29/09/18

A genuína autoridade espiritual

      “E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.Mateus 21.12-13

      Poderia ter usado outro texto para abrir esta reflexão, um relato sobre Jesus expulsando espírito maligno seria mais direto. Contudo, refletindo sobre autoridade espiritual ensinada e autorgada por Cristo, aos novos nascidos pelo evangelho e em comunhão com Deus, podemos usar o direito e a capacidade de anular o mal não só com demônios. No texto inicial, Jesus usou com homens, religiosos, e possivelmente (eu disse possivelmente) nem possuídos por espíritos malignos. Mas o que seria essa autoridade que Jesus disse que temos em seu nome?
      Alguns acham que é o tom de voz, o volume da voz, uma demonstração física e externa de força, sim, a autoridade em Cristo pode ter como consequências tudo isso, mas só isso não constitue autoridade legítima. É preciso entender um pouco mais sobre a complexidade humana para entender sobre autoridade sobre o mal. Um mal psicológico, uma atitude emocional ruim, fora de controle, uma emoção negativa, isso pode ser parado com autoridade, com um posicionamento firme e reto contra a atitude, contudo, possessão demoníaca é mais que descontrole emocional.
      Os diabos e seus demônios são astutos, conhecem bem a psique humana, e conhecem há muito tempo, desde o “Jardim do Éden”, possessão é a última instância, feita somente com autorização explícita do ser humano. Mas antes disso, entre a tentação e a possessão, o mal pode oprimir o homem de várias maneiras. É preciso discernimento para saber como, onde e quando usar de autoridade, nunca nos esquecendo que a mentira é a principal arma do reino das trevas. Mesmo doenças psiquiátricas podem ser usadas pelo diabo, que quer para si qualquer honra, mesmo que ele não tenha a ver diretamente com o assunto. 
      Os que usam a mentira como refúgio se fazem filhos das trevas e se afastam do consolo e da misericórdia de Deus, se mentira for usada, autoridade pode ser exercidada, nem sempre diretamente contra o mentiroso, mas em oração, para nos livrarmos da opressão que uma mentira lançada contra nós causa. As tentações do dia a dia, principalmente na área do sexo, podem ser anuladas com autoridade, então podemos entender porque o mal tem tanto interesse em vitimizar as pessoas. Vítimas ficam na angústia de estarem entre dois caminhos, por um lado se sentem inocentes, porque o mal foi feito a elas por outros, por outro lado se sentem fragilizadas, assim, se colocam sem forças para exercerem autoridade.
      Deus, em sua graça, dá legitimidade mesmo para autoridade exercida de forma equivocada, Deus ama a todos, maduros e imaturos, crianças na fé e homens espirituais. Todavia, a mais eficiente das autoridades tem algumas características, plenamente vividas por Jesus encarnado. Santidade é base para uma autoridade legítima, o diabo sabe quando alguém tenta combate-lo em pecado e não hesitará em jogar na cara do despreparado seus pecados, tanto os confessados quanto os não. Obediência é a postura de uma autoridade madura, não entre em batalha espiritual sem sentir de Deus uma ordem clara, caso contrário, você só se cansará, se enfraquecerá, não atingirá o objetivo, e poderá se fragilizar, tornando-se presa fácil dos diabos.
      Mas o que mais me encanta em Jesus, nessa área, além da santidade e da obediência, que constituem o conteúdo de uma autoridade madura, é a forma, que na verdade passa a ser só uma consequência do conteúdo. Mansidão, calma, controle, diante de uma situação absolutamente descontrolada, que são os vários níveis de possessão demoníaca. Não imagino Jesus encarnado levantando a voz para expulsar um demônio, exaltando-se de qualquer forma, exaltação é sintoma de inseguros, e Cristo era totalmente seguro de sua autoridade. Jesus se fortalecia para uma batalha sendo manso, que lindo é isso, diferente de qualquer outra referência de soldado numa guerra.
      Como ele conseguia isso? Orando e muito, assim nada nunca o pegava de surpresa, ele conhecia Deus, seu pai, ele conhecia a si mesmo encarnado, sua própria natureza humana, ele conhecia o que existia de verdade dentro dos corações humanos. As mentiras do homem e do diabo não descalibravam sua fé, não turbavam sua alma, não roubavam sua paz. Uma vida assim não usa de autoridade, não por vaidade ou insegurança, mas a tem, em todo o tempo. A maior virtude da verdadeira autoridade espiritual é saber exatamente quando não exerce-la, ou, talvez, exerce-la com tanta elegância e discrição que só quem precisa senti-la de fato a sentirá, sem humilhar ninguém, sem machucar ninguém. Meu Deus, como eu preciso aprender sobre isso, tenha misericórdia de mim...
      Contudo, o texto inicial parece antagonizar com esta reflexão, pois relata justamente uma passagem onde Jesus não parece ser discreto ou silencioso. Jesus foi bem enfático, se fez notar em todo o lugar, revirou o lugar, empurrou mesas, derrubou cadeiras, expulsou as pessoas. Bem, Jesus, depois de tudo o que refletimos sobre autoridade, podia fazer isso, pois sabia quando, como e onde fazê-lo. Quanto a mim, fica o ensinamento de como Deus zela pelo lugar onde lhe é prestado culto, pelos homens que são chamados especificamente para liderar o povo nesse culto. Assim, a revolta foi diretamente proporcional ao zelo, não zelo de homem, mas do Espírito Santo de Deus, usando a genuína autoridade espiritual.

28/09/18

Porque nada é impossível para Deus

      "O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus"." Lucas 1.35-37

      Tenho um entendimento, que a princípio pelo menos, pode parecer diferente do entendimento de muitos sobre milagres. Aos olhos dos homens e mesmo de crentes imaturos ou pouco informados, e são pouco informados porque não buscam conhecimento mais profundo em oração do Espírito Santo, aos olhos desses milagres ocorrem em situações especiais e são ações extraordinárias de Deus. Isso nos faz pensar que Deus é pego de surpresa e precisa agir de um jeito diferente, para resolver uma questão humana. Eu perfunto: como o Deus que tudo fez, tudo pode e de tudo sabe, pode agir de forma extraordinária? Isso não acontece, Deus já tem tudo determinado desde o início dos tempos, antes ainda da criação da Terra ou do homem, antes do “big bang” cósmico.
      Assim, um milagre pode até nos parecer uma ação divina extraordinária, mas não é, o Senhor, em seu amor por todos os homens, nem dá à ausência desse conhecimento importância, não como determinante para conceder ou não um milagre aos homens. Contudo, o cristão maduro, que busca andar sincronizado com o plano de Deus, prova milagres naturalmente, à medida que caminha com Jesus. Esses milagres são tão naturais que ele nem se surprende, apenas adora ao Senhor por eles, em todo o tempo. Em todo o tempo, porque o cristão maduro sabe que milagres ocorrem em todo o tempo e que eles não têm tamanho, são todos provas da existência sábia e graciosa do criador, Senhor e salvador do universo.
      Todavia, e enfim chego ao ponto desta reflexão, às vezes, mesmo que saibamos que se fizermos a nossa parte, Deus faz a dele, que esse maravilhoso Senhor nos faz sócios, em Cristo, da vida, mesmo que ele não precise dos homens para nada, mesmo assim, em momentos muito especiais, precisamos de um milagre. Um milagre no sentido mais simples e puro, tanto quanto poderoso e direto, em momentos especiais precisamos de uma ação extraordinária pois sabemos que só ela resolverá um problema nosso, mais nada. No texto inicial dois milagres são relatados, o de Maria e o de Isabel, quem sou eu, quem é você, que milagre precisamos, do milagre de Maria ou do milagre de Isabel? Eles parecem iguais, mas não são, milagres são sempre pessoais e exclusivos.
      Geralmente aqui no blog, eu não costumo explicar passagens bíblicas, por vários motivos, um deles é porque eu penso que a Igreja de Cristo vive um momento onde nunca se teve tanta informação bíblica, assim se alguém quiser entender melhor as passagens que cito, fique à vontade para ler todo o contexto e pesquisar. O texto de Lucas, acima, fala sobre o encontro que Maria teve com um anjo que lhe trouxe a notícia sobre a concepção de Jesus, isso já foi um milgre, porque Maria concebeu sem ter tido relacionamento sexual com um homem. Mas o milagre que me chamou a atenção foi a gravidez de Isabel, velha é estéril, e que seria mãe de João Batista, o milagre que eu estou precisando hoje é o milgre de Isabel.
      É isso, às vezes chegamos em momentos de nossas vidas onde parece que aceitamos a realidade, não lutamos mais contra ela, mesmo conseguimos ser felizes com ela. Mas o Espírito Santo tem uma palavra para mim e pra você nesta reflexão: “meu filho, você precisa de um milagre, aceite isso, busque isso, creia nisso, tua vida ainda não se encerrou, tenho planos pra você, farei um milagre, algo que tua situação atual, como ser humano, como cristão, como pai ou mãe de família, ou como jovem, como profissional, como estudante, não permite, não de forma aparentemente mais natural, contudo nada, nada é impossível para Deus, quando Deus quer, as coisas acontecem, apenas creia e se prepare”.

      "Ele respondeu: "Por que a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível." Mateus 17.20

27/09/18

Qual é a tua vocação?

      “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” II Pedro 1.10

      Nos perdemos e fazemos as coisas mais erradas quando nos esquecemos ou negligenciamos a nossa verdadeira chamada. A vida será dura conosco, quando cometermos esse equívoco, e o Senhor, no seu imenso amor para consco, permitirá que o mundo seja mesmo cruel conosco, se isso for a única maneira de acordarmos e voltarmos a fazer aquilo que devemos fazer, não o que achamos ou o que os outros acham. Firmes em nossa vocação, não tropeçamos, não caímos em armadilhas, não somos surpreendidos pelo homem falso e inseguro e pelo diabo, pois estamos totalmente protegidos pela vontade de Deus. 
      Contudo, se nos metermos a fazer o que não devemos, mesmo bem intencionados, mesmo sendo algo a princípio bom, mesmo estando dentro de competências legítimas nossas, em um momento dará errado, e às vezes muito errado, a ponto de sermos humilhados publicamente. Assim, conheçamos e prossigamos em exercer a nossa real vocação em Cristo, seja na área profissional, ministerial, afetiva, social, Deus tem o melhor pra nós porque nos conhece, melhor que nós mesmos, e sabe onde, como e quando podemos ser o nosso melhor. 
      Dessa forma, sejamos humildes, mas corajosos, tomando a iniciativa de acertar as coisas, mas sabendo quando virar as costas e não perder tempo com quem não quer acertar. Exercendo nossa eleição falaremos e nossas palavras cumprirão a vontade do Senhor, mesmo que não sejam ouvidas, trabalharemos e os frutos virão, no tempo de Deus, mas acima de tudo, nossa luz achará corações limpos que a refletirão, sem engano e com alegria, de forma que nossas vidas sejam as bênçãos que Deus quer que sejam. Deus não chama ninguém para nada, os eleitos, ele chama, os chamados ele vocaciona, e os vocacionados, ele limpa e usa.
      Agora, não busquemos vaidades na vocação, alguns são eleitos para serem mais conhecidos e aplaudidos, são chamados para os “palcos”, outros, todavia, devem permanecer nos bastidores, atrás das cortinas, preparando o show, em segredo. Alguns são vocacionados só para orar, e nem nos templos, em meio às pessoas, mas na privacidade de seus lares, um trabalho que ninguém vê, e nem deve ver, mas um trabalho que o Senhor manda fazer, um trabalho de suma importância. Não busquemos fama, nem queiramos ser aprovados por todos, mas façamos a vontade do Senhor que a todos vê e honra com paz, a melhor recompensa de todas.

26/09/18

Guarda o coração

      "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, pois dele procedem as saídas da vida." Provérbios 4.23

      O que é guardar o coração? Alguns acham que é tomar cuidado com o que falam, que é não contar para qualquer um o que sentem. Alguns acham que ser fechado e quieto é ser sábio, alguns confundem timidez ou malícia com sabedoria. Mas o texto diz que algo bom sai do coração, então as palavras são consequência, não causa, o texto diz “dele procedem as saídas da vida”, a causa vem antes do efeito, importa mais. Assim, não adianta tomar cuidado com o que sai, se lá dentro continua escondido algo ruim, não adianta aparência boa, se o conteúdo é mau, não adianta cuidar da consequência e se descuidar da causa.
      Guardar o coração é tomar cuidado com o que entra, com o tipo de sentimento, de desejo, de vontade, de planos, que armazenamos nele. O coração representa nossa parte mais profunda, mais íntima, é onde se encontra aquilo que realmente define nosso caráter. Se houver coisas boas, coisas boas sairão, então não precisaremos vigiar tanto o que dizemos. Quem guarda demais a boca é quem tem medo de revelar, numa falta de vigilância, o que esconde na alma, só teme quem deve, só se sente em dívida que anda errado e ainda não se consertou.
      Então, tenhamos cuidado com o que guardamos lá dentro de nós, busquemos sentir e querer coisas boas, coisas do alto, coisas que abençoam, que fazem bem, que louvam a Deus, coisas realmente do Espírito Santo. Se guardarmos assim nosso coração, o que sair dele, pela nossa boca, pelas nossas palavras, pelos nossos atos, pelas nossas ações e mesmo pelas nossas reações, pegas de surpresa, serão vida, não morte. Desse jeito será no lugar que for, no ambiente que for, em casa, no serviço, na escola, no trânsito, no mundo ou no templo. Procure nem deixar entrar, mas se algo ruim tentar ficar no teu coração, ore, com todo o sentimento, até que só fique a paz do Senhor, que não deseja o mal a ninguém, que a ninguém rouba, seja lá o que for, que sempre obedece a palavra de Deus.

      “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.Salmos 119.11

25/09/18

Só aprendemos depois do erro

      "3 Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.
4 Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.
6 Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno.
11 E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?
12 Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.
16 Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;
17 Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles.
18 Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.
19 Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.
20 Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.
27 Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti.
28 Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras."
Salmos 73

      Parece simples de entender, quando erramos e vemos as consequências ruins disso, concluimos que devemos mudar de atitude, para acertarmos. Contudo, alguns se protegem demais, justamente para não errar nunca, esses são os que mais se afastam de Deus, que consideram o cristianismo uma fraqueza de ignorantes. Esse acham que podem sozinhos, com sua inteligência e trabalho, fazer sempre as melhores escolhas e conquistarem a vitória em todas as áreas, mas de fato sem Deus. Esses parecem nunca errar, parecem mesmo serem melhores, como seres humanos, como cidadãos, que os cristãos. Para esses a vida não diz não, mas permite que eles sigam, confiantes em si mesmos, para o alto, até que despenquem lá de cima. Para não chegarem a esse fim trágico bastaria que soubessem parar, que não ultrapassassem seus limites, mas aí está a maior das armadilhas para o arrogante que quer seguir sem Deus: ele não se conhece, e acredita demais em si. 
      Não tem jeito, se não cremos em Deus, colocaremos nossa fé em outro lugar, o ser humano é um ser essencialmente crente, ninguém consegue existir sem ter algum tipo de fé em algo superior, isso é necessário para que sigamos com esperança, com planos, com razão de viver. Fé em si mesmo, contudo, cria o mais patético dos ídolos, nós mesmos, e esse nos iludirá até nos deixar na mão, humilhados e cansados. A confiança exagerada em nós, nos deixa presa fácil de armadilha, armadilha de quem? De nós mesmos, dessa forma não tenhamos inveja do que segue, a princípio, livre para uma vida próspera, se ele vai sem Deus um dia confiará demais e si e exagerará na dose, tropeçará em sua própria arrogância. Já vi casos assim em minha vida, é muito triste, gente que se postava como superior, que humilhava os outros, se ver numa posição de fragilidade, de vergonha. Infelizmente para esses, a ficha cairá da pior maneira possível, se conhecerão depois de muita humilhação, mas terão, enfim, a chance de se renderem a Deus e serem abençoados por ele.

24/09/18

Que pares temos?

      “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.Apocalipse 3.16

      Uma das coisas que define quem somos, é quem escolhemos como pares. Uma escolha nos faz sair de cima do muro, nos tira da condição de mornos e faz-nos quentes ou frios. É preciso coragem para escolher, principalmente relacionamentos sociais, em todos os níveis. Nossos cônjuges refletem as escolhas dos pares mais íntimos que podemos ter, ou que deveriam ter, mas infelizmente, muitas vezes, os amigos são mais íntimos mesmo que marido ou esposa. Quando diante de conflito de outros, de que lado ficamos, quem apoiamos? E se tiver que ser uma escolha que envolva ficar com um e deixar o outro, por que resolvemos seguir como amigo de alguém e encerrar o relacionamento com outro alguém? Nem sempre é a razão que decide, que nos leva a ficar com quem está certo, muitas vezes é o coração, continuamos com alguém que gostamos. Por que gostamos? Porque temos mais cumplicidade com esse alguém que com o outro.
      Na verdade, na maioria das vezes nossas escolhas não são embasadas na verdade, nas virtudes, mas só no conforto imediato. Quem nos apoia terá nosso apoio, mesmo que nos apoie em disposições erráticas. De quem compartilha conosco inseguranças, ficaremos perto, porque nos apoia em nossas inseguranças e nos ajuda a ficar numa posição da qual não queremos sair. Já percebeu como há fidelidade na marginalidade? Criminosos dificilmente se traem ou se delatam, a não ser em ultima instância, realmente para salvarem as próprias peles. Como é difícil numa sala de aula atual, saber quem fez algo errado, todos se calam, ninguém denuncia ninguém, e nesse ambiente não deveria haver cultura marginal, mas justiça e verdade. Por que tanta fraternidade entre o mal? Porque os maus se apoiam, se protegem, se procuram e se acham, mesmo nas trevas, às vezes com mais voluntariedade que os bons.
      Assim o justo deve ter muito mais cuidado, por dois motivos, em primeiro lugar porque assumindo uma posição correta, na luz, terá naturalmente a inimizade e o ódio de quem age de maneira incorreta e gosta das trevas. Em segundo lugar, porque mesmo os que se dizem da luz, mas que são inseguros e incostantes, que não se decidem em qual lado querem ficar, acharão em qualquer resvalo do justo uma razão para atacá-lo, distanciarem-se dele e aproximarem-se de vez da trevas. Esses que não são quente nem frio, acabam, pateticamente, como ferramenta nas mãos do lado frio e sombrio, para tentarem destruir os quentes, já que os frios são covardes, falam, mas não ficam para ouvir, armam emboscadas e fugem. Os mornos, contudo, usam o pouco de luz que lhes resta, dão alguma chance à luz, ouvem, até buscam o diálogo, mas não suportam a verdade, e acabam sucumbindo, quando confrontados a se decidirem por uma posição realmente na luz. 
      Na verdade, espiritualmente, eu não penso que existam mornos, existem os quentes, os frios, ambos assumidos, e os falsos quentes, que na verdade são frios também, mas não assumem isso. Jesus não diz na carta ao anjo da igreja de Laodiceia que recolheria para si os indecisos, que os ajudaria em sua timidez, mas que os afastaria de vez. Assim, não há nenhuma vantagem em ser meio quente, ou em se achar assim, isso não é ser sábio, nem algum tipo de respeito comum. É preciso que nos posicionemos, e pagando todos os preços por isso, não há meio termo, quem tenta agradar a Deus e aos homens, acaba agradando ao diabo. Uma pergunta, para que eu e você façamos autoanálises: que pares buscamos ter? Não adianta tentarmos enganar os outros e a Deus, lá no fundo sabemos se estamos escolhendo o lado simples da luz, ou o lado complicado do orgulho, nós sabemos se estamos ou não em paz com o Espírito Santo. Os quentes andam na luz e se aproximam sempre dos quentes, porque eles têm discernimento, sabem diferenciar trevas de luz, frios de quentes, mal do bem. Os quentes tem pares como eles, sinceros, misericordiosos e íntegros.

23/09/18

Criação, evolução, pensemos a respeito

      Muitos textos do antigo testamento são histórias praticamente reais, mas para aprendermos com eles devemos interpreta-los como metáforas atemporais à luz do novo testamento, e não ao pé da letra. Dessa forma quando lemos que Deus mandou matar os inimigos não devemos interpretar isso como uma autorização divina para que tenhamos qualquer tipo de animosidade contra nossos inimigos hoje. É bem o contrário, o evangelho nos ensina a amar os inimigos. Outros textos, contudo, ao meu ver, e digo isso assumindo meu posicionamento diante do Senhor, enquanto ele não mudar meu ponto de vista, não são histórias reais, mesmo que baseados em verdades antiquíssimas, esses já foram registrados na cânone bíblico como metáforas. 
      O melhor exemplo disso é o começo do livro de Gênesis, escrito por Moisés, a estória de Adão, Eva e o pecado original. Como já tenho declarado no “Como o ar que respiro” várias vezes, acredito que Deus, em seu maravilhoso e misterioso plano de criar a humanidade, usou a evolução das espécies, assim o planeta Terra, a natureza e o homem não foram criados em sete dias de vinte e quatro horas. Creio que Adão não foi necessariamente um homem, mas um momento na evolução, quando o primeiro “homo sapiens sapiens” existiu, nesse instante Deus soprou sobre ele o Espírito de vida e o tornou diferente de todos os outros animais, pelo fato desse primeiro homem, que Moisés chamou de Adão, poder ter comunhão espiritual com o Deus criador. 
      Por que esse momento foi descrito assim na Bíblia? Porque a Bíblia seria orientação escrita aprovada por Deus para toda a humanidade e por muito tempo, incluindo um tempo em que as pessoas ainda não tinham conhecimento científico para entender o processo evolucionário criacionista de Deus. Aliás, nem Moisés, que transcreveu possivelmente uma tradição oral que já passava de pai para filho há muito tempo no seu tempo, tinha entendimento científico para registrar o pentateuco. Mas mesmo assim, acredito e confio que a maneira que esses primeiros textos bíblicos foram escritos, são e sempre serão a maneira mais sábia para descrever, por exemplo, o início da humanidade. 
      Aqueles que não entendem isso, hoje e desde o século XIX, quando o naturalista britânico Charles Darwin teceu as bases do evolucionismo, que não conseguem enchergar a coerência entre Deus criador e o processo evolucionista, que demonizam ciência e mistificam a Bíblia, não entendem a verdade por falta de humildade e oração realmente espiritual. Já passou do tempo de pregarmos isso nos púlpitos sem medo, e pararmos de enganar o povo de Deus com um tradicionalismo ultrapassado só por covardia, por medo de ir contra bibliolatria e outros equívocos morais e culturais baseados numa interpretação bíblica sem o Espírito Santo que só gera preconceitos, intolerâncias e ódio desnecessário contra o evangelho.