha aliança para obedecer a Deus, visto que o Espírito Santo só haveria de permanecer para sempre nos corações dos homens após a obra redentora de Jesus. 
      Assim sou levado, pelo Espírito Santo, a palavra viva de Deus em nós, e como cristão verdadeiro e que ama a Bíblia, a chegar a conclusões como as de várias reflexões deste blog, ainda que não a partir diretamente da Bíblia, pelo menos não superficialmente. Muitos assuntos atuais, e sobre os quais Deus nos quer orientar, não acham textos bíblicos diretos que nos orientem a respeito, não estão na Bíblia, mas ainda assim nos podem ser orientados por Deus através do Espírito Santo. Repito, a letra é morta, porque pode iniciar-se e findar-se num contexto, mas o Espírito Santo é vivo, e esse não se limita ao contexto histórico da Bíblia, esse pode ensinar a todos os homens de todos os tempos, contextualizando Deus e ainda assim não desviando o homem, não de religiões, de tradições ou de outros homens, mas do Deus verdadeiro.
      Quem não tem interesse em que o Espírito Santo, e não a Bíblia em si, seja entendido como a palavra de Deus, são os maus líderes cristãos, começando pelo clero católico, desde sempre, e continuando pelos pastores, protestantes e evangélicos. A Bíblia é uma palavra escrita, algo físico, material, nada pode ser adicionado ou subtraído dela, assim o que as pessoas devem saber através dela pode ser controlado pelos líderes. Contudo, o Espírito Santo não está preso a um livro, a um objeto, mas ele é livre para atuar em todos os corações que o buscam, isso os maus padres e pastores não podem controlar. Quem não pode ser controlado pode pensar “fora da caixinha”, assim pode verificar a verdade da vida dos homens com referências realmente de Deus, isso não interessa a quem quer controlar para manipular, prender, limitar, explorar e usar.
      O texto inicial de Provérbios 20.5 é um dos meus textos favoritos da Bíblia, e ele fala justamente sobre isso, pensar mais profundamente nas coisas para chegar às melhores conclusões. Ele nos mostra que nem tudo é aparente, dito explicitamente, mas muita coisa é escondida, mesmo envolta em mistérios para ser guardada dos tolos, há de se ter sabedoria para conhecer os mistérios, da Terra e dos céus, dos homens e de Deus. Contudo, é sabedoria espiritual no Espírito Santo, não sabedoria humana, seja meramente intelectual ou pura malícia, que é a sabedoria às avessas. Águas profundas ensinam que há de se ter um trabalho para transpor as camadas, mas essas mesmas camadas não são de pedras, mas aquosas, só impedem o olhar físico, não o espiritual. Quando entendemos que a Bíblia deve ser o fundamento, o início de nosso conhecimento espiritual, não o fim, aprendemos a ver abaixo e acima das águas.