segunda-feira, agosto 23, 2021

De quem mais sabe mais é cobrado (1/4)

      Iniciando hoje, segue “Gangorra emocional”, uma reflexão dividida em quatro partes, se possível leia todas as partes para melhor entendimento. 

      “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.Lucas 12.47-48

      Se um morador de São Paulo, capital, for deixado numa cidade do interior do estado de São Paulo, se verá longe de sua residência, do lugar onde conhece as pessoas e por onde sabe transitar. Ainda assim, no interior distante da capital, poderá se comunicar com as pessoas e voltar sem perder muito tempo à sua cidade. Se a mesma pessoa for deixada em outro estado poderá estranhar certos costumes, demorar um pouco mais para retornar à sua cidade, mas também poderá se comunicar, visto que ainda que em outra região e com sotaque diferente, estar em seu país e com seus compatriotas. 
      Mas se a mesma pessoa for deixada fora do Brasil, a dificuldade será grande, terá problemas com comunicação e terá que pagar caro uma passagem de volta a seu país. Quanto mais longe estivermos de nosso melhor lugar, pior nos sentiremos, isso não significa que não temos um lugar para sermos felizes, mas que estamos no lugar errado, e dependendo do que fazemos podemos estar bem longe do nosso melhor lugar. O sentimento de estarmos perdidos é inversamente proporcional à certeza de estarmos no lugar certo, quanto mais confusos nos sentimos mais lúcidos poderemos nos sentir.
     De acordo com nossa consciência de moralidade podemos nos sentir bem ou mal, e é preciso consciência para ter essa sensibilidade, muitos erram e machucam os outros e nem se sentem mal por isso pois não têm consciência. Por outro lado nossos sentimentos não são confiáveis por si mesmos, podemos nos sentir mal ainda que não estejamos mal espiritualmente, nossa estrutura emocional é uma gangorra que temos dificuldades para controlar e que interfere em nossa percepção espiritual. Essa gangorra tem uma característica, se ajusta à medida que alcançamos níveis mais altos.
      Quanto mais alto vamos, mais baixo poderemos ir também, quem provou um nível espiritual alto poderá provar um nível muito baixo, porque correrá mais riscos que quem provou um nível espiritual não tão alto. Quem avançou dez quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu início terá voltado vinte quilômetros, já quem avançou cinco quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu ponto inicial só terá voltado quinze quilômetros. Quem sentirá mais o retrocesso? O que voltou vinte quilômetros, ainda que um dia tenha ido mais longe. O “coice” é relativo à força do “disparo”, pura física. 
      Quem mais sabe mais lhe é cobrado, conhecimento dá poder, com poder podemos nos arriscar mais e consequentemente perder mais. Quem pouco sabe menos se arrisca, porque nem sabe como se arriscar mais, conhecimento pode enfraquecer assim como ignorância pode proteger, quem mais agradou a Deus mais pode desagradá-lo, quem pouco obedeceu, pouco pode desobedecer. Cuidado quem muito sabe, sua queda pode ser maior dificultando mais seu restabelecimento, todos temos que vigiar, mas o que mais sabe deve vigiar mais pois seu testemunho envolve e compromete mais.

Leia nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

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