10/10/21

Pela liberdade mais plena (10/31)

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” 
Gálatas 5.1

      Luta pelas minorias, eis a bandeira principal de tantas militâncias, a fim de que todos os seres humanos possam ser aquilo que querem, onde e quando quiserem. Isso é lutar pela liberdade, mas a verdade é que em se tratando de humanidade, o conceito de minoria é ilimitado. Veja por exemplo o conceito de sexualidade, de dois sexos passou-se a três, depois a quatro, sete (LGBTQIA+), e hoje já se fala no conceito de não se ter conceito, onde não se é obrigado a fazer escolha definitiva, pode-se ser qualquer coisa e mesmo nenhuma. Mas será que são todos que não querem referências binárias? Para defendermos de fato a liberdade, nem a própria liberdade deve ser imposta, as pessoas precisam ser livres mesmo para escolherem não ser, isso porque o que uma pessoa acha ser liberdade pode não ser liberdade para outra.
      A bandeira mais inclusiva talvez não seja a da liberdade, mas a do individualismo, e não entendendo isso, muitos, achando-se paladinos da justiça social, são na verdade só autoritários ressentidos, querem obrigar os outros a serem o que eles querem ser e acham que são impedidos de ser. Só pode ser livre aquele que se liberta da carência de aprovação alheia, quem quer se algo, mas para exibir isso aos outros, para lançar na cara dos outros que é isso ou aquilo, tem necessidade, não de liberdade, mas de reconhecimento externo. Quem depende do outro para ser feliz nunca será, sempre será escravo de homem e esse é patrão injusto e nunca satisfeito, como vício, sempre quer mais. Mas quem quer ser para si, tem paz que não depende do que o outro pensa, é livre no espírito, e ao espírito nenhuma algema humana pode amarrar.
      O que há por trás da tal liberdade tão almejada hoje por tantos? Está um espírito encarcerado, e sendo assim não é liberdade física, afetiva ou intelectual que irá livra-lo. Isso, contudo, não impede um ser humano que não quer se aproximar do verdadeiro Deus de tentar. O que um homem longe de Deus acha querendo ter liberdade? Acha o caos, um abismo infinito para cair, e quem cai, cai para baixo, para mais longe de Deus. A real liberdade está em cima, no Altíssimo, essa não se alcança movendo-se para baixo, mas elevando-se, só sobe quem se livrou de todos os pesos e então, leve o suficiente, flutua e eleva-se. Mas os que tentam se livrar dos pesos dos preconceitos e das falsas moralidades não ficam leves o suficiente para subirem? Não, quem pesa é o espírito, e leveza espiritual só uma íntima relação com Deus confere. 
      Muitos pais modernos tentam criar filhos no caos e pensam estar fazendo a coisa certa, mas crianças em desenvolvimento físico, intelectual e afetivo, precisam de referências. Na matemática ninguém começa aprendendo física quântica, primeiro aprende-se operações aritméticas. É errado ensinar sobre dois sexos? Não, são as referências físicas mais comuns, ainda que não reflitam as interiores, estão ligadas a características do corpo, masculino e feminino. Depois, acompanhando em amor e com valores morais, os que criam devem verificar o processo, não impondo, não usando de qualquer espécie de violência, incluindo orientações religiosas. Pais sábios, respeitando especificações individuais, devem achar o equilíbrio entre a visão científica e sempre renovada da pedagogia, e a religião na qual criam filhos. 
      Pais que amam devem estar preparados para que filhos sejam totalmente diferentes deles, fazendo escolhas que mesmo eles não fariam. O ser humano deve ser educado para assumir o que ele é, indivíduo que sozinho veio ao mundo e sozinho voltará à eternidade, com todas as suas escolhas pessoais. Isso não significa não ensinar valores morais, criar mau caráter, mas principalmente nas áreas afetiva e sexual, significa deixar a pessoa ser aquilo que sempre foi, e que pode ter ficado meio escondido na infância. Pais cristãos precisam entender que identidade sexual é algo muito pessoal, não pode ser imposta, entretanto, só entendem isso pais que têm uma experiência com Deus, não só com o que é ensinado pela tradição religiosa, caso contrário ao invés de libertarem, encarcerarão e produzirão seres humanos infelizes. 
      Pais cristãos, estamos de fato criando os filhos que Deus nos permitiu, muito mais que fazer, ensinar, e isso ouvindo o Senhor? Ou queremos só fabricar clones, por orgulho, por medo ou por ignorância? Por orgulho, porque muitos querendo exibirem-se para os outros, provarem para esses que são bons evangélicos, querem filhos nos moldes daquilo que as igrejas cristãs ensinam, conhecedores de Bíblia, cantores nos cultos, falando e se vestindo no estilo evangeliques. Por medo, pois se creem que se não forem evangélicos irão para o inferno e cairão nas tentações do diabo e do mundo, o mesmo ocorrerá com seus filhos, e como existem pais incentivando filhos a se casarem o mais depressa possível e com crentes para não caírem em promiscuidades. Por ignorância, porque muitos cristãos não conhecem um caminho melhor. 
      Meus queridos irmãos e queridas irmãs crentes, o ser humano é muito mais complexo que aquilo que aprendemos dele nas igrejas, só Deus em seu amor para abraçar e orientar a todos, nós não temos poder de definir nossos filhos, e nem devemos, são espíritos livres enviados por Deus para que os auxiliemos por um tempo, e que depois devem seguir sozinhos. Muitos bons evangélicos e protestantes conseguem até criar novos bons evangélicos e protestantes, mas é só isso, clonam religiosos, mas não encaminham seres humanos melhores e que farão diferença positiva num mundo moderno e em constantes mudanças tecnológicas e sociais. Se tememos a Deus, o temamos ainda mais, assumindo nossas incompetências, e humildemente entendendo que liberdade de fato só Deus pode dar, o mundo não pode, nem a religião. 

Está é a 10ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

09/10/21

Vocação para ser escravo?? (9/31)

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo.” 
I Coríntios 7.20-22

      Logo de início chamo a atenção para que ninguém julgue o título sem ler todo o texto, tanto que o coloquei como pergunta, não como afirmação. O texto bíblico inicial deve ser entendido em camadas, a primeira é a do contexto histórico em que Paulo o escreveu, essa pode ser polêmica nos dias atuais. Paulo diz que o que é escravo deve permanecer assim, e o que é senhor (de escravo) também deve continuar dessa maneira, e que ambos podem ser felizes em Cristo nisso. Será que tantos que leem o texto o entendem de fato? Ou só passam a vista e o aceitam, “afinal”, pensam muitos, “está na Bíblia e deve ser aceito”. 
      O texto define o conceito de vocação, ele não tem a ver só com aptidão física natural e dons espirituais recebidos, mas com a identidade interior do ser humano, que também vai além de sua formação social e emocional e sua ocupação profissional. Por isso Paulo diz que o que tem a vocação de servo deve continuar como tal, nisso não temos embasamento bíblico que incentiva escravatura, principalmente nos dias atuais, mas só a revelação que Paulo escrevia como homem de seu tempo para uma sociedade de seu tempo, ainda que fosse servo de Deus com conhecimento e prática do mais puro evangelho de Jesus Cristo. 
      O ponto desta reflexão não é confrontar militâncias legítimas com preconceito por cor da pele, ou por direitos de afrodescendentes, o ponto não é militâncias coletivas, mas pessoal, e que pode independer de características externas. Somos definidos espiritualmente pelo lugar e pela família na qual nascemos, fomos educados e por características e gostos intelectuais que temos? Não, e nisso também está implícito que ninguém é “burro”, aliás esse termo é inadequado sob diversas instâncias, todos podemos desenvolver habilidades e competências com o que temos nas mãos, se quisermos e nos esforçarmos para isso. 
      Todas as nossas especificações físicas, intelectuais, emocionais e sociais, são ferramentas para que nossos homens interiores evoluam, e isso precisa ser considerado assim porque na eternidade não fará diferença a graduação acadêmica, a sofisticação de nossos trabalhos, a fineza de nossas educações sociais. O que vai valer são as virtudes morais que tivermos em nossos espíritos, que foram construídas à medida que fizemos escolhas em fé e praticamos obras de amor com a vocação espiritual que recebemos de Deus. Eu já vi muitas discrepâncias nesta vida, desejo de aparentar que não se casava com a prática.
      Vi pessoas criadas em famílias pobres, que nem o português falavam direito, mas que se portavam socialmente com nobreza, com muita sabedoria, com uma delicadeza aristocrática, eram doutores em peles de trabalhadores braçais. Mas eu vi também o contrário, gente bem estudada, acostumada com luxos, com as melhores roupas e usufruindo de comidas sofisticadas, que viajaram pelo mundo, em profissões que só se relacionavam com gente do mesmo nível social, contudo, absolutamente estúpidas, insensíveis, comilões e beberrões viciados em prazeres baixos do corpo, sem nenhuma sensibilidade para tratar os outros. 
      A ótica simplista que muitos cristãos se acostumam a ter da humanidade, ensinados por suas tradições religiosas, não acha base na realidade, há algo a mais que simplesmente crer em Cristo e ganhar o céu. O que ocorre de verdade é que alguns Deus coloca no mundo para serem uma coisa, e não outra, e não serão felizes nem farão os outros felizes se não entenderem e viverem isso. Não somos definidos por ocupações, nem pelo meio, mas por nossas vocações espirituais, elas vêm conosco em nossos nascimentos, definem nossas identidades espirituais, e são elas que devem ser evoluídas neste mundo, não outras coisas.
      É essa lição que está meio que escondida de uma rasa e equivocada interpretação do texto inicial, o que o Espírito Santo pode nos ensinar não é aceitar escravidão física e social como sua vontade, não é isso, mas é entendermos que se formos chamados para servirmos como coadjuvantes, não acharemos paz sendo protagonistas, tomando a frente para liderar, se nossa vocação é sermos discretos, não teremos paz discursando, mesmo tendo coisas legítimas a dizer. Deus vocaciona para crescimento, assim poder mas não fazer para cumprir uma vocação, é tão eficiente quanto a princípio não poder mas se esforçar para fazer porque se é vocacionado. 
      A primeira e mais importante militância é a que precisamos fazer por nós como indivíduos, ela deve ser correta, de acordo com a vocação que Deus nos dá, mas só descobre essa vocação quem busca a Deus, e não só a religiões. Você sabe qual é a sua vocação? Seja qual for, ela pode ser executada com qualidade, de maneira que você receba ainda neste mundo retorno para ter uma vida digna e em paz. Mesmo o servo chamado por Deus, é livre, e ainda que seja senhor, tem o privilégio de a Deus servir, o segredo da paz não está em ser servo ou ser senhor, mas em estar em Deus, nisso conhecemos o Altíssimo e a nós mesmos. 
      Muitos militam errado, e mesmo por grandes e boas causas, porque não se aceitam como seres humanos, nesse conflito há uma insatisfação que o homem pode tentar satisfazer com militâncias coletivas. Visto como líder de uma militância importante, ele pode achar uma valorização que sente que não tem como indivíduo, mas se essa for a razão principal que o leva a militar ela é falsa, um dia o deixará na mão, só, fraco e infeliz. Resolva-se primeiro, antes de querer resolver problemas alheios, não se esconda atrás de bandeiras, você até poderá conquistar direitos para os outros, mas seu coração continuará sem paz. 

Está é a 9ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
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José Osório de Souza, março de 2021

08/10/21

Servos não militam por si (8/31)

      “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” 
Filipenses 2.3-8

      Políticos não são donos de cidades, estados ou países, políticos são escolhidos pelo povo para servirem o povo, são nossos empregados, portanto, servos de todos, não senhores. Um empresário pode ser patrão, construiu em negócio que é seu, para seu benefício, ainda que tenha empregados e deva, como cidadão e como ser moral, respeitar os direitos desses empregados, entretanto, políticos não são donos de empresas e não têm direito de usar o que administram em benefícios próprios. O exército brasileiro, não é do presidente, de um governo, nem do de direita e muito menos do de esquerda, mas do Brasil, do povo brasileiro, assim como todas as instituições estatais, sejam nas áreas que forem. Por isso, acima de tudo, a consciência que deve haver na mente de políticos é a de um humilde servo com um emprego temporário.  
      Como tal ganha, e deve ganhar, um salário decente para ter tempo para poder desempenhar sua função, enquanto sustenta uma vida digna para si e para sua família, mas sua satisfação maior deve ser a alegria de ter a honra de poder representar por um cargo político, não seus interesses, mas os interesses de membros de uma nação, e tendo esses votado ou não no político. Isso nada tem a ver com religião ou com vida espiritual, mas com vida social civilizada, contudo, se políticos devem ter a consciência de que são servos, muito mais líderes religiosos cristãos, de todas as denominações e seitas, católicos, protestantes ou outros, se é que querem levar o nome de cristãos. Essa missão deve ser desempenhada por e em amor, não para dar sentido a uma vida pessoal não resolvida, se alguém quer servir como religioso deve se ajudar antes de ajudar os outros.
      Servo, o texto inicial define essa função com precisão, mas não são só líderes religiosos que devem servir ao próximo, todos nós, de alguma maneira, somos vocacionados para servir. Numa reflexão que pensa em tantos que parecem militar só para terem lugar de fala para se sentirem importantes e parte de algo maior que eles, para darem sentido a vidas muitas vezes não resolvidas e terem cargos políticos, entender o servo bíblico pode confrontar muitos com um conceito mais alto, e quiçá, fazê-los repensar o porquê de suas militâncias. Uma virtude que um servo chamado por Deus precisa ter é humildade, que não se acha dono de algo, mas só administrador temporário do que lhe é emprestado. Nossa existência no mundo é isso, com nada viemos e com nada sairemos, a não ser com as virtudes que conseguirmos fixar em nossos espíritos. 
      Mas mesmo desprendimento material, se for só isso, pode conduzir a uma missão equivocada, muitos são humildes, não querem ser donos de nada, mas vivem uma espiritualidade só para eles mesmos, militam só por si. O texto inicial diz mais sobre o exemplo maior de servo que a humanidade na Terra conheceu, Jesus, um servo serve, simples assim, mas não a si mesmo, aos outros, e faz isso até as últimas consequências se for necessário. Jesus serviu a mim e a você até à morte. Mas calma, não somos chamados para sermos cristos, não temos quilate moral para isso, Deus conhece nossos limites e sabe o que pedir de nós, de maneira que possamos servir com alegria e da melhor maneira que pudermos. Mas cada um de nós, se procurar em Deus dentro de si mesmo, saberá exatamente o que precisa fazer para ser útil para abençoar alguém. 
      Temos que ter algum cuidado, sempre que o conceito sacrifício se apresenta, temos a tendência de interpretar esse termo de jeitos errados. Podemos nos sacrificar, ou por medo de não conseguirmos dizer não a quem só quer nos explorar, ou para termos de alguns algum afeto, mesmo que a preço de sangue. Podemos exigir sacrifícios dos outros por colocarmos nos outros a culpa por problemas que são nossos, mas mesmo que nossos problemas tenham sido legitimamente causados por terceiros, podemos nos achar no direito, como vítimas, de exigir que alguns se sacrifiquem por nós. Quem se sacrifica desnecessariamente não é feliz, tentará ajudar os outros, mas não se ajudará. Quem exige sacrifícios dos outros também não é feliz, sempre achará que os outros lhe devem alguma coisa, assim não amará, não se sentirá amado e não conseguirá servir a Deus. 
      “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos” (Oseias 6.6), muitas vezes nos sacrificamos simplesmente porque isso parece mais fácil fazermos que sermos misericordiosos, mas só somos misericordiosos quando provamos misericórdia e só provamos misericórdia quando somos humildes. “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11.29), que texto maravilhoso é esse, daqueles que vêm do centro do evangelho. Quer militar por uma causa que valha a pena? Comece militando por si mesmo, ache a paz e a segure, humildemente com todo o coração, seja curado, só depois você poderá entender o que é ser servo, e só um servo de verdade pode lutar uma militância legítima e por amor.     

Está é a 8ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

07/10/21

Quem é o anticristo? (7/31)

      “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo.” 
I João 2.18-20
      “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” 
João 18.36

      Algumas coisas não são bem o que parecem ser, ter convicção, por exemplo, não significa estar certo, só ter fé não confere legitimidade para que se receba algo, pelo menos não de Deus. Seguir alguém que tem certeza do que é, quer e faz, pode parecer seguro, nos dar o foco que podemos não achar em nós mesmos, mas delegar escolhas para os outros nos colocará como escravos dos outros, assumiremos a responsabilidade de erros dos outros. Usar o nome de Deus não significa ter aprovação de Deus. Eis uma estratégia que líderes populistas de direita podem usar, colocar Deus na história, e quem coloca Deus de maneira errada numa causa, certamente colocará também o diabo, como seu antagonista e no lado dos inimigos de sua causa, na outra militância. Um conflito entre Deus e o diabo pode ser tudo que muitos cristãos equivocados necessitem para militarem por uma causa, esses podem pensar, “se Deus está envolvido devo me envolver, e do lado dele, com certeza se há Deus, a vitória é do lado dele”. 
      Isso é muito perigoso, pode ser usado para envolver cristãos em militâncias que eles não entrariam se vissem claramente que eram só conflitos entre ideologias humanas e políticas. Não estou comparando nenhum líder político brasileiro de direita ao “fühler”, longe disso, mesmo porque não acho que eles tenham, não só a maldade, mas também a inteligência do Adolf. Também não acredito que Deus tenha esse grau de provação para o povo brasileiro, contudo, precisamos ter cuidado (leia mais na reflexão anterior). "O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus” (John Dalberg-Acton), por isso não é sábio cristãos se envolverem com militância política, querer estabelecer o reino de Deus no mundo é heresia (interpretando errado Deuteronômio 11.24-25 para os dias atuais e para o Brasil). Ainda assim é nessa tentação que muitos evangélicos têm caído, quando veem num político que se diz simpatizante de causas cristãs um salvador, ser simpatizante não significa ser cristão. 
      O que é um ídolo senão aquilo que está abaixo do céu mais alto e o homem põe o olhar buscando solução para sua vida para depois adora-lo? Um mito não é Deus, pode ser só uma fake news antiga que hoje parece verdade só por ser antiga, mas pode se transformar num diabo, ainda que apresentando-se como um profeta divino. Para um líder populista de direita é fácil defender causas cristãs convencionais, como não ao aborto, sexualidade binária, valores familiares tradicionais, Cristo como única verdade. Isso engaja multidões em sua militância, isso ganha eleições, mantém cargos políticos e lhe veneração a um líder. O engano é que causas ditas como de esquerda, como conceito mais amplo de sexualidade e casamento, não ao racismo, feminismo, defesa de minorias e de causas ecológicas globais, podem ser tomadas como bandeiras de uma militância demonizada pela direita, e isso ao pé da letra, a esquerda pode ser vista como militando por estratégias do diabo para corromper a sociedade e fortalecer o anticristo.  
      Em conflitos estabelecidos por líderes populistas não há espaço para o equilíbrio, o seu lado é do bem e o outro é do mal, e em se tratando da ótica de cristãos equivocados engajados, o seu lado é de Deu e o outro do diabo. Essa militância extremista não entende que a justiça está no meio, que existe o bem em coisas de ambos os lados, assim como existe o mal. Deus sempre se encontra no centro, não por ser isento, mas por amar a todos, e se revelar a todos que o querem conhecer, indiferente de ideologias políticas pelas quais lutem. É claro que por causa de todo um processo histórico, certas bandeiras se tornaram tradições de esquerda e outras de direita. A luta contra ditadores, por exemplo, parece ser mais pauta da esquerda, ainda que existam também ditadores de esquerda e bem violentos (é só estudarmos um pouco as histórias da Rússia, da China e da Coreia do Norte, por exemplo). Já o conceito de luta contra um anticristo, que representa todo o mal, é uma bandeira tradicional da direita cristã, ainda que para a esquerda um líder facista torturador seja uma espécie de “anticristo”. 
      Os anticristos, aos quais João se refere em sua primeira carta, são os gnósticos e seitas vertentes, desviados do evangelho de sua época, por isso ele diz no capítulo dois saíram de nós. Esses defendiam que “o conhecimento é superior à virtude, que o verdadeiro significado das Escrituras está no sentido não literal”, “que o mal no mundo impossibilita que Deus seja o criador, que a Encarnação é coisa incrível porque a divindade não pode se ligar a nada que seja material - tal como o corpo, e que não existe a ressurreição da carne”. Outra vertente “defendia que Jesus não era humano sob qualquer aspecto, mas uma teofania meramente estendida”, por isso a exortação, no capítulo quatro da mesma carta, Cristo veio em carne (leia mais em Comentário Bíblico Mood). Anticristo, termo tão usado hoje, não é bem o que parece ser, fez sentido para a época em que foi usado, aliás, engano que muitos que fazem estudos bíblicos comentem frequentemente, usarem textos antigos para defenderem assuntos atuais, que pouco podem ter a ver com o que motivou os escritores bíblicos a escreverem originalmente. 
      Mas o que de fato significa anticristo na prática para nós hoje? Algo que nega Cristo, que se apresenta como um opositor a tudo o que Jesus representa (I João 4.2-3). Mas o que Jesus representa? Podem ser coisas diferentes para pessoas diferentes. Os homens entendem relevâncias diferentes no evangelho de acordo com aquilo que acham importante para suas vidas, assim o conceito de anticristo pode não ser algo constante, novamente, algumas coisas não são bem o que parecem ser. O cristão que crê que deve ter prosperidade material no mundo e que pode colocar no governo um político que defenda sua religião, se forem transportados os objetivos que Deus tinha com a nação de Israel na velha aliança (conforme Deuteronômio 11.24-25) para a igreja da nova aliança, pode achar que anticristianimos é crer que no mundo temos que viver de maneira mais simples, que não temos que ser prósperos só por sermos cristãos, que não precisamos ter um presidente evangélico e nem nos envolvermos ativamente com militância política. 
      Por outro lado, o que vê o reino de Deus como algo que só será plenamente realizado no plano espiritual, entendendo dessa forma a palavra de Jesus (por exemplo em João 18.36), pode definir anticristianismo como tentar estabelecer um reino de Deus no mundo hoje. Os dois entendimentos têm embasamento bíblico, qual te representa? Que posicionamento você tem agora, após alguns anos de um governo que se elegeu apoiado por muitos cristãos e se dizendo defensor dos verdadeiros valores da tradição judaica-cristã? Contudo, talvez a pergunta que se deva fazer seja: qual a orientação de Jesus pelo vivo Espírito Santo ao homem do século XXI? O tempo mostra os frutos, é por eles que avaliamos as árvores, e para quem quer ver frutos já têm sido mostrados, basta enxergar as consequências de uma administração federal negacionista diante de uma pandemia. Mas ninguém se iluda com lados, há militantes errados na esquerda e na direita, só não caem em armadilhas os que se colocam no Deus verdadeiro, não em homens, sejam políticos, religiosos ou outros, homens sempre militam errado. 
 
Está é a 7ª parte do estudo
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José Osório de Souza, março de 2021

06/10/21

Hitler, arquétipo diabólico (6/31)

      “O homem ímpio cava o mal, e nos seus lábios há como que uma fogueira. O homem perverso instiga a contenda, e o intrigante separa os maiores amigos. O homem violento coage o seu próximo, e o faz deslizar por caminhos nada bons.” 
Provérbios 16.27-29

      Militância de direita, eis uma bandeira que não foi levantada no Brasil, de maneira significativa, por um bom tempo, principalmente pelos remorsos deixados pela ditadura militar, e que permitiu à esquerda liderar politicamente, mas que ressurgiu e tem sido apoiada por muitos cristãos. Para entendermos melhor o perigo de se militar não só por homens, mas por homens que usam bandeiras divinas como meios de fortalecer suas causas e convencer as pessoas, que é o que ocorre com militância de direita atualmente no Brasil, refletiremos um pouco sobre o arquétipo de líder facista, o alemão Adolf Hitler, que levou o mundo à segunda guerra mundial. É fascinante a personalidade desse terrível personagem, que num momento certo achou num povo as condições adequadas para estabelecer seu intento. Cuidado, os que buscam salvadores da pátria, podem achar só falsos messias. 
      Quando eu pensava que já tinha assistido todos os documentários possíveis sobre a segunda guerra mundial, assisti um, na CNN Brasil, com depoimentos colhidos pela BBC de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930, especificamente sobre o carisma de Hitler. Hitler, fisicamente era descrito como um homem comum, que berrava com uma voz rouca e estridente, sua aparência externa não impressionava, mas ele tinha algo em seu interior que era lançado por seus olhos, por seus gestos e por suas palavras, que conquistava as pessoas. Hitler não chegou onde chegou por sorte ou ao acaso, ele construiu uma personalidade que se conectou com milhões, ele achou determinação para isso em uma convicção pessoal de que era alguém predestinado por aquilo que ele denominava como “providência”, uma força espiritual que chamou-o inicialmente e orientava-o nas decisões. 
      Adolf transformou seus limites, falta de talento para debates, argumentos fracos e cheios de ódio e preconceitos, e dificuldade em estabelecer vínculos afetivos, em vantagens, que muitos interpretaram não como fraquezas, mas como empatia. Ele não queria só dar uma vida decente para um país, ele queria colocar um povo como superior no mundo, dominando militarmente outras nações, e exterminando aqueles que considerava inferiores, ele pregava a superioridade ariana. Seja como efeito da condição de seu povo, ou usando essa condição para exaltar seu ego doentio, ele achou uma Alemanha derrotada na primeira guerra mundial, humilhada pelo Tratado de Versalhes e dentro de uma depressão econômica mundial, ódios principalmente pelos  judeus, e ressaltou temores, como pelo comunismo que despontava como solução para levantar os germânicos, isso tudo para construir uma intenção. 
      O que não faz um homem machucado e não resolvido, com carisma e achando outros em iguais condições que só precisam de um líder. A responsabilidade não foi só de Hitler pelo genocídio que houve, mas da maioria do povo alemão da época que lhe deu ouvidos. Eis fatores importantes nas mãos de um líder populista, conhecer as fraquezas de alguém, assim quando ele se levanta como líder, não é para lutar por interesses pessoais, como alguém que pensava só em si, mas como um paladino altruísta, que batalha pelos direitos dos fracos. Enfraquecer para liderar, eis outro princípio eficiente, e se alguém não está fraco o suficiente, enfatiza-se essa fraqueza com discursos apaixonados. Hitler desempenhou esse papel, sim, porque ele parecia isso, um ator encenando um papel e fazia isso o tempo todo, não só como líder político, mas como messias religioso. Dessa forma ele descobriu e potencializou as fraquezas de outros para depois se colocar como aquele que poderia livrar esses de suas fraquezas. 
      Há inteligência nessa estratégia, Hitler sabia o que queria desde o início, e mesmo em 1923, quando seu golpe de estado em Munique para tentar tomar o poder fracassou, resultando em sua prisão, durante a qual ele escreveu o manifesto político, Mein Kampf ("Minha Luta"), ele usou isso para firmar uma característica importante num messias, a de mártir. O “fühler” manipulou todo o ambiente, mostrou o problema, apontou a causa e conectou-se com a vítima, convencendo-a que sua solução era a melhor, e não fez isso com trabalho em grupo, mas como um personagem, que sozinho tinha todas as melhores respostas. A ele se juntaram outros homens, isso é certo, poderosos e competentes, na área militar e também na do marketing, e Hitler soube usar muito bem o marketing para criar a figura de um salvador. Mas ele deixava bem claro que a palavra inicial e a final eram dele, de mais ninguém, e ai dos que se levantassem contra isso. 
      Hitler não demonstrava a carência, que muitos líderes tiveram e têm, de necessidade de apoio dos outros para tomar decisões, ele se mostrava sempre seguro e todos viam nele uma rocha firme em quem podiam confiar, isso só mudou de fato em seus últimos dias. Adolf não se apresentava só como um homem, mas como um deus, mesmo parte da igreja cristã protestante alemã da época o apoiou. Um homem não acessa tanto poder e consegue se conectar a tanta gente usando só argumentos políticos, mesmo se aproveitando de uma situação econômica terrível. Os grandes líderes entendem que o mundo espiritual tem um apelo forte sobre os homens, assim constróem ambientes religiosos ao seus redores, templos para que sejam, não só obedecidos, mas adorados, e não só nesta vida, mas na outra. Hitler usou de vários meios para conferir legitimidade espiritual a seu império, enviando equipes pelo mundo para colher objetos aliados à magia e ocultismo, e praticando rituais mágicos (veja mais no link).
      Que fique bem claro que não estou fazendo aqui comparações, muito menos lançando indiretas. Aliás, seria injusto comparar Hitler com quem quer que seja, pela gravidade extrema e singular de seus atos na humanidade, especialmente para o povo judeu. Concordo que esta reflexão foi mais compartilhamento histórico que orientações morais, mas certas informações podem nos ajudar a entender certos mecanismos do mal espiritual, tentando prevalecer no mundo físico. Estar na luz de Deus é mais que amar o próximo e viver de trabalho honesto, isso é o mais importante, mas não é tudo, precisamos ser cidadãos realmente do bem, não como militantes políticos, mas como filhos do Altíssimo. É importante termos discernimento espiritual para percebermos a tempo a atuação de homens maus, que podem usar qualquer coisa para terem poder. Ninguém se engane, o falso pode não ser fácil de ser reconhecido, se fosse a Bíblia não diria, “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24.24). 

Está é a 6ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

05/10/21

Teoria de conspiração, grana e sexo (5/31)

      “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.” 
I Coríntios 1.10

      Não creio em teorias de conspiração, em nenhuma delas, sejam de direita, de esquerda, de centro etc. Olhando todas essas militâncias atuais, muitos nelas veem teorias de conspiração, acreditam que bandeiras são levantadas com o objetivo de colocar grupos contra grupos, de maneira a lançar a sociedade em guerra. Para quê? Para gerar caos, e quando isso for feito “alguém” poderá tomar o comando, é mais fácil dominar uma sociedade desunida, assim, dividir antes para conquistar depois. Dividir para conquistar é um conceito antigo, foi utilizado pelo governante romano César (“divide et impera”), por Filipe II da Macedónia e pelo imperador francês Napoleão (“divide ut regnes”), dentre outros (veja mais no link).
       Quem as pessoas acham que pode dominar em um caos estabelecido? Muitos cristãos acham que será o anticristo, muitos da esquerda acham que será um ditador facista, muitos da direita acham que será o comunismo, enfim, existem teorias de conspiração para todos os gostos e ideologias. O que é mais sensato pensar de acordo com esse que vos escreve? Que o que ocorre no momento atual é só mais uma etapa da evolução humana no planeta Terra, com enganos, como ocorre sempre no início de novas etapas, mas como efeitos de necessidades legítimas, cujas bandeiras serão purificadas pelo tempo que darão, no momento certo, bons frutos. Deus é mais, está sempre no controle, não existe plano secreto do diabo, capice
      É preciso dizer algo sobre teoria de conspiração, ela nasce de uma necessidade íntima e sincera das pessoas, na verdade algo profundo e eterno que vem da essência espiritual do ser humano que clama por Deus. Por isso a curiosidade pelo desconhecido, a paixão pelos mistérios, a busca de respostas para aquilo que o homem não consegue entender, até aí tudo bem. Contudo, ao invés do ser humano buscar o Deus altíssimo, abrir diante dele o coração, persistir nessa busca para então receber respostas, todas elas, e de alguém que não mente, o homem assume que existem coisas que não podem ser perguntadas a Deus, ou que ninguém sabe mesmo, então, não querendo confiar no Senhor, confia em teorias de conspiração. 
      As artes, principalmente a literária e a cinematográfica, são construídas a partir dessa curiosidade humana, e se isso ficasse só aí, como imaginação para entretenimento, não haveria problema, o problema é quando os homens começam a acreditar nas teorias de conspiração, aí viram paranóia, doença mental. Entendamos uma coisas, no plano físico, abaixo do poder de Deus, existem dois poderes supremos, um é o do sexo, o outro é o da grana, se não existe Deus como foco, homens desejarão dinheiro e prazer sexual. Mesmo os que se acham espiritualizados, mas não buscam o Deus altíssimo, querem alguma espécie de poder, ainda que supersticioso, para serem ricos financeiramente e poderem ter na cama quem desejarem. 
      Papas buscaram esses poderes, assim como bruxos, imperadores, presidentes, donos de corporações, e homens comuns como eu e você, se não existe Deus, há grana e sexo na jogada. Assim, o grande plano do mal é seduzir as pessoas por esses poderes, é isso que conspira contra a humanidade, e isso esta dentro delas, não fora, para obtê-los, quem não tem Deus como prioridade, usará de todas as artimanhas, mesmo o mundo espiritual. Não é o diabo que manipula o homem, mas o homem que utiliza o diabo, que o inventa, que o empodera, para tentar satisfazer seu corpo físico com dinheiro e prazer sexual, o mesmo homem que depois culpa um demônio exterior pelos frutos amargos que, quem busca satisfação em mentiras, colhe. 
      Talvez a grande conspiração que exista, o mais eficiente plano secreto do mal, e eu disse do mal, que existe no interior do homem, não do diabo como ser externo, seja o homem acreditar que pode ser virtuoso sem Deus. Assim ele se ilude, achando que pode lutar por bandeiras elevadas, mesmo que não se quebrante diante do Senhor, sendo que na verdade só quer satisfazer a carne, esse plano nivela todos os seres humanos por baixo. O que isso tem a ver com militância ideológica? Se não há Deus no coração, mesmo lutas legítimas podem ser só jogo de poder. Por justiça? Não, justiça só há em Deus, mas jogo de poder por grana e sexo, ainda que iludidos muitos iniciem suas “jornadas” achando-se paladinos da justiça. 
      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7), o que semeia não são nossas palavras, nossas bandeiras, é a nossa intenção que realiza, é ela quem move e comunga com o plano espiritual, que escolhe que Deus abençoe ou que outros espíritos trabalhem. Ainda que sejam aparentemente boas, obras feitas fora da luz mais alta de Deus não prevalecem, ninguém se engane com relação a isso. Dividir para conquistar? Um plano secreto do diabo? Não, só teorias de conspiração enganosas, que escondem as maiores militâncias humanas, grana e sexo. Busquemos a Deus que ilumina quem o busca e o liberta do engano de todas as falsas militâncias.    

Está é a 5ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

04/10/21

A luta é de todos (4/31)

      “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” 
Mateus 5.6 
      “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” 
Mateus 10.42
      “Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e as pessoas dizem: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” Mas a sabedoria é justificada por suas obras.” 
Mateus 11.19 (versão Nova Almeida Atualizada)

      A luta é de todos, o problema é de todos, todos devem lutar por uma sociedade ferida que considera alguns diferentemente de outros. Homens lutem pelas mulheres, brancos lutem pelos afro-descendentes, heterossexuais lutem por todos os que vivenciam outras sexualidades. Contudo, talvez devam lutar os que não sofrem opressão mais até que os que são oprimidos, simplesmente porque eles têm mais condições para isso. Isso não representa qualquer espécie de apropriação cultural, não deve ser encarado como motivo para vitimização orgulhosa, mas aceito humildemente como compaixão, como genuíno evangelho. O que mais mostrou o Cristo encarnado que luta por minorias? Por isso o crucificaram. 
      Jesus homem lutou por aqueles que sofriam preconceitos na sociedade judaica de seu tempo, globalizada pela ocupação romana, acolheu prostitutas, coletores de impostos, leprosos, marginalizados, enfraquecidos por um motivo ou outro. Muitos fracos estão em situações que devem ser administradas porque não podem ser mudadas, esses são todos os seres humanos na infância, os deficientes mentais, muitos sem-teto, que não estão preparados para competir com adultos produtivos e sãos, esses precisam ser amparados. Entretanto, muitos estão enfraquecidos pelas contingências da realidade no mundo, esses podem lutar, mas também precisam da ajuda dos outros para que suas situações mudem.
      O que muitos militantes precisam entender hoje em dia é que certas bandeiras são muito importantes, mais até que eles, e por isso são pesadas, se eles não tiverem força moral elas não ficarão de pé. Jesus, sozinho, empunhou a mais pesada e importante das bandeiras, aquela que libertaria e conduziria todos os seres humanos, de todos tempos, raças e posições, sejam financeiras, intelectuais ou religiosas, ao Altíssimo Deus. Cristo, contudo, só conseguiu empunhar essa bandeira, só pôde militar certo, e sem apoio de ninguém, visto que em seu último e crucial momento todos o abandonaram, até seus amigos mais próximos, porque tinha força moral e espiritual, adquirida em vida de íntima comunhão com Deus. 
      Quantos hoje acham legitimidade para militar porque podem se esconder no meio das massas, sim, “juntos somos mais fortes”, e a existência de grupos pode evidenciar a legitimidade de uma causa, mas será que muitos hoje se insurgiriam sozinhos contra uma injustiça? E nem estou dizendo que correndo o risco de exporem suas vidas à morte, não estou chegando a esse extremo, mas só por exporem um ponto de vista diante de uma sociedade virtual que cancela todos que discordam de seus pontos de vista. Eu sei que muitos precisam mais é serem cancelados (outro termo em voga), principalmente se militam errado, mas muitos de nós nos calamos, mesmo diante de injustiças, só para não ganharmos dislikes.
      A verdade é uma só, preconceito só se anula com amor verdadeiro, assim enganam-se os que acham que podem vencê-lo com boa educação que respeita direitos civis, isso pode até mudar palavras e ações, mas não mudará a intenção, o coração. Muitos se consideram sinceramente superiores aos outros por serem educados, por obedecerem a leis, por não exercerem violência ativa. Mas lá dentro, em seus corações, eles se acham melhores só por serem quem são, e por isso se sentem com mais direitos que os outros. Orgulho negro? Orgulho gay? Orgulho feminino? Ou orgulho branco, hétero e masculino? Antes de tudo isso, orgulho de ser humano, de ser indivíduo único, e mais, de ser espiritual, eterno e filho de Deus. 
      É nesse ponto que a humanidade deve chegar, e do jeito que vai, podemos ver isso, ainda que existam hoje tantos equívocos que mais desunem que unem. Antes se via dois tipos de sexo, depois passou-se a ver três, mas hoje se entende muitas sexualidades, assim a militância não será nem por grupos majoritários, nem por minoritários, mas pelo indivíduo, seu amplo livre arbítrio para ser o que escolher. Não é essa a bandeira que o verdadeiro Deus levanta e pela qual Jesus militou? Não, meus queridos, não é a bandeira do cristianismo oficial no mundo, representado pelo catolicismo e pelo protestantismo, mas a do Cristo genuíno, cujas palavras estão registradas num evangelho de amor e justiça, eis como militar certo!  

Está é a 4ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021