24/06/23

Sorte e intuição

      “O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha sorte. As minhas divisas caíram em lugares agradáveis; é linda a minha herança. Bendigo o Senhor , que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando ele à minha direita, não serei abalado.Salmos 16.5-8

      Sorte é uma facilidade que muitas pessoas dizem ter para serem beneficiadas em empreendimentos onde entram sem nenhum conhecimento prévio se podem ser bem sucedidas ou não. É preciso haver algo desconhecido, imprevisível, para haver sorte, já que se sabemos que existe uma probabilidade maior de algo ser benéfico para nós não precisaremos de sorte. Intuição pode estar relacionada à sorte, quem nela crê se diz beneficiado numa escolha, onde não há conhecimento de qual é a melhor escolha, ouvindo uma voz interior que passa-lhe a informação da escolha mais acertada. 
      O que diferencia intuição de outra informação ou capacitação qualquer, que está disponível para todos, que é inteligível e medível, portanto, não dependendo de sorte, é que a origem da intuição é desconhecida, assim como subjetiva, cada pessoa intui de seu jeito e esse jeito não pode ser ensinado ou passado para outra pessoa. Por incrível que pareça pessoas em polos opostos não creem em sorte e em intuição, os materialistas e devotos da ciência e os cristãos e devotos de Deus, para um extremo sorte e intuição não existem, para o outro não são aprovados pelo Senhor.
      A verdade é que quem teme a Deus e nele confia sempre tem sorte, assim como tem a intuição que mostra-lhe qual escolha fazer para que seja bem sucedido. Sorte é ter a vontade de Deus a seu favor, intuição é ter discernimento para ouvir a orientação do Espírito Santo. Isso significa que o que teme a Deus e nele confia pode comprar um bilhete da loteria que será premiado? Não, quem tem sorte e intuição de Deus não precisa de prêmio de loteria. O pecado da sorte e da intuição é entronizar o ego com a finalidade de ganhar riquezas materiais sem permissão do melhor de Deus. 
      Contudo algo estranho pode ocorrer, pessoas que não possuem relação lúcida com Deus terem sorte e serem sensíveis à intuição, enquanto que outras, com vidas de constante busca a Deus, serem azaradas e surdas à intuição. Não podemos generalizar a maneira como Deus trabalha nas vidas das pessoas, muito menos prender as pessoas em caixas, a existência pode ser complexa e repleta de variáveis. Mas vendo intuição como ouvir uma voz espiritual, não só uma invenção mental, e sabendo que Deus fala com todos, quem acata o Senhor, quem ouve sua intuição, escolhe melhor.
      Mas não é só o Espírito Santo que fala, espíritos malignos também falam, ouvi-los não necessariamente nos levará a viver algo ruim, não em curto ou médio prazo, mas não será bênção duradoura que levaremos à eternidade. Creio em intuição como ouvir uma voz espiritual, mas mesmo alguns bons crentes têm muita dificuldade de usar sua intuição, parece que ainda que vigiem na vida moral, conheçam a Bíblia e sejam assíduos em cultos, não conseguem discernir a voz do Espírito Santo, não com facilidade. Esses têm muita dificuldade de manifestarem dons espirituais, são racionais demais.
      Alguns nascem mais espiritualizados que outros, penso assim, e não confundamos espiritualidade com moralidade. Há céticos mais morais que muitos espiritualizados, e há cristãos morais e ainda assim não espirituais. O espiritual pode fraquejar por muito tempo, mas um dia sempre consegue viver um padrão moral que agrada a Deus dando glória a ele por isso. Por outro lado, pessoas que seguraram por muito tempo um padrão moral alto, não sendo espirituais viveram esse padrão só pelas próprias forças, e quem vive por si sempre acaba querendo honra para si, não para Deus.
      Racionais demais, cuidado! Ainda que sejam religiosos vivem religiões do jeito errado, se fiam no que pode ser visto e aprovado pelo homem, não provam o mistério da fé, não ouvem a intuição, não se alegram por terem a luz mais alta consolando seus espíritos, vocês não se casaram com o Deus da sorte e não ouvem a voz de seu Espírito. Mas quem no fundo de seu ser teme a Deus verá a sorte sorrindo para si, ouvirá a voz de Deus mesmo no vale da sombra da morte, ainda que seja humilhado, no tempo certo será exaltado, não verá intuição como talento pessoal, mas como dom de Deus. 

23/06/23

O ponto de vista correto

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.João 2.23-25

      Só podemos de fato ser espirituais se vermos a existência sob o ponto de vista de Deus. Se tentarmos ver a existência, ainda que sob uma ótica cristã, mas usando um ponto de vista nosso, poderemos até desejar ser religiosos, espirituais, santos, justos, mas ainda será um ponto de vista humano. O ponto de vista humano nunca conduz ao equilíbrio, sempre nos joga nos extremos, o homem é incapaz, só por ele, de ser equilibrado, ele sempre tende a extremismos, seja para um lado, seja para o outro. Entretanto, o ponto de vista de Deus, apesar de ser simples, reto e direto, pode ser de difícil entendimento quando nossos corações estão orgulhosos e vaidosos, quando queremos aparência externa mais que essência interna.
      Pela aparência amamos a matéria, não o Espírito, nos baseamos nos homens, não em Deus, obedecemos à religião, não a Jesus. Pela aparência queremos viver para nós mesmos, não morrermos para nosso ego, mas poderemos nos matar no mundo, e isso pode ser feito de várias formas, perdendo a oportunidade de escolhermos a vida eterna. Nas igrejas cristãs depois que recebemos o leite espiritual para começarmos a andar com Deus, e estou citando igrejas cristãs pois é a minha experiência, onde Jesus me chamou e me trouxe até aqui em paz, nesse lugar precisamos iniciar aprendendo sobre Deus debaixo de pontos de vista humano, nada há de errado nisso, ninguém nasce pronto, todos precisamos dos outros. 
      Contudo, à medida que amadurecemos, que conhecemos mais a Bíblia, que entendemos que ainda que debaixo de pastores e igrejas estamos antes de tudo debaixo de Deus, somos conduzidos a compreendermos as coisas sob um ponto de vista mais elevado. É assim e precisa ser assim, todavia, diante do desafio que o Espírito Santo nos faz, uma de três escolhas podemos fazer. A primeira é a mais fácil, aceitarmos imperfeições de igrejas e lideranças cristãs, mas seguirmos acatando-as. A segunda é mais difícil, ainda que frequentando igrejas e respeitando pastores, empreendermos uma busca pessoal para recebermos mais de Deus. Isso não é só outra escolha, é a única forma de nos fortalecermos para fazermos a vontade de Deus. 
      Todavia, alguns fazem uma terceira escolha, essa é a mais não assumida, ao verem as imperfeições humanas nas religiões, se revoltam contra Deus e não ficam nem nas igrejas e nem fazem uma busca pessoal para saberem mais de Deus. Esses jogarão a culpa por suas insatisfações nos homens e em Deus, não neles, e há muitos que até ficam em igrejas assim, mas revoltados, infrutíferos e frios, enganando a si mesmos e aos outros. Você sabe qual é o ponto de vista de Deus sobre a tua vida, sobre as igrejas, sobre as religiões, sobre os homens? É sempre um ponto de vista de amor, de paciência, de misericórdia, mas que não nos deixa parados, antes nos chama sempre para sabermos e praticarmos mais em sua luz.

22/06/23

Espiritualidade genuína é equilibrada

      “Cada um será louvado segundo o seu entendimento, mas quem tem coração perverso será desprezado. Melhor é ser modesto e fazer o seu trabalho do que engrandecer a si mesmo e não ter o que comer.Provérbios 12.8-9

      Já soube de homens que começaram espirituais, com experiências legítimas com Deus, vigilantes na santidade, mas que depois se desviaram. Não, eles não voltaram para mundo, nem se tornaram presas dos vícios do corpo, mas ficaram tão obcecados por espiritualidade e santidade que se tornaram seus próprios deuses. Como falsos deuses exigiram deles mais até que o verdadeiro Deus pedia, em sacrifícios e insulamentos, e ninguém se engane achando que o mal está só nos excessos materiais. O mal está no excesso, seja ele à esquerda ou à direita. Sei que muitos têm dificuldades para entender isso, mas como sempre, Jesus nos ensina o caminho do equilíbrio, que nos livra de qualquer espécie de obsessão. 
      Algo que revela quando o ser humano se desvia para um excesso que o torna obsessivo, é o isolamento social. Na busca de limpeza moral sem o Espírito Santo, pois todo que ouve às suas próprias referências mais que a Deus fecha os ouvidos para o Espírito, o homem se isola de outros homens para não ser tentado pelos apetites do corpo. Jesus orava, muito, se consagrava, o tempo todo, mas era sensível e obediente à voz do Espírito, assim sabia que sua qualidade moral e espiritual só seria útil se convivesse com as pessoas. Servo é chamado para servir, a quem? Aos seus semelhantes. No isolamento pode até haver menos tentações, mas não seremos úteis para Deus, somos chamados para servir nossos semelhantes. 
      Temos registros de encontros, de aulas, de pregações de Jesus falando sobre a nova aliança para entrar no reino de Deus, mas os evangelhos também citam festas, bodas, refeições com amigos, que o Cristo frequentava. Se de fato tivéssemos um diário completo da vida de Jesus de Nazaré, eu penso que o veríamos bem mais como o homem simples, amigo e alegre que era, ainda que sério quanto às intenções dissimuladas dos homens, assim como focado em sua missão. Jesus não era um religioso obsessivo, com medo do mundo, do pecado, do diabo, não exibia uma espiritualidade pedante, nem uma pseudo-santidade desnecessária, Jesus sabia a vontade de Deus para si e a vivia, sem compromisso com hipocrisias. 
      Não podemos generalizar, nem julgar, a chamada de cada homem só Deus sabe, e se o homem for humilde também saberá. Contudo, a vaidade, sempre ela, principalmente depois que mostramos uma reputação aos homens e esses nos admiram por ela, a vaidade pode levar muitos a estabelecerem suas próprias referências para serem louvados pelos homens. Deus pode pedir de nós recolhimento, mesmo certo distanciamento social, ele sabe de nossos limites e como nos tratar para nos aperfeiçoar, mas servir ao próximo em amor sempre será prioridade de todos que querem servir a Deus, ainda que num grupo social pequeno. Tenhamos cuidado para não nos isolarmos demais, não podemos fugir de nós mesmos. 

21/06/23

Merecemos o que temos

       “Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!Mateus 10.23-24

     A palavra que segue não será bem aceita por todos, mas precisa ser dita, esteja à vontade para concordar. Sei que é não é fácil aceitar, e em muitos casos humanamente impossível, mas todos merecem o que passam na vida. Se alguém recebeu, por mais injusto que pareça e ainda que não tenha feito muito para receber, é porque mereceu receber, se alguém perdeu, ainda que tenha sido algo legítimo conquistado por anos de trabalho honesto, também é porque mereceu perder. Se quem recebeu e quem perdeu administrar isso com humildade e temor a Deus crescerá espiritualmente e receberá muito mais que o que recebeu ou perdeu. Agora, se quem recebeu não administrar isso com temor, nem o que recebeu lhe satisfará, e se o que perdeu não administrar isso com humildade, perderá bem mais que o perdido inicialmente.
      Mas e os pobres que sofrem tanto no mundo, nasceram de um jeito e estão condenados a morrerem, e mais cedo que outros, do mesmo jeito, é justo isso, eles merecem isso? Darei três respostas para essa questão. A primeira é a mais prática: quem pode mais, eu, você e tantos ricos deste mundo, deveriam ajudar esses pobres, assim ajudariam quem é provado na pobreza e cumpririam com justiça suas provas de terem vindo ao mundo fora da pobreza. A segunda é, e apesar de parecer cínica, é a realidade: Deus dá o frio conforme o cobertor, muitos que olhamos como pobres dividem o pouco que têm com semelhantes, não, não têm uma vida melhor como a tua e a minha, mas conseguem viver, e muitos, com certa alegria.
      A terceira resposta é teológica. Pela doutrina cristã tradicional não importa se as pessoas são pobres ou ricas, importa fazerem uma decisão por Cristo como salvador, para terem céu eterno após a morte e cuidado de Deus aqui. Essa doutrina também baseia-se num ensino legítimo do evangelho, em muitas passagens Jesus exorta que ao pobre e ao que não tem amor ao dinheiro é mais fácil ser salvo, assim entendemos sob esse ponto de vista que a pobreza, apesar de ser terrível na Terra, favorece uma eternidade melhor. Isso serve de consolo para todos os pobres? Não. Mas adicionada a esse entendimento temos a teologia neopentecostal da prosperidade, que ensina que os que se convertem podem ser prósperos materialmente. 
      Entretanto, há outra resposta, também teológica, mas não do cristianismo tradicional. Essa contempla mais de uma existência na Terra, assim quem veio pobre numa vida, pode ter vindo rico na anterior e não sabido administrar a riqueza. Por outro lado quem veio rico nesta vida pode ter vindo pobre na outra e ter administrado corretamente a pobreza. Sob esse ponto de vista a vida no mundo nunca é injusta, ainda que tenhamos que superar doutrinas cristãs tradicionais para aceitá-lo. Mas algo é certo, em uma vida ou em várias, o que fazemos certo hoje com o que temos, definirá nosso futuro, assim, temamos a Deus, sejamos humildes e nos esforcemos para melhorarmos moralmente, seja qual for nossa condição material. 

20/06/23

Desensine o algoritmo

      “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.João 17.15-17

      Nem todo costume é vício, mas todo vício é ídolo, a internet hoje conhece nossos ídolos e os usa para nos viciar. Você já deve ter passado pela experiência de uma vez ter procurado no Google por venda de parafusadora sem fio e depois, procurando qualquer outra coisa, parafusadoras sem fim aparecerem de tudo quanto é jeito e em todo lugar, pois bem, isso são os algoritmos da internet trabalhando. Já é de conhecimento geral que páginas da internet armazenam nossas pesquisas e alimentam algoritmos, que depois serão usados para gerarem automaticamente pop-ups, banners, abas e anúncios com publicidade de produtos e outras informações selecionados que possam nos interessar. 
      Obviamente o propósito número um disso é vender e nos fazer comprar, para dar lucros a alguns, assim a internet conhece nossos vícios e os usa a favor de outros. Cada vez que você disponibiliza um dado seu na web, algoritmos são alimentados e você é mas conhecido em milhares de espaços, para ser reconhecido depois com mais facilidade. Pois é, penso que no mundo atual, depois de Deus, websites são quem mais nos conhecem, talvez mais até que nossas famílias, cônjuges, filhos e pais, também pudera, nos abrimos para a internet, compartilhamos intimidades com ela, mais que com qualquer outra pessoa. Talvez seja hora de desensinarmos os algoritmos do mundo moderno e sermos libertos.
      O quanto somos previsíveis? As pessoas sabem o que esperar de nós? Estão certas que repetiremos os mesmos erros? Sempre esperam que nos irritemos demais, que falemos demais, que nos iremos facilmente, que não tenhamos paciência, que reajamos sem pensar através de palavras e atitudes inconvenientes? Se as pessoas nos julgam mal isso é maldade delas, mas nós facilitamos o trabalho dos maus quando os programamos com nossas maldades. Jesus sempre surpreendia, não porque desejasse isso, mas simplesmente porque sempre tinha uma reação de vida, de amor, de pureza, que se opunha à maldade dos homens. O mundo estava tão despreparado para Cristo que o matou.
      Não se pode sair do mundo, muito menos fora do melhor tempo de Deus, mas pode-se ser livrado do mal. Os que são da luz a trazem em si, ainda que se percam por um tempo e na visão de homens, sabem onde querem chegar, não têm medo de chocarem o mundo com suas escolhas pela luz. Ainda que outros tenham até conseguido programar algoritmos sobre nós, em nossas lares, no mundo e mesmo em igrejas, quem conhece e ama a palavra de Deus não teme a verdade, a luz de Deus nos expõe a toda verdade. Quem não foge da verdade é limpo e curado, não agrada algoritmos da matéria, mas é livre no espírito, e o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido (I Coríntios 2.15). 

19/06/23

Estejamos preparados

      “Sejam também vocês pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima.Tiago 5:8 

      A vinda do Senhor está próxima, exorta-nos a palavra em várias passagens, devemos acatar essa exortação, mas eu faço uma pergunta: aproxima-se para quem, para o coletivo ou para o indivíduo? O fim está perto da humanidade ou de você? E se está próximo, o que é? Interessante que o versículo acima não diz, "relaxa, agora falta pouco, o pior já passou", mas ele diz, sejam vocês pacientes e fortaleçam o seu coração, no final devemos estar ainda mais espertos e vigilantes. Se tem algo que nos enfraquece é perda de paciência, acharmos que já fizemos tudo o que podíamos e não precisamos nem podemos fazer mais. Deus é justo, fiel e muito amoroso, se ele pede que aguardemos mais um pouco, ele nos capacita para isso. 
      Já refletimos aqui sobre fim dos tempos e as óticas diferentes que podemos ter desse evento. Resumindo, muita coisa que a Bíblia profetiza pode já ter acontecido e a ótica sobre esse evento, descrita na Bíblia, é a interpretação de homens de Deus sobre experiências com o Deus verdadeiro, isso é certo, mas homens de contextos sociais, religiosos, históricos antigos, com níveis intelectuais e mesmo psicológicos diferentes dos homens de hoje. Mas nesta reflexão o ponto não é fim dos tempos, mas fins de tempos de nossas vidas. Todos nós experimentamos uma vida em fases, acaba uma para iniciar-se outra. A vinda do Senhor está próxima, pode ser uma vinda para encerrar fases de nossas vidas, sendo a morte o fim da última fase. 
      Nunca estamos preparados para fins, fugimos deles, é nosso instinto de sobrevivência falando mais alto, negamos a morte até o último suspiro, e nesse caso é assim que tem que ser. Mas a morte chega, com ela o juízo, confrontando-nos com tudo que somos de fato, que os homens podem não ter visto, que nós tentamos negar a nós mesmos, mas que Deus sabe. Morrer bem é morrer antes, para o orgulho, para prazeres egoístas, para a vingança, para a altivez, já quem vive para tudo isso, morrerá mal. Quem morre mal enfrentará envergonhado a presença do Senhor, desejará fugir da luz. A luz fere os olhos do que fugiu dela durante a vida no mundo, e na eternidade não haverá trevas, só luz, negá-la lá é o que se chama inferno. 
      Não deixe o egoísmo ser abatido só com o corpo, aí será tarde, mas também não mate tua alma de tristeza ainda vivo. Seja feliz em Deus, sendo humilde no trato, amoroso na ação e pacificador na reação. Repita todo dia a si mesmo, quero em mim paz, não guerra, quero para os outros misericórdia, não julgamento, quero para Deus minha persistente santidade, não entregar-me aos vícios. A vinda do Senhor está próxima? Será no mundo como diz a teologia protestante tradicional? Não sabemos. Será no plano espiritual como creem outros religiosos? Não sabemos. Mas nem importa sabermos, importa estarmos preparados, fazendo tudo que nos é possível para perdoarmos e recebermos perdão, pacientes e com o coração fortalecido. Jesus não tarda em vir. 

18/06/23

Enviado, convicto, iluminado (2/2)

      “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.” João 5.43

      Interessante que Jesus, apesar de seu nome ter sido usado para fundar uma das religiões (se não a religião) mais importante, poderosa e duradoura do mundo, teve poucos seguidores mais próximos durante sua vida como homem. Mesmo seus apóstolos não o ajudaram em seus últimos dias antes de sua morte. Uma pergunta precisa ser feita: será que Cristo tinha alguma intenção de fundar uma instituição religiosa? Sendo mais específico: Jesus foi o fundador da igreja católica? Hoje, como espírito, ele aprova o que ela faz? Não, não e não, ainda que ame muito os católicos e os abençoe sempre.
      Em muitas passagens bíblicas lemos registros de Jesus dizendo que não veio em seu nome, que não fazia as coisas para sua glória, que queria mostrar o caminho para outro ser, o nome, a glória e o caminho são os de Deus. Eis um critério de avaliação para separarmos egocêntrico de iluminado. O egocêntrico, mesmo que use o nome de Deus, fundamenta-se em si mesmo, se usa como modelo, se dá exclusividade da verdade, mas talvez até pior que isso, ele anatemiza os outros, demoniza-os. O discurso do egocêntrico nunca contém perdão, amor e misericórdia, só condenação, guerra e destruição. 
      Sim, o nome de Jesus tem poder e ele deixou bem claro isso, contudo, tem poder porque ele abdicou do poder, se anulou, se humilhou, se ofereceu como sacrifício de morte. O poder que o nome de Cristo tem foi adquirido depois de sua vida como homem, não nela. Eis outro critério para separar egocêntrico de iluminado, egocêntrico quer glórias de homens, poder em vida e sem fazer sacrifícios, a não ser dos que considera seus opositores. O louco, convencido e egocêntrico quer a posição, mas não paga os preços por ela, simplesmente porque não tem chamada legítima para ser o que diz ser.
      Jesus, como homem, teve missão legítima e exclusiva de enviado de Deus, tinha uma convicção baseada na verdade e que não se apoiava em aprovação de homens. Ele foi um homem iluminado, e atualmente e para sempre, é um espírito superior, posicionado nas regiões espirituais mais altas da luz do Altíssimo. Quem o tem como amigo não precisa de salvador no mundo, de líder na política, de lugar de fala entre homens. O poder que damos a seres humanos é inversamente proporcional ao poder que damos a Jesus. Para quem Jesus basta, homem egocêntrico não pode enganar.
      O que leva algumas pessoas a desejarem poder? É isso que vemos em muitos que se levantaram na internet e redes sociais, principalmente a favor da direita extremista e equivocada nos últimos anos no Brasil. Alegando liberdade de opinião, de expressão, fake news têm sido criadas para darem palco a troco de ódio, e ódio é argumento de quem quer poder ilegítimo. Pessoas que deveriam ter a humildade de se aceitarem como são e como lhes foi permitidas ser por Deus, negam a si mesmas, negam a Deus, negam o amor, negam o direito, só para aparecerem e terem poder, isso é doentio. 
      É muito triste ver católicos, protestantes, evangélicos, e dando nomes, assembleianos, adventistas, batistas, querendo poder e fama, por serem pessoas psicologicamente doentes, auto-convencidas e egoístas, justamente pessoas que podem ter passado a vida ouvindo de púlpitos palavras bíblicas. Ou são surdas ou são mudas, e digo isso espiritualmente, ou não ouviram o que lhes ensinaram ou não foram ensinadas, ainda que dentro de igrejas. A atual situação política do Brasil e o apoio que muitos cristãos estão dando a um egocêntrico é preocupante, não entenderam ainda o que Cristo ensinou. 
      Sejamos enviados de Deus para testemunhar do amor e da paz por obras e como simples seres humanos, não como políticos ou celebridades em redes sociais. Tenhamos nossa convicção para nós, não precisamos entrar em polêmicas para jogar nossas verdades na cara dos outros, aliás muitos nem precisam saber o que cremos, só precisam de nosso amor e nossa misericórdia. Alcancemos a iluminação espiritual mais alta, essa não está nas religiões exotéricas, mas no lado esotérico delas, que Deus revela aos humildes, santos, preparados e chamados para serem discretamente luzeiros no universo.

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão