26/06/23

Às vezes depende de nós só orar

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.Romanos 12.18

      Às vezes não depende de nós termos paz com algumas pessoas e conseguirmos conviver bem com elas e de perto. Não é porque não erramos e são as pessoas que estão erradas, muitas vezes erramos e muito, mas ocorre que algumas pessoas, por limites delas, não conseguem nos perdoar. No início, a resistência de algumas pessoas nos faz sofrer e muito, se formos honestos poderemos nos culpar, contudo, com o tempo o perdão maior de Deus se assenta em nós entregando-nos a paz que tira do nosso coração toda culpa. Então, passando mais um tempo nós até insistiremos, afinal, Deus já nos perdoou, contudo, as pessoas podem guardar rancores por muito tempo, insistindo em ver em nós as pessoas erradas que não somos mais. 
      No caso de você não ter consciência de ter feito algo errado, e ainda assim certas pessoas teimarem em não te respeitarem, não se faça de vítima e muitos menos guarde mágoa, só respeite, mesmo o direito de alguns de não terem respeito por você. Não guardar mágoa não significa desprezar, e como eu já compartilhei aqui, às vezes pessoas que nos incomodam injustamente é Deus nos chamando para interceder por elas. Pareceria mais fácil gostar de quem gosta da gente e nos afastarmos de quem não gosta, isso pode ser regra social, mas não é como funciona a espiritualidade mais alta de Deus. Nossa missão principal é amar o próximo, ainda que muitos não nos amem e nem saibam que desejamos tudo de melhor para eles. 
       Vivo na própria pele há algum tempo uma experiência com duas pessoas, elas me incomodam muito e de formas diferentes. Com uma delas convivo há décadas, ambos tivemos vidas complicadas, nos ajudamos quando precisávamos? Não, mas não conseguíamos ajudar nem a nós mesmos. Hoje eu mudei, Deus tem aperfeiçoado meu caminho a cada ano, contudo, a pessoa parece que continua igual, me cobrando por algo que só sou agora, mas que ela teima que ainda não sou. A outra pessoa também é de meu círculo familiar, convivo com ela há mais de vinte anos, com essa a coisa é mais estranha, nunca tivemos nenhum atrito direto, mas depois que passo algum tempo com ela fico pesado, suas palavras voltam-me como acusação. 
      Sobre ambas as pessoas o Espírito Santo me dá uma palavra: “elas precisam de você mais que você precisa delas, precisam de seu amor e de sua oração”. Quando aceito essa palavra meu coração se enche de paz, entendo que o incômodo não é para eu me sentir mal, mas para me lembrar de abençoar tais pessoas. Outro entendimento o Espírito me dá, “não pense que tua atitude de abençoar tais pessoas será reconhecida nesta vida, nem espere por isso, na eternidade as coisas serão entendidas”. Assim devem ser nossas reações com muitos, de luz, de amor, em paz, não para mantermos distâncias aqui, ainda que educadas, mas para aproximarmos seres humanos de Deus para a eternidade. Nenhum ato de amor ficará sem recompensa. 

25/06/23

Mistério da fé

      “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa.I Timóteo 3.9

      O texto acima é parte das orientações gerais que Paulo dá a Timóteo sobre administração da igreja local, o versículo inicial orienta especificamente sobre os diáconos, membros selecionados com a finalidade de auxiliarem pastores na área social, dentre outras. Paulo insta algumas vezes em suas epístolas sobre o cuidado que deve haver nas comunidades cristãs, não só com crescimento moral, mas também com necessidades materiais. Dentre orientações relacionadas a casamento e santidade de forma geral, o versículo acima nos chama a atenção por relacionar fé com mistério, palavra que valorizo, ainda que muitos em igrejas pentecostais a vulgarizem sem de fato saberem a profundidade espiritual que ela abarca. 
      Fé é o conceito religioso mais popular, muitos acham que ter fé é ser religioso, é relacionar-se com Deus e com o mundo espiritual. É simples entender o porquê disso em conexões onde não existem provas pelos sentidos físicos e que funcionam a partir de pensamentos e emoções. Quem acredita vê o que não existe, ou que pelo menos ainda não existe, ouve o que gravadores não registram, sente o que não pode ser medido ou pesado, e quem crê não precisa que outros o apoiem nisso, fé é algo pessoal e suficiente. Já refletimos aqui sobre a fé como dom de Deus, essa é diferente de simples convicção humana, é uma informação que Deus dá e que alia legitimidade ao que cremos como aprovado pelo melhor do Senhor.
      Tudo passa pela aprovação de Deus, ainda que espíritos malignos e homens maus possam ser usados para executarem o mal, esses não criam o mal, em Deus tudo é criado, tanto coisas boas como ruins (Isaías 45.7). Se o ser humano crê baseado na fé dom de Deus (Efésios 2.8), numa aprovação que veio de cima para baixo, ele orará de baixo para cima e poderá receber o melhor de Deus, conforme o princípio fundamental de oração de João 15.7. Mas voltemos ao ponto, apesar de muitos acharem que exercer fé é coisa simples e fácil, dela ser para o espírito como é o ar material para o corpo físico, há um mistério na fé. Entenda mistério como algo que neste mundo nunca entenderemos plenamente, ainda que confiemos em mistério. 
      Fé só deixa de ser mistério quando morremos no plano físico e passamos para o plano espiritual, ainda que mesmo no mundo possamos tirar os véus espirituais e enxergarmos o mundo espiritual com mais nitidez. Por outro lado todos exercem fé, mesmo ateus, materialistas, e quem idolatra ciência ao invés de confiar nela como ferramenta maravilhosa de Deus, ninguém levanta da cama de manhã sem fé, mas com a esperança que valerá à pena outro dia debaixo do Sol e que terá nova oportunidade para trabalhar, realizar sonhos e fazer a existência dar certo para ser feliz. Fé no mundo é mistério para que o ser seja desafiado a ir além do limite da matéria, só superando esse limite que se conhece e se vive o melhor de Deus. 
      Quem não crê porque não tem comprovação científica para isso, ou porque não gosta de religiosos e de religiões que dizem crer em Deus, nega parte importante de si mesmo, o espírito, que não vive só algumas décadas no mundo, mas eternamente. O mistério da fé consiste em liberar os sentidos espirituais, que não são meros delírios emocionais e alucinações mentais, ainda que utilize esses para funcionar. Crente não é maluco, ainda que haja muito maluco que ache que é crente, mas como sempre, sabemos a diferença entre o que exerce fé e o que está insano, por bons frutos que permanecem. O mistério da fé entrega lucidez e paz, humildade e santidade, além de um amor paciente, sem preconceitos, por todos os seres humanos. 

24/06/23

Sorte e intuição

      “O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha sorte. As minhas divisas caíram em lugares agradáveis; é linda a minha herança. Bendigo o Senhor , que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando ele à minha direita, não serei abalado.Salmos 16.5-8

      Sorte é uma facilidade que muitas pessoas dizem ter para serem beneficiadas em empreendimentos onde entram sem nenhum conhecimento prévio se podem ser bem sucedidas ou não. É preciso haver algo desconhecido, imprevisível, para haver sorte, já que se sabemos que existe uma probabilidade maior de algo ser benéfico para nós não precisaremos de sorte. Intuição pode estar relacionada à sorte, quem nela crê se diz beneficiado numa escolha, onde não há conhecimento de qual é a melhor escolha, ouvindo uma voz interior que passa-lhe a informação da escolha mais acertada. 
      O que diferencia intuição de outra informação ou capacitação qualquer, que está disponível para todos, que é inteligível e medível, portanto, não dependendo de sorte, é que a origem da intuição é desconhecida, assim como subjetiva, cada pessoa intui de seu jeito e esse jeito não pode ser ensinado ou passado para outra pessoa. Por incrível que pareça pessoas em polos opostos não creem em sorte e em intuição, os materialistas e devotos da ciência e os cristãos e devotos de Deus, para um extremo sorte e intuição não existem, para o outro não são aprovados pelo Senhor.
      A verdade é que quem teme a Deus e nele confia sempre tem sorte, assim como tem a intuição que mostra-lhe qual escolha fazer para que seja bem sucedido. Sorte é ter a vontade de Deus a seu favor, intuição é ter discernimento para ouvir a orientação do Espírito Santo. Isso significa que o que teme a Deus e nele confia pode comprar um bilhete da loteria que será premiado? Não, quem tem sorte e intuição de Deus não precisa de prêmio de loteria. O pecado da sorte e da intuição é entronizar o ego com a finalidade de ganhar riquezas materiais sem permissão do melhor de Deus. 
      Contudo algo estranho pode ocorrer, pessoas que não possuem relação lúcida com Deus terem sorte e serem sensíveis à intuição, enquanto que outras, com vidas de constante busca a Deus, serem azaradas e surdas à intuição. Não podemos generalizar a maneira como Deus trabalha nas vidas das pessoas, muito menos prender as pessoas em caixas, a existência pode ser complexa e repleta de variáveis. Mas vendo intuição como ouvir uma voz espiritual, não só uma invenção mental, e sabendo que Deus fala com todos, quem acata o Senhor, quem ouve sua intuição, escolhe melhor.
      Mas não é só o Espírito Santo que fala, espíritos malignos também falam, ouvi-los não necessariamente nos levará a viver algo ruim, não em curto ou médio prazo, mas não será bênção duradoura que levaremos à eternidade. Creio em intuição como ouvir uma voz espiritual, mas mesmo alguns bons crentes têm muita dificuldade de usar sua intuição, parece que ainda que vigiem na vida moral, conheçam a Bíblia e sejam assíduos em cultos, não conseguem discernir a voz do Espírito Santo, não com facilidade. Esses têm muita dificuldade de manifestarem dons espirituais, são racionais demais.
      Alguns nascem mais espiritualizados que outros, penso assim, e não confundamos espiritualidade com moralidade. Há céticos mais morais que muitos espiritualizados, e há cristãos morais e ainda assim não espirituais. O espiritual pode fraquejar por muito tempo, mas um dia sempre consegue viver um padrão moral que agrada a Deus dando glória a ele por isso. Por outro lado, pessoas que seguraram por muito tempo um padrão moral alto, não sendo espirituais viveram esse padrão só pelas próprias forças, e quem vive por si sempre acaba querendo honra para si, não para Deus.
      Racionais demais, cuidado! Ainda que sejam religiosos vivem religiões do jeito errado, se fiam no que pode ser visto e aprovado pelo homem, não provam o mistério da fé, não ouvem a intuição, não se alegram por terem a luz mais alta consolando seus espíritos, vocês não se casaram com o Deus da sorte e não ouvem a voz de seu Espírito. Mas quem no fundo de seu ser teme a Deus verá a sorte sorrindo para si, ouvirá a voz de Deus mesmo no vale da sombra da morte, ainda que seja humilhado, no tempo certo será exaltado, não verá intuição como talento pessoal, mas como dom de Deus. 

23/06/23

O ponto de vista correto

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.João 2.23-25

      Só podemos de fato ser espirituais se vermos a existência sob o ponto de vista de Deus. Se tentarmos ver a existência, ainda que sob uma ótica cristã, mas usando um ponto de vista nosso, poderemos até desejar ser religiosos, espirituais, santos, justos, mas ainda será um ponto de vista humano. O ponto de vista humano nunca conduz ao equilíbrio, sempre nos joga nos extremos, o homem é incapaz, só por ele, de ser equilibrado, ele sempre tende a extremismos, seja para um lado, seja para o outro. Entretanto, o ponto de vista de Deus, apesar de ser simples, reto e direto, pode ser de difícil entendimento quando nossos corações estão orgulhosos e vaidosos, quando queremos aparência externa mais que essência interna.
      Pela aparência amamos a matéria, não o Espírito, nos baseamos nos homens, não em Deus, obedecemos à religião, não a Jesus. Pela aparência queremos viver para nós mesmos, não morrermos para nosso ego, mas poderemos nos matar no mundo, e isso pode ser feito de várias formas, perdendo a oportunidade de escolhermos a vida eterna. Nas igrejas cristãs depois que recebemos o leite espiritual para começarmos a andar com Deus, e estou citando igrejas cristãs pois é a minha experiência, onde Jesus me chamou e me trouxe até aqui em paz, nesse lugar precisamos iniciar aprendendo sobre Deus debaixo de pontos de vista humano, nada há de errado nisso, ninguém nasce pronto, todos precisamos dos outros. 
      Contudo, à medida que amadurecemos, que conhecemos mais a Bíblia, que entendemos que ainda que debaixo de pastores e igrejas estamos antes de tudo debaixo de Deus, somos conduzidos a compreendermos as coisas sob um ponto de vista mais elevado. É assim e precisa ser assim, todavia, diante do desafio que o Espírito Santo nos faz, uma de três escolhas podemos fazer. A primeira é a mais fácil, aceitarmos imperfeições de igrejas e lideranças cristãs, mas seguirmos acatando-as. A segunda é mais difícil, ainda que frequentando igrejas e respeitando pastores, empreendermos uma busca pessoal para recebermos mais de Deus. Isso não é só outra escolha, é a única forma de nos fortalecermos para fazermos a vontade de Deus. 
      Todavia, alguns fazem uma terceira escolha, essa é a mais não assumida, ao verem as imperfeições humanas nas religiões, se revoltam contra Deus e não ficam nem nas igrejas e nem fazem uma busca pessoal para saberem mais de Deus. Esses jogarão a culpa por suas insatisfações nos homens e em Deus, não neles, e há muitos que até ficam em igrejas assim, mas revoltados, infrutíferos e frios, enganando a si mesmos e aos outros. Você sabe qual é o ponto de vista de Deus sobre a tua vida, sobre as igrejas, sobre as religiões, sobre os homens? É sempre um ponto de vista de amor, de paciência, de misericórdia, mas que não nos deixa parados, antes nos chama sempre para sabermos e praticarmos mais em sua luz.

22/06/23

Espiritualidade genuína é equilibrada

      “Cada um será louvado segundo o seu entendimento, mas quem tem coração perverso será desprezado. Melhor é ser modesto e fazer o seu trabalho do que engrandecer a si mesmo e não ter o que comer.Provérbios 12.8-9

      Já soube de homens que começaram espirituais, com experiências legítimas com Deus, vigilantes na santidade, mas que depois se desviaram. Não, eles não voltaram para mundo, nem se tornaram presas dos vícios do corpo, mas ficaram tão obcecados por espiritualidade e santidade que se tornaram seus próprios deuses. Como falsos deuses exigiram deles mais até que o verdadeiro Deus pedia, em sacrifícios e insulamentos, e ninguém se engane achando que o mal está só nos excessos materiais. O mal está no excesso, seja ele à esquerda ou à direita. Sei que muitos têm dificuldades para entender isso, mas como sempre, Jesus nos ensina o caminho do equilíbrio, que nos livra de qualquer espécie de obsessão. 
      Algo que revela quando o ser humano se desvia para um excesso que o torna obsessivo, é o isolamento social. Na busca de limpeza moral sem o Espírito Santo, pois todo que ouve às suas próprias referências mais que a Deus fecha os ouvidos para o Espírito, o homem se isola de outros homens para não ser tentado pelos apetites do corpo. Jesus orava, muito, se consagrava, o tempo todo, mas era sensível e obediente à voz do Espírito, assim sabia que sua qualidade moral e espiritual só seria útil se convivesse com as pessoas. Servo é chamado para servir, a quem? Aos seus semelhantes. No isolamento pode até haver menos tentações, mas não seremos úteis para Deus, somos chamados para servir nossos semelhantes. 
      Temos registros de encontros, de aulas, de pregações de Jesus falando sobre a nova aliança para entrar no reino de Deus, mas os evangelhos também citam festas, bodas, refeições com amigos, que o Cristo frequentava. Se de fato tivéssemos um diário completo da vida de Jesus de Nazaré, eu penso que o veríamos bem mais como o homem simples, amigo e alegre que era, ainda que sério quanto às intenções dissimuladas dos homens, assim como focado em sua missão. Jesus não era um religioso obsessivo, com medo do mundo, do pecado, do diabo, não exibia uma espiritualidade pedante, nem uma pseudo-santidade desnecessária, Jesus sabia a vontade de Deus para si e a vivia, sem compromisso com hipocrisias. 
      Não podemos generalizar, nem julgar, a chamada de cada homem só Deus sabe, e se o homem for humilde também saberá. Contudo, a vaidade, sempre ela, principalmente depois que mostramos uma reputação aos homens e esses nos admiram por ela, a vaidade pode levar muitos a estabelecerem suas próprias referências para serem louvados pelos homens. Deus pode pedir de nós recolhimento, mesmo certo distanciamento social, ele sabe de nossos limites e como nos tratar para nos aperfeiçoar, mas servir ao próximo em amor sempre será prioridade de todos que querem servir a Deus, ainda que num grupo social pequeno. Tenhamos cuidado para não nos isolarmos demais, não podemos fugir de nós mesmos. 

21/06/23

Merecemos o que temos

       “Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!Mateus 10.23-24

     A palavra que segue não será bem aceita por todos, mas precisa ser dita, esteja à vontade para concordar. Sei que é não é fácil aceitar, e em muitos casos humanamente impossível, mas todos merecem o que passam na vida. Se alguém recebeu, por mais injusto que pareça e ainda que não tenha feito muito para receber, é porque mereceu receber, se alguém perdeu, ainda que tenha sido algo legítimo conquistado por anos de trabalho honesto, também é porque mereceu perder. Se quem recebeu e quem perdeu administrar isso com humildade e temor a Deus crescerá espiritualmente e receberá muito mais que o que recebeu ou perdeu. Agora, se quem recebeu não administrar isso com temor, nem o que recebeu lhe satisfará, e se o que perdeu não administrar isso com humildade, perderá bem mais que o perdido inicialmente.
      Mas e os pobres que sofrem tanto no mundo, nasceram de um jeito e estão condenados a morrerem, e mais cedo que outros, do mesmo jeito, é justo isso, eles merecem isso? Darei três respostas para essa questão. A primeira é a mais prática: quem pode mais, eu, você e tantos ricos deste mundo, deveriam ajudar esses pobres, assim ajudariam quem é provado na pobreza e cumpririam com justiça suas provas de terem vindo ao mundo fora da pobreza. A segunda é, e apesar de parecer cínica, é a realidade: Deus dá o frio conforme o cobertor, muitos que olhamos como pobres dividem o pouco que têm com semelhantes, não, não têm uma vida melhor como a tua e a minha, mas conseguem viver, e muitos, com certa alegria.
      A terceira resposta é teológica. Pela doutrina cristã tradicional não importa se as pessoas são pobres ou ricas, importa fazerem uma decisão por Cristo como salvador, para terem céu eterno após a morte e cuidado de Deus aqui. Essa doutrina também baseia-se num ensino legítimo do evangelho, em muitas passagens Jesus exorta que ao pobre e ao que não tem amor ao dinheiro é mais fácil ser salvo, assim entendemos sob esse ponto de vista que a pobreza, apesar de ser terrível na Terra, favorece uma eternidade melhor. Isso serve de consolo para todos os pobres? Não. Mas adicionada a esse entendimento temos a teologia neopentecostal da prosperidade, que ensina que os que se convertem podem ser prósperos materialmente. 
      Entretanto, há outra resposta, também teológica, mas não do cristianismo tradicional. Essa contempla mais de uma existência na Terra, assim quem veio pobre numa vida, pode ter vindo rico na anterior e não sabido administrar a riqueza. Por outro lado quem veio rico nesta vida pode ter vindo pobre na outra e ter administrado corretamente a pobreza. Sob esse ponto de vista a vida no mundo nunca é injusta, ainda que tenhamos que superar doutrinas cristãs tradicionais para aceitá-lo. Mas algo é certo, em uma vida ou em várias, o que fazemos certo hoje com o que temos, definirá nosso futuro, assim, temamos a Deus, sejamos humildes e nos esforcemos para melhorarmos moralmente, seja qual for nossa condição material. 

20/06/23

Desensine o algoritmo

      “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.João 17.15-17

      Nem todo costume é vício, mas todo vício é ídolo, a internet hoje conhece nossos ídolos e os usa para nos viciar. Você já deve ter passado pela experiência de uma vez ter procurado no Google por venda de parafusadora sem fio e depois, procurando qualquer outra coisa, parafusadoras sem fim aparecerem de tudo quanto é jeito e em todo lugar, pois bem, isso são os algoritmos da internet trabalhando. Já é de conhecimento geral que páginas da internet armazenam nossas pesquisas e alimentam algoritmos, que depois serão usados para gerarem automaticamente pop-ups, banners, abas e anúncios com publicidade de produtos e outras informações selecionados que possam nos interessar. 
      Obviamente o propósito número um disso é vender e nos fazer comprar, para dar lucros a alguns, assim a internet conhece nossos vícios e os usa a favor de outros. Cada vez que você disponibiliza um dado seu na web, algoritmos são alimentados e você é mas conhecido em milhares de espaços, para ser reconhecido depois com mais facilidade. Pois é, penso que no mundo atual, depois de Deus, websites são quem mais nos conhecem, talvez mais até que nossas famílias, cônjuges, filhos e pais, também pudera, nos abrimos para a internet, compartilhamos intimidades com ela, mais que com qualquer outra pessoa. Talvez seja hora de desensinarmos os algoritmos do mundo moderno e sermos libertos.
      O quanto somos previsíveis? As pessoas sabem o que esperar de nós? Estão certas que repetiremos os mesmos erros? Sempre esperam que nos irritemos demais, que falemos demais, que nos iremos facilmente, que não tenhamos paciência, que reajamos sem pensar através de palavras e atitudes inconvenientes? Se as pessoas nos julgam mal isso é maldade delas, mas nós facilitamos o trabalho dos maus quando os programamos com nossas maldades. Jesus sempre surpreendia, não porque desejasse isso, mas simplesmente porque sempre tinha uma reação de vida, de amor, de pureza, que se opunha à maldade dos homens. O mundo estava tão despreparado para Cristo que o matou.
      Não se pode sair do mundo, muito menos fora do melhor tempo de Deus, mas pode-se ser livrado do mal. Os que são da luz a trazem em si, ainda que se percam por um tempo e na visão de homens, sabem onde querem chegar, não têm medo de chocarem o mundo com suas escolhas pela luz. Ainda que outros tenham até conseguido programar algoritmos sobre nós, em nossas lares, no mundo e mesmo em igrejas, quem conhece e ama a palavra de Deus não teme a verdade, a luz de Deus nos expõe a toda verdade. Quem não foge da verdade é limpo e curado, não agrada algoritmos da matéria, mas é livre no espírito, e o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido (I Coríntios 2.15).