02/12/23

Rótulo tem validade

      “Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: ao Deus desconhecido. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.Atos 17.23

      “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes.” 
Gênesis 3.20
      “E, quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou-lhe Moisés, e disse: Porque das águas o tenho tirado.” 
Êxodo 2.10
      “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.” 
I Samuel 1.20

      O que o homem põe rótulo tem data de validade, assim, se quisermos que algo dure mais, não rotulemos. Vamos entender essa afirmação. Quando pegamos um animal para cuidar diz-se que só aliamos afeto a ele depois de dar-lhe um nome, assim, se precisamos cuidar só temporariamente de um bicho, dizem que não devemos dar a ele um nome. Bem, todos merecem e precisam de afeto, indiferente se é por um pouco de tempo ou por muito tempo, se é animal ou se é gente. Esse exemplo parece se opor ao que afirmamos no início, já que sem nome, teremos o bicho por menos temos conosco, mas nesse caso o que dura mais sem rótulo é a ausência de sofrimento. 
      Já quem dá nome e fica com o bicho, ainda que a existência do animal de estimação em sua vida seja por mais tempo, o bicho um dia irá morrer, e nisso o que terá data de validade será nossa felicidade de viver com o animal. Quem não dá nome, não vê o amor acabar e não sofre, mas também não ama. Citei o exemplo de bicho de estimação para dizer que dar nome não é só ter uma palavra, um som, para usar para chamar alguém, é definir algo. A um cão damos o nome que nos parece mais representá-lo, de acordo com características físicas que vemos nele, assim como por valores subjetivos que nos passa, e muitas vezes de forma exclusiva, que só nós percebemos. 
      Cônjuges costumam dar apelidos um ao outro, com significados que outros podem não entender, mas um sabe o que chamou atenção no outro para denominá-lo de um jeito íntimo e afetuoso. Por outro lado, neste mundo atual, muitos falam de relação sem rótulo, só para usufruir prazer e algum afeto, mas sem compromisso, dizem que assim é melhor porque pode acabar a qualquer momento e não faz sofrer. O que de fato prova quem quer experiência assim? Não é amor, ninguém ama uma taça de sorvete, só usufrui dela, prova prazer físico e larga-a vazia. Será que é correto restringirmos intimidades com seres humanos a isso, relações casuais, sem rótulo, só por sexo?
      O homem é assim desde o início dos tempos, e deu nome também a eventos da natureza, associando causas que desconhecia cientificamente a identidades espirituais, dessa forma surgiram nomes de deuses e de mitos. Atualmente não temos esse costume, não todos, mas nomes dados a pessoas não eram só fonemas, mas frases, com significados, vemos isso na Bíblia em tantos personagens, citamos exemplos nos textos bíblicos inicias. Nomes eram profecias, promessas, que pareciam ditar não só como, onde ou porque alguém veio ao mundo, mas o que seria e faria no decorrer de sua vida. Dizem que nomes dos filhos são soprados por anjos nos ouvidos dos pais, será? 
      Será que conceitos como “diabo”, “satanás”, “demônios”, significam reais entidades espirituais do mal? Será que “céu” e “inferno” são de fato o que eram nas cabeças dos primeiros homens que pensaram nesses conceitos e lhes deram nomes? Dizer que sim é afirmar que o homem do passado é igual ao homem do presente, e que o do presente será o mesmo no futuro. Deus sempre é o mesmo, o homem não, assim muitas ideias que o homem tinha no passado podem não ser as mais verdadeiras. Um ser humano que aliava relâmpagos, trovões, ventos, mudança de temperatura, a ações de deuses desconhecidos e espirituais não pôde dar com exatidão muitos nomes e rótulos. 
      Rótulos usados em meios religiosos, incluindo nos de tradição judaica-cristã, perderam a validade e isso há algum tempo, mas ainda assim muitos católicos, protestantes e evangélicos insistem em usá-los hoje como se fossem verdades absolutas e eternas. Creio que o plano espiritual e Deus, sob o ponto de vista Cristo, tenham uma excelência exclusiva que não há sob outros pontos de vista. Ainda que outras religiões conheçam e compartilhem verdades sobre o Deus verdadeiro, e cristãos não duvidem disso, Jesus sempre será diferente e único. Mas muitas coisas na doutrina cristã precisam ser reavaliadas, principalmente as relacionadas com sexualidade e penas eternas. 
      Criar dogmas é rotular Deus, rotulá-lo é limita-lo, Deus é espírito e esse não pode ser aprisionado. Isso não significa abrir mãos de valores morais elevados, de amor, de santidade, de justiça, ainda que mesmo esses já tenham sido relativizados no passado. Hoje dizemos que todos devem ser respeitados e possuírem direitos iguais aos outros, mas antigamente não se pensava isso de escravos e mesmo de mulheres, e isso na Bíblia. Se o conceito de direitos humanos abrangeu-se, por que não outros? Ou achamos que a Bíblia, ainda que mostrando experiências reais com o Deus verdadeiro, não é só textos históricos antigos? Libertemo-nos de rótulos, o Deus genuíno ainda é desconhecido. 

01/12/23

Por que não ser amigo de Deus?

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.I Coríntios 2.14-1

      Por que algumas pessoas não querem ser amigas de Deus? Não me refiro a não quererem frequentar uma igreja, estudar algum texto sagrado ou espiritualista, aceitar alguma moral religiosa, não é isso. Me refiro a uma certa revolta, mesmo repulsa que alguns demonstram só por citarmos o nome de Deus, falarmos em oração, nos referirmos à fé, parece que qualquer coisa referente ao plano espiritual são inaceitáveis para eles, impossibilidades práticas. Tenho achado gente assim, e não entre brutos ou sem estudo, mas justamente entre pessoas bem formadas, mestres e doutores, gente refinada e entupida de conhecimento científico. Por que alguns parecem vir ao mundo como inimigos de um Deus de amor?
      Podemos responder dizendo que muitas pessoas foram mal educadas religiosamente, que lhes passaram referências erradas sobre Deus, isso fez com que elas se tornassem céticas. Mas por outro lado os que são amigos de Deus o são em qualquer religião, e toda religião é imperfeita, e é porque isso não importa para Deus, não por enquanto, Deus responde e abençoa as pessoas não pelas religiões, mas apesar delas. Mas os “inimigos” de Deus não veem as coisas assim, eles veem só as religiões imperfeitas e dizem para nós que Deus é imperfeito. Na verdade esses creem nas religiões, só não gostam delas. A libertação desses ocorrerá quando verem Deus acima das religiões, enquanto isso devemos amá-los e esperar, pacientemente. 

30/11/23

Céu é nosso reino (11/11)

      “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.Filipenses 3.20-21

      Uma diferença entre quem tem experiência com Deus e quem não tem é aquilo que é considerado o reino, o lugar onde a pessoa se sente mais satisfeita, onde seu propósito maior de prosperidade pode ser realizado. Muitos, ainda que usando fé e religiosidade, querem um reino neste mundo, assim transferem o entendimento de reino de Deus, que a Bíblia cita, para este planeta. Ainda que muitos creiam em vida além e que merecem o céu por crerem no Cristo, importa-lhes mais serem honrados no plano material, não no espiritual. Importante dizer que não ter interesse por este mundo, desprezar valores materiais, isso por si só pode ser algum tipo de doença mental, não espiritualidade genuína que ama o celestial reino de Deus. 
      Conciliar as coisas é difícil, lutar para se ter uma vida digna no mundo, estudar, trabalhar, administrar família, saúde, o planeta, dar à ciência a devida relevância, e ainda assim ser santo, amoroso, ter vida de oração que conhece a Deus, não é fácil. Muitos, querendo Deus, mas não abrindo mão do materialismo, interpretam a Bíblia errado, querem um reino de Deus na Terra, assim veem inimigos nos homens, não em si mesmos. Mas esta é a provação que passamos na vida, termos os pés firmes no chão e o espírito elevado, sem extremismos, sem misticismos, vendo a vida encarnada como oportunidade para aperfeiçoar nosso homem interior, não só enriquecer o exterior, sabendo que do alto viemos e para ele voltaremos. 

29/11/23

Morte é nosso prêmio (10/11)

      “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.Filipenses 3.14

      A morte pode ser um prêmio, mas como tal só é conquistada após se participar de uma competição e ganhá-la. A competição é a passagem por este mundo, nós somos os competidores, mas nossos rivais, os outros concorrentes, são nós mesmos. As piores versões nossas deveriam perder a competição saindo vencedora nossa melhor versão. Contudo, só Deus pode mostrar o que é nossa melhor versão, de acordo com virtudes morais, não é o mundo que estabelece isso nem os homens, de acordo com valores materiais e mesmo intelectuais. O que queremos vencer para termos direito à morte como prêmio, não como derrota, quem queremos ser de melhor no plano físico para sermos premiados no plano espiritual? 
      Muitos estão correndo com esforço, até se prepararam bem para isso, diante dos homens estão bem colocados na competição. Pensam estar vencendo versões ruins deles mesmos, que foram humilhadas pelos pares, por suas famílias, pelo mundo, e à medida que o fim se aproxima se veem no primeiro lugar. Contudo, não correm a corrida de Deus, não aquela que é para suas vidas, pode até ser para as vidas dos outros homens, mas a competição em que estão não dará prêmio a seus homens interiores na eternidade. A verdade é que diante do mundo, para vencermos a competição de Deus, muitas vezes precisaremos chegar em último lugar, nele seremos humildes, santos e amorosos, mas será nossa melhor versão.

28/11/23

Obediência é nosso trabalho (9/11)

      “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera.Isaías 64.4

      A rebeldia tem várias faces, na definição de rebelde podem haver dois significados, teimoso e opositor, ambos não representam necessariamente coisas ruins. Para obedecermos a Deus podemos ter que nos opor insistentemente aos homens, mas para desobedecê-lo podemos teimar em agradar os homens, assim sermos rebeldes com Deus. O ponto é não confundirmos aparentes boas ações com obediência, ainda que Deus use todas as boas ações, originem-se das intenções que forem, para abençoar outros, só as boas ações com intenções corretas abençoarão quem as faz. No grande sistema do universo tudo acaba em bem em algum momento, Deus não desperdiça nada, transforma tudo em vida, luz e virtudes eternas. 
      Mas há muitas pessoas fazendo muita coisa, que com certeza é útil nas mãos de Deus, mas que não é aquilo que Deus pede delas. Mas se é útil e elas não fizerem não fará falta? Não, Deus levantará outras pessoas para fazerem, que talvez tenham que fazer e não façam porque outras pessoas estão fazendo. Isso parece complicar o simples, mas não é, não se entendermos que cada pessoa precisa ser trabalhada por Deus de forma diferente para ser melhor, e muitos fazem um monte de coisas boas para não terem que ser humildes. Fazem em trabalho físico, para não fazerem no moral, enriquecem no material, mas são pobres em virtudes. O melhor trabalho é obedecer a Deus, esse honra a Deus e abençoa todos. 

27/11/23

Tempo é nosso aliado (8/11)

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.Salmos 23.6

      O paciente ama o imperfeito pois crê no aperfeiçoamento desse no tempo. O paciente é feliz porque usufrui promessa de felicidade como cumprida. O paciente acha cura pois descansa pensamentos e sentimentos e fica em paz. O paciente encontra a honra pois não tem pressa de recebê-la. O paciente não padece no tempo, mas descobre vida eterna nele. O paciente usa os anos como asas que o levam ao alto, não faz deles peso que o prendem ao chão. O paciente aprende a ter paciência no tempo, abrindo mão do que olhos veem, do que ouvidos ouvem e do que mãos tocam, o paciente tem fé porque tem no tempo um aliado, não um opositor. O paciente é amigo da serenidade porque é amigo do Senhor do tempo, Deus. 
      Viver no mundo, existir preso a um invólucro carnal, caminhar na Terra é administrar fraquezas no tempo. Não fujamos de nosso tempo aqui, não desprezemos sua eficácia, não tentemos paralisa-lo ou adianta-lo, vive bem quem se harmoniza com o tempo. Espírito iluminado não se prende ao tempo, não sofre pelo que fez, nem pelo que não fez, livra-se de remorso e ansiedade, mas passa pelo seu tempo probatório no mundo ligado a um Deus espiritual para o qual tempo não existe. O paciente está satisfeito e faz tudo de bom agora como se não houvesse amanhã, não por pressa ou obsessão, mas sereno, experimentando num plano preso a tempo o que viverá na melhor eternidade de Deus onde tempo não há. 

26/11/23

Silêncio é nosso ensinador (7/11)

      “Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.Lamentações 3.26

      Um divisor de águas em nossa vida espiritual é quando entendemos que coisas mais profundas o Espírito Santo só nos fala depois que calamos nossas almas. Entenda certo o que estou dizendo, um diálogo sadio e eficiente com Deus tem vários momentos, cada um interagindo, curando, consolando e ensinando uma área de nosso ser. Num primeiro momento precisamos desabafar emocionalmente, e o pai de amor respeita isso e nos recebe. Cabe nesse momento muitas palavras, muita emoção, mesmo lágrimas, para nos arrependermos, perdoarmos, pedirmos e agradecermos pelo que recebemos. Esse período pode acabar quando estivermos em paz com relação às nossas necessidades primárias, vida familiar e profissional. 
      Num segundo momento, mais calmos, passamos a verificar racionalmente o diálogo, falamos com mais controle sobre os tempos, o que houve, o que desejamos que aconteça, nesse já podemos ouvir orientações mais profundas de Deus, não só ensinos básicos. Esse período deve encerrar-se com uma paz mais profunda, contudo, é só depois dele, permanecendo nós na presença de Deus em silêncio, que algo mais pode-nos ser entregue. Aprendermos a vigiar no silêncio, já curados das ansiedades iniciais, mas crentes que Deus quer falar-nos mais, nos dará acesso a uma palavra mais elevada, que nos fortalecerá muito mais, que diz respeito à nossa missão espiritual no mundo, aquilo pelo qual seremos avaliados na eternidade.