domingo, outubro 10, 2021

Pela liberdade mais plena (10/31)

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” 
Gálatas 5.1

      Luta pelas minorias, eis a bandeira principal de tantas militâncias, a fim de que todos os seres humanos possam ser aquilo que querem, onde e quando quiserem. Isso é lutar pela liberdade, mas a verdade é que em se tratando de humanidade, o conceito de minoria é ilimitado. Veja por exemplo o conceito de sexualidade, de dois sexos passou-se a três, depois a quatro, sete (LGBTQIA+), e hoje já se fala no conceito de não se ter conceito, onde não se é obrigado a fazer escolha definitiva, pode-se ser qualquer coisa e mesmo nenhuma. Mas será que são todos que não querem referências binárias? Para defendermos de fato a liberdade, nem a própria liberdade deve ser imposta, as pessoas precisam ser livres mesmo para escolherem não ser, isso porque o que uma pessoa acha ser liberdade pode não ser liberdade para outra.
      A bandeira mais inclusiva talvez não seja a da liberdade, mas a do individualismo, e não entendendo isso, muitos, achando-se paladinos da justiça social, são na verdade só autoritários ressentidos, querem obrigar os outros a serem o que eles querem ser e acham que são impedidos de ser. Só pode ser livre aquele que se liberta da carência de aprovação alheia, quem quer se algo, mas para exibir isso aos outros, para lançar na cara dos outros que é isso ou aquilo, tem necessidade, não de liberdade, mas de reconhecimento externo. Quem depende do outro para ser feliz nunca será, sempre será escravo de homem e esse é patrão injusto e nunca satisfeito, como vício, sempre quer mais. Mas quem quer ser para si, tem paz que não depende do que o outro pensa, é livre no espírito, e ao espírito nenhuma algema humana pode amarrar.
      O que há por trás da tal liberdade tão almejada hoje por tantos? Está um espírito encarcerado, e sendo assim não é liberdade física, afetiva ou intelectual que irá livra-lo. Isso, contudo, não impede um ser humano que não quer se aproximar do verdadeiro Deus de tentar. O que um homem longe de Deus acha querendo ter liberdade? Acha o caos, um abismo infinito para cair, e quem cai, cai para baixo, para mais longe de Deus. A real liberdade está em cima, no Altíssimo, essa não se alcança movendo-se para baixo, mas elevando-se, só sobe quem se livrou de todos os pesos e então, leve o suficiente, flutua e eleva-se. Mas os que tentam se livrar dos pesos dos preconceitos e das falsas moralidades não ficam leves o suficiente para subirem? Não, quem pesa é o espírito, e leveza espiritual só uma íntima relação com Deus confere. 
      Muitos pais modernos tentam criar filhos no caos e pensam estar fazendo a coisa certa, mas crianças em desenvolvimento físico, intelectual e afetivo, precisam de referências. Na matemática ninguém começa aprendendo física quântica, primeiro aprende-se operações aritméticas. É errado ensinar sobre dois sexos? Não, são as referências físicas mais comuns, ainda que não reflitam as interiores, estão ligadas a características do corpo, masculino e feminino. Depois, acompanhando em amor e com valores morais, os que criam devem verificar o processo, não impondo, não usando de qualquer espécie de violência, incluindo orientações religiosas. Pais sábios, respeitando especificações individuais, devem achar o equilíbrio entre a visão científica e sempre renovada da pedagogia, e a religião na qual criam filhos. 
      Pais que amam devem estar preparados para que filhos sejam totalmente diferentes deles, fazendo escolhas que mesmo eles não fariam. O ser humano deve ser educado para assumir o que ele é, indivíduo que sozinho veio ao mundo e sozinho voltará à eternidade, com todas as suas escolhas pessoais. Isso não significa não ensinar valores morais, criar mau caráter, mas principalmente nas áreas afetiva e sexual, significa deixar a pessoa ser aquilo que sempre foi, e que pode ter ficado meio escondido na infância. Pais cristãos precisam entender que identidade sexual é algo muito pessoal, não pode ser imposta, entretanto, só entendem isso pais que têm uma experiência com Deus, não só com o que é ensinado pela tradição religiosa, caso contrário ao invés de libertarem, encarcerarão e produzirão seres humanos infelizes. 
      Pais cristãos, estamos de fato criando os filhos que Deus nos permitiu, muito mais que fazer, ensinar, e isso ouvindo o Senhor? Ou queremos só fabricar clones, por orgulho, por medo ou por ignorância? Por orgulho, porque muitos querendo exibirem-se para os outros, provarem para esses que são bons evangélicos, querem filhos nos moldes daquilo que as igrejas cristãs ensinam, conhecedores de Bíblia, cantores nos cultos, falando e se vestindo no estilo evangeliques. Por medo, pois se creem que se não forem evangélicos irão para o inferno e cairão nas tentações do diabo e do mundo, o mesmo ocorrerá com seus filhos, e como existem pais incentivando filhos a se casarem o mais depressa possível e com crentes para não caírem em promiscuidades. Por ignorância, porque muitos cristãos não conhecem um caminho melhor. 
      Meus queridos irmãos e queridas irmãs crentes, o ser humano é muito mais complexo que aquilo que aprendemos dele nas igrejas, só Deus em seu amor para abraçar e orientar a todos, nós não temos poder de definir nossos filhos, e nem devemos, são espíritos livres enviados por Deus para que os auxiliemos por um tempo, e que depois devem seguir sozinhos. Muitos bons evangélicos e protestantes conseguem até criar novos bons evangélicos e protestantes, mas é só isso, clonam religiosos, mas não encaminham seres humanos melhores e que farão diferença positiva num mundo moderno e em constantes mudanças tecnológicas e sociais. Se tememos a Deus, o temamos ainda mais, assumindo nossas incompetências, e humildemente entendendo que liberdade de fato só Deus pode dar, o mundo não pode, nem a religião. 

Está é a 10ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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