“Então os discípulos de João vieram, levaram
o corpo e o sepultaram. Depois, foram contar essas coisas a Jesus. Ouvindo
isso, Jesus retirou-se dali num barco e foi para um lugar deserto, à parte; e
quando as multidões souberam disso, seguiram-no a pé desde as cidades. Ao
desembarcar, ele viu uma grande multidão, teve compaixão dela e curou os
enfermos. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar
é deserto, e a hora já está avançada; manda embora as multidões, para que
possam ir aos povoados comprar algo para comer. Jesus, porém, lhes disse: Eles
não precisam ir embora; vós mesmos dai-lhes de comer.”
(Mateus 14.12-16)
Sabe a hora errada,
aquela hora que você não está preparado para ser social, aquela hora que você
quer ficar sozinho, no máximo com esposa e filhos? Sei lá se você acordou
torto, estressado, confuso, mas o que você mais precisa é de um descanso, de
algum tempo de reflexão, de ficar somente na sua presença e na de Deus.
O texto diz que Jesus
retirou-se para um lugar deserto, pode até ser que ele tenha feito isso ciente
de que as pessoas, muitas pessoas, se aproximariam dele e esse seria o melhor
local para recebê-las, pode ser que tenha sido isso. Mas vamos tentar refletir
em cima da possibilidade de que ele se afastou para orar, precisando mesmo de
um momento sozinho. Essa possibilidade pode ter sido a real, já que ele tinha
acabado de receber a notícia de que João, o que batizava, tinha morrido.
Sim, isso com
certeza deve ter apertado seu coração, já que ele sabia que seu fim seria
semelhante. Que se diga novamente, que Jesus, mesmo sendo Deus encarnado,
naquele momento era carne. Jesus sofria sim, com o medo do futuro, de seus
inimigos, tudo que eu e você poderíamos sentir num situação semelhante a dele,
ele sentiu. A diferença é que ele não pecou quando sentia isso (na verdade
nenhum homem vivenciou o sofrimento que Cristo experimentou, nenhum homem
carregou sobre si o pecado da humanidade inteira).
Mas num momento de dor, de apreensão, de
necessidade de estar só, a multidão o procurou, primeiramente para obter cura e
ensinamentos e depois para obter alimento. Na segunda necessidade, Jesus até
tentou delegar aos discípulos a solução, mas eles não tiveram fé para isso. Então,
novamente, Jesus teve que agir pessoalmente em prol das pessoas.
O ponto dessa
reflexão é o seguinte: que paciência, que amor, que diligência Jesus
demonstrava num momento que para ele poderia ser um grande inconveniente dar
atenção às pessoas. E digo mais, num momento tão dolorido, foi quando Jesus
realizou um de seus maiores milagres, a multiplicação dos pães e peixes. Novamente
Deus se mostra grande na fragilidade.
Se Deus deixar você
ser incomodado em um momento de fragilidade, se essa “inconveniência” for
permitida por Deus, não vire as costas, faça sua parte, Deus poderá estar
querendo realizar através de sua vida um feito espetacular.
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