Porque você entendeu e mudou

      “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12.2

      Não aja corretamente com as pessoas porque elas vão entender e mudar de atitude, faça porque você entendeu e mudou. Nossa responsabilidade é em primeiro lugar com Deus, depois conosco, só depois com as pessoas, isso não significa desprezarmos as pessoas, mas só não levarmos as avaliações que fazem de nós tão a sério. Nossa relação com responsabilidades sociais tem vários níveis, no primeiro fazemos para receber, carentes por aprovação do outro. No segundo nível desistimos de agradar as pessoas, mas também não amamos, as desprezamos, ainda que discretamente. Muitos começam no evangelho importando-se com as pessoas, mas carentes, vendo que não recebem retorno desejado, passam para o extremo do nível dois. 

      É só no nível três que amadurecemos espiritualmente, damos atenção, mas sem cobranças, fazendo só porque é o certo a se fazer. Não é fácil amar sem comprar problema que é do outro não nosso. O ser humano sempre tende aos extremos, ou gosta demais e sofre se não é gostado, ou despreza e não gosta, e nem crê que alguém goste dele sem segundas intenções. Falta de sabedoria ou malícia, a falsa sabedoria? A solução é sabedoria verdadeira, capacitada pelo Espírito Santo. Jesus homem nos deu o exemplo maior de amor comprometido, mas consciente, prático, mas não como barganha, aliás, se formos ver o exemplo do Cristo como barganha acharemos que ele fez o pior negócio de todos, deu tudo de si e nada recebeu, não aqui.

Tenhamos compaixão

      “E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.” Mateus 9.36

      Se não tivermos amor para termos compaixão, mesmo dos que se colocam como nossas opositores, que cristãos de fato somos? Sem pensar e à primeira vista podemos até agir e falar com insensibilidade, mas o coração daquele que está ungido com o Espírito Santo tem que se compadecer ao ver alguém sofrendo. Quando entendemos isso pela primeira vez, podemos aprender a ter mais cuidado em julgar os outros e desconsiderar suas ocupações, preocupações e dores, ninguém nasce perfeito, mas devemos aprender a ser bons e compassivos. Acredite, as pessoas sofrem, ainda que por motivos diferentes dos nossos, ainda que não verbalizem, mesmo sem terem noção da extensão do sofrimento. Muitos estão cansados de sofrer.

      Argumentar que não se sensibiliza porque o sofrimento de alguém é falso, exagerado, que a pessoa está só se fazendo de vítima, é inútil, não há sofrimento falso, toda dor é legítima, senão a pessoa não sofreria. Mas podemos ser luz nas vidas das pessoas, ajudar com paciência, primeiro dando o consolo imediato para a dor, e depois, com cuidado, mostrar que o sofrimento pode não ser tão importante assim para ser retido e sentido. Contudo, ter compaixão é antes de tudo ter respeito, Jesus homem teve respeito por muitos, aos quais chamou de ovelhas sem pastor. Infelizmente muitos se aproveitam da situação de perdidos na vida de muitos para manipular e tirar proveito, ao invés de pastorear em direção ao Altíssimo com compaixão. 

O que é a vida?

      “Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos.” I Tessalonicenses 5.14

      O que é a vida? A vida é o que as pessoas creem que é, assim, ainda que vejamos a vida de alguém e achemos ser uma coisa, isso não importa se a pessoa vê sua vida como outra coisa. Podemos pensar que a vida de alguém não é tão difícil e que há sofrimento exagerado, mas se a pessoa vê dificuldades e sofre, bem, essa é a realidade da pessoa. A nós, que andamos com Deus e que amamos a pessoa, cabe respeitar a maneira como a pessoa vive e ser empáticos com seu sofrimento, que para a pessoa é bem real. Deus olha para cada ser humano dessa forma, ele sabe que muitas vezes sofremos por bobagens e fazemos tempestade em copo d’água, mas ainda assim nos ouve e nos ajuda, respeitando nossa ótica míope da existência.

      Vitória não é impor nosso ponto de vista aos outros, ainda que seja o mais correto. Jesus homem tinha o ponto de vista mais certo de todos, mas amava, tinha paciência, não agradava a si mesmo, não desprezava os fracos nem os julgava. Se alguns estão neste mundo para aprender o melhor caminho, outros estão para administrar com amor o pior caminho dos outros, e ninguém é melhor que ninguém, cada um deve passar por sua prova com humildade e ter vitória. Quando entendemos isso olhamos Deus do jeito certo, não como um onipotente prepotente exigindo obediência, querendo que todos os seres humanos sejam iguais e tenham a mesma religião, mas como um pai amoroso que ajuda quando e quanto lhe permitem ajudar. 

Ovelha, lobo, serpente, pomba

      “Eis que eu os envio como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas.”  Mateus 10.16 

      Jesus dá a orientação acima quando envia seus discípulos para ensinarem o evangelho, alertando-os sobre a falsidade e a maldade dos homens. Dois antagonismos são propostos, o primeiro é uma pergunta: o que somos, ovelhas ou lobos? Muitos evangélicos dirão com orgulho que são ovelhas, contudo, animal que aprova e segue um lobo não é ovelha, é lobo também, ainda que não seja lobo alfa, é lobo submisso. Deus não pede de nós fidelidade a homens, mas fidelidade a ele, e isso pode significar desagradar a falsos pastores para obedecer ao pastor eterno e verdadeiro, Jesus. Não basta nos submetermos a religiosos proeminentes para sermos ovelhas, precisamos cumprir a chamada que Jesus nos dá quando nos envia.

      O segundo antagonismo é uma afirmação: sejamos serpentes e pombas! É a orientação que devemos seguir quando somos enviados por Jesus, não por homens. Não é fácil darmos testemunho de vida com Deus para as pessoas, não se quisermos fazer isso do jeito certo, que não é o jeito “profético romântico”, sincero mas equivocado, que muitos evangélicos usam para evangelizar. Na prudência nos calamos mais que falamos, mas agimos. Na simplicidade não temos medo de demonstrar amor puro quando é necessário. Muitos não pensam muito para caluniar, mas pensam demais para dar um telefonema, perguntar a alguém como está e depois ouvir com paciência. Quatro animais, quatro metáforas poderosas do mestre Jesus.

Você escolhe o que crer

      “Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.” Efésios 6.7-8

      O que será dito, já adianto, poderá escandalizar alguns. Instituições religiosas, igreja católica e igrejas protestantes, devem ser respeitadas e ouvidas? Sim, por séculos a doutrina foi avaliada, discutida e entendida para se chegar a princípios basilares, sólidos e que não precisam mais ser mudados. Essa doutrina ajuda-nos a andar com Deus? Sim, principalmente no início, quando estamos aprendendo sobre o cristianismo. Mas como Deus nos avaliará na eternidade? Bem, não será por nossas religiões, ou pela fidelidade que tivemos com as doutrinas delas, sermos católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais ou outra coisa, não fará diferença. Religiões são carros que nos ajudam no caminho, não são o caminho.

      Mas quem tem coragem para discordar? Depois de anos fazendo parte e sendo aprovados por um grupo social, convencidos que nisso também há aprovação divina, muitos, ainda com algumas ressalvas que não verbalizam, não ousam pôr em dúvida religião e parar de servi-la. Mas entendamos uma coisa, cada um de nós é livre por Deus para escolher aquilo que acredita, vale mais diante do Senhor coerência que hipocrisia, e acima de tudo, pensar e praticar o máximo de coisas possíveis em comum. Não pense que vai para o inferno viver eternamente com o capeta se duvidar da existência do inferno e do capeta, mas leve a dúvida ao Deus verdadeiro e só encerre a busca quando tiver de Deus resposta que te deixe em paz e santo.

Levemos a sério o Espírito Santo

      “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” João 15.14-15

      Esta palavra não é para qualquer um, é para os amigos de Deus. Certas cobranças Deus não faz a todos, muitos dizem e pensam um monte de coisa sobre Deus e nem têm noção da seriedade que há no assunto, esses são avaliados simplesmente como distantes de Deus, filhos, mas não amigos. Já de início faço uma categorização diferente dos seres humanos, daquela que tradicionalmente cristãos fazem, não classifico os homens entre criaturas e filhos de Deus, mas entre filhos e amigos. Todos são criaturas e filhos, todos possuem um espírito que se originou no Deus espiritual e para ele quer retornar, mas amigos são aqueles que se aproximam de Deus, o conhecem, o agradam e por ele são ensinados de forma especial.

      João 15.15 é um dos meus versículos favoritos, faz parte da base da nova teologia do evangelho de Cristo. O antigo testamento considerava filho de Deus o israelita, circuncidado e obediente à lei mosaica, o novo testamento abre esse entendimento. Pessoas de povos, raças e nações diferentes podem ser, mais que filhos, amigos de Deus, se fizerem opção por isso por fé e por obras. Nisso experimentamos o Espírito Santo, isso é algo sério, maravilhoso é ser “boca” para as palavras de Deus, mas há responsabilidade grande nisso. Cuidado para ouvir o Espírito Santo, prepare-se bem antes e depois creia, mas muito mais cuidado para assumir que o que ouviu é de Deus, na dúvida, melhor dizer que é só coisa da tua cabeça.

Nem antes, nem depois

      “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” II Pedro 3.9

      Com Deus as coisas boas não ocorrem nem um segundo antes, nem um segundo depois, acontecem no momento exato. Se achamos que demora é porque não conhecemos o tempo, coisas que ainda precisam acontecer e coisas que ocorrerão quando o que queremos que aconteça se realize. Quem já teve essa experiência entendeu e exclamou, “poxa, então foi por causa disso que o que eu pedi a Deus parecia demorar tanto? agora vejo que aconteceu na hora certinha”. Já tive essa experiência, mas ainda sou tentado a achar que algo que preciso que aconteça demora. Não desista de orar, algumas coisas não acontecem porque ainda não as entregou nas mãos de Deus e confiou, mas após isso sossegue e agradeça.

      Na verdade Deus só precisa ouvir de nós uma oração, desde que ela seja certa, e muitas vezes oramos várias vezes porque demoramos para orar corretamente. A insistência não convence Deus, convence a nós, num processo que nos muda por dentro e que pode nos abençoar ainda mais, que a recepção daquilo que estamos pedindo em oração. Oração cura, não pelo que pede, mas pela conexão que estabelece com Deus, se o pedido é de algo material e exterior, o trabalho de orar é espiritual e interior, nos faz mais santos, humildes e gratos. Mas após entendermos o que Deus quer que oremos, e após verbalizarmos isso a ele, cabe-nos esperar, em paz e convicção, vivendo antecipadamente pela fé a bênção aguardada.