terça-feira, agosto 24, 2021

Persista pela fé (2/4)

      “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27
    
      Logo após termos uma experiência maravilhosa com Deus queremos ser mais santos, amar mais, vigiar mais, para podermos ter uma experiência igual ou melhor novamente, mas estamos encarnados nesse mundo e nessa condição não retemos emocionalmente com facilidade o que alcançamos no espírito. Aprouve a Deus que fosse assim para persistirmos no caminho melhor, para dependermos dele sempre, não de uma única experiência. Assim, cada busca, cada momento de oração devemos começar, não de cima, mas de baixo, quebrantados, humildes, senão cairemos e no fundo ficaremos. 
      Neste mundo, num plano físico, nossa memória espiritual é fraca, experimentamos em certas instâncias mesmo amnésia (eis um mistério), por isso podemos um dia estar num céu e em outro dia num inferno. Bens materiais podem ser mantidos com trabalho e conhecimento da economia do mundo, mas virtudes espirituais só são anexadas aos nossos espíritos com persistência e busca do Senhor. O raciocínio “quanto mais fundo o buraco mais alto o monte” é correto, se você está se sentindo muito perdido, confuso, é porque está muito longe do lugar melhor que um dia alcançou em Deus. 
      Temos, entretanto, um consolo, se a queda muitas vezes parece nos pegar de surpresa, mesmo sem motivo aparente já que podemos nos sentir perdidos ainda que não tenhamos cometido nenhum pecado absurdo, a volta à posição espiritual que já conquistamos pode ser rápida. Como? Com fé. Certos abismos que nossas almas experimentam são só confusão emocional, a gangorra de nossas almas frágeis nos pregando peças. Confusão emocional não se vence com racionalização, ainda que o início da solução seja racionalizar e não confiar nos sentimentos, a vitória, contudo, se concretiza pela fé. 
      Pela fé tomamos posse do que Deus já nos deu no passado, e se ele deu ele não toma de volta, pela fé descansamos num Deus fiel, estável, sempre bom, pela fé abrimos caminho das trevas emocionais, que podem nos sufocar, para tocarmos novamente na orla dos vestidos de Deus (sendo metafórico). Pela fé nos levantamos do buraco profundo que como homens estamos sujeitos a cair, mesmo sem motivo racional, e nos colocamos de pé para seguirmos no estreito caminho rumo ao Altíssimo, onde há paz e esperança. Pela fé voltamos ao lugar que Deus já nos deu, nossa Canaã espiritual. 
      Nem sempre dor é punição, e punição que nos aplicamos quando nos afastamos de Deus (Deus não pune ninguém diretamente), mas dor pode ser uma chamada de atenção do Senhor, e nesse caso quanto maior, maior será a paz. Talvez não seja nem dor o termo mais correto, mas um “pesar” que nos abala, um sistema de alerta, como o medo que nos avisa quando estamos próximos a um perigo. Tenhamos discernimento, saibamos o que somos, não pensemos que há pecado escondido quando não há, ainda que nos sintamos mal, e voltemos à comunhão com Deus, nosso melhor lugar onde há paz. 

Leia na postagem de ontem 
e nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

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