sábado, fevereiro 22, 2020

Quão frágeis somos nós neste mundo...

      “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito.” Provérbios 16.1-2

      Como fazemos planos, sonhamos, adquirimos certezas, andamos no caminho certos de onde queremos chegar, seja para o bem, seja para mal. Com o tempo, quando nos envolvemos por completo na roda viva da vida, nos sistemas do mundo, seja em nossa profissão, ou mesmo nas igrejas e nos lares, nos acostumamos a olhar horizontalmente, ainda que oremos e acreditemos em Deus, e nessa ótica um planeta de homens passa a ser nossa ocupação, num plano basicamente físico. Nossos inimigos são os seres humanos, assim como nossos amigos, nossos obstáculos estão fora de nós, e ainda que usamos o diabo e seus demônios como adversários, adquirindo uma visão mais espiritualizada da existência, não pensamos na morte. 
      Isso não está errado, faz parte de nosso instinto, é o que nos leva a seguir em frente e vencermos obstáculos, contudo, o indicador do nosso equilíbrio entre corpo e espírito, está no quanto somos surpreendidos pelas verdades eternas, aquelas, que seja qual for nossa posição social, financeira, cultural ou religiosa, afetam a todos indiscriminadamente. Isso nos faz pensar numa frase que os mais antigos costumavam usar, “se Deus quiser”, concordando que algo só se realizaria se Deus quisesse, frase dita quando um compromisso era combinado, “amanhã então eu estarei aí, se Deus quiser”. Atualmente  muitos perderam esse temor, essa sabedoria, por isso tantos se veem surpreendidos pela vida, caem em tanto desespero e recorrem a tantos meios de consolo que não é a confiança de que Deus sabe o que faz, por maior que seja a dor e a surpresa.

      Em 26 de janeiro de 2020, em Calabasas na Califórnia/EUA, por volta das dez horas da manhã, horário local (dezesseis horas de Brasília), num desastre de helicóptero, morre Kobe Bryant, jogador de basquete norte-americano, aos anos 41 anos, junto dele morrem mais oito pessoas  entre as quais sua filha, Gianna Bryant de 13 anos. Testemunha disse que a aeronave pareceu perder o controle e quase que imediatamente explodiu no ar numa bola de fogo, sem chances de escape ou sobrevivência. 
      O pai de Kobe, Joe Bryant, também tinha sido jogador de basquete, mas Kobe era considerado um dos melhores de todos os tempos com cinco títulos de campeão na NBA, dois olímpicos e com dois números de camisas “aposentadas” num time, a 8 e a 24 no Lakers de Los Angeles (no basquete dos EUA, quando um jogador é muito bom, o número de camisa que ele usava não é usado mais como forma de homenagem). Além disso, sua filha também falecida, era jogadora de basquete, considerada prodígio, promessa de ser grande. 

      Acontecimento muito triste, para o homem e para o profissional, para sua família e para os fãs de basquete em todo o mundo, ele nos faz refletir profundamente na vida (e na morte). O homem vislumbra a história, contempla seus louros, toma posse de suas virtudes, olha para trás e para frente, mede o tempo, e se acha livre, sim, com as melhores das intenções e de forma legítima, baseado em muito trabalho honesto. Contudo, vem a morte e cessa tudo, põe um final nos planos, retira do mundo dos vivos alguém que em seu auge parecia um semi-deus, eterno e glorioso, leva-nos a encarar nossa fragilidade e a inexorável vontade de um ser espiritual maior, eterno, alto, que muitos chamam de Deus. 
      Por mais triste e frustrante que seja um acontecimento assim precisamos aprender com ele algo bom, algo que faça com que sigamos vivendo aqui mais preparados para a vida lá, na eternidade. A vida é uma ilusão? Para nós, sim, alguns dizem que a existência material é só um sonho de Deus, e como sonho não é eterno nem de fato real, um dia se acorda dele e tem-se que enfrentar a realidade, lembrando que o sonho nunca é nosso, mas do divino superior. Assim, vivamos não como donos, mas como quem só tomou coisas emprestadas por um tempo, e quem emprestou não cobra nada por isso a não ser a noção de sabermos que alguém muito maior que nós nos fez esse empréstimo para que aprendêssemos algumas coisas. 
      Se é melhor não darmos à vida encarnada tanta importância, também não é sábio desprezarmos todas as manifestações materiais, a melhor das espiritualidades se prova no equilíbrio. O equilibrado não baseia-se no mundo, não constrói aqui, ainda que o melhor e do melhor jeito, esperando recompensa aqui. Por outro lado o equilibrado também não se liberta dos desejos carnais e vive uma vida humilde e de ajuda ao próximo esperando recompensa na outra vida. O equilibrado vive na matéria, de forma satisfatória e com muito trabalho buscando prosperidade, assim como ama as virtudes espirituais e pratica a caridade, mas sempre sem esperar recompensa, seja no mundo ou na eternidade.
      O equilibrado cumpre seu dever sem esperar recompensa alguma, mas apenas para adorar a Deus, esse é o mistério espiritual mais alto e mais difícil de se entender e muitos passam a vida como religiosos fiéis e ainda assim não entendem isso. Ser livre é estar liberto de tudo, mas isso não significa fazer ou deixar de fazer alguma coisa, mas só não esperar ser honrado, seja pelos homens ou por Deus, seja nessa vida ou na outra, por ter feito algo. Só esse desprendimento conduz à mais eterna paz e à adoração mais pura ao Altíssimo Senhor. Esse aprendizado fará toda a diferença na consciência que levaremos para a eternidade, ele é adquirido por Jesus e no Santo Espírito, com uma vida de fato em comunhão com Deus. 

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