18/12/22

Pés e ouvidos limpos (2/7)

      “E se em qualquer cidade vos não receberem, saindo vós dali, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.Lucas 9.5
       “Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.” “Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo.João 13.4-5, 10a

     Andamos pelo mundo, temos que fazer isso, estudando, trabalhando, casando, criando filhos. Mesmo fazendo evangelismo andamos no mundo e nos expomos, pisamos lugares e ouvimos muitas coisas. É natural que nessa interação sujemos pés e ouvidos, às vezes sem querermos, às vezes sem sabermos. Não exageremos, não estou dizendo que devemos demonizar tudo, mas uma oração simples e direta, pedindo que mal desconhecido seja retirado de nós, pode bastar para lavarmos pés e ouvidos morais, que representam nosso contato muitas vezes acidental com o pecado.
      Algo importante a saber é que em casa e nos templos, os espaços são protegidos por cobertura de oração e consagração, são locais guardados por anjos enviados pelo Altíssimo, contudo, ruas e lugares públicos são “terra de ninguém”, neles espíritos das trevas têm mais liberdade para agir. É sábio orarmos para nos limparmos não só de pecados objetivos, mas também de más influências que podem “grudar” em nós e nos acompanhar das ruas para nossas casas. Contudo, nossos lares e nossas igrejas são protegidos enquanto há vigilância, se não houver, podem virar também “terra de ninguém”. 

17/12/22

Intenções limpas (1/7)

      “Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas.Provérbios 2.6-9

      Ninguém se engane, quem deseja de fato o Deus verdadeiro o quer para ser alguém melhor, não por outro motivo. Querer Deus com a melhor intenção é desejá-lo para ser um ser humano mais calmo, mais honesto, mais produtivo, mais misericordioso, mais limpo. Quem busca religião com outra intenção, para ter vantagens materiais, para ter um grupo social, mesmo para se vingar de alguém ou por pura curiosidade sobre o mundo espiritual, poderá achar seres espirituais e homens enganadores, não Deus, por isso não ficará em religião por muito tempo. 
      Santidade inteligente e equilibrada, que não é só abstinência de apetites físicos, de comer, de beber, de fumar e de se relacionar sexualmente, é imprescindível no íntimo de quem de fato quer conhecer e ser abençoado pelo Senhor. Isso é encontrar a sabedoria mais alta e entender as boas veredas, nesse caminho há escudo e proteção, há revelação de mistérios aos que buscam vidas limpas em comunhão com Deus. Se alguém não consegue entender ou viver isso, mas deseja, peça a Deus que o ajude, mas peça com fé e persevere nessa busca, Deus é real e fiel. 

16/12/22

Vencendo o mal na origem

      “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiaisEfésios 6.12

      Por mais de uma vez aqui no blog, me coloquei contra uma interpretação rasa de Efésios 6.12, que tenta jogar no “diabo” a culpa por livre arbítrio humano mal usado. Quem escolhe pecar somos nós sempre, ainda que existam seres malignos espirituais que nos deem sugestões para isso e que tenham algum prazer em nos tentar e em nos ver cair em tentação. Mas será que no texto bíblico inicial Paulo se refere à luta trivial que todos os seres humanos travam com suas fraquezas básicas, com as quais demônios menores vibram em simpatia? Ou será que fala de algo mais?
      Os termos principados, potestades, príncipes das trevas, hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais, são muito fortes, não se referem a demônios “comuns”, ele fala de líderes malignos. Paulo podia receber ataque no nível de seu quilate espiritual, não só como um indivíduo tentando andar certo no mundo, mas como fundador de igrejas, portanto, se colocando, não como “soldado”, mas como “oficial”, em guerra contra as trevas. Mas não é assim com todos nós, nem poderíamos e nem precisamos enfrentar opositores do nível dos citados no texto bíblico inicial.
      O que vou compartilhar talvez não seja o teu problema, mas é o meu, e penso que de muitas pessoas. Tenho uma mente bem “sensível”, com isso não quero dizer que sou elegante como deveria ser com os outros, sensibilidade não é amor ou educação social. Levei muito tempo para entender que ferramentas mais precisas necessitam de manuseio mais cuidadoso. Quando compreendi que Deus pedia de mim consagração e oração constantes, o Senhor me ensinou coisas maravilhosas, tive vitórias pessoais que busquei por anos, pude ser mais útil aos outros. 
      Essa “sensibilidade”, que quando é permitida por Deus é coerente com todo o nosso ser, todas as nossas especificações, no corpo, na mente, no emocional e no espírito, se harmonizam para usá-la, nos leva a entender a existência de uma maneira mais espiritualizada. Isso não nos faz melhores, mas com certeza exige de nós mais responsabilidades, assim vemos não só a vida de um ponto de vista material e imediato, mas espiritual e eterno. Isso também nos leva a guerras mais direcionadas, nessa ótica sabemos que nossos principais inimigos não são homens no mundo.
      Muitas enfermidades mentais podem ser essa “sensibilidade” espiritual mal administrada (e como sempre digo, não sou profissional de área psiquiátrica). Isso é ferramenta negligenciada voltando-se contra seu dono. O importante de se discernir isso é usar arma certa para inimigo certo, vencendo guerra espiritual na origem, nossa mente. Ambiente mental sujo e desorganizado é propício para instalação de demônios e doenças, manter-nos limpos, humildes e cheios do Espírito Santo, nos fortalece para que impeçamos que setas mentais do mal se tornem ações e palavras. 
      Citei três coisas relevantes para sermos fortes, mas penso que humildade pode ser até mais importante que santidade e unção, porque muitos se achando santos e ungidos o suficiente, se acham poderosos espiritualmente, podendo assim perderem a lucidez e até a sanidade. É a humildade que nos dá respeito, pelos nossos limites, com temor a Deus e em amor que serve ao próximo, não às nossas vaidades. A humildade sempre deve vigiar nossos conhecimentos e experiências, para que eles não nos afastem de Deus e nos aproximem de quem ama o orgulho, o diabo.
      A carta de Tiago dá muitas orientações sobre a “língua”, sobre o que falamos, contudo, nossos ouvidos devem ser tratados com igual cuidado. Muitas coisas não temos como não ouvir, mas podemos caminhar neste mundo de tal maneira vigilantes, que o que entra pelos nossos ouvidos não permaneça e ache em nossas mentes espaço e tempo para gerar coisas ruins. “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6.18), mantenhamos a mente cheia das coisas certas. 

15/12/22

Amemos com paciência

      “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito.Eclesiastes 7.8

      Alguns não precisam nem de elogio, nem de condenação, só precisam ser deixados sozinhos. Mas talvez a dificuldade maior nisso, não seja do outro fazer uma escolha, mas de nós, que vemos e amamos alguém, que gostaríamos muito de agir no auxílio de alguém, respeitar a escolha do outro. Deus tem me falado muito nos últimos tempos sobre paciência, tenho feito várias reflexões sobre isso, mas além de ser atitude mansa que vence a ansiedade e confia em Deus, é disposição essencial para exercermos amor no tempo. 
      Amar não é fácil, esperar para demonstrar amor é ainda mais difícil, mas isso demonstra respeito pela escolha do outro. Amar também é respeitar, ainda que seja uma escolha que deixa claro que alguém quer distância e não quer ser ajudado. Não paramos de amar por causa disso, mas esperamos, esperançosos que a pessoa esteja pronta para ser ajudada, isso nem precisa ser feito por nós. Amar é orar para que o outro queira auxílio e seja ajudado, querendo o bem do outro, não o prevalecer do que achamos ser esse bem.
      Pode haver desejo de vingança escondido por trás de intenção de ajudar o outro, que leva-nos a pensar assim, “não falei que você estava errado e que ia se dar mal? agora tomou jeito, fez o que eu disse que você deveria fazer”, isso não é amor. Esse falso amor quer dominar o outro para satisfazer a vaidade de ver seu ponto de vista prevalecer. Quem ama não se impõe, mas chora pelo que erra e se alegra quando ele acerta, com humildade e discrição. Vigiemos em amor pela oração para que alguém se acerte em seu tempo certo. 
      Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas, no início há ansiedade, medo que algo dê errado, mas o que sabe amar sempre esperará o melhor, de si, dos outros, de Deus. Melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito, o altivo acha ter controle sobre as coisas, mas está só com seu ego, não se quebranta para Deus e não confia naquele que pode abençoar os homens. Com paciência passemos por esse mundo, por essa existência, pelas vidas das pessoas, pacientemente amemos, isso é viver o céu na Terra. 

14/12/22

Não perca tempo com ansiedade

      “E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?Lucas 12.22-26

      Quando acontecer e se acontecer administraremos como nos for possível, enquanto isso não percamos tempo imaginando e sofrendo com fantasmas, mentiras, demônios e ladrões. Ansiedade é fantasma, não tem corpo físico porque não se realizou no plano material, mas teima em nos assombrar dentro de nós, invisível, em nossos sentimentos e pensamentos. 
      Ansiedade é mentira, não reflete fatos reais, mas suposições, exageradas, negativas, que talvez nunca existam de fato, mas que tentam nos convencer que são nossa realidade. Ansiedade é demônio, que ainda que seja mental e mal, se apossa de nossas almas para se manifestar pelos nossos corpos, nos conduzindo pelo mundo de forma transtornada. 
      Ansiedade é ladrão que rouba nossas energias, impedindo-nos de fazer o que realmente importa, que terá repercussões práticas e objetivas, que é produtivo e bom para nós. Ansiedade se vence com a mesma matéria que ela usou para existir, o nada, não dando a ela qualquer atenção ou importância, como damos à qualquer fruto ruim de imaginação.
      Está preocupado com o que se alimentará, com o que se vestirá ou onde morará? Trabalhe mais no presente, economize e não gaste dinheiro com bobagens, vícios ou vaidades. Está preocupado com tua saúde? Se alimente melhor, faça exercícios, se puder pague um convênio médico, fique em paz e não permita que ansiedade instale em você doenças.
      Está preocupado com teus filhos? Dê o melhor para eles em estudo, o que puder em lazer, mas tudo que pode em companhia que os cria de perto e não entrega essa tarefa a outros. Está preocupado com que os outros pensam de você? Aproxime-se mais de Deus, conheça-o, obedeça-o, agrade-se da eternidade, e o mundo e os homens perderão relevância. 
      Cuidado, ansiedade não é preocupação sadia, mas imaginação doentia, que nos leva a ser não o que somos de melhor, mas o que temos de pior, numa disposição apressada e manipulada. Vencemos ansiedade recebendo paz de Deus e a segurando, vigiando na santidade e no amor, olhando para cima, fazendo o que Deus deseja, não o que a ansiedade nos pede. 

13/12/22

Vigilância, escolha que dá trabalho

      “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.Salmos 5.3

      Muitos se dão a muitos trabalhos, menos ao mais importante, vigiar em Deus pelas eternas virtudes morais. Assim, trabalham até estarem exaustos para terem riquezas materiais, mas não têm tempo para serem misericordiosos, estão sempre disponíveis e corajosos para empreenderem neste mundo, mas por isso se acham no direito de abrirem mão da santidade. Se informam, estudam, mantêm-se atualizados sobre tecnologias e modernidades, vivem pelo que seus olhos veem, desejam o que seus olhos veem, julgam os outros pelo que seus olhos veem, mas não descobriram ainda a aventura de viver pela fé, crendo num Deus invisível que tem o melhor para eles no outro mundo. 
      Ser santo e humilde dá trabalho, ninguém pratica essas virtudes vivendo de qualquer maneira, ainda que assíduo em cultos, ainda que ensinando e pregando a Bíblia, ainda que ministrando o louvor no canto e no instrumento, nenhum trabalho substitui o trabalho de vigilância por santidade e humildade. Por isso o evangelho exorta que aos ricos há dificuldades para entrar no reino de Deus (Lucas 18.25), assim como para ser sábio para Deus precisa-se ser louco para mundo (I Coríntios 3.18). “Nenhum servo pode servir dois senhores, porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro” (Lucas 16.13a), não se pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. 
      Aqueles que seguem religiões orientais, como hinduísmo e budismo, sabem da importância de abdicar de certos direitos para vivenciar outros, sem renúncia neste mundo não nos preparamos adequadamente para o outro. Por isso essa teologia da prosperidade é inviável, é possível ser rico como cristão? Sim, trabalhando muito como qualquer outra pessoa, e como cristão pressupõe-se trabalho honesto. Mas podemos ser santos e humildes tendo esse foco de vida? Alguns até conseguem, mas isso não é e nem precisa ser para todos, contudo, por não aceitarem isso é que muitos param de vigiar, se tornam adoradores de Mamon, e criam um cristianismo herege para seguirem.

12/12/22

Sob rédeas curtas

      “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.Apocalipse 3.8

      Enquanto a única maneira de nos mantermos santos e vigilantes, for estarmos passando por uma tribulação, onde um problema não está resolvido, e estamos esperando uma resposta que só Deus pode nos dar, teremos necessidade de experimentar uma dor que só pode ser superada com vida de oração e humildade. Filhos rebeldes, volúveis, facilmente seduzíveis pelos vícios da carne, precisam ser mantidos com rédeas curtas pelo pai, não porque o pai goste disso, mas porque não existe outro jeito, se não for assim os filhos se perderão nos prazeres ilusórios da morte. 
      Infelizmente, muitos de nós, e eu me incluo entre esses, só tomam jeito quando não acham mais prazer no pecado, assim não têm outra saída senão manterem as virtudes morais pelo Espírito Santo. Podemos passar anos de nossas vidas assim, vivendo de qualquer jeito, ainda que frequentando cultos, e só buscando mais consagração quando um problema muito grave nos chega, então, após resolvido o problema, tornamos a viver de qualquer jeito. Mas isso tem um fim, Deus não pode permitir que nos enganemos para sempre, a vida passa depressa, a morte chega e com ela o juízo. 
      Um dia virá um problema, não sem solução, mas com uma solução que não será fácil de ser mantida, então, a dor será grande e intermitente. Só nos restará uma vida constante de consagração para obtermos o consolo do Espírito Santo, já que nenhum outro prazer do corpo ou do mundo nos consolará mais. Os que não são tão rebeldes, que não amam tanto a matéria, não precisam de um tratamento assim, poderão até ter algumas regalias do mundo, já que eles sabem administrá-las, não se perdem com elas, mantêm-se santos e vigilantes sem necessitarem das rédeas curtas do universo. 
      Se há dor, ela é necessária, o humilde suporta-a do jeito certo, teme a Deus, vigia na mente, domina desejos, escolhe mudar de vida e se mantém firme nessa decisão, como filho maduro, que tem os olhos em Deus, na eternidade, não neste mundo. O humilde agrada ao pai e é cuidado por ele, honrado por ele, e quando o mundo estiver em trevas e em grande confusão, ainda assim, terá a companhia de uma família simples, mas que o ama e o respeita, que serve a Deus com ele. Há luz para os que buscam a luz, há remédio de alegria para o humilde, que sara toda a dor.