14/12/22

Não perca tempo com ansiedade

      “E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?Lucas 12.22-26

      Quando acontecer e se acontecer administraremos como nos for possível, enquanto isso não percamos tempo imaginando e sofrendo com fantasmas, mentiras, demônios e ladrões. Ansiedade é fantasma, não tem corpo físico porque não se realizou no plano material, mas teima em nos assombrar dentro de nós, invisível, em nossos sentimentos e pensamentos. 
      Ansiedade é mentira, não reflete fatos reais, mas suposições, exageradas, negativas, que talvez nunca existam de fato, mas que tentam nos convencer que são nossa realidade. Ansiedade é demônio, que ainda que seja mental e mal, se apossa de nossas almas para se manifestar pelos nossos corpos, nos conduzindo pelo mundo de forma transtornada. 
      Ansiedade é ladrão que rouba nossas energias, impedindo-nos de fazer o que realmente importa, que terá repercussões práticas e objetivas, que é produtivo e bom para nós. Ansiedade se vence com a mesma matéria que ela usou para existir, o nada, não dando a ela qualquer atenção ou importância, como damos à qualquer fruto ruim de imaginação.
      Está preocupado com o que se alimentará, com o que se vestirá ou onde morará? Trabalhe mais no presente, economize e não gaste dinheiro com bobagens, vícios ou vaidades. Está preocupado com tua saúde? Se alimente melhor, faça exercícios, se puder pague um convênio médico, fique em paz e não permita que ansiedade instale em você doenças.
      Está preocupado com teus filhos? Dê o melhor para eles em estudo, o que puder em lazer, mas tudo que pode em companhia que os cria de perto e não entrega essa tarefa a outros. Está preocupado com que os outros pensam de você? Aproxime-se mais de Deus, conheça-o, obedeça-o, agrade-se da eternidade, e o mundo e os homens perderão relevância. 
      Cuidado, ansiedade não é preocupação sadia, mas imaginação doentia, que nos leva a ser não o que somos de melhor, mas o que temos de pior, numa disposição apressada e manipulada. Vencemos ansiedade recebendo paz de Deus e a segurando, vigiando na santidade e no amor, olhando para cima, fazendo o que Deus deseja, não o que a ansiedade nos pede. 

13/12/22

Vigilância, escolha que dá trabalho

      “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.Salmos 5.3

      Muitos se dão a muitos trabalhos, menos ao mais importante, vigiar em Deus pelas eternas virtudes morais. Assim, trabalham até estarem exaustos para terem riquezas materiais, mas não têm tempo para serem misericordiosos, estão sempre disponíveis e corajosos para empreenderem neste mundo, mas por isso se acham no direito de abrirem mão da santidade. Se informam, estudam, mantêm-se atualizados sobre tecnologias e modernidades, vivem pelo que seus olhos veem, desejam o que seus olhos veem, julgam os outros pelo que seus olhos veem, mas não descobriram ainda a aventura de viver pela fé, crendo num Deus invisível que tem o melhor para eles no outro mundo. 
      Ser santo e humilde dá trabalho, ninguém pratica essas virtudes vivendo de qualquer maneira, ainda que assíduo em cultos, ainda que ensinando e pregando a Bíblia, ainda que ministrando o louvor no canto e no instrumento, nenhum trabalho substitui o trabalho de vigilância por santidade e humildade. Por isso o evangelho exorta que aos ricos há dificuldades para entrar no reino de Deus (Lucas 18.25), assim como para ser sábio para Deus precisa-se ser louco para mundo (I Coríntios 3.18). “Nenhum servo pode servir dois senhores, porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro” (Lucas 16.13a), não se pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. 
      Aqueles que seguem religiões orientais, como hinduísmo e budismo, sabem da importância de abdicar de certos direitos para vivenciar outros, sem renúncia neste mundo não nos preparamos adequadamente para o outro. Por isso essa teologia da prosperidade é inviável, é possível ser rico como cristão? Sim, trabalhando muito como qualquer outra pessoa, e como cristão pressupõe-se trabalho honesto. Mas podemos ser santos e humildes tendo esse foco de vida? Alguns até conseguem, mas isso não é e nem precisa ser para todos, contudo, por não aceitarem isso é que muitos param de vigiar, se tornam adoradores de Mamon, e criam um cristianismo herege para seguirem.

12/12/22

Sob rédeas curtas

      “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.Apocalipse 3.8

      Enquanto a única maneira de nos mantermos santos e vigilantes, for estarmos passando por uma tribulação, onde um problema não está resolvido, e estamos esperando uma resposta que só Deus pode nos dar, teremos necessidade de experimentar uma dor que só pode ser superada com vida de oração e humildade. Filhos rebeldes, volúveis, facilmente seduzíveis pelos vícios da carne, precisam ser mantidos com rédeas curtas pelo pai, não porque o pai goste disso, mas porque não existe outro jeito, se não for assim os filhos se perderão nos prazeres ilusórios da morte. 
      Infelizmente, muitos de nós, e eu me incluo entre esses, só tomam jeito quando não acham mais prazer no pecado, assim não têm outra saída senão manterem as virtudes morais pelo Espírito Santo. Podemos passar anos de nossas vidas assim, vivendo de qualquer jeito, ainda que frequentando cultos, e só buscando mais consagração quando um problema muito grave nos chega, então, após resolvido o problema, tornamos a viver de qualquer jeito. Mas isso tem um fim, Deus não pode permitir que nos enganemos para sempre, a vida passa depressa, a morte chega e com ela o juízo. 
      Um dia virá um problema, não sem solução, mas com uma solução que não será fácil de ser mantida, então, a dor será grande e intermitente. Só nos restará uma vida constante de consagração para obtermos o consolo do Espírito Santo, já que nenhum outro prazer do corpo ou do mundo nos consolará mais. Os que não são tão rebeldes, que não amam tanto a matéria, não precisam de um tratamento assim, poderão até ter algumas regalias do mundo, já que eles sabem administrá-las, não se perdem com elas, mantêm-se santos e vigilantes sem necessitarem das rédeas curtas do universo. 
      Se há dor, ela é necessária, o humilde suporta-a do jeito certo, teme a Deus, vigia na mente, domina desejos, escolhe mudar de vida e se mantém firme nessa decisão, como filho maduro, que tem os olhos em Deus, na eternidade, não neste mundo. O humilde agrada ao pai e é cuidado por ele, honrado por ele, e quando o mundo estiver em trevas e em grande confusão, ainda assim, terá a companhia de uma família simples, mas que o ama e o respeita, que serve a Deus com ele. Há luz para os que buscam a luz, há remédio de alegria para o humilde, que sara toda a dor.

11/12/22

Deus, amigo para conversar (2/2)

      “Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade.” Provérbios 3.32

      Cultivamos amizade com Deus quando conversamos com ele, informalmente, mas com muita calma, com muito respeito, com muito amor e com muita atenção, dizendo aquilo que o próprio Espírito Santo nos orienta dizer. Já tive momentos, seja por estar vivendo um tempo de descanso, seja por estar cansado, ou mesmo desanimado, depois de ter orado por muitos dias ao Senhor e recebido respostas maravilhosas, que pareceu-me não ter mais nada a dizer ao Senhor. Isso não deve nos satisfazer. Como não termos o que dizer para quem sustenta nossas almas? 
      Nesses momentos foi que descobri que podia, devia e precisava, ser mais que soldado ou servo, mas amigo do Senhor, assim, me pus a conversar com o Altíssimo. Ah, meus queridos, quantas coisas Deus tem a revelar aos amigos íntimos, quantos mistérios, quantas respostas que ninguém mais pode nos dar, num diálogo que nos levará a um outro nível de relacionamento com Deus, o de amigos. Todo crescimento exige trabalho, superação de uma zona de conforto, Deus, por outro lado, nunca nos força a nada, devemos querer ser seus amigos, com todo o nosso ser. 
      Descobrir a relevância de ser amigo de Deus está diretamente ligado a ser paciente e procurar uma paz que permanece. Muitas vezes achamos que a oração que nos cura é aquela em que falamos muito, choramos, rimos, enfim, experimentamos fortes emoções, isso é importante, mas não pode ser para sempre. Valorizar experiências com Deus pelos efeitos emocionais que elas deixam, pode ser só buscar desabafo de ansiedades e culpas, o maduro alcançará pela fé a paz e o perdão, entenderá que menos é mais quando se pratica uma amizade tranquila com Deus. 
     Ninguém gosta de gente que fala demais, que não sabe ouvir, que não coloca vírgulas e pontos em diálogos, que só quer desabafar e não conhecer o outro. Deus nos ama sempre, nele não há desgosto, ele também não tem limitações para se compartilhar diretamente conosco, mas ele também precisa de tempo e espaço para se expressar, assim como nós de tempo e espaço para ouvirmos e entendermos o que ele diz. Deus também pode estar querendo nos informar sobre problemas de outros, que precisam de nossas orações, isso devemos escolher ouvir em amor. 
      Cultivarmos amizade com Deus vale mais que sessões de psicoterapia com homens que cobram por minutos conosco. Sem paciência não se ama e sem amor não podemos ser amigos, assim, praticar essa conversa de amizade com o Senhor pede que paremos tudo, fora e dentro de nós, que respiremos fundo, que de preferência estejamos em lugares silenciosos, sem distrações. Tenho aprendido a falar com o Senhor sobre tudo, e entenda que não é mais o momento de pedir, mas de refletir profundamente na vida, tendo um amigo que nos escuta e nos responde. 
      Amigos precisam do nosso melhor tempo, assim, dê tempo ao Espírito Santo para te ouvir e depois te falar. Eu insisto nisso porque o ser humano já passou do tempo de se pôr só como filho e mesmo como servo de Deus. Os tempos em que vivemos, que sob um ponto de vista é um final de era, para não dizer dos tempos, urge por amigos de Deus que sejam luzeiros seus no universo, e quando digo universo abranjo nossa luz não só ao plano físico, mas também ao espiritual. Deus procura amigos como o profeta Daniel (Daniel 10.12), que vigiem pelo seu povo. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

10/12/22

Você é amigo de Deus? (1/2)

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.João 15.15

      Muitos chegam a um terrível momento, quando não há mais nada a dizer a Deus, suas almas se calam e não no silêncio vivo do Espírito, que nos deixa sensíveis para ouvirmos a voz de Deus. Para muitos o silêncio é sintoma de morte, de uma existência que insistiu em desobedecer a vontade do Senhor, que enjoou de ouvir a mesma ordem repetidas vezes porque não a obedecia. Deus não morre, mas está sepultado em certos corações, acharam duro demais serem soldados e servos, não foram isso, nem descobriram o privilégio de serem amigos de Deus.
      O que você tem para falar com Deus quando não tem mais nenhum pedido urgente a fazer, depois que fez os clamores triviais e agradeceu pelo básico? Nada? Você não precisa ter intimidade com um general, com um patrão e muitas vezes nem com um pai, a esses basta respeitar, obedecer, solicitar algum auxílio quando preciso, depois educadamente agradecer. Contudo, com um amigo falamos de tudo, pois queremos estar perto dele, por um amigo mudamos, queremos agradá-lo assim podemos deixar de fazer certas coisas e fazer outras para ter mais conexão com o amigo. 
      Numa relação mais íntima, como a de casamento, indiferente se a relação está legalizada ou não, temos união física, mas nessa, há conexão no corpo, essa união, ainda que próxima, pode não implicar em amizade. O que mantém um casamento por anos não é o sexo, esse é físico, rápido, quanto tempo num dia usamos para uma relação sexual normal? O que mantém um casamento maduro é amizade. Não mudamos por causa de sexo, mas mudamos interiormente por um amigo, porque queremos compartilhar com ele mais que corpo ou metas neste mundo, mas essência moral. 
      Só quando descobrimos que podemos ser amigos de Deus, mais que soldados, servos ou filhos, é que entendemos a santidade e a espiritualidade mais profundas, como amigos dele queremos agradá-lo, sermos parecidos com ele, para podermos usufruir sua intimidade. Na amizade não nos unimos só por assuntos gerais em comum, materiais, mas trocamos substância moral e mesmo espiritual, é claro que numa troca com Deus somos mais beneficiados, ele tem mais a nos dar que nós a ele. Ser amigo de um Deus espiritual é ser um com ele, isso nos transforma de dentro para fora.
      Mas será que só nós somos beneficiados numa amizade com Deus? Quem ama não só dá, e Deus nos ama muito, também recebe. Deus não se torna mais Deus, mais todo-poderoso, mais santo, mais justo, mais bom, com a nossa amizade, mas seu poder, sua santidade, sua justiça e sua bondade se tornam maiores. Numa amizade íntima ganhamos o Espírito de Deus, recebemos suas virtudes que podemos compartilhar com outras pessoas, assim, de uma certa maneira, Deus se expande com a nossa amizade, pode atingir outros seres, tanto quanto nós crescemos com seu amor. 
      Os momentos iniciais de nossas orações nos abençoam, nos perdoam, abençoam nossos familiares e amigos mais próximos, levam contingências ao Senhor, agradecem a Deus pela vida eterna e por uma existência digna neste mundo. Contudo, é no momento da meditação, onde conversamos com Deus com mais calma, que crescemos e podemos abençoar os outros. Na verdade a maioria de nós não faz ideia do que esse momento íntimo com Deus produz, do poder que há em sermos espelhos limpos e disponíveis para receberem a luz de Deus e a refletirem no universo. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

09/12/22

Vestidos, despidos e revestidos

      “Pois sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação celestial; se, de fato, formos encontrados vestidos e não nus.” II Coríntios 5.1-3

      Um ser humano adulto e mentalmente sadio, tem naturalmente um pudor que o faz proteger sua nudez de pessoas e de lugares inadequados. Quem é pego com as partes íntimas à mostra sente-se envergonhado, só crianças inocentes e insanos não possuem esse pudor. Por isso Apocalipse 16.15, “eis que venho como ladrão, bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas roupas, para que não ande nu e não se vejam as suas vergonhas”, usa isso como simbologia para ensinar sobre quem for pego moralmente despido, despreparado em obras de virtudes elevadas no juízo.
      No juízo, pelo qual todos nós passaremos no plano espiritual, Deus nos avaliará pelas virtudes morais que tivermos conseguido anexar aos nossos espíritos por meio de persistentes obras. O texto de II Coríntios 9.6, “que o que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”, apesar do contexto se referir a coleta de bens materiais para necessitados, pode ser usado também para a prática de virtudes morais de forma geral, e nisso um aspecto nos chama a atenção, essa prática é por livre arbítrio, não por obrigação para sair do inferno. 
      Sabermos que semear mais ou menos é escolha nossa, e que isso implicará em “galardões” espirituais recebidos na eternidade, nos leva a ver a vida como um estado constante de vigilância, onde pode-se verificar necessidades e se dispor a atendê-las, ainda que não sejam aos olhos do mundo nossas responsabilidades. Enfim, não há momento para descanso enquanto estivermos vivos, Deus sempre nos desafiará com algo bom que podemos fazer para servirmos ao próximo em amor. Isso é nos revestirmos para não sermos achados moralmente nus no juízo. 
      Paulo reflete mais sobre esse ensino no texto bíblico inicial, usando a mesma simbologia. Casa terrestre e tabernáculo são símbolos para nossos corpos físicos, desse modo ele fala de morte do corpo e de um sentimento intrínseco a todo ser humano que tem vida neste mundo em comunhão com Deus, estar insatisfeito com esta vida e desejar ardentemente a outra. Assim, enquanto devemos ser vestidos por virtudes morais seremos despidos da capa grosseira e vã da matéria para sermos revestidos de um novo corpo espiritual. Seguindo, em II Coríntios 5.3-6Paulo reafirma o ensino: 
      “Pois nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, dando-nos o penhor do Espírito. Por isso, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor.” Quem nos chama para o revestimento e nos alerta sobre a temporariedade da matéria é o Espírito Santo, por isso viver o evangelho só no intelecto, não dando liberdade ao Espírito, limita nossa ótica de vida com Deus.
      O que nos satisfaz? Prazeres do corpo físico, comida, bebida, sexo? O que faz com que nos sintamos vestidos e protegidos? Boas e caras roupas, carros grandes, casas espaçosas? Ou lá dentro de nós existe, percebemos e valorizamos, uma saudade do Senhor, saudade de alguém, que apesar de estar vivo dentro de nós pelo Espírito Santo, ansiamos conhecer mais diretamente, sem véus, sem filtros? O que nos define como bons seres humanos não são riquezas deste mundo, mas esse desejo, que revela onde de fato onde está nosso coração, se em Mamon (Mateus 6.24) ou em Deus. 
      Novamente dou uma orientação, e acreditem, se eu tivesse autoridade daria uma séria exortação, visto a importância disso, mas não me foi dado esse direito, assim só sugiro: busquem experiências reais e maduras com os dons do Espírito Santo citados em I Coríntios 12. Paulo não proíbe os dons, muitos menos o de línguas espirituais, só orienta como usá-los com sabedoria. Sei que muitos que não querem os dons o fazem baseados no uso equivocado e imaturo que muitos chamados pentecostais fazem deles, mas isso não é desculpa. Dons do Espírito são chave para a verdade, creiam! 

08/12/22

Obediência com ou sem livramento

      “E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.Gênesis 22.1-3

      Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, Deus dá a Abraão um filho em sua velhice e promete que desse filho nações seriam geradas, Deus faz o milagre, mas depois Deus pede que Abraão sacrifique esse milagre. O que foi mais provado em Abraão nessa experiência, sua fé? Não sei. Ele sabia que Deus poderia mudar de ideia? Acho que não, nós sabemos hoje porque conhecemos essa história pela Bíblia. Ele sabia que do jeito que Deus deu a ele um milagre em Isaque poderia dar outro milagre por outro filho? Talvez. O importante é que Abraão obedeceu, indiferente do que acarretaria obedecer à ordem, assim penso que o que mais foi provado em Abraão foi sua obediência imediata a Deus.
      Mesmo a fé forte e sincera pode ser usada para gerar conjecturas, mais para imaginar possibilidades, e assim, para achar saídas para possíveis consequências de uma ordem de Deus que foi obedecida. Mas e se Deus deixasse que o sacrifício ocorresse e não desse mais a Abraão filhos? Então, a promessa que Deus fez, que de Abraão nasceriam nações (Gênesis 15.1-6) não ocorreria. Deus seria menos Deus por isso? Não, Deus sempre sabe o que e como faz. Mas Deus não age de forma tão complexa que o homem não possa entender, Deus é simples e direto, e o que ele verdadeiramente promete ele cumpre. Saber isso poderia ter dado a Abraão fé para obedecer sem pestanejar, ainda que amasse Isaque. 
      Tenho aprendido, pelo menos até agora, que quando Deus quer que façamos uma coisa, por mais difícil que pareça, o Espírito Santo nos inclina para fazer essa coisa com paz e alegria, essa aprovação vem quase que imediatamente. Contudo, algumas coisas podem não ser a princípio tão fáceis e prazerosas, assim se Deus manda fazer não sentiremos a princípio algo bom. Nessa situação precisamos buscar com mais persistência a força do Senhor para obedecer. Abraão não deve ter sentido prazer em ter que fazer aquele sacrifício, justamente de seu filho único, algo tão importante para ele, mas ele obedeceu. Isso nos faz pensar que existem coisas que fazemos não com prazer, mas só por fé.
      Espiritualidade “nível dois” foi a que teve Abraão. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16.27), esse versículo pode se referir a obras feitas nesse nível, que podem ser as que mais farão diferença na eternidade quando formos avaliados. Contudo, tenhamos cuidado, se sentirmos algo bom pode nos levar a agir sem pensar, por outro lado se tivermos uma visão distorcida da vida, se acharmos identidade em sofrimento, em nos fazermos de vítimas, isso também pode nos levar a fazer algo sem orar, só porque beneficiará os outros, não a nós mesmos. Na dúvida, ore mais, e se Deus pedir, espere antes de fazer. 
      Admiro Abraão, gostaria de chegar ao nível de espiritualidade dele, obedecer ainda que para sacrificar aquilo de mais precioso que tenho, e mesmo com a certeza que isso não será restabelecido. Isso é fé, não no livramento, mas que a vontade de Deus é sempre a melhor, ainda que percamos um direito dado a nós pelo próprio Deus. Tenhamos cuidado, coragem nem sempre reflete lucidez, mas irresponsabilidade tola, Deus não pede isso de nós, contudo, podemos escolher servir os outros em amor de forma prática, mesmo que não seja agradável. O valor de nossas escolhas, quem de fato quisemos servir e honrar com elas, só na eternidade saberemos, quando o Filho do homem vier na glória de seu Pai.

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jeremias 10.23 

José Osório de Souza, 27/11/2021