sexta-feira, agosto 20, 2021

Engenharia, eficiência, design, conforto

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado.I Coríntios 7.20

      Vi, numa propaganda de bateria para autos, quatro características de construção de carros, aliadas a quatro construtores diferentes, achei interessante: engelharia alemã, design italiano, eficiência japonesa e conforto norte-americano. As pessoas são diferentes, as nações, suas culturas e histórias, são diferentes, assim são diferentes suas qualidades, suas capacidades, assim como suas restrições e suas fraquezas. Já os que vêm de um mesmo ambiente, com mesma formação intelectual e mesma estrutura emocional, são semelhantes, bons em certas coisas e não tão bons em outras. Viva a diversidade, viva a multiforme sabedoria de Deus que se revela em partes diferentes em pessoas diferentes, para que todos sejam úteis no todo. Vamos entender melhor essas quatro características: engenharia, eficiência, design e conforto. 
      A engenharia resolve problemas humanos criando máquinas, inventando ferramentas que antes não existiam. Os primeiros modelos de um engenho podem não ser os mais eficientes, mas cumprem suas funções, ajudam o homem a fazer algo que antes ele tinha que fazer sozinho, com sua força física ou com força animal. Os que buscam eficiência também se ocupam com a função, podem até não inventar nada, construir algo do zero, mas aperfeiçoam, tornam o que outros criaram mais eficientes, de maneira que algo desempenhe sua tarefa em menos tempo, com menos gastos, energia, combustível ou força, e ocupando menos espaço. Tanto engenheiros quanto desenvolvedores de eficiência trabalham sobre o conteúdo, querem que algo funcione, melhor e mais barato, sem se preocuparem muito com a forma.
      A forma se manifesta exteriormente e interiormente, no lado de fora é a beleza estética que os outros veem, o design, no lado de dentro é a interação do engenho com aquele que o opera e com outros passageiros, que encontram no conforto mais facilidade para usarem a ferramenta. Nem tudo que é bonito por fora é confortável por dentro, para exibir algo para os outros muitos fazem sacrifícios que mantêm em segredo. Por outro lado muitos priorizando o conforto interno relevam a aparência externa, assim quem vê pode ter uma impressão oposta da experiência de quem está dentro, pode achar que o operador sofre com um engenho ruim, enquanto esse está bem confortável. Esses são quatro critérios para avaliarmos uma ferramenta, dois sobre o conteúdo e dois sobre a forma, dois sobre a função e dois sobre a estética. 
      Um carro de corrida, de Fórmula 1, por exemplo, tem engenharia sofisticada e pode até ter um design externo elegante, mas não é eficiente para andar em ruas comuns fora de um autódromo e nem é confortável para o motorista. Por outro lado uma limusine tem confortos até exagerados para seus ocupantes e também pode ter um design luxuoso, mas não é um topo de linha em termos de engenharia de motor e muito menos é eficiente, ela tem custo bem alto para ser mantida em funcionamento. Carros europeus populares são pequenos, ágeis, adequados para as vias estreitas do velho continente, já carros norte-americanos são amplos, resistentes, não precisam ser rápidos para ganharem uma corrida, só confiáveis para se viajar com toda a família de costa a costa num país continental como os E.U.A..
      E nós, seres humanos, somos adequados para a realidade em que vivemos? Ou estamos tentando ganhar uma corrida que não fomos feitos para correr com um carro popular, ou pagar caro por um carro luxuoso quando só precisamos chegar depressa no trabalho que não nos paga o suficiente para termos um carro caro? Podemos também estar usando um Fórmula 1 para ir à padaria ou ir à cidade todos os dias com um ônibus que só leva a nós como motorista e passageiro. Saber o carro que se pode ter e saber onde se tem que ir com ele, é o segredo de uma vida eficiente e confortável, não ociosa, nem sacrificada, mas equilibrada. Auto-conhecimento é a chave para a felicidade e a utilidade, mas só nos conhecemos quando conhecemos a Deus, a jornada para conhecer a Deus é a mesma que nos leva a nos conhecermos. 
      O segredo é entender que ninguém é igual a ninguém e nem precisa ser, contudo, por querermos ser o que não somos, por usarmos como referência os homens e não Jesus, na maior parte das vezes somos inadequados para a vida que podemos viver, assim acabamos infelizes e não tão úteis. Aceitar as diferenças é aceitar o destino, e destino não é uma cela, mas o melhor caminho para chegar no lugar que precisamos chegar, que só descobrimos à medida que caminhamos. Destino não é algo que se descobre seguindo fórmulas de outros homens, sejam intelectuais, morais ou espirituais, destino se entende buscando a Deus, tendo uma profunda comunhão com ele, para depois pôr em prática no dia a dia de nossas existências no mundo. Deus sabe porque dá a cada um carros diferentes, isso não é limitação, mas oportunidade. 

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