quarta-feira, outubro 06, 2021

Hitler, arquétipo diabólico (6/31)

      “O homem ímpio cava o mal, e nos seus lábios há como que uma fogueira. O homem perverso instiga a contenda, e o intrigante separa os maiores amigos. O homem violento coage o seu próximo, e o faz deslizar por caminhos nada bons.” 
Provérbios 16.27-29

      Militância de direita, eis uma bandeira que não foi levantada no Brasil, de maneira significativa, por um bom tempo, principalmente pelos remorsos deixados pela ditadura militar, e que permitiu à esquerda liderar politicamente, mas que ressurgiu e tem sido apoiada por muitos cristãos. Para entendermos melhor o perigo de se militar não só por homens, mas por homens que usam bandeiras divinas como meios de fortalecer suas causas e convencer as pessoas, que é o que ocorre com militância de direita atualmente no Brasil, refletiremos um pouco sobre o arquétipo de líder facista, o alemão Adolf Hitler, que levou o mundo à segunda guerra mundial. É fascinante a personalidade desse terrível personagem, que num momento certo achou num povo as condições adequadas para estabelecer seu intento. Cuidado, os que buscam salvadores da pátria, podem achar só falsos messias. 
      Quando eu pensava que já tinha assistido todos os documentários possíveis sobre a segunda guerra mundial, assisti um, na CNN Brasil, com depoimentos colhidos pela BBC de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930, especificamente sobre o carisma de Hitler. Hitler, fisicamente era descrito como um homem comum, que berrava com uma voz rouca e estridente, sua aparência externa não impressionava, mas ele tinha algo em seu interior que era lançado por seus olhos, por seus gestos e por suas palavras, que conquistava as pessoas. Hitler não chegou onde chegou por sorte ou ao acaso, ele construiu uma personalidade que se conectou com milhões, ele achou determinação para isso em uma convicção pessoal de que era alguém predestinado por aquilo que ele denominava como “providência”, uma força espiritual que chamou-o inicialmente e orientava-o nas decisões. 
      Adolf transformou seus limites, falta de talento para debates, argumentos fracos e cheios de ódio e preconceitos, e dificuldade em estabelecer vínculos afetivos, em vantagens, que muitos interpretaram não como fraquezas, mas como empatia. Ele não queria só dar uma vida decente para um país, ele queria colocar um povo como superior no mundo, dominando militarmente outras nações, e exterminando aqueles que considerava inferiores, ele pregava a superioridade ariana. Seja como efeito da condição de seu povo, ou usando essa condição para exaltar seu ego doentio, ele achou uma Alemanha derrotada na primeira guerra mundial, humilhada pelo Tratado de Versalhes e dentro de uma depressão econômica mundial, ódios principalmente pelos  judeus, e ressaltou temores, como pelo comunismo que despontava como solução para levantar os germânicos, isso tudo para construir uma intenção. 
      O que não faz um homem machucado e não resolvido, com carisma e achando outros em iguais condições que só precisam de um líder. A responsabilidade não foi só de Hitler pelo genocídio que houve, mas da maioria do povo alemão da época que lhe deu ouvidos. Eis fatores importantes nas mãos de um líder populista, conhecer as fraquezas de alguém, assim quando ele se levanta como líder, não é para lutar por interesses pessoais, como alguém que pensava só em si, mas como um paladino altruísta, que batalha pelos direitos dos fracos. Enfraquecer para liderar, eis outro princípio eficiente, e se alguém não está fraco o suficiente, enfatiza-se essa fraqueza com discursos apaixonados. Hitler desempenhou esse papel, sim, porque ele parecia isso, um ator encenando um papel e fazia isso o tempo todo, não só como líder político, mas como messias religioso. Dessa forma ele descobriu e potencializou as fraquezas de outros para depois se colocar como aquele que poderia livrar esses de suas fraquezas. 
      Há inteligência nessa estratégia, Hitler sabia o que queria desde o início, e mesmo em 1923, quando seu golpe de estado em Munique para tentar tomar o poder fracassou, resultando em sua prisão, durante a qual ele escreveu o manifesto político, Mein Kampf ("Minha Luta"), ele usou isso para firmar uma característica importante num messias, a de mártir. O “fühler” manipulou todo o ambiente, mostrou o problema, apontou a causa e conectou-se com a vítima, convencendo-a que sua solução era a melhor, e não fez isso com trabalho em grupo, mas como um personagem, que sozinho tinha todas as melhores respostas. A ele se juntaram outros homens, isso é certo, poderosos e competentes, na área militar e também na do marketing, e Hitler soube usar muito bem o marketing para criar a figura de um salvador. Mas ele deixava bem claro que a palavra inicial e a final eram dele, de mais ninguém, e ai dos que se levantassem contra isso. 
      Hitler não demonstrava a carência, que muitos líderes tiveram e têm, de necessidade de apoio dos outros para tomar decisões, ele se mostrava sempre seguro e todos viam nele uma rocha firme em quem podiam confiar, isso só mudou de fato em seus últimos dias. Adolf não se apresentava só como um homem, mas como um deus, mesmo parte da igreja cristã protestante alemã da época o apoiou. Um homem não acessa tanto poder e consegue se conectar a tanta gente usando só argumentos políticos, mesmo se aproveitando de uma situação econômica terrível. Os grandes líderes entendem que o mundo espiritual tem um apelo forte sobre os homens, assim constróem ambientes religiosos ao seus redores, templos para que sejam, não só obedecidos, mas adorados, e não só nesta vida, mas na outra. Hitler usou de vários meios para conferir legitimidade espiritual a seu império, enviando equipes pelo mundo para colher objetos aliados à magia e ocultismo, e praticando rituais mágicos (veja mais no link).
      Que fique bem claro que não estou fazendo aqui comparações, muito menos lançando indiretas. Aliás, seria injusto comparar Hitler com quem quer que seja, pela gravidade extrema e singular de seus atos na humanidade, especialmente para o povo judeu. Concordo que esta reflexão foi mais compartilhamento histórico que orientações morais, mas certas informações podem nos ajudar a entender certos mecanismos do mal espiritual, tentando prevalecer no mundo físico. Estar na luz de Deus é mais que amar o próximo e viver de trabalho honesto, isso é o mais importante, mas não é tudo, precisamos ser cidadãos realmente do bem, não como militantes políticos, mas como filhos do Altíssimo. É importante termos discernimento espiritual para percebermos a tempo a atuação de homens maus, que podem usar qualquer coisa para terem poder. Ninguém se engane, o falso pode não ser fácil de ser reconhecido, se fosse a Bíblia não diria, “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24.24). 

Está é a 6ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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