quinta-feira, outubro 29, 2015

Nos momentos mais importantes, a dor pode ser a única companhia


        Jesus teve trinta anos para amadurecer no corpo, na alma e no espírito, para então começar parte de sua missão, preparar doze homens para fundar sua Igreja. Foram então três anos andando pela terra, em todo o seu vigor, experimentando injustiças e maldades, mas tendo a companhia de amigos, com tempo para se alimentar, descansar, e principalmente, orar. Contudo, foi somente depois do Getsêmani, que teve início a parte mais importante de sua missão, sofrer, morrer e ressuscitar por toda a humanidade, como cordeiro santo de Deus se oferecendo em sacrifício. Foram somente alguns dias, entre Jesus ser entregue por Judas e ressuscitar, contudo, foi o pior momento para Jesus. 
        Emocionalmente ele estava absolutamente sozinho, abandonado por todos, fisicamente ele se via coberto de feridas, resultado dos açoites e violências dos soldados romanos. Nesse estado, como alguém pode se sentir espiritualmente? Será que havia algum prazer no coração e na mente de Jesus durante a "Via Crúcis"? Alguma alegria, algum consolo? Certamente que não, mas mesmo assim ele seguiu, obediente à missão que havia de cumprir. Creio que naquele momento não foram as emoções que falaram mais alto, mas a razão, ele estava focado e determinado, concentrado, só assim poderia vencer tanta dor e terminar o que tinha se iniciado, na verdade, quando ele encarnou. 
       Então, eu chego ao ponto desta reflexão: e nós, como nos comportamos diante de um momento importante de nossas vidas, o que sentimos, o que gostaríamos de sentir e ter, será que realmente entendemos como funcionam as coisas no reino de Deus? Achamos que podemos passar por muitas lutas e dores, sendo que muitas dessas coisas são simples consequências de escolhas erradas que fizemos, de pecados nossos. Contudo, pensamos que quando estivermos no centro da vontade de Deus, obedientes e convictos, bem, nesse momento merecemos uma experimentação da provisão e do consolo de Deus especiais, afinal estamos fazendo o que Deus quer, não o que queremos.
        Vou dizer uma coisa a você, meu amigo ou minha amiga que lê esta reflexão, algo que eu provei na própria carne nos últimos dias: pode acontecer, e isso é mais provável, baseado na experiência de Jesus, nosso mestre, que quando estivermos desempenhando a maior missão de nossas vidas, aquilo para o qual Deus nos preparou por muitos anos, pode ser que estejamos em absoluta solidão e dor, em todos os aspectos do nosso ser, pode ser que nesse momento nos sintamos as pessoas mais vulneráveis do universo, as mais abandonadas, injustiçadas e açoitadas, não foi assim com Cristo? 
        É claro que nunca passaremos pela mesma quantidade e profundidade de dor que Jesus passou, isso não é necessário, nem possível, mas se fomos convidados, na conversão, a seguir o mestre, devemos estar prontos para experimentar coisas semelhantes às que ele viveu, ou então não estaremos sendo realmente obedientes a Deus. Só um cristão maduro vai conseguir entender esta reflexão, maduro a ponto de saber que mesmo tendo um Deus poderoso em fazer milagres, esse Deus poderá não fazer nada, enquanto estivermos obedecendo uma missão crucial que ele mesmo nos deu a cumprir.
       Então, não espere apoio de amigos, não espere estar bem fisicamente, não espere estar com o coração cheio de alegria, em paz, não espere estar no seu melhor para cumprir o melhor de Deus, mas quando o momento chegar, foque-se, use a mente e não dê atenção ao coração, não busque apoio nas emoções, mas creia em Deus, e faça o que tem que ser feito. O que Jesus ganhou agindo assim? Bem, o maior de todos os trunfos, a salvação da humanidade inteira, então, esteja certo, sua recompensa, se agir certo, também será maravilhosa.

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