25/09/24

Fé sabe sem saber (1/2)

      “O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.João 13.7b

      “Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.” João 13.5-10

      Jesus lavava os pés dos discípulos quando Pedro reclamou, disse que eram eles quem deveriam lavar os pés do Cristo. A intenção de Pedro foi boa, reconhecia a importância de Jesus, mas imatura, não entendeu a profundidade da verdadeira espiritualidade. Se Jesus era melhor também era mais humilde e o humilde serve, não é servido. Há uma outra lição nisso, só somos purificados e temos conexão com Deus quando somos santificados pelo santíssimo, assim a salvação, como chamam os cristãos a conexão íntima com Deus, nasce de humildade que deixa-se ser servido pelo humilde. Há ainda uma última lição, quem anda no Espírito Santo anda limpo, só precisa lavar o pés, a parte que tem contato direto com o mundo no dia a dia. 
      Pedro ainda não entendia as coisas com profundidade porque as julgava só pela aparência, mas a frase que chama a atenção é a do versículo sete, nos ensina que não sabemos tudo, por isso precisamos crer e obedecer. Sou sempre a favor de diálogo honesto com Deus, direito que Deus nos dá e que não devemos abrir mão, ainda que líderes religiosos não gostem disso, assim podemos reavaliar a religião tradicional e só aceitarmos de fato aquilo que Deus confirma diretamente em nossos espíritos. Se Deus diz, “isso não é para você saber, mas só para você crer”, então, obedeça. Que bênção maravilhosa e consoladora há em ouvir e acatar essas palavras, nos liberta de ansiedades e nos dá a paz completa em Deus para seguirmos fortes. 

24/09/24

Menos corpo, mais espírito

      “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.João 8.36

      Frequentemente assistimos na TV, reportagens sobre pessoas que fizeram algum tipo de procedimento para modificar a estética de seus corpos, e tiveram problemas de saúde. É cirurgia plástica mal feita ou que não entrega o resultado desejado, são órgãos feridos, no final a pessoa acaba pior que no início, antes do procedimento, isso quando a consequência não é fatal. Ah se as pessoas tivessem a mesma preocupação em mudar seus espíritos, em aperfeiçoar suas estéticas morais, e buscassem para isso o médico dos médicos, Jesus. A mídia, sustentada por empresas que são sustentadas por consumidores, não tem interesse no espírito, só nos corpos, e para isso usa argumentos sedutores para manter gente comprando coisa.
      O mundo está lutando por igualdade, liberdade e respeito, isso é legítimo, mas junto disso também está usando muitos para enriquecer alguns, assim muitos valores são enfatizados, não porque alguns poderes, como mídia e políticos, amam o ser humano com um amor puro, mas porque querem usar o ser humano, para isso até ciência é utilizada, ninguém se iluda. Uma geração está sendo mal criada achando que está sendo criada corretamente, uma geração está sendo encarcerada achando que está sendo libertada, por um simples motivo, deseja-se ser livre no corpo, não no espírito. Bom seria as duas coisas, mas é melhor ser livre e curado por dentro e não dar tanta relevância à aparência que não se levará deste mundo para o eterno.

23/09/24

Viver para quê?

      “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação.Hebreus 3.12-15

      Muitos agem como crianças mimadas, se não pode ser do seu jeito, não será de jeito algum. Muitos caem em depressão e desistem de viver, e nem é por motivos legítimos, ninguém se deprime por não conseguir ser santo, por não conseguir perdoar, amar e servir, esses seriam motivos realmente legítimos. A maioria das pessoas se deprime porque não tem grana, porque não é reconhecida profissionalmente, mesmo por não ser lembrada em ministérios de igrejas, fica deprimida porque não tem amor correspondido por outra pessoa, e não me refiro a amor espiritual, mas ao afetivo e sexual. Assim, por não terem prazer físico num mundo material querem até morrer. O desejo de morte revela algo importante, o motivo de vida.  
      Cuidado, Deus pode te confrontar com uma pergunta, “e agora, o que você quer, viver ou morrer?”. A resposta mais sábia, na grande maioria das vezes é, “quero viver e quero do jeito certo”. Não disse em todas as vezes porque não me atrevo a julgar quem pode estar no sofrimento extremo de uma doença incurável, só trazendo tristeza para quem mais ama, mas ainda assim é preciso confiar num Deus que sabe o momento melhor de partida de cada um. Viver neste mundo não é fácil, mas a maioria só entenderá a importância que teve cada instante aqui e o quanto isso interfere na eternidade quando já estiver no plano espiritual. O jeito certo de viver é persistir em santidade, amor e humildade, vigiemos nisso e não provoquemos o destino. 

22/09/24

Cristo e nosso sofrimento (4/4)

      “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão.I Pedro 3.18-19

      Engana-se quem pensa que em Cristo somos livrados do sofrimento, não, somos apenas libertados para sofrer do jeito certo. Mas como assim, há uma jeito certo de sofrer? Sofrer não é sempre errado, desnecessário, algo que temos que evitar o máximo possível? Não, Deus nos põe no mundo para sofrer, eis a verdade, ele tem propósito positivo nisso, é por negar isso que muitos se afastam de Deus e de serem seres humanos melhores. Mas se Deus nos ama por que nos permite sofrer? A resposta é, justamente porque nos ama ele nos permite sofrer, para que aprendamos quais são as prioridades certas na existência e amadureçamos para viver eternamente. Eis um antagonismo do evangelho: só quem sofre certo não sofre.
      Quem abre mão do ego, de achar que tudo pode e sempre, de reconhecimento humano, de dar a última palavra, de prazer egoísta, de vencer sempre, de viver a qualquer custo, de não levar desaforo para casa, esse sofrerá, mas sofrerá para ser humilde e superar o orgulho. O humilde, o Deus todo-poderoso protege do mal, e quem causa o pior sofrimento não é a humildade, mas o mal. O sofrimento que a humildade traz só dura o tempo que vivemos neste mundo, quando “acordarmos” na eternidade a humildade não dependerá mais de luta perseverante, mas será anexada aos nossos homens interiores como parte fixa deles. Esse é o exemplo do sofrimento maior e melhor, o de Jesus, que devemos usar como exemplo e objetivo de vida. 

21/09/24

Qualidade do sofrimento (3/4)

      “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.Mateus 5.10-11

      Em sofrermos porque erramos e não assumimos, não há benefício, em sofrermos a consequência de um erro que cometemos e assumimos, há benefício para nosso próprio crescimento, mas ao sofrermos pelo erro do outro há benefício para o outro, isso é o mais puro amor. Jesus chama sofrimento de qualidade de sofrimento de justiça, nisso há mistérios que muitos cristãos não sabem. Achamos que suportar fraqueza do outro é amenizar erro do outro, já que não reagimos na mesma altura, mas pagamos mal com bem, contudo, ninguém sofre injustiça de graça. Se alguém nos faz mal é porque merecemos, ainda que não tenhamos noção disso. Só Jesus de fato recebeu mal que não merecia, por isso seu sofrimento teve tanta qualidade. 
      Mas foi dito no início que beneficiamos o outro sofrendo injustamente, por quê? Porque quebramos o loop do nosso mal, bem feito hoje anula mal feito antes, assim sofrermos pela justiça paga dívida e passa a responsabilidade para o que recebeu a justiça. Esse por sua vez poderá sofrer injustiça para pagar a injustiça que fez, assim caminha a humanidade, causas e efeitos constantes. Qual o papel da grande injustiça que Cristo sofreu por todos? Nos dar paz com Deus para sofrermos injustiças com justiça, o sacrifício de Jesus não exime-nos de sofrer, mas permite-nos sofrer para crescermos, não apenas como sacos de pancadas do destino, senão sofreríamos para sempre sem nunca achar paz, já que não teríamos forças para sofrer certo.

20/09/24

Todos sofremos (2/4)

      “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.I Pedro 4.15-16

      Há poder no sofrimento, repito, o poder de confrontar o ser humano com provas específicas, que nelas sendo aprovado conquista um crescimento moral, portanto, espiritual, diferenciado. O que pouca cobrança recebe, pouco precisa fazer, pouco sofre, com efeito pouco cresce. Mas será que existe alguém que vem a este mundo “a passeio”, que não é provado de alguma forma? Não, ainda que sob nossos míopes olhos possamos achar que alguns se esforçam menos que nós, podem até se esforçar menos, mas não para fazer o que nós temos que fazer. Provas são diferentes para pessoas diferentes, por isso que não devemos julgar pela aparência, só Deus conhece o coração, a prova, o sofrimento e o esforço de cada um. 
      Mas muitos sofrem justamente por não quererem sofrer, assim, ao invés de aceitarem com humildade os limites que o “universo” lhes impõe e que têm um propósito divino, sofrem por orgulho, assim, ao invés de serem vitoriosos e crescerem, permanecem derrotados e acrescentam à sua luta original e útil uma segunda e inútil luta. Só temos vitória nas batalhas que Deus nos coloca, nas que inventamos ou que nos colocamos por teimosia ou vaidade sempre somos derrotados, vitória nessa batalhas podem até nos fazer importantes diante de homens, mas nada acrescenta a nossos homens interiores, portanto não levaremos como virtudes que definirão nossa posição na eternidade espiritual. Qual a qualidade do nosso sofrimento? 

19/09/24

Há poder no sofrimento (1/4)

      “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.II Coríntios 1.3-5

      Há poder no sofrimento! Como costumo fazer, quando toco em alguns temas, sofrimento “masoquista”, de quem se submete à qualquer espécie de violência, que podendo reagir, não reage, não é o tipo de dor a que me refiro nesta reflexão. Isso pode ser só efeito de mente doente, de quem não se respeita e é carente por qualquer atenção, mesmo que seja atenção estúpida, mas principalmente, sofrimento sem comunhão e paz com Deus. Há limites e quem estabelece a referência é nossa conexão verdadeira com o Deus verdadeiro. Contudo, precisamos olhar diferente quem traz em si alguma limitação impossível de ser superada, com a qual terá que conviver por toda a vida, na área física, mental e mesmo social.
      A cadeirantes e portadores de transtornos mentais devemos tratar com cuidado, a dificuldade que para os que se acham “normais” parece menor, para esses pode ser maior, assim chama-los de ociosos ou covardes é injusto. Limites físicos são fáceis de serem verificados, já os psicológicos, não, e não estamos generalizando, mas muitos não constroem enfermidades psiquiátricas por fazerem escolhas morais erradas, mas podem ter dificuldade para escolher certo por serem enfermos. Creio num Deus justo, que “dá o frio conforme o cobertor”, se há alguma lucidez com humildade, a pessoa tem condições de ser feliz e de fazer os outros felizes, seja qual for sua capacidade, e isso também não nos exime de auxiliar os fracos.