25/08/21

Querendo o que Deus quer (3/4)

      “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso.Provérbios 19.21-22

      Fruto que só colhemos na maturidade, com tempo de vida e vida mais profunda com Deus, já com o corpo envelhecido e com a alma experimentada em paixões e planos, muitos não concretizados, é harmonizar o que queremos e imaginamos com aquilo que agrada a Deus e que ele quer de fato para nós. Imaturos, ainda que tendo uma vida sincera com Deus e de consagração, muitos coisas podem ocupar espaço e tempo dentro de nós sem que sejam o que Deus quer nos dar, e consequentemente que passarão do plano mental interior para o plano real e físico exterior. 
      Imaturos somos presas da gangorra emocional que leva-nos a extremos, num momento pensamos que tudo podemos e no outro que nada conseguiremos, ainda que achando que queremos grandes coisas porque cremos num Deus grande que tem grandes coisas para seus filhos. Isso até pode ser verdade, mas não para todos os que buscam a Deus, infelizmente como esse equívoco é incentivado atualmente, principalmente por púlpitos pentecostais que plantam fé para colherem dízimos. Dessa forma imaturidade é usada em prol de objetivos materiais de aproveitadores. 
      Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá, como nos iludimos com propósitos, inventando desculpas para mantê-los. Alguns querem cargos em igrejas, oportunidades como cantores e músicos, porque estão convencidos que esse é o propósito de Deus para suas vidas, estão pronto a fazer qualquer sacrifício para atingirem esses propósitos e creem que isso é ser espiritual. Falo de área que conheço, a música, como já vi gente perdendo muitas oportunidades na vida profissional convencida que o plano de Deus para elas era música. 
      Como sempre, como pai de amor, Deus acompanha-nos, seres equivocados, com muita paciência, Deus não destrói o sonho de ninguém, ainda que seja um sonho errado. Deus dá tempo ao tempo para que as provas da realidade da vida neste mundo, convençam-nos que certas coisas não são o melhor para nós, ainda que as queiramos com tanta persistência e tenhamos tanto prazer em fazê-las. Muitos, porém, só aceitarão a verdade depois de cansados e desiludidos, assim como depois de prejudicarem muitos próximos a eles, que também sofreram algum dano com seus propósitos ilusórios. 
      Mas ainda que busquemos com temor a Deus para saber de fato o que ele tem de melhor para nós, que tentemos não ser iludidos por paixões e vaidades, a vida nos surpreenderá até o fim. É assim que tem que ser para que nosso tempo neste mundo seja bem aproveitado, sermos provados para sermos aprovados. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem, porém é melhor ser pobre do que mentiroso, como mentimos para nós mesmos. É essa mentira que balança a gangorra emocional que nos faz sofrer, o maduro, contudo, olha para si, vê o que de fato é, descansa em Deus e acha paz. 

Leia nas postagens anteriores 
e na próxima postagem
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

24/08/21

Persista pela fé (2/4)

      “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27
    
      Logo após termos uma experiência maravilhosa com Deus queremos ser mais santos, amar mais, vigiar mais, para podermos ter uma experiência igual ou melhor novamente, mas estamos encarnados nesse mundo e nessa condição não retemos emocionalmente com facilidade o que alcançamos no espírito. Aprouve a Deus que fosse assim para persistirmos no caminho melhor, para dependermos dele sempre, não de uma única experiência. Assim, cada busca, cada momento de oração devemos começar, não de cima, mas de baixo, quebrantados, humildes, senão cairemos e no fundo ficaremos. 
      Neste mundo, num plano físico, nossa memória espiritual é fraca, experimentamos em certas instâncias mesmo amnésia (eis um mistério), por isso podemos um dia estar num céu e em outro dia num inferno. Bens materiais podem ser mantidos com trabalho e conhecimento da economia do mundo, mas virtudes espirituais só são anexadas aos nossos espíritos com persistência e busca do Senhor. O raciocínio “quanto mais fundo o buraco mais alto o monte” é correto, se você está se sentindo muito perdido, confuso, é porque está muito longe do lugar melhor que um dia alcançou em Deus. 
      Temos, entretanto, um consolo, se a queda muitas vezes parece nos pegar de surpresa, mesmo sem motivo aparente já que podemos nos sentir perdidos ainda que não tenhamos cometido nenhum pecado absurdo, a volta à posição espiritual que já conquistamos pode ser rápida. Como? Com fé. Certos abismos que nossas almas experimentam são só confusão emocional, a gangorra de nossas almas frágeis nos pregando peças. Confusão emocional não se vence com racionalização, ainda que o início da solução seja racionalizar e não confiar nos sentimentos, a vitória, contudo, se concretiza pela fé. 
      Pela fé tomamos posse do que Deus já nos deu no passado, e se ele deu ele não toma de volta, pela fé descansamos num Deus fiel, estável, sempre bom, pela fé abrimos caminho das trevas emocionais, que podem nos sufocar, para tocarmos novamente na orla dos vestidos de Deus (sendo metafórico). Pela fé nos levantamos do buraco profundo que como homens estamos sujeitos a cair, mesmo sem motivo racional, e nos colocamos de pé para seguirmos no estreito caminho rumo ao Altíssimo, onde há paz e esperança. Pela fé voltamos ao lugar que Deus já nos deu, nossa Canaã espiritual. 
      Nem sempre dor é punição, e punição que nos aplicamos quando nos afastamos de Deus (Deus não pune ninguém diretamente), mas dor pode ser uma chamada de atenção do Senhor, e nesse caso quanto maior, maior será a paz. Talvez não seja nem dor o termo mais correto, mas um “pesar” que nos abala, um sistema de alerta, como o medo que nos avisa quando estamos próximos a um perigo. Tenhamos discernimento, saibamos o que somos, não pensemos que há pecado escondido quando não há, ainda que nos sintamos mal, e voltemos à comunhão com Deus, nosso melhor lugar onde há paz. 

Leia na postagem de ontem 
e nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

23/08/21

De quem mais sabe mais é cobrado (1/4)

      Iniciando hoje, segue “Gangorra emocional”, uma reflexão dividida em quatro partes, se possível leia todas as partes para melhor entendimento. 

      “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.Lucas 12.47-48

      Se um morador de São Paulo, capital, for deixado numa cidade do interior do estado de São Paulo, se verá longe de sua residência, do lugar onde conhece as pessoas e por onde sabe transitar. Ainda assim, no interior distante da capital, poderá se comunicar com as pessoas e voltar sem perder muito tempo à sua cidade. Se a mesma pessoa for deixada em outro estado poderá estranhar certos costumes, demorar um pouco mais para retornar à sua cidade, mas também poderá se comunicar, visto que ainda que em outra região e com sotaque diferente, estar em seu país e com seus compatriotas. 
      Mas se a mesma pessoa for deixada fora do Brasil, a dificuldade será grande, terá problemas com comunicação e terá que pagar caro uma passagem de volta a seu país. Quanto mais longe estivermos de nosso melhor lugar, pior nos sentiremos, isso não significa que não temos um lugar para sermos felizes, mas que estamos no lugar errado, e dependendo do que fazemos podemos estar bem longe do nosso melhor lugar. O sentimento de estarmos perdidos é inversamente proporcional à certeza de estarmos no lugar certo, quanto mais confusos nos sentimos mais lúcidos poderemos nos sentir.
     De acordo com nossa consciência de moralidade podemos nos sentir bem ou mal, e é preciso consciência para ter essa sensibilidade, muitos erram e machucam os outros e nem se sentem mal por isso pois não têm consciência. Por outro lado nossos sentimentos não são confiáveis por si mesmos, podemos nos sentir mal ainda que não estejamos mal espiritualmente, nossa estrutura emocional é uma gangorra que temos dificuldades para controlar e que interfere em nossa percepção espiritual. Essa gangorra tem uma característica, se ajusta à medida que alcançamos níveis mais altos.
      Quanto mais alto vamos, mais baixo poderemos ir também, quem provou um nível espiritual alto poderá provar um nível muito baixo, porque correrá mais riscos que quem provou um nível espiritual não tão alto. Quem avançou dez quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu início terá voltado vinte quilômetros, já quem avançou cinco quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu ponto inicial só terá voltado quinze quilômetros. Quem sentirá mais o retrocesso? O que voltou vinte quilômetros, ainda que um dia tenha ido mais longe. O “coice” é relativo à força do “disparo”, pura física. 
      Quem mais sabe mais lhe é cobrado, conhecimento dá poder, com poder podemos nos arriscar mais e consequentemente perder mais. Quem pouco sabe menos se arrisca, porque nem sabe como se arriscar mais, conhecimento pode enfraquecer assim como ignorância pode proteger, quem mais agradou a Deus mais pode desagradá-lo, quem pouco obedeceu, pouco pode desobedecer. Cuidado quem muito sabe, sua queda pode ser maior dificultando mais seu restabelecimento, todos temos que vigiar, mas o que mais sabe deve vigiar mais pois seu testemunho envolve e compromete mais.

Leia nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

22/08/21

Eleva-nos, ilumina-nos, vivifica-nos

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.Salmos 9.9

      A comunhão espiritual com Deus pelo caminho do Espírito Santo até a porta para as regiões celestiais mais elevadas em Cristo, coloca nosso espírito numa posição de proteção e conhecimento, ao mesmo tempo que consola nossos sentimentos e pensamentos, tendo como efeito final a cura de nosso corpo físico. Vamos entender melhor isso. Apesar de muitos céticos, materialistas e ateus não admitirem, a prioridade é o espírito, não o corpo, espírito bem cuidado abençoa todo o resto de nosso ser, mente, emoções e corpo. Nosso espírito só atinge sua melhor forma estando em comunhão com Deus, de Deus saímos, nele vivemos e para ele retornaremos, a matéria é uma ilusória passagem, curta e fugaz, que não deveria ter prioridade sobre o espírito. 
      Comunhão com Deus não podemos estabelecer sozinhos, mas com a ferramenta que o próprio Deus nos dá, o Espírito Santo. Esse é o caminho até o Altíssimo: emanado por Deus conduzindo a vontade do Senhor para nós homens, ecoado em nós contemplando nossas intenções e adoração, e retornado a Deus levando nossas necessidades, questionamentos e agradecimentos. O Espírito Santo alcança o Altíssimo através de uma porta, Jesus, o filho primogênito do Senhor, ser espiritual único para o planeta Terra, enviado aos homens com uma missão singular e existindo na eternidade com uma função exclusiva. O Espírito Santo é o caminho espiritual que acha na porta, Jesus, as virtudes e as riquezas mais altas do criador e Senhor do universo. 
      Quando a comunhão com Deus é perfeita, e ela pode ser pelo Espírito Santo em Jesus, todo o nosso ser percebe, há paz em nossas mentes, alegria em nossos sentimentos, refrigério para nossos corpos, Deus nos cura por inteiros. Mas é mais que isso, se nossos corpos ainda estão presos ao mundo físico, nossos espíritos podem alcançar as regiões mais elevadas e nessas regiões há proteção e conhecimento. A luz de Deus é poder, chama que não queima, luz invisível que protege mesmo as coisas visíveis, santidade que afugenta todos que não amam a pureza moral. Basta a luz de Deus ser emanada para que “demônios” saiam correndo, assim quem se coloca em oração nas regiões celestiais mais altas, tem o reflexo do espiritual mais elevado no físico. 
      A mesma luz que exige santidade compartilha conhecimento, e conhecimento de Deus não é só informação passiva para saciar curiosidade, é vida, é a palavra, é o verbo, criando, renovando, libertando, fortalecendo. Pobres os que limitam conhecimento divino a entendimento intelectual da Bíblia, isso é bom, mas é apenas o vaso, o conteúdo é o óleo, que vai além de mente e coração, é espiritual. É sobre isso que Hebreus 4.12 se refere quando diz: “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Essa palavra é mais que letra morta, é o vivo Espírito Santo. 

21/08/21

Deus é luz

      “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.I João 1.5

      O assunto no qual refletiremos a seguir pode ser um pouco difícil de ser entendido, é verdade que ele fala de conceitos que bem ou não tão bem compreendidos não fazem muita diferença nas vidas práticas da maioria dos cristãos, Deus valoriza mais a intenção que o conhecimento. O “Como o ar que respiro”, contudo, é espaço para fazer pensar, mas que o que será compartilhado não escandalize e nem confunda ninguém, não abramos mãos da fé em Deus que nos trouxe em vitória até onde chegamos. Contudo, que tenhamos calma e tempo para reavaliar e quiçá crescer um pouco mais no conhecimento espiritual da luz, “faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.11-12).

      Deus é luz! Entenda luz não como claridade que facilita visibilidade, usando referência de luz física, isso por si só não representa ou exige qualidade moral já que no mundo pecados são cometidos com o Sol a pino e mesmo dentro de ambientes bem iluminados. A luz espiritual divina está relacionada com santidade, verdade e autoridade, ela pede limpeza moral, revela a mentira e tem poder afugentando aquilo que se opõe a Deus. Deus está em todos os lugares e tem poder sobre tudo, mas na sua misericórdia ele permite que os seres exerçam livre arbítrio e se afastem, não dele, mas do melhor dele. Crer de outro jeito limitaria Deus, ou nos levaria a entender que Deus age diferentemente com as pessoas, Deus é equânime sempre! 
      Quem constrói diferenças e as usa para julgar e condenar os homens, é o próprio homem, não Deus, Deus ama a todos e a todos atrai para sua luz mais alta, mas quem não quiser isso terá um lugar de trevas para se esconder. Trevas acabam sendo um local de refúgio para quem já está envergonhado e não quer ser confrontado na condição de rebelde contra Deus, mas só ter a companhia de seus pares. Deus ama até demônios, diabos e outros seres e espíritos inferiores e maus, e se esses são o que são, o são por escolhas próprias, não por punição de Deus. Deus não pune ninguém, são os seres, afastando-se do melhor de Deus, que punem a si mesmos, Deus não destrói nada, mas longe de seu melhor tudo se torna corruptível. 
      Sei que muitos, baseados em textos bíblicos escritos por homens inspirados pelo Espírito Santo, mas de outros tempos, sociedades e culturas, e interpretando a Bíblia ainda sob a ótica tradicional cristã, têm dificuldades para entender o conceito “Deus é luz”. Deus não vem e expulsa o mal ao nosso redor, somos nós que vamos, nos aproximamos de Deus e saímos da região espiritual onde está o mal. Se o mal está num lugar, está com direito legítimo de estar, pois foi o próprio Deus que deu ao mal esse direito, éramos nós que estávamos no lugar espiritual errado. Quando um demônio é expulso, é o espírito do endemoniado que é elevado saindo do território espiritual do mal, o demônio permanece onde lhe é autorizado estar. 
      Entendamos que isso são conceitos espirituais e verticais, vendo o ser humano como alguém que ainda que pise o mundo material horizontal, tem um espírito que pode se elevar ao Deus espírito e altíssimo. Mas tudo bem, podemos orar da forma tradicional, pedindo que o Senhor nos proteja e expulse o diabo que nos afronta, clamando para que ele vença nossos inimigos. Deus atende essa oração, mas somos protegidos pelo simples fato de fazermos tal oração, ainda que com palavras imprecisas, pela intenção certa que há nelas nosso espírito se coloca nas regiões celestiais mais altas em Cristo. De outras maneiras também alcançamos essa posição, ainda que também com termos inexatos, como quando adoramos e cantamos louvores.
      Se há intenção correta e foco no fim certo, bastarão para nos proteger, mas na verdade não é Deus quem desce, somos nós quem subimos. Deus desceu uma vez, através da obra redentora de Jesus, que agora está lá em cima, como porta para o altíssimo, acessada por todos que buscam a Deus pelo Espírito Santo. Entender isso diferentemente pode nos levar a ver Deus como um general de exército fazendo guerras e conquistando territórios, como se estivesse no mesmo nível espiritual de seus opositores, como se fosse só uma entidade espiritual oposta a Satanás, e não é assim que é. Deus é muitíssimo superior a todos, ninguém nem chega perto dele, assim como não existe guerra espiritual, a única guerra que há é em nossas mentes
      Intenção interior é algo tão poderoso e importante que muitos, sem saberem, tocam o trono de Deus nas regiões celestiais mais altas, e outros, ainda que em igrejas cristãs e com bocas cheias de Bíblia, não passam dos tetos dos templos com suas preces. Com a intenção espiritual correta, que muitos chamam de “unção”, nem são necessárias palavras e raciocínios, pode bastar um desejo focado e forte. Orar visualizando mentalmente aquilo ou aquele que se quer abençoar, nos permite ver a luz de Deus sendo emanada, curando, libertando, protegendo e guiando, se fazemos isso na autoridade e na mobilidade do Espírito Santo. Deus é luz, e nessa luz há uma qualidade de vida que muitos nem imaginam existir. 
      Por que tantos cristãos infelizes, apoiando atualmente ideologias políticas de guerra e ódio? Porque creem mais nas trevas que na luz, e quando digo isso não estou querendo dizer que cristãos confiam no diabo, mas que inventam trevas tão empoderadas que o Deus de luz acaba ficando muito menor que é. Quem dá ao “diabo” poderes que ele não tem, constrói uma guerra que não existe e perde tempo e energia num embate inútil, mas cristão assim não pode ser feliz e ter paz, e muito menos se preparar adequadamente para a eternidade. Esses até se preparam, para um apocalipse que nunca vai acontecer, enquanto deixam de dar no mundo testemunhos de verdadeiros luzeiros espirituais do genuíno Deus de luz. 

20/08/21

Engenharia, eficiência, design, conforto

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado.I Coríntios 7.20

      Vi, numa propaganda de bateria para autos, quatro características de construção de carros, aliadas a quatro construtores diferentes, achei interessante: engelharia alemã, design italiano, eficiência japonesa e conforto norte-americano. As pessoas são diferentes, as nações, suas culturas e histórias, são diferentes, assim são diferentes suas qualidades, suas capacidades, assim como suas restrições e suas fraquezas. Já os que vêm de um mesmo ambiente, com mesma formação intelectual e mesma estrutura emocional, são semelhantes, bons em certas coisas e não tão bons em outras. Viva a diversidade, viva a multiforme sabedoria de Deus que se revela em partes diferentes em pessoas diferentes, para que todos sejam úteis no todo. Vamos entender melhor essas quatro características: engenharia, eficiência, design e conforto. 
      A engenharia resolve problemas humanos criando máquinas, inventando ferramentas que antes não existiam. Os primeiros modelos de um engenho podem não ser os mais eficientes, mas cumprem suas funções, ajudam o homem a fazer algo que antes ele tinha que fazer sozinho, com sua força física ou com força animal. Os que buscam eficiência também se ocupam com a função, podem até não inventar nada, construir algo do zero, mas aperfeiçoam, tornam o que outros criaram mais eficientes, de maneira que algo desempenhe sua tarefa em menos tempo, com menos gastos, energia, combustível ou força, e ocupando menos espaço. Tanto engenheiros quanto desenvolvedores de eficiência trabalham sobre o conteúdo, querem que algo funcione, melhor e mais barato, sem se preocuparem muito com a forma.
      A forma se manifesta exteriormente e interiormente, no lado de fora é a beleza estética que os outros veem, o design, no lado de dentro é a interação do engenho com aquele que o opera e com outros passageiros, que encontram no conforto mais facilidade para usarem a ferramenta. Nem tudo que é bonito por fora é confortável por dentro, para exibir algo para os outros muitos fazem sacrifícios que mantêm em segredo. Por outro lado muitos priorizando o conforto interno relevam a aparência externa, assim quem vê pode ter uma impressão oposta da experiência de quem está dentro, pode achar que o operador sofre com um engenho ruim, enquanto esse está bem confortável. Esses são quatro critérios para avaliarmos uma ferramenta, dois sobre o conteúdo e dois sobre a forma, dois sobre a função e dois sobre a estética. 
      Um carro de corrida, de Fórmula 1, por exemplo, tem engenharia sofisticada e pode até ter um design externo elegante, mas não é eficiente para andar em ruas comuns fora de um autódromo e nem é confortável para o motorista. Por outro lado uma limusine tem confortos até exagerados para seus ocupantes e também pode ter um design luxuoso, mas não é um topo de linha em termos de engenharia de motor e muito menos é eficiente, ela tem custo bem alto para ser mantida em funcionamento. Carros europeus populares são pequenos, ágeis, adequados para as vias estreitas do velho continente, já carros norte-americanos são amplos, resistentes, não precisam ser rápidos para ganharem uma corrida, só confiáveis para se viajar com toda a família de costa a costa num país continental como os E.U.A..
      E nós, seres humanos, somos adequados para a realidade em que vivemos? Ou estamos tentando ganhar uma corrida que não fomos feitos para correr com um carro popular, ou pagar caro por um carro luxuoso quando só precisamos chegar depressa no trabalho que não nos paga o suficiente para termos um carro caro? Podemos também estar usando um Fórmula 1 para ir à padaria ou ir à cidade todos os dias com um ônibus que só leva a nós como motorista e passageiro. Saber o carro que se pode ter e saber onde se tem que ir com ele, é o segredo de uma vida eficiente e confortável, não ociosa, nem sacrificada, mas equilibrada. Auto-conhecimento é a chave para a felicidade e a utilidade, mas só nos conhecemos quando conhecemos a Deus, a jornada para conhecer a Deus é a mesma que nos leva a nos conhecermos. 
      O segredo é entender que ninguém é igual a ninguém e nem precisa ser, contudo, por querermos ser o que não somos, por usarmos como referência os homens e não Jesus, na maior parte das vezes somos inadequados para a vida que podemos viver, assim acabamos infelizes e não tão úteis. Aceitar as diferenças é aceitar o destino, e destino não é uma cela, mas o melhor caminho para chegar no lugar que precisamos chegar, que só descobrimos à medida que caminhamos. Destino não é algo que se descobre seguindo fórmulas de outros homens, sejam intelectuais, morais ou espirituais, destino se entende buscando a Deus, tendo uma profunda comunhão com ele, para depois pôr em prática no dia a dia de nossas existências no mundo. Deus sabe porque dá a cada um carros diferentes, isso não é limitação, mas oportunidade. 

19/08/21

Respeite

      “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.Miqueias 7.7-9

      Não inveje o que desponta pela qualidade de seu trabalho, não guarde mágoa daquele que te tratou injustamente, não mantenha expectativas de ganhar de homem um reconhecimento. Dê a cada um a oportunidade de receber a mesma honra que você quer receber, e faça isso com o coração, generosamente. Deus ama a todos igualmente e se trata diferentemente a cada um é porque cada um precisa, para o seu próprio bem, ser tratado assim, com oportunidade diferente e em tempo diferente. 
      Aprenda com todos, ouça a todos, respeite a todos, mas trilhe seu caminho só, debaixo do pequeno facho de luz que Deus emana sobre você, ele é suficiente para que você veja o que precisa ver a cada passo que dá. Ande devagar mas continuamente, aprenda aos poucos deixando que o conhecimento se assente em teu espírito e fique lá, então, um novo facho de luz de Deus emanará, mostrando o que vem a seguir. Deus te respeita, mais que você ou os homens te respeitam, ele caminha contigo sem pressa. 
      Quantas vezes saímos correndo, achando que sabemos mais e não precisamos ter paciência para esperar quem não sabe, e fazendo isso sinceramente convictos que temos o direito de estar à frente, afinal nos esforçamos para conquistar algo. Deus não age assim, ainda que saiba de tudo, não joga verdades em nossos rostos, não se prevalece por saber mais, não sai correndo e nos obriga a ir atrás. Isso é respeito, o mesmo que temos que ter conosco e com os outros, seja na área material, intelectual ou moral. 
      Consegue respeitar quem sentiu a necessidade de respeito e o provou. Que respeito é maior que aquele que provamos do próprio criador, Deus santo e eterno? Quem sente na pele o respeito do Deus que vê o pecado, mas ainda assim nos ama e nos perdoa, dando-nos uma segunda, uma terceira chance, respeita os outros, tem paciência com os outros, ama os outros. Por isso não há condenações nem endemoniados eternos, só criaturas respeitadas por Deus com tempo para aprenderem a respeitar a si mesmas. 
      Respeite mesmo o que está em pecado, e mais ainda o que esteve e não está mais, amar é olhar as pessoas com os olhos de Deus, vendo nelas o que elas podem vir a ser. Isso não é escolha ou simples complacência, é prova da espiritualidade mais alta para a qual todos somos atraídos por Deus, e de um jeito ou de outro, um dia todos aprenderemos a respeitar a todos. Não dê vereditos finais só pelo que seus olhos veem neste mundo, Deus nos respeita pois sabe que temos tempo para melhorarmos.